sábado, 24 de agosto de 2019

Mais um negócio, ou mais uma vigarice da cambada?


"O primeiro-ministro, António Costa, qualificou hoje como "um bom dia" para as Forças Armadas e para a indústria e "um grande dia" para as relações Portugal/Brasil a assinatura dos contratos para a compra das aeronaves KC-390."
Mais um negócio com contornos pouco definidos do amigo Costa, desta vez o negócio dos aviões de carga para a Força Aérea Portuguesa, senão vejamos...
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"Os contratos para a compra de cinco aviões da construtora aeronáutica brasileira, com componentes feitos em Portugal, nomeadamente nas unidades da Embraer, as duas fábricas em Évora e a OGMA (Alverca), visam substituir os Hércules C-130, e envolvem um total de 827 milhões de euros.
O negócio inclui a aquisição de um simulador de voo e a manutenção das aeronaves nos primeiros 12 anos de vida."
(fonte, Sapo 24)
Mais uma vez vamos ser roubados, mais uma vez fomos enganados, ou seja, são 5 aeronaves que segundo sabemos têm um custo estimado de 50 a 55 milhões de dólares por unidade, o que perfaz um custo total de cerca de 250/270 milhões de dólares(220 a 240 milhões de euros) pela totalidade das unidades.
Pergunto, e não serão excessivos o custo da manutenção e do tal simulador, relembro, um custo do dobro do preço da totalidade das aeronaves?
Pergunto, e essa manutenção não poderia ser feita nas OGMA, a dessas aeronaves e de outras do mesmo construtor em solo europeu, penso ser uma bela oportunidade para relançar o sector neste país, ou estarei eu desfasado da realidade?
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Até porque as OGMA, são responsáveis pelo fabrico de componentes para esta aeronave, como se pode ver pela notícia num jornal regional.
"O KC-390, maior cargueiro de transporte militar construído pela EMBRAER, revelou-se hoje pela primeira vez totalmente montado e equipado em Gavião Peixoto, São Paulo. Um momento histórico para a aeronáutica mundial, ao qual a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal fica diretamente associada, uma vez que projetou, desenvolveu e fabrica várias peças para esta aeronave. O voo inaugural está marcado para o final deste ano.
 Para Rodrigo Rosa, presidente do Conselho de Administração e CEO da OGMA, “a participação ativa da OGMA no KC-390, na fase de planeamento e conceção, no design e na criação de uma cadeia de fornecedores assente em empresas portuguesas, e o investimento feito pela EMBRAER na OGMA desde 2005 espelham a confiança na indústria aeronáutica portuguesa e a aposta no desenvolvimento deste setor e do seu peso na economia portuguesa”.
 A OGMA é responsável pelo fabrico da fuselagem central, fabrico e montagem dos sponsons direito e esquerdo (conjuntos com cerca de 12 metros de dimensão que compõem a carenagem do compartimento do trem de aterragem) bem como dos lemes de profundidade. Estas peças são fabricadas em material compósito e ligas metálicas.
 O KC-390 é um bimotor turbofan e está preparado para responder às mais variadas missões: transporte de cargas e de tropas, lançamento de cargas e de tropas, reabastecimento em voo e evacuação médica. Tudo isto com o menor custo total do ciclo de vida do mercado e maior versatilidade da sua classe.
 O envolvimento da OGMA no KC-390 iniciou-se ainda na fase de planeamento e conceção da aeronave, numa relação de parceria e de proximidade com a EMBRAER. A OGMA participou na fase inicial do Desenvolvimento do Produto (Joint Definition Phase) e no desenvolvimento e gestão de uma cadeia de fornecimento sustentada, competitiva e flexível, preferencialmente nacional. A participação da OGMA neste projeto aeronáutico influenciou positivamente a performance da companhia, elevando o peso da área de negócio de Aeroestruturas no total de vendas da empresa."
fonte, Notícias do Ribatejo.
Outra pergunta, quem me garante que a estes custos de contrato não vão aparecer mais alguns à imagem de contractos anteriores, relembro o contrato dos submarinos, dos Kamov, dos Pandur, do Siresp e mais uma panóplia de contratos celebrados pelo estado português, todos esses contratos se revelaram lesivos para os cofres públicos, quer-me parecer que mais uma vez vamos ser vitimas da máfia, vitimas daqueles que sob a máscara de governantes mais uma vez se vão beneficiar, a eles mesmos e à máfia que orbita os corredores do poder, os do costume, como bem sabemos!
Pergunto, até quando, até quando o iremos permitir, até quando nos serão ocultados os meandros destes negócios pouco ou nada esclarecidos?
Outra questão, a da fiabilidade e eficácia destas aeronaves, pelo que tenho entendido pelas criticas dos especialistas do sector, creio haver falhas de vários níveis, houve inclusivamente um acidente grave com uma aeronave desta série!!!
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Negócios aos quais estamos a ficar já demasiado habituados de há umas décadas para cá, ou seja, desde que a corja abrileira tomou o poder de assalto, desde que a maçonaria tomou o poder em Portugal, desde que deixámos de ter voz activa como nação soberana, em suma, desde que passámos a ser vitimas e actores na farsa da democracia.
Reflictam um pouco sobre este tema e retirem as vossas próprias conclusões...
Alexandre Sarmento

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Maçonaria, uma associação criminosa com raízes ancestrais.




«Não é fácil traçar a história de uma organização como  a maçonaria que, no dizer do historiador maçon espanhol "Danton", "procura a sombra para poder avançar com mais rapidez". É complicado discernir a sombra. Os muitos maçons que se dedicaram a redigir essa história estão de acordo quanto à dificuldade da empresa. Identificar os marcos mais salientes da história da maçonaria é simples, mas já no que diz respeito às origens da irmandade, existe uma disparidade total entre os próprios maçons.

Dentro da maçonaria, há quem coloque o ponto de partida da Ordem no nascimento dos grémios de canteiros medievais que já se chamavam maçons; há quem o faça recuar à sobrevivência dos collegia romanos que agrupavam os construtores; há quem aponte na direcção do Egipto; outros pensam directamente na construção do Templo de Salomão, outros na Pérsia, outros na Índia... e não falta quem pense simplesmente que foi Adão o primeiro maçon e a origem da transmissão iniciática dos segredos da irmanadade. O doutor George Olivier (1782-1867) não teve pejo em escrever, nas suas Antiguidades da Franco-Maçonaria, que "a antiga tradição maçónica sustem - e eu sou inteiramente da mesma opinião - que a nossa Sociedade existia antes da criação deste globo terrestre, através dos diferentes sistemas solares".

A inteligente distinção do Grão-Mestre italiano Massimo della Campa, que separa a maçonaria instituição ou organização, por um lado, dos princípios maçónicos, por outro, simplifica a abordagem do problema histórico da maçonaria. A maior parte das dificuldades, na hora de determinar as origens da irmandade, resulta precisamente da confusão entre as duas realidades. Quando os autores maçónicos especulam sobre a génese da instituição, na realidade, estão a aventar hipóteses sobre a genealogia da doutrina maçónica: procuram as raízes dos princípios maçónicos. Neste sentido, o principal erro consiste em dar o salto lógico injustificado ao concluir que a organização maçónica também deve estar ligada com a origem intelectual. A falta de rigor histórico, somada a essa falha metodológica, propiciou que, em geral, a história maçónica ofereça um espectáculo de disparidade, desprovido de credibilidade. Em 1909, um membro do Conselho da Ordem do Grande Oriente de França e do Grande Colégio dos Ritos, Charles Bernardin, num exercício de auto-crítica carregado de ironia, escrevia que "entre as 206 obras [pretensamente históricas sobre a maçonaria, N.d.A.] que consultei e que tratam da origem da franco-maçonaria, encontrei (...) 39 opiniões diferentes" e, acto contínuo, desenvolvia a sua estatística. Realço alguns dados, extraídos das conclusões de Bernardin:

"Vinte e oito autores atribuíram a origem da maçonaria aos pedreiros construtores do período gótico; cinco autores, aos Stuart; um, à China; um autor, ao Japão; cinco autores, aos jesuítas; sete, aos antigos rosa-cruzes; cinco, aos cruzados; doze, aos templários; um, aos albigenses; dois, à sociedade Nova Atlântida de Bacon; quatro, aos druidas; nove, à antiga Roma; dezoito, ao Egipto; seis, aos judeus; um, à ordem dos assassinos; um, aos maniqueus; dez, aos primeiros cristãos ou mesmo a Jesus Cristo; três, aos construtores do Templo de Salomão; um, aos da Torre de Babel; três, aos sobreviventes do Dilúvio Universal; para vinte autores, as origens da maçonaria perdem-se, simplesmente, na noite dos tempos, e quinze autores recuam até à Criação, sublinhando que no Paraíso terreal já existia a maçonaria".



Bernardin também cita, sem mencionar o nome, o assombroso caso de Olivier, para quem não havia dúvida que a maçonaria já existia antes da criação do mundo.

Ninguém demonstrou nunca que existe continuidade material entre algumas dessas supostas e discutíveis origens intelectuais e a maçonaria histórica, tal como a conhecemos, excepção feita para aqueles que afirmam, com razão, que a maçonaria moderna, ou especulativa, só tem continuidade material com a chamada maçonaria operativa, isto é, com os grémios de construtores da Idade Média tardia.

Pelo contrário, se se proceder à separação da história da organização maçónica da história dos princípios maçónicos, obtém-se uma maior clareza e claridade.

(...) No âmbito da maçonaria, não só se procurou o abrigo da sombra, como se tentou tirar partido propagandístico, dessa penumbra. Por um lado, como já salientava "Danton" (pseudónimo de um maçon espanhol desconhecido que elaborou uma monumental história da franco-maçonaria, nos anos 1882-83), para fazer recuar sem escrúpulos a origem da irmandade quanto mais atrás melhor; claro que a intenção era de, com isso, dotá-la de maior autoridade. Mas por outro lado, essa obscuridade em que se movimentou a maçonaria, também facilitou que se atribuísse, sem nenhuns escrúpulos, a condição de maçons a personagens extraordinárias com a mesma finalidade de engrandecer a auréola de excelência em torno da irmandade. Alec Mellor cita alguns Grão-Mestres fictícios e lendários que, por vezes, foram reivindicados pela maçonaria: Alexandre Magno; o Rei Artur; Cromwell; a Rainha Elfride de Inglaterra; Fo-Hi, imperador da China; Godofredo de Bouillon; Hugues de Payens; Jaime II de Inglaterra; Jacques de Molay; Jesus Cristo, Júlio César; Moisés; Noé; Numa; Ricardo Coração de Leão; Rómulo; O Rei Salomão; Santo Albano; São Miguel Arcanjo ou Tubam Caim.


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A maçonaria moderna herdou esta mania de inventar uma história antiquíssima e repleta de membros egrégios, dos seus antepassados, os autênticos construtores medievais, cujos documentos transbordavam duma criatividade histórica exuberante. Mas se, no século XIV, essa opulência criativa era relativamente ingénua (as corporações de constutores reclamavam uma antiguidade remota para aumentar o prestígio social do grémio, e sem nenhum objectivo ideológico), a partir dos séculos XVII e XVIII, a elevação desse prestígio social transformava-se em lenda dourada para facilitar a difusão da nova doutrina maçónica... Ao dar-se conta desta realidade, o maçon Mellor mostra-se envergonhado:

"Os clérigos que, no século XIV, deram à franco-maçonaria operativa o manuscrito Regius ou o manuscrito Cooke, tinham a desculpa de serem hagiógrafos piedosos [Mellor tem um fraco conceito de hagiografia, como se vê. N.d.A.]. São menos desculpáveis as enormidades acumuladas por Anderson na parte histórica das suas Constituições. A um maçon de hoje entristece que, em pleno século XX, Ragon e Clavel [dois grandes historiadores maçons] sejam menos dignos de crédito do que São Gregório de Tours para a época merovíngia (...) Que, em plena época dos computadores, persistam as concepções oníricas em matéria de história ou de simbolismo, é um escândalo para a razão"».

José Antonio Ullate Fabo («O Segredo da Maçonaria Desvendado»).

terça-feira, 13 de agosto de 2019

O Gulag Português...



Greve, qual greve, greves neste países só mesmo as das centrais sindicais do sistema, as centrais sindicais dos grandes partidos, todos os outros sindicatos, os ditos independentes não têm cabimento neste sistema, temos portanto como sindicatos plenipotenciários apenas aqueles que orbitam e parasitam o sistema, os liderados pelos Mários Nogueiras, os Arménios, Carlos Silvas e quejandos, a malta dos partidos e do avental e luva branca!!!
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Sindicatos na minha óptica seriam agremiações profissionais de base corporativa na qual houvesse a participação dos trabalhadores e dos patrões, instituições que pugnassem pelo bom ambiente, pelo respeito dentro de cada categoria profissional, tendo sempre como objectivo pugnar pelo cumprimento e defesa, tanto da instituição que defendem, como do bem estar social, alias, sindicato etimologicamente deriva do latim "sindicus" o que denomina a pessoa ou pessoas escolhidas para defender os direitos dentro de uma corporação, ou seja, pugnar pelo bom funcionamento dentro da corporação e ao mesmo tempo defender perante a restante sociedade, Estado ou instituições os direitos dos membros dessas mesmas corporações.

Infelizmente, os sindicatos nos dias de hoje são nada mais do que instrumentos de arremesso político, perfeitamente aos serviço do sistema, usando uma capa que esconde as suas verdadeiras razões de existir, ou seja, sindicatos, alem de fazerem parte do circo dito democrático, são hoje verdadeiras empresas parasitas do esforço do próprio associado, são um antro no qual grande parte dos membros dos mesmos têm acesso a mordomias as quais aqueles que dizem defender não conseguem sequer uma aproximação, falamos portanto no geral de verdadeiro vampirismo ou parasitismo dentro da mesma instituição.
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Servem para quê então os sindicatos, promover bem estar social, claro que não, defender os trabalhadores, claro que não, pugnar pelas melhores condições para os seus associados, claro que não, servem sim de muleta aos partidos políticos do arco da governação, são hoje mero instrumento de manipulação da opinião publica e também funcionam na perfeição neste jogo de quem consegue fracturar mais a sociedade civil, o tal dividir para reinar!!!

Temos hoje como sindicatos meras extensões de dos partidos políticos ou das lojas maçónicas, tudo um jogo, em que o patronato, também ele dominado e participante no jogo do avental, temos portanto uma verdadeira farsa, uma opera bufa, o regime em acção, a farsa do sistema, tudo movido por um só interesses, o do capital.
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Acredito, ou melhor, tenho a certeza que os sindicatos na sua forma original teriam toda a razão de ser, ou seja instituições tendentes a criar boas condições, respeito, paz institucional e ser também uma boa base para um Estado Corporativo, um Estado funcional onde os direitos e deveres tanto do cidadão trabalhador, como o da sociedade em geral estivessem em consonância.

Claro, falam de democracias, defesa de direitos, de uma sociedade mais justa, mas no fundo, tudo isso não passa de uma falácia, falam de socialismo, comunismo, capitalismo, mas no fundo, há apenas um objectivo a defender, a defesa de um sistema em que uma pequena elite, os verdadeiros donos das associações sindicais são exactamente os plutocratas que esses mesmos sindicatos dizem combater, tudo um jogo de poder, ininteligível pela grande maioria, perfeitamente manipulados e fracturados pela cegueira cronica da ideologia, ou seja a dialéctica esquerda-direita e a conversa da treta patrões versus empregados, enfim, um jogo em que uns quantos ganham e uma grande maioria vai vendo parte do seu salário servir para uns quantos manfios viverem na opulência e orbitarem os corredores do poder, um sistema de concubinato perfeitamente estudado e comprovado pelos donos do sistema...
Melhor seria esta gente abrir os olhos e dar-se conta que passam toda uma vida a ser explorados e manipulados, quem ganha com tudo isto???
Sempre os mesmos, agora reflictam e arrumem a ideologia e o facciosismo na gaveta....
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Deixo aqui uma questão, olhem com atenção e vejam quem são aqueles que fazem greves neste país, não são certamente aqueles que auferem o salário mínimo, são aqueles que por norma têm mais regalias, sabem porquê, porque aqueles que auferem o salário mínimo, todos os euros descontados por não trabalharem em dia de greve lhes fazem falta para satisfazer as suas necessidades básicas, tudo o resto não passa de um exercício de retórica, de pura hipocrisia...
...o jogo do faz de conta, o jogo da farsa da democracia, o povinho aplaude e agradece!!!
Um recadinho aos senhores dos sindicatos e aos patrões, agradeço que me expliquem o porquê de num país em que o custo de vida e a carga tributaria se compara aos países mais desenvolvidos da Europa, porque razão os salários continuam miseráveis?
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Outra questão, os sindicatos serviram a quem, e falando verdade, a teia sindical no pós 25 de Abril tem grandes responsabilidades no destruir de grande parte do tecido empresarial português, sem duvida alguma, os sindicatos serviram interesses internacionais, ajudaram a destruir e a retirar-nos a auto-suficiência, tornando-nos dessa forma dependentes e escravos das instituições internacionais, Banca, FMI, BCE e outros interesses das grandes corporações, desta forma as instituições chamadas de sindicatos neste país, mais não são do que um dos certificados de garantia deste regime, desta plutocracia, ou mesmo deste Capitalismo Monopolista de Estado, vulgo, comunismo...
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Temos hoje um país sem classe media, temos um punhado de ricos e milhões de pobres, lamento este cavar de fosso entre a nação portuguesa, milhões, parte deles, trabalhadores que mesmo assim não conseguem viver acima do limiar da pobreza, e a tal classe, dita alta a viver das mordomias do sistema, alimentando-se e ostentando o produto do saque aos milhões que vivem em dificuldades, alguns deles, extremas...  
Em tempos fomos um povo pobre, mas alegre, agora vamos tristemente assistindo a uma derrocada desta sociedade, onde somos verdadeiramente escravizados e onde a realidade é muito diferente daquela que nos tentam mostrar, na verdade fomos reduzidos a meros instrumentos de trabalho, temos muitos deveres e cada vez menos direitos, portanto, sindicatos para quê, alem de se servirem a si próprios e viverem simbioticamente do regime...
Não meus amigos a diferença não está nos sindicatos, não está nos patrões ou nas empresas, a grande diferença esta na nossa atitude, deixamo-nos manipular e isentamo-nos de raciocinar por nós próprios, vou terminar com uma frase do Prof.Hermano Saraiva; "Sempre fomos poucos, mas enquanto fomos todos, fomos sempre os bastantes!"

Alexandre Sarmento

sábado, 10 de agosto de 2019

As ingerências do Clube Bilderberg em Portugal





No Sábado dia 22 de Novembro começou o terramoto político em Portugal. Nesta conjuntura de grave crise económica, o povo português sofria o impacto psicológico de assistir a pessoas a quem havia confiado a governação do país acabarem detidas ou indiciadas por alegados crimes. Entre elas destacava-se a figura de José Sócrates, ex-primeiro-ministro, detido por suposta implicação em fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.

A história da ascensão de Sócrates ao poder começa a 9 de Julho de 2004, quando Ferro Rodrigues renuncia à liderança do Partido Socialista, justificando-a pela atitude do Presidente da República, Jorge Sampaio, de recusar convocar eleições antecipadas. É então que Sócrates ganha as eleições no Partido Socialista, com oitenta por cento dos votos, e poucos meses depois vence as legislativas, assumindo o cargo de primeiro-ministro a 12 de Março de 2005.

Mas, olhando para trás, será mesmo que o grande momento de Sócrates aconteceu a 9 de Julho de 2004? Poderia ter sido assim, não fora um pormenor muito significativo e desconhecido da maior parte dos cidadãos portugueses. É que justamente um mês antes do início do processo que o levou ao comando do governo um ano depois, Sócrates assistiu à conferência internacional mais exclusiva e influente do Ocidente: a organizada anualmente pelo Clube Bilderberg. Da mesma forma que Bill Clinton, Tony Blair ou Barack Obama encontraram neste conclave elitista os apoios imprescindíveis que alteraram para sempre as suas histórias pessoais e profissionais, Sócrates receberia o beneplácito do poder financeiro, mediático e político na reunião do Clube realizada um mês antes de assumir a liderança do Partido Socialista e um ano antes de ser eleito primeiro-ministro.

Durante o primeiro fim-de-semana de Junho de 2004, na bela localidade italiana de Stresa, o futuro primeiro-ministro conviveu com reis, políticos, militares, académicos e com a nata do poder mediático mundial, indispensável para se ser levado ao altar. Dez anos depois de ter tocado o Olimpo com as suas mãos, chegaram às páginas dos jornais e aos espaços informativos das televisões alegados crimes de corrupção praticados por este político ambicioso. É a outra face da moeda, pois se Bilderberg tem a capacidade de fazer elevar aos céus, pode também converter-se no maior pesadelo se se cai em desgraça. Não quero dizer com isto que por detrás deste caso em concreto esteja o braço comprido desta entidade, o que obrigaria a uma investigação adicional. Mas apenas constatar que Bilderberg deixa cair; quando alguém já não interessa não vai em seu auxílio.

Desde o início das minhas investigações, há dez anos, verifiquei e defendi que nem sempre as coisas correm bem a Bilderberg e que a atitude e o comportamento de profissionais honestos de todos os sectores - da justiça, da imprensa, das universidades, da política - são essenciais para fazê-lo fracassar. Neste caso, surge ainda um facto interessante exposto por um cidadão português durante uma entrevista realizada pela jornalista Belén Rodrigo, do diário espanhol Abc.





Ao longo dos meses de Novembro e Dezembro, nas conversas nos cafés em Portugal não havia outro tema em discussão, pois Sócrates não era o único contaminado com o vírus da corrupção. As investigações da Polícia Judiciária desenvolveram-se também nas residências dos administradores do Banco Espírito Santo, enquanto o ex-deputado social-democrata Duarte Lima era condenado a dez anos de prisão por fraude qualificada no antigo banco BPN e posterior branqueamento de capitais.

Os cidadãos portugueses assistiram estupefactos ao tsunami criminal que abalava as estruturas do país e sentiram-se perturbados com o que estava a acontecer. As suas preocupações não eram diferentes das de milhões de europeus que sobreviviam a duras e desumanas medidas de austeridade enquanto viam cair a máscara a políticos, empresários e sindicalistas corrompidos que, durante décadas, receberam a presunção de pessoas honestas. Deste modo, Portugal unia-se a Espanha, Grécia ou Itália, os países mais afectados pelas mentiras dos seus líderes que enriqueceram ilicitamente. Tratavam-se, precisamente, dos países do Eurosur, os melhores e maiores alvos do ataque financeiro do Bilderberg.

Como já adiantei, o jornal espanhol Abc recolhia reacções naqueles dias de incredibilidade em que Portugal despertava de uma crua realidade. Para alguns dos entrevistados fora muito suspeito que o dia da detenção de Sócrates coincidisse com a véspera da eleição de António Costa para secretário-geral do Partido Socialista. Outro dos entrevistados, Manuel Bento (engenheiro de 50 anos), aflorava um aspecto interessante: «Estas detenções dão-se quando, pela primeira vez, a maçonaria não está em maioria no supremo Tribunal de Justiça». Aqui está o facto a que aludia atrás: a maçonaria, uma entidade discreta e invisível, presente em Bilderberg desde o começo através de determinadas pessoas que fazem parte de ambas as instituições. Em Portugal, como nos restantes países, também se dá a coincidência maçónica.

Numa destas entrevistas ao Abc, Miguel Teixeira (39 anos, engenheiro) defendia que o caso Sócrates estava relacionado com o de Ricardo Salgado, o ex-presidente do Banco Espírito Santo, que depois de estar umas horas detido pagou uma caução de três milhões de euros para sair em liberdade. «É um homem muito poderoso que muito influenciou o mundo da política». Não escapou a este entrevistado a relação entre Sócrates e Salgado, embora eu desconheça se ele sabia que Salgado era outro bilderberg português.

Chegados a este ponto, que têm em comum os nomes que vão aparecendo neste relato? Que, em algum dia, todos foram convidados a comparecer nas exclusivas reuniões Bilderberg, onde analisaram as suas capacidades para tomar parte da estratégia da entidade. Todos, e mais alguns que iremos ver, passaram pelo conclave antes de alcançarem postos-chave no seu país ou a uma escala global.

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O Clube Bilderberg em Portugal

Nos seus 61 anos de existência, Bilderberg apenas reuniu uma vez em Portugal. Aconteceu em 1999, entre os dias 3 e 6 de Junho, num complexo turístico de cinco estrelas, a que não faltava um luxuoso campo de golfe, propriedade do elitista Caesar Park Hotel Penha Longa, em Sintra, que algum tempo depois mudaria o nome para Penha Longa Resort. (...) Na 47.ª sessão de Bilderberg, estiveram 119 participantes de 21 países.

Em Sintra, os convidados portugueses cruzaram-se com David Rockefeller; Pedro Solbes, o eurodeputado espanhol que viria a ser ministro da Economia de Rodríguez Zapatero; Giovanni Agnelli; Jaime Carvajal y Urquijo, amigo íntimo e companheiro de golfe de Bill Clinton, durante 13 anos director da segunda tabaqueira mais importante dos Estados Unidos, a RJR Nabisco; James Wolfensohn, presidente do Banco Mundial; Peter Mandelson, amigo de Blair, nomeado comissário europeu do Reino Unido em 2004 e conhecido como «O Príncipe das Trevas» pela sua fama de conspirar e manipular na sombra; Richard Holbrooke, representante das Nações Unidas e, claro, Henry Kissinger. Também se encontravam em Sintra CEOs de gigantes empresas e grupos dos sectores farmacêutico, do tabaco, da indústria automóvel, etc.

Também lá estava Lord Conrad Black, o magnata do terceiro maior grupo de comunicação do mundo, que pouco tempo depois caía em desgraça. Ele próprio comentou em dada ocasião a propósito de a imprensa estar proibida em Bilderberg: «O facto de não haver jornalistas torna o debate mais íntimo. Não se criam indiscrições massivas». Ou seja, sentem-se com a liberdade absoluta de falar abertamente acerca dos seus planos de conquista do mundo com toda a tranquilidade e sem passar pelo crivo da opinião pública.

Como sempre acontece nestes encontros, a reunião de Bilderberg em Sintra esteve rodeada de fortes medidas de segurança. Entre os portugueses convidados estava o então Presidente da República Jorge Sampaio e o primeiro-ministro Durão Barroso, cuja vinculação a Bilderberg desde o ano de 1994 o catapultou para as mais latas instâncias europeias. Entre os restantes portugueses destacavam-se:

Francisco Pinto Balsemão. É o único membro permanente do Clube Bilderberg, pelo menos desde 1988, ano em que está identificada a sua presença - embora possa ter comparecido ainda antes -, e a fazer parte do Comité Directivo, orgão encarregado de definir a agenda de temas a debater e as personalidades a convidar. Teve, assim, a incumbência de seleccionar os convidados portugueses para a reunião de Sintra. Pinto Balsemão vem de uma família abastada e é trineto de Rodrigo Delfim Pereira, filho ilegítimo do imperador Pedro I do Brasil. Durante as suas férias de verão no Estoril conviveu com Juan Carlos de Borbón, futuro rei de Espanha. Após a Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974 - acontecimento que inquietou enormemente Bilderberg pelo receio de influenciar primeiro a Espanha e depois outros países europeus -, esteve na fundação do Partido Popular Democrático (actual Partido Social Democrata, PSD).


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Em Janeiro de 1981 foi eleito primeiro-ministro, cargo que deixou em 1983 por falta de apoio popular e pela crise na coligação com o CDS (Centro Democrático Social) liderado por Freitas do Amaral. Em 2005 foi convidado para membro do Conselho de Estado pelo Presidente Aníbal Cavaco Silva. É também membro do Conselho Assessor Internacional do Banco Santander, outra entidade com vínculo a Bilderberg.


Em 1988, quando assistiu ao conclave, Pinto Balsemão estava concentrado na sua empresa de comunicação social. Anos mais tarde, o grupo Impresa a que preside estreou a primeira televisão privada em Portugal, a Sociedade Independente de Comunicação (SIC), que começou a emitir a 6 de Outubro de 1992, depois da liberalização do sector audiovisual pelo Governo de Cavaco Silva. O dossier não esteve isento de polémicas, com divisões no Conselho de Ministros, pois o grupo liderado por Proença de Carvalho ficou em desvantagem.

Em 21 de Novembro de 2005, dois meses antes das eleições presidenciais em Portugal, Pinto Balsemão foi entrevistado pelo diário espanhol Abc. O jornalista Romualdo Maestre perguntou-lhe acerca da sua presença nas reuniões do Clube Bilderberg e das possibilidades eleitorais do seu candidato Cavaco Silva.

« - Acredita que o candidato do seu partido Cavaco Silva possa ganhar?

- Penso que tem possibilidade de ganhar logo na primeira volta.

- Como encarar a crítica dos seus opositores sobre o facto de o senhor pertencer ao exclusivo e por vezes opaco grupo de pressão Bilderberg?

- Encaro-a como inveja. Bilderberg é um grupo da sociedade civil que junta uma vez por ano norte-americanos, canadianos e europeus para falar ao alto nível sobre os problemas actuais, que tanto podem ser as relações entre os dois continentes, a guerra no Iraque ou a economia na China. Está muito bem organizado e ao não estar lá a imprensa, não haver conclusões nem comunicados finais, as pessoas podem falar de forma muito livre. Muita gente que o critica gostaria de fazer parte dele».

Creio que estas respostas não precisam de comentários.

Outra das polémicas em que esteve envolvido devido à sua vinculação com Bilderberg - cujas reuniões têm um custo aproximado de dois milhões de euros -, teve a ver com o facto de se ter descoberto que o grupo Impresa suportou parte das despesas da reunião de Sintra. A Sojornal, empresa que detém a maioria das acções do semanário Expresso e da revista Visão, recebeu cerca de 40 mil contos (200 mil euros) do Ministério dos Negócios Estrangeiros para organizar o encontro dos líderes mundiais no luxuoso complexo da Penha Longa, em Sintra. Foi uma notícia veiculada pelo semanário O Independente.

O que significa que os contribuintes portugueses contribuíram para pagar os quatro dias de luxo num dos hotéis mais caros do País, precisamente àqueles que zombavam da democracia e do parlamento. Resta dizer que o presidente da Sojornal não é senão outro que Pinto Balsemão. Segundo indicou fonte da Sojornal, o dinheiro recebido do Estado para organizar o evento não devia ser visto como uma subvenção mas sim como um patrocínio.

Joaquim Ferreira do Amaral. Foi ministro das Obras Públicas de Cavaco Silva e artífice das autoestradas portuguesas. Dois anos depois de Sintra, candidatou-se à presidência da República enfrentando Jorge Sampaio. Mais tarde, no dia em que começava o conclave Bilderberg 2013, no Reino Unido, lembrou, em entrevista à Antena 1, a sua presença em 1999, em Sintra: «Esse encontro foi especialmente interessante já que reuniu personalidades importantes que expuseram os seus pontos de vista sobre assuntos de relevância mundial, que também tinham importância prática para Portugal. Escutar estas personalidades e ouvir as reacções foi muito útil».

No encontro em solo britânico também estiveram o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas e o secretário-geral do Partido Socialista António José Seguro, que afirmou aos jornalistas: «Tratou-se de um convite para eu participar numa reunião, onde vou reafirmar as minhas posições, quer em matéria de globalização, quer em matéria europeia. Defendo o fim dos paraísos fiscais, a taxação sobre as transacções financeiras, a dimensão económica e política da União europeia».

(...) José Manuel Durão Barroso. Teve a sua primeira presença numa reunião Bilderberg em 1994, quando era ministro dos Negócios Estrangeiros de Cavaco Silva. É significativo que um ano mais tarde entrasse na direcção do PSD, tornando-se líder social-democrata em 1999. Nesse ano perdeu as eleições legislativas para António Guterres e proferiu a frase que se tornaria famosa: «Estou certo que irei ser primeiro-ministro, só não sei quando». Por acaso seria uma referência subtil e desconhecida para cidadãos ao apoio dos seus amigos biderbergs para conseguir esse objectivo? A verdade é que se tornaria primeiro-ministro em 2002 e um ano depois assistia à reunião Bilderberg como chefe do Governo. Foi nomeado presidente da Comissão Europeia em meados de 2004, cargo que preferiu ao que ocupava, de primeiro-ministro. Quando em 2012 recebeu o Prémio Nobel da Paz atribuído à União Europeia (uma entidade criada no seio de Bilderberg), declarou que a UE, «apesar das suas imperfeições, pode ser e é uma fonte de inspiração para o mundo».

Durão Barroso foi anfitrião do «trio dos Açores» que precedeu à guerra do Iraque e um dos subscritores da «United We Stand», em que oito chefes de Estado da UE se posicionaram do lado de George W. Bush e contra Jacques Chirac e Gerhard Schröder na polémica sobre se se deveria destronar ou não Saddam Hussein.

Em Sintra também esteve António Guterres, reeleito nesse mesmo ano e que veio a ocupar de Janeiro a Julho de 2000 a presidência do Conselho Europeu. [Foi ainda o] Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados e, segundo todas as previsões, poderá ser o próximo [secretário-geral das Nações Unidas].


Ricardo Salgado. Um dos mais importantes banqueiros portugueses, à frente do Banco Espírito Santo até ao último verão, um mês antes de o Banco de Portugal anunciar um resgate de 4.900 milhões de euros. Depois de 22 anos à frente da entidade, o sobrinho-neto do fundador do BES é suspeito de procedimentos ilegais que ocultaram perdas de mais de dois milhões de euros. Durante anos foi admirado, galardoado e temido por muitos, mas agora que está indiciado como criminoso sofreu a humilhação de ter sido detido em público. Esteve na reunião de 1997 e de novo em Sintra. Manteve relações privilegiadas com todos os governos, embora tenha sido mais próximo de José Sócrates.


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Também foram convidados para a reunião de Sintra o então ministro da Educação, Eduardo Marçal Grilo; Vasco de Mello, um dos mais importantes empresários portugueses, vice-presidente e CEO do Grupo José de Mello; Francisco Murteira Nabo, presidente e CEO da Telecom Portugal; Artur Santos Silva, presidente do Grupo BPI; e João Estarreja, membro da organização portuguesa da conferência.

Entre os jornalistas, assistiram à reunião Nicolau Santos, especialista em assuntos económicos, e Margarida Marante, que também esteve em 1996, justamente na altura em que vivia o pico da sua carreira na SIC. Dava-se a circunstância de ambos trabalharem então no grupo de Pinto Balsemão, Nicolau Santos no Expresso e Margarida Marante na SIC.

Os debates que se realizaram em Sintra tiveram como temas o Kosovo; a genética e as ciências da vida; o cenário político na Europa; o redesenho da arquitectura financeira internacional; os impactos sociais e políticos nos mercados emergentes dos recentes eventos económicos; a relação entre a tecnologia de informação e a política económica; a política externa russa; o futuro da NATO. Como se vê, temas que 16 anos depois estão em plena actualidade. O que Bilderberg sempre procurou foi adiantar-se, no tempo, ao futuro do mundo.


Mais portugueses na história de Bilderberg

Outras personalidades portuguesas estiveram presentes nas elitistas e privilegiadas reuniões antes e depois de Sintra.

No ano de 2004 assistiram Santana Lopes e José Sócrates, convidados pelo único português membro do Conselho Directivo da entidade, Pinto Balsemão. A reunião teve lugar em Itália três semanas antes da crise política aberta pela demissão de Durão Barroso (ocorrida a 29 de Junho de 2004) do cargo de primeiro-ministro de Portugal, ao ser chamado pelo Conselho Europeu a presidir à Comissão Europeia. Nesse cargo sucedeu a outro participante de Bilderberg e membro do seu Conselho Directivo, o ex-primeiro ministro italiano Romano Prodi. Como se vê, Durão Barroso é um velho conhecido de Bilderberg, desde 1994 não tem faltado aos encontros, com a sua carreira a ser notoriamente impulsionada até à presidência da Comissão Europeia.

Dois meses depois do conclave, Santana Lopes tornava-se primeiro-ministro. Outro facto chamativo, pois o poder, tanto nacional como europeu, cairia em mãos de bilderbergs. E apenas um ano depois, como referi atrás, José Sócrates liderava o Governo.

Outras personalidades fundamentais na crise política que afectou o País em 2004 estiveram presentes na reunião de Stresa: o Presidente da República Jorge Sampaio e o líder do PS Ferro Rodrigues.

Quatro anos mais tarde, em 2008, os presidentes das duas principais câmaras municipais foram convidados a assistir à reunião que teve lugar na Virgínia, Estados Unidos. Eram eles Rui Rio no Porto (PSD) e António Costa em Lisboa - que se tornou o sucessor de José Sócrates à frente do PS, um dia depois da detenção deste último.

Em 2009, a reunião de Atenas juntaria na mesma sala a líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, e o então ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho. O ex-governante manifestou aos jornalistas que o balanço do debate «foi muito interessante».


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Outros nomes com relevância em Portugal que assistiram a reuniões do Clube Bilderberg:

António Borges. O falecido economista e banqueiro foi o homem em Portugal da Goldman Sachs, uma das empresas Bilderberg por excelência. Esteve presente em 1997. Regressou a Bilderberg em 2003. Em 2004 foi um dos principais críticos de Santana Lopes como substituto de Durão Barroso. Era íntimo do primeiro-ministro Cavaco Silva.

Manuel Maria Carrilho. Professor e político vinculado ao PS. Foi parlamentar europeu e é especialista em temas de defesa, uma área prioritária nas conferências Bilderberg. Esteve presente em 1995, no ano da chegada ao poder de António Guterres, de cujo Governo foi ministro da Cultura.

Vasco Pereira Coutinho. Um dos principais empresários mais importantes de Portugal, que criou a sua fortuna com o negócio da Autoeuropa. Assistiu à reunião de 1998. Quando era primeiro-ministro, Durão Barroso viajou de férias ao Brasil, no seu avião privado e ficando em sua casa, o que na altura causou polémica. É próximo de Cavaco Silva.

José Cutileiro. O embaixador português assistiu à reunião de Bilderberg em 1994, tornando-se nesse mesmo ano secretário-geral da União da Europa Ocidental (UEO), a estrutura de defesa e segurança da União.

Faria de Oliveira. Ministro do Comércio e Turismo de Cavaco Silva, assistiu em 1993 e foi uma peça-chave na ligação entre o então primeiro-ministro e o mundo dos negócios, tanto públicos como privados.

Vasco Graça Moura. Político, poeta e erudito. Assistiu à reunião de 2001. Era um destacado intelectual, cujas opiniões eram escutadas pelos políticos. Faleceu [em 2014].

Vítor Constâncio. O ex-governador do Banco de Portugal e vice-presidente do Banco Central Europeu (BPI) esteve presente em 2010.

À reunião de 2014 assistiram o sempre eterno Francisco Pinto Balsemão, o ministro da Saúde Paulo Macedo e a actriz e deputada socialista Inês de Medeiros.


Como se verifica, são vários os políticos portugueses que assistiram às reuniões um ano ou vários anos antes de se tornarem chefes de governo ou de ocuparem um cargo importante nas estruturas políticas ou empresariais. Durão Barroso participou pela primeira vez em 1994 e foi eleito primeiro-ministro em 2002. Entre os dias 3 e 6 de Junho de 2004, Santana Lopes e José Sócrates foram convidados. Um mês depois, o primeiro substituía Durão Barroso na chefia do Governo. E em Março de 2005 era a vez de Sócrates alcançar este posto. António Guterres participou em 1994 um ano antes de vencer as eleições legislativas. Em 2008, foram convidados António Costa e Rui Rio.

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O que se observa aqui é que, na realidade, o poder político e empresarial português tem vindo a ser repartido entre poucos nomes. E que, para Bilderberg, é essencial que os presidentes e funcionários de um país possam ser manipulados como fantoches da sua nova ordem mundial.

É importante sublinhar que, através do resgaste a Portugal, Bilderberg conseguiu tirar soberania ao País e passá-la para uma entidade supranacional: a Troika, formada pela Comissão Europeia, o FMI e o BCE. À frente dos três organismos Bilderberg colocou os seus membros: Durão Barroso - substituído em Novembro de 2014 por Jean Claude Juncker -, Christine Lagarde e Mario Draghi.

Desta forma, comprovamos que o atentado à democracia, que deveria passar pela representação e gestão da causa pública nos parlamentos, é tão evidente em Portugal como no resto das nações que fazem parte do Clube.

 (in O Clube Secreto dos Poderosos. Os Planos Ocultos de Bilderberg, Matéria-Prima Edições, 2015, pp. 197-209).

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Moçambique, uma das jóias da coroa.


Moçambique, outrora um território em vias de se tornar um exemplo de desenvolvimento, agrícola, industrial e sobretudo, humano, infelizmente e devido a factores diversos, tal processo foi travado, pois, seria hoje sem duvida um dos territórios mais desenvolvidos do planeta.
Deitaram por terra o trabalho de cinco séculos, um trabalho a todos os níveis notável, desbravamos o território, demarcamos fronteiras, desenvolvemos, levamos a civilização a uma sociedade tribal, promovemos a paz e acabamos com os conflitos entre as etnias e pusemos cobro ao flagelo da escravatura, fosse inter tribos, ou mesmo a escravatura perpetrada pelos negreiros árabes.
Tratamos o território e as suas gentes como se fosse a nossa casa ancestral e os seus habitantes autóctones e os que devido a condições por nós portugueses criadas, por lá se radicaram, estivemos na origem de uma verdadeira nação e sociedade multi racial, um dos grandes exemplos, senão, o exemplo que tal seria possível, na verdade, não o tentamos, nós fizemos, deixámos obra feita, provámos que somos capazes, fizemos e fizemos bem, infelizmente os senhores do mundo não o entenderam, fomos sem duvida uma ameaça para todos aqueles que vivem da exploração, vivem do saque dos recursos, vivem do sangue de milhões de seres humanos, infelizmente e lamento dizê-lo, são esses mesmos senhores, os tais paladinos da liberdade os mesmos que saqueiam territórios e promovem o genocídio de milhões de seres humanos. Gente que sob o manto de instituições ditas protectoras e promotoras dos direitos humanos, são essas mesmas instituições quem hipocritamente serve os interesses da alta finança, das grandes corporações e são essas mesmas instituições quem promove os regimes terroristas e totalitários hoje instalados nesses territórios.
Aqui fica o meu voto de protesto em relação aos crimes cometidos contra a humanidade nesses territórios, infelizmente outros valores se levantaram, o valor do capital.

Reprovo o acto.

Alexandre Sarmento

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«Moçambique foi uma das mais portentosas Províncias portuguesas, tendo constituído expressão maior da vocação, esforço e génio lusitanos. Moçambique, tal como era e, sobretudo, tal como estava a ser, honrou e honrava a acção civilizadora de um Povo; demonstrou e demonstrava a capacidade deste Povo para impulsionar e conduzir a construção de novos territórios e países, nela participando consistente e activamente; e, talvez no escalão mais alto, evidenciou e evidenciava a sua presciência na concepção e execução de uma política social de harmonia étnica, de coexistência religiosa e de conciliação de culturas, em autêntica vanguarda - a única que, generalizada e no futuro, poderia ou poderá servir um Mundo que se pretende viável.


UM GRANDE TERRITÓRIO E AS SUAS CONFIGURAÇÕES E POSIÇÕES PRIVILEGIADAS


Um grande território, mais de 780 000 km2, tanto como a França e a Alemanha Federal reunidas; com 4250 km de fronteira terrestre, tanzaniana, malawiana, zambiana, rodesiana - hoje do Zimbabwe -, sul-africana e suazi; e com uma costa de 2975 km sobre o Oceano Índico. A distância entre a sua capital política, Lourenço Marques, próximo da fronteira Sul, e a sua capital militar, Nampula, muito mais a Norte, percorria-se em cerca de duas horas em aviões a jacto, tanto como entre Lisboa e Paris ou Londres. E Nampula fica ainda a 450 km da fronteira setentrional - o rio Rovuma.

Na configuração moçambicana, distingue-se o extenso Norte, com o Niassa, Cabo Delgado, Moçambique e Zambézia; o Centro da Beira e de Vila Pery, verdadeiro coração geográfico, estendendo-se pelo amplo Saliente de Tete; e o Sul, mais estreito, conjunto de Gaza, Inhambane e Lourenço Marques. Cerca de 44% de zona litoral, abaixo dos 200 m de altitude, 43% de planaltos, entre os 200 e os 1000 m, e os restantes 13% de montanha. Uma costa onde se inserem baías e portos de óptimas condições naturais, praias excelentes e algumas ilhas que, além da sua beleza ímpar, constituem padrões de uma História, na qual predominou, por tanto tempo, o sentido da grandeza.







Moçambique tinha, no Continente Africano, uma posição privilegiada. Por um lado, nela estavam contidas as comunicações que permitiam o acesso ao mar, isto é ao Mundo, desse enorme e rico "interland" malawiano, zambiano, rodesiano - ou do Zimbabwe - e em parte considerável sul-africano, o que lhe conferia possibilidades-chave. Por outro lado, Moçambique situava-se, entre o conjunto Tanzânia/Zâmbia, mais ou menos marxista, e o conjunto Rodésia/República da África do Sul, mais ou menos racista, o que atribuía ao seu esclarecido e decisivo não marxismo e à sua plena multirracialidade significado e papel bem especiais.


O MILAGRE ECONÓMICO MOÇAMBICANO


Em Moçambique, mantinha-se, ainda, o carácter dualista, tradicional nos territórios e países africanos, de uma economia de subsistência, em que cada família ou tribo produzia e trabalhava o necessário à satisfação dos seus consumos imediatos e mais prementes, e de uma economia de mercado, caracterizada pela produção e serviços comercializados. Mas, agia-se no sentido da modernização do sector de subsistência e promovia-se activamente o desenvolvimento do sector de mercado.

Em consequência, a posição relativa dos fluxos não monetários, na formação do Produto Interno Bruto, descia progressivamente, tendo sido, em 1963, de 40% e sendo, em 1970, de 25%.

A prodigalidade em recursos naturais e o esforço no sector do mercado estavam a conduzir a um desenvolvimento são e rápido, tendo a taxa média anual de crescimento do PIB sido, entre 1953 e 1963, de 3,7%, entre 1963 e 1967, de 4,2% e, até 1972, de 9,5%, esta uma das maiores do Mundo. E isto enquanto a população aumentava a um ritmo que não excedia os 2,2% por ano.

Moçambique estava bem, no começo dos anos 70, no início do seu milagre económico.


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A ENERGIA. CABORA BASSA. A ELECTRIFICAÇÃO DE MOÇAMBIQUE


Tal desenvolvimento começava na base, na energia, sendo enormes as possibilidades hidro-eléctricas, significativo o carvão de Moatize - 350 000 toneladas extraídas em 1973 -, imensos os jazigos descobertos também de carvão do Vale do Zambeze, em partes coqueficáveis, e as reservas de gás natural no Buzi e no Pande. E não estava posta de parte a existência de petróleo e de urânio.

Na produção hidroeléctrica, distinguia-se Cabora-Bassa, realização extraordinária, uma das maiores do Mundo, garantindo só por si 18 mil milhões de KWh anuais a preços extremamente baixos. O sistema de Cabora-Bassa, com as suas duas centrais, uma a Sul já operacional e uma outra a Norte prevista, num total de potência instalada e a instalar de 3000 MW, quase o dobro da de todo o Portugal Europeu da época, repartida por grupos gigantes de 400 MW, em breve, se interligaria ao sistema do Revuè e, oportunamente e quase "in loco", abasteceria os grandes projectos industriais preparados para a região de Tete, com enorme benefício para o Centro de Moçambique e o seu amplo Saliente. Também, em breve o sistema de Cabora-Bassa se prolongaria até Quelimane, estendendo-se à Zambézia e alimentaria, em retorno da República da África do Sul, Lourenço Marques e o Sul de Moçambique. Além disto, Cabora-Bassa permitia a importantíssima ligação, com propósitos exportadores, à rede energética da República da África do Sul, através de uma linha de transporte de 1400 km em corrente contínua, de 2 x 500 KV, e previa-se também a exportação certa da sua energia para a Rodésia/Zimbabwe e para o Malawi e eventual para a Zâmbia.

Ainda no relativo a energia hidroeléctrica, projectava-se, a curto prazo, o início da electrificação do Norte, a partir dos rios Lúrio e Messalo.

A electrificação de todo o Moçambique encontrava-se, assim, em andamento rápido.

A exploração dos jazigos de carvão do Vale do Zambeze e das reservas de gás natural no Buzi e no Pande preparava-se em grande escala.

Por outro lado, a prospecção de petróleo tinha lugar em diversas áreas com resultados promissores e estava decidida a ampliação substancial da refinaria de Lourenço Marques, com uma fracção destinada à exportação.

Finalmente e já em 1974, foram celebrados com empresas especializadas contratos, em regime de "joint venture", para a prospecção de urânio. Em termos energéticos, Moçambique oferecia efectivamente perspectivas bem tranquilizantes para o futuro.



AS COMUNICAÇÕES. UMA GRANDE REALIDADE, UM PROJECTO IMENSO


As comunicações, particularmente caminhos-de-ferro, portos de mar e sistema aéreo, tinham atingido desenvolvimento notável.

Os principais caminhos-de-ferro - o de Lourenço Marques ligado à República da África do Sul, o da Beira ligado à Rodésia e o de Nacala em ligação com o Malawi e a Zâmbia - serviam eficientemente Moçambique e o "interland" já considerado. A ligação de Nacala com as linhas ferroviárias do Malawi estava já operacional e negociava-se o seu prolongamento até ao "copperbelt" da Zâmbia, o que aliás teria de ter lugar perante a falência inevitável da exploração do caminho-de-fero "Tam-Zam", de ligação da Zâmbia a Dar-es-Salaam. Muitos e vultuosos trabalhos de melhoramento das infra-estruturas ferroviárias e diligências para considerável aumento do parque de material circulante estavam em realização ou programados. O número de passageiros e a carga transportados, por via férrea, cresciam incessantemente.

Os portos de mar, além das suas óptimas condições naturais, estavam bem apetrechados, pelo menos os principais, como o de Lourenço Marques, com movimento superior ao de Lisboa e Leixões em conjunto, cerca de 15 milhões de toneladas em 1971, os da Beira, Inhambane e Quelimane, o de Nacala, talvez o de maiores potencialidades de toda a África, e o de Porto Amélia. Entre as obras portuárias em curso, distinguiam-se a construção, no porto de Lourenço Marques, em Ponta Dobela, de um terminal oceânico, "offshore", para navios mineraleiros até 250 000 toneladas, o prolongamento, no Porto da Beira, do seu cais em 330 m e diversos importantes melhoramentos em Nacala.


O sistema aéreo, excepcional, cobrindo todo o território, englobava uma infra-estrutura muitíssimo boa de aeródromos e de pistas, e um conjunto excelente de linhas de transporte aéreo. Naquela infra-estrutura, distinguiam-se nove aeródromos para grandes aviões de jacto - Lourenço Marques, Beira, Quelimane, Nampula, Tete, Nova Freixe, Nacala, Vila Cabral e Porto Amélia - e cerca de três dezenas de outros aptos para aviões tipo Noratlas, e contavam-se mais de duas centenas de pistas para aviões tipo Islander. O transporte aéreo compreendia uma linha primária costeira e duas linhas secundárias penetrantes no interior, servidas por aviões Boeing 737 e por aviões Friendship, Noratlas, DC3 e outros, e inúmeras linhas terciárias equipadas com aviões Ilander e Cessna ou equivalentes.


A rede de estradas, mais atrasada, recebia forte impulso, podendo por exemplo viajar-se, já, de Lourenço Marques ao interior das cavernas de Cabora-Bassa por estrada asfaltada, numa extensão de 1645 km. Estava em construção a estrada Centro-Norte, de mais de 1000 km e com nova ponte sobre o Zambeze, que ligaria o eixo Beira-Machipanda ao de Nacala-Nova Freixo, tornando possível o deslocamento de Lourenço Marques a Mocímboa da Praia também por estrada asfaltada, numa extensão de 2750 km. E estava iminente o lançamento da empreitada da estrada Nacala-Nova Freixo-Vila Cabral. Até final de 1979, atingir-se-ia 9400 km de estradas asfaltadas, com 5250 km de novas estradas e respectivas obras de arte. Numerosas empresas de camionagem além dos muitos veículos rodoviários pesados dos próprios Serviços de Caminhos-de-Ferro, operavam satisfatoriamente por todo o território.

No relativo ao conjunto das comunicações, Moçambique era já uma grande realidade e um imenso projecto.


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A AGRICULTURA. MOTOR DA ECONOMIA MOÇAMBICANA


O motor fundamental da economia moçambicana era e deveria continuar a ser a agricultura, com as suas sucessivas planícies aluvionares das bacias dos grandes rios - como o Maputo, o Umbelúzi, o Incomati, o Limpopo, o Save, o Buzi, o Punguè, o Zambeze, o Lúrio, o Memburi, o Montepuez, o Messalo e o Rovuma -, para onde eram e são arrastadas e depositadas, sem cessar, camadas de terras férteis, em formações de vários metros de profundidade, tem aptidão excepcional, talvez não comparável em qualquer outra área africana, para infindáveis e fecundas explorações agrícolas.

Em 15 milhões de hectares, desenvolviam-se pastagens e florestas, frequentemente com essências preciosas, das quais umas cinquenta espécies comercializáveis interna e externamente. A produção de madeira, nas concessões florestais, tinha duplicado de 1963 a 1973, sendo já significativa a sua exploração e estando a preparar-se o fabrico de pasta de papel em grande escala.

As maiores e muito grandes produções agrícolas moçambicanas, quer para uso interno, quer principalmente para exportação, diziam respeito ao açúcar, ao algodão, ao cajú, ao chá, ao sisal, à copra e, em menor grau e basicamente para consumo interno, ao tabaco, ao amendoim, a frutas, à batata, ao arroz e ao milho. Estas produções verificavam-se, em muitos casos, em explorações modelares, altamente mecanizadas e modernizadas nos seus métodos de cultura, mas também em numerosas médias e pequenas propriedades menos sofisticadas.

As possibilidades em açúcar e algodão, e potencialmente em arroz, eram, em termos internacionais, imensas e Moçambique mantinha, também mundialmente, o primeiro lugar na produção de castanha de cajú. As decorrentes industrializações - como refinação de açúcar, fabricação de têxteis e descasque de castanha de cajú, algumas constituindo já empreendimentos exemplares pelo seu volume e qualidade - estavam em curso de serem ampliadas e melhoradas, multiplicadas, oferecendo as mais amplas perspectivas.

O chá, com belas plantações em regiões altas e lindíssimas, duplicara em 12 anos a sua produção, oferecendo, também, óptimas perspectivas.

No relativo ao sisal e à copra, apesar da sua recessão geral, planeava-se certa expansão, procurando-se inverter a tendência internacional.

O tabaco, o amendoim, as frutas, a batata, o arroz e o milho, por regra excelentes qualitativamente, tinham também muito interesse e convidavam a grandes realizações.


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UMA FAUNA EXUBERANTE. A PECUÁRIA E A PESCA


A fauna moçambicana, exuberante, nas suas espécies e quantitativos, oferecia espectáculos grandiosos e maravilhosos, através da simples observação de sucessivas manadas de milhares de animais. Ela permitia o desporto turístico principesco dos safaris fotográficos e venatórios e permitia a existência de espantosas reservas de caça - como a da Gorongosa - de valor turístico incalculável.

A pecuária, particularmente a dos bovinos, tinha aspectos muito relevantes, mas ainda sobretudo no comércio e consumo internos. Planeava-se o começo de uma exportação significativa e o seu desenvolvimento rápido. As possibilidades eram enormes.

Quanto à pesca, em especial pela exploração, em moldes industriais, de extensos mananciais de crustáceos, iniciava-se uma revolução avassaladora, capaz de conduzir ao abastecimento do Mundo nos melhores mariscos conhecidos. Empresas apropriadas tinham-se instalado e verificavam crescimento acelerado, dezenas de barcos de pesca estavam em construção ou encomendados e desenvolvia-se a adequada rede de frio.



 A INDÚSTRIA EM DESENVOLVIMENTO


Moçambique tinha uma boa tradição industrial, mas foi na década de 70 que o respectivo panorama se tornou verdadeiramente estimulante e promissor.

Kaúlza de Arriaga na Barragem de Cabora-Bassa.



As indústrias extractivas, até então manifestamente atrasadas, experimentavam nova dinâmica. Além do referido relativamente a carvão, gás natural, petróleo e urânio, a prospecção sistemática revelara, particularmente no Vale do Zambeze, novos jazigos de fluorites, reservas notáveis de minério de ferro, titano-magnetites, cobre, manganês, e, até ao momento, indícios de berílio, corindo, crómio, grafite, níquel e bauxite. Próximo, no Malawi, esta bauxite era já uma realidade. E, pelo menos, dois consequentes e interessantíssimos campos de actuação imediata se abriram em Tete - a siderurgia, com base nas respectivas reservas, e a indústria de alumínio, com base no baixo custo da muita energia de Cabora-Bassa e na bauxite do Vale do Zambeze ou na do Malawi.


As indústrias transformadoras eram, já de há muito, activas, verificando-se contudo, ultimamente, investimentos consideráveis sempre em aumento e atingindo, nos anos mais próximos de 1974, a taxa anual de crescimento da sua produção o valor magnífico de 13%. A par das indústrias citadas ou relativas às matérias citadas, como a madeira e pasta de papel, açúcar, café, chá, sisal, tabaco, amendoim, arroz, algodão e têxteis, siderurgia e alumínio, havia a considerar também o vestuário, óleos vegetais, lacticínios, cimento, cerveja e refrigerantes, tipografia, laminagem, mobiliário, tintas, sabões e detergentes, ácido sulfúrico, vagões de caminhos-de-ferro e construção naval. E muitas vezes outras aqui não especificadas.


O COMÉRCIO. UM HINO TURÍSTICO


O comércio de Moçambique dispunha de uma rede de distribuição que abrangia todo o seu território e as exportações constituíam realidade palpável.

Como em todas as áreas em desenvolvimento, a balança comercial era deficitária. Contudo, a balança de pagamentos, que em 1970 tinha saído negativo, já em 1972 acusava "superavit".

Isto em consequência das receitas invisíveis, nas quais tinha especial incidência as dos caminhos-de-ferro e portos de mar, as da emigração e as do turismo.

Quanto a este turismo, as suas possibilidades eram praticamente ilimitadas, dadas as extraordinárias potencialidades existentes. Desde o interior à costa e ao próprio mar; desde a selva misteriosa à apurada civilização urbana; desde a beleza da natureza aos locais onde a grandeza histórica se gravou ou o interesse actual se situava em alto nível; desde a majestade das montanhas, à vastidão das planícies e à delícia das praias marítimas tropicais. Desde a flora e fauna aos próprios contactos humanos.

As organizações turísticas proliferavam e os turistas afluíam já, mas, em breve, Moçambique seria um hino turístico.


A CONSTRUÇÃO CIVIL EM EXPANSÃO. GIGANTESCA


Como consequência de todo o crescimento vertiginoso que se vivia, a construção civil experimentava uma expansão gigantesca. E não só em termos de qualidade mas igualmente no relativo à técnica e às concepções e valores arquitectónicos actualizados, modernos e avançados.


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UMAS FINANÇAS SÓLIDAS


As finanças moçambicanas, que contribuíam também para o esforço militar e para-militar de contra-rebelião ou contra-subversão, apresentavam grande, crescente e sã solidez.

De 1965 a 1973, as receitas e despesas públicas, sempre com saldo positivo, duplicaram, mantendo-se porém estável o valor da moeda. Mais ou menos no mesmo período, os depósitos bancários quase quintuplicaram, com cerca de 30% de depósitos a prazo, em sinal iniludível de confiança.


O FASCÍNIO DAS ETNIAS, RELIGIÕES E CULTURAS MOÇAMBICANAS. O MILAGRE SOCIAL MOÇAMBICANO


Mas talvez que o expoente mais elevado de Moçambique se exprimisse na sua riqueza em etnias - brancas, amarelas, indianas, negras, estas com numerosos grupos e sub-grupos, e mistas -, religiões e culturas fascinantes na sua diversidade e especificidade, e simultaneamente, perante o Mundo que se vivia e vive de confrontações entre grupos humanos, admiráveis na sua harmonia.

Com ineficiências e deficiências inerentes às grandes construções humanas e também decorrentes de alguma carência de meios e de certas incompreensões e interferências negativas, internas e externas, todas aquelas etnias, com os seus credos e culturas, de acordo com as suas tradições e tendências, viviam e trabalhavam numa actividade, cada vez mais integrada, de desenvolvimento comum.

Esforço máximo possível incidia, sobretudo nos últimos tempos do Portugal do Ultramar, numa evolução orientada para a rápida dignificação paritária do homem e para uma plenitude de cidadania, traduzida em objectivos de equivalentes posições iniciais e iguais oportunidades, de vigência dos mesmos direitos e deveres, e de acesso a situações políticas, económicas e sociais em geral, conseguido apenas em face do valor real, da iniciativa havida e da actividade desenvolvida. E se tal evolução ainda não tinha atingido o estádio desejável, trilhava-se aceleradamente o caminho certo, situando-se Moçambique já na frente de muitos, muitíssimos, territórios e países africanos e de todo o terceiro mundo. 

Estava bem em curso o milagre social moçambicano.


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O ALDEAMENTO. O FENÓMENO URBANO. A VILA PROTÓTIPO


De particular importância, a obra de aldeamento e o fenómeno urbano.

A primeira constituía processo incomparável de promoção rápida de populações, então em pleno curso. Em 1973, tinham-se preparado mais de um milhar de aldeias, abrangendo cerca de um milhão de pessoas. Algumas delas em fase embrionária, a completar e aperfeiçoar, e estimava-se faltarem ainda cerca de quatro a cinco mil. O fenómeno urbano teve, em Moçambique, especial acuidade. Existiam não poucas e magníficas cidades, mesmo as mais modestas talhadas com largueza, visando o futuro. E, no topo de tal fenómeno, situava-se Lourenço Marques, cidade maravilhosa em qualquer parte do Mundo.

No relativo a vilas, cuja carência se verificava, construía-se a vila-tipo de Nangade, trabalho racionalizado em termos modernos. Nangade era ou seria a primeira de uma grande série de aglomerados populacionais médios.



A ASSISTÊNCIA EM GENERALIZAÇÃO. A REVOLUÇÃO CULTURAL


E, naturalmente, na base de todo o presente e futuro, estavam a assistência e a educação e instrução - primária, técnica média, liceal e universitária - generalizadas.



A assistência, em particular a médica e para-médica, progredia rapidamente, para isso muito contribuindo, não só a obra do aldeamento e o fenómeno urbano referido, mas também os Serviços Militares Fixos e Itinerantes, estes em aproveitamento periódico e intensivo das linhas aéreas terciárias.

No relativo à educação e instrução, verificava-se uma sua expansão extremamente veloz no sentido de atingir, tão depressa quanto o possível, o conjunto da população, o que era também facilitado pela multiplicação das aldeias e pelas numerosas cidades, e pela cooperação dos Serviços Militares e das Missões Religiosas.

Em 1973, aos 7287 docentes específicos, juntavam-se os pertencentes àqueles Serviços e Missões, perfazendo um total impressionante. No mesmo ano, 693 mil alunos frequentavam 5300 estabelecimentos de ensino primário, 47 191 frequentavam 168 escolas técnicas médias e liceais, e 2500 frequentavam a Universidade de Lourenço Marques. A percentagem de alunos de etnia negra, na população escolar, crescia em espiral, sendo já, em 1972, de 90% no ensino primário, de 57% no técnico médio e de 62% no liceal, preparando-se para breve a grande afluência negra ao ensino superior.

Encontrava-se em marcha uma autêntica revolução cultural».

Kaúlza de Arriaga («Guerra e Política. Em Nome da Verdade e dos Anos Decisivos»).

A busca pela consciência.

  Estou farto de aturar gente de mente fechada, gente com palas, gente com capacidade de raciocínio curta, ou sem capacidade de raciocínio d...