quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Salazar e a maçã podre do comunismo!!!

 




Venham lá agora os detractores de Salazar, aqueles que o apelidam de campónio e de vistas curtas, dizer Salazar era parvo ou que não sabia na perfeição como funcionavam os meandros da política internacional e da alta finança no seu tempo!!!


Só mesmo alimárias imbecilizadas pelo regime vigente poderão fazer tal juízo, a quem interessa ou interessou o devassar da imagem de Salazar e do estado novo?
A maçã da foto era mesmo a imagem do mundo e não a imagem do nosso império, fomos mesmo nós durante décadas o travão à instauração de uma nova ordem mundial, para quê continuar em negação do óbvio?

«A Rússia de hoje nasceu da revolução soviética mas não é filha do comunismo. Quero dizer com isto o seguinte. Não nego que os factores da revolução tivessem o intento de criar uma sociedade comunista. Tendo porém as realidades mostrado que o comunismo é uma doutrina antinatural e irrealizável na prática, os dirigentes aproveitaram a força e engrenagem da revolução para dar o impulso que se verifica em muitos sectores da vida russa. Com bom aproveitamento das circunstâncias favoráveis e também da inabilidade alheia, a Rússia pôde constituir-se no que é hoje - grande potência militar, política, industrial que desafia e a largos passos intenta aproximar-se das maiores potências económicas do Ocidente.

Sem se poder negar a existência de muitas conquistas de ordem social, a revolução mostrou-se porém nas suas realizações e métodos esvaziada daquilo que seria a sua própria essência e fins. Na verdade as populações têm pago em sofrimentos indizíveis, em dominações cruéis, em exterminações catastróficas, em fomes ou restrições de vida o poderio russo. Se o movimento nasceu para servir o homem, desenvolveu-se afinal para servir e engrandecer o Estado. O comunismo-doutrina continua a ser erguido como bandeira, expressão ou esperança de uma revolução social a fazer, sobretudo em países estrangeiros distanciados da verificação local do fenómeno. Mas a inaplicabilidade dos princípios e as experiências, nos países satélites, do domínio dos partidos filiados parece ter diminuído muito senão esgotado a sua capacidade de expansão.

Assim nem a vitória militar e a inteligente exploração dessa vitória, nem o desenvolvimento das indústrias de base ou de guerra, nem a actividade política do Estado russo e o seu alargamento territorial me parece terem nada que ver com o comunismo; mas tem muito que ver com a gente que se apoderou do poder, as suas ideias de governo e o regime político em que lhe foi dado trabalhar. A superioridade da orgânica estadual, traduzida na unidade de direcção, e no poder de decisão ou de realização não podem os mais Estados transplantá-la fielmente por motivos diversos para as suas próprias constituições que outras superioridades apresentam; mas não pode ser negada e há-de ter-se sempre presente como lição.

Se já não estamos, pois, segundo penso, em face de um credo que se expande, estamos em face de um Império em fase de crescimento, fase como outras que tem atravessado na História. Ora um poder em via de expansão não se limita a si próprio, e só é limitado pelo jogo de forças exteriores que se lhe oponham.

Foi em obediência a esta concepção que grande número de países largamente apoiados pelos Estados Unidos resolveram unir as suas forças para se opor à expansão russa. Apesar das muitas deficiências das organizações, tornou-se visível que o avanço se encontrava barrado no caminho do Atlântico. Vemos agora que a torrente o evita e, aproveitando as dificuldades ou fraquezas do Médio-Oriente, aí se instala e daí tentará prosseguir os seus avanços. A desintegração afro-asiática, em que os pretendentes à África negra se associam aos esforços russos, com mira na herança africana, trabalha no mesmo sentido. Verificam-se muitos protestos de fidelidade ao Ocidente e não há que tê-los em suspeição. O que se deve ter presente é que tudo o que a Rússia não puder conquistar, representa um ganho se o fizer perder aos outros».

Oliveira Salazar («A Atmosfera Mundial e os Problemas Nacionais», SNI, 1957).

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