quinta-feira, 18 de julho de 2024

O Elogio da Ignorância.




«Infelizmente, não há fome de saber como há fome de alimentos, e ao contrário do esfomeado que até ao último alento ainda procura a nutrição, o ignorante contenta-se a si mesmo com a sua ignorância, revê-se nela, ostenta-a vazio e orgulhoso e impõe-na a todo o mundo. Transitando imediatamente do estado natural em que nasce para o estado teocrático em que vive, o homem está já arriscado, se não já condenado, a não mais encontrar motivo para abandonar a ignorância.

Com o repúdio do saber, repudia-se a verdade, pois o saber é sempre saber a verdade. E perdida a relação com a verdade, perde-se a relação com todos os princípios. Impedido do exercício da liberdade e do reconhecimento da justiça, o homem ainda pode manter-se incólume na individuação que directamente radica no absoluto. Mas perdida a verdade, nada se mantém: nem “as mais elevadas e nobres propriedades do homem”, nem as virtudes éticas, nem a capacidade de pensar. Como na desolação de um campo que as fúrias saturninas devastaram, tudo são vias abertas aos “vícios do homem”, de que fala Malthus, à “sedição e ao crime”, de que fala Aristóteles, à “tirania dos homens demasiado envilecidos”, que é a teocracia sem Deus. E os vestígios que ainda restam do direito, apenas estarão sendo, agora, os contentores da catástrofe final.

Assim atingirá o homem o abismo até onde o levaram uma certa concepção da vontade, que negou o primado do pensamento, uma certa concepção da matéria, que repudiou a transcendência, e uma certa concepção da verdade, que negou a realidade do espírito.»

Orlando Vitorino («Refutação da Filosofia Triunfante»).

Refutação do colectivismo.




«A ausência de regras formais absolutas na moral colectivista não significa decerto que não haja hábitos individuais que uma comunidade colectivista encorajará e outros que desencorajará. E mostrará até muito maior interesse do que uma sociedade individualista pelos hábitos de vida dos indivíduos. Para se ser membro útil de uma sociedade colectivista é necessário possuir qualidades bem definidas que devem fortalecer-se por uma prática constante. Se lhes chamamos “hábitos úteis” e não as podemos definir como “virtudes morais” é porque o indivíduo nunca os poderá tomar como regras que coloca acima das ordens estritas que recebe nem deixar que eles se tornem um obstáculo à realização de qualquer objectivo que a sua comunidade se proponha. Apenas servem, portanto, para preencher os intervalos entre o cumprimento das ordens recebidas ou entre os esforços para alcançar as finalidades determinadas e nunca podem justificar um conflito com a vontade da autoridade superior.

A diferença entre as virtudes que num sistema colectivista continuarão a ser bem vistas e aquelas que terão de desaparecer fica bem ilustrada com a comparação entre as virtudes que até os seus piores inimigos reconhecem aos alemães, ou, antes, aos “prussianos típicos”, e aquelas que geralmente se lhes negam e são as que os ingleses justificadamente se orgulham de possuir. Poucas pessoas poderão negar que os alemães são, de um modo geral, trabalhadores disciplinados, íntegros até ao fanatismo e enérgicos até à crueldade, conscienciosos e responsáveis em todas as tarefas que empreendem, possuidores de um forte sentido da ordem, do dever e da obediência à autoridade e se mostram muitas vezes dispostos a fazer sacrifícios pessoais e correrem sérios perigos físicos. Tais predicados fizeram dos alemães um instrumento eficaz para o desempenho das tarefas que lhes eram destinadas e assim foram cuidadosamente educados no velho estado prussiano e no novo Reich dominado pelos prussianos. O que geralmente se nega ao alemão típico são as virtudes individualistas da tolerância e do respeito pelos outros e suas opiniões, a independência de espírito, a rectidão de carácter e a coragem de defender as suas convicções pessoais diante de um superior, virtude que os alemães, conscientes de as não possuírem, designam por Zivilcourage; e ainda a consideração pelos fracos e enfermos e aquele saudável desdém pelo poder que só uma velha tradição sabe criar. Faltam-lhes também aquelas pequenas qualidades, mas bem importantes, que facilitam as relações entre os homens numa sociedade livre: a amabilidade, o sentido do humor, a modéstia pessoal, o respeito pela intimidade dos outros e a confiança nas boas intenções dos que lhes são próximos.

Tais virtudes, ao mesmo tempo que individualistas, são também eminentemente sociais, virtudes que amenizam o convívio social e tornam menos necessário, e mais difícil de impor, o controlo vindo de cima. Virtudes que só florescem onde predomina o tipo da sociedade individualista ou comercial, não existem onde prevalece o tipo da sociedade colectivista ou militarista, diferença que é, ou era, tão visível entre as diversas regiões da Alemanha como a existente agora entre as concepções que governam toda a Alemanha e aquelas que são características do mundo ocidental. Até há pouco tempo, pelos menos nas regiões alemãs que mais influenciadas foram pelas forças civilizadoras do comércio – as velhas cidades comerciais do sul e oeste e as da Liga Hanseática –, as concepções morais eram muito mais semelhantes às dos povos ocidentais do que aquelas que hoje predominam em toda a Alemanha.

Seria todavia profundamente injusto considerar as massas desse povo dominado pelo totalitarismo como desprovidas de sentido ético só porque dão o seu apoio incondicional a um sistema que nos aparece como a negação da maior parte dos valores morais. Para a maioria dos alemães, o contrário é que, provavelmente, será verdadeiro: a intensidade das emoções morais que estão por detrás de um movimento como o nazismo ou o comunismo só pode talvez ser comparável às dos grandes movimentos religiosos da história. Uma vez que se aceite que o indivíduo é apenas um instrumento destinado a servir as finalidades determinadas por uma entidade superior que se apresenta com o nome de sociedade ou nação, grande parte daquelas características dos regimes totalitários que nos horrorizam, aparecem como um corolário inevitável. Do ponto de vista colectivista, a intolerância e supressão brutal dos dissidentes, o total desprezo pela vida e pela felicidade dos indivíduos são consequências fundamentais e iniludíveis daquela premissa. O colectivista é capaz de reconhecer o que acabamos de mostrar mas não deixará de, ao mesmo tempo, afirmar que o seu sistema é superior àquele em que os interesses, a que chama “egoístas”, dos indivíduos podem impedir a completa realização dos fins que a comunidade se propôs. Quando os filósofos alemães repetidamente nos apresentam como sendo em si mesma imoral a luta pela felicidade individual e como digno de todos os louvores o cumprimento de um dever que nos é imposto, fazem-no com total sinceridade embora isso seja incompreensível para quem formou a sua personalidade segundo diferentes concepções.

Sempre que há um fim comum que ultrapassa tudo e tudo domina, deixa de haver lugar para quaisquer valores éticos ou quaisquer regras de carácter geral. Até certo ponto, todos nós temos a experiência disso quando, como agora acontece, nos encontramos em guerra. Mas até quando assim nos encontramos em guerra, e correndo aqui, em Inglaterra, os maiores perigos, a experiência é apenas uma aproximação ainda distante do totalitarismo pois apenas uma reduzida parte dos nossos valores foram sacrificados ao serviço da finalidade única. Sempre que umas tantas finalidades específicas dominem a totalidade da sociedade, é inevitável que a crueldade se torne em certos casos um dever, que se considerem meras questões de expediente coisas que revoltam todos os nossos sentimentos como fuzilarem-se reféns e abaterem-se velhos e doentes, que desalojar e desterrar pessoas constitua um recurso da política que toda a gente, à excepção das vítimas, aprova, que se tomem a sério sugestões como a do “serviço militar obrigatório com fins educativos para as mulheres”. Aos olhos do colectivista, actos como estes servem sempre uma finalidade que, só por si, os justifica pois não há quaisquer direitos ou valores do indivíduo que possam constituir obstáculos à realização do objectivo comum da sociedade.

Se para as “massas” de cidadãos dos Estados totalitários é a dedicação desinteressada por um ideal, seja-nos ele embora repugnante, que as leva a aprovar e até a executar actos como esses, o mesmo se não poderá dizer dos homens que orientam tal política. Para ser um colaborador útil de um governo totalitarista, não basta que um homem esteja preparado para aceitar as justificações mais artificiosas das acções mais vis; é preciso que também esteja activisticamente disposto para quebrar todas as regras morais a que sempre obedeceu caso isso seja necessário ao fim que é imposto. E como é o chefe supremo quem determina sozinho todos os fins, os seus instrumentos, os homens que são seus instrumentos, não podem ter convicções morais próprias. Acima de tudo, devem eles entregar-se sem reservas à pessoa do chefe; e para isso, é essencial que sejam totalmente destituídos de princípios e literalmente capazes de tudo. Não podem ter ideais que visem realizar, nem ideias sobre o que é certo ou errado que possam interferir nas determinações do chefe. Assim se vê como, nos lugares de poder, pouco há que possa atrair aqueles que tenham ainda as convicções morais que noutros tempos guiaram os povos europeus, poucas são as compensações para os aspectos desagradáveis das tarefas que é preciso cumprir, poucas oportunidades existem para a realização das ambições mais idealistas, poucas recompensas se oferecem pelos riscos que, sem dúvida, se correm e pelo sacrifício da maior parte dos prazeres da vida privada e da independência pessoal que os cargos de responsabilidade sempre implicam. Os únicos gostos satisfeitos são o gosto pelo poder em si, o prazer de ser obedecido e o orgulho de fazer parte de uma máquina eficaz e imensamente poderosa que assegura sempre um lugar na primeira fila.

Para os homens bons – segundo os nossos padrões – pouca sedução podem pois exercer os lugares de chefia na máquina totalitária. Mas aos homens cruéis e sem escrúpulos oferece ela óptimas oportunidades. Haverá sempre tarefas, em si mesmas repugnantemente vis, mas cuja execução é posta ao serviço de um fim mais elevado e que exigem a mesma perícia e eficácia de quaisquer outras. E como quem estiver ainda ligado à moral tradicional terá repugnância em as aceitar, quem se prontificar a fazê-lo tem assegurado o caminho da promoção e do poder. São inúmeras as situações oferecidas por uma sociedade totalitária que exigem a prática da crueldade e da intimidação, da mentira propositada e da espionagem ou vigilância denunciadora. Nem a Gestapo, nem a administração de um campo de concentração, nem o Ministério da Propaganda, nem os S. A. e os S. S ou seus equivalentes italianos e russos, são lugares adequados à expressão de sentimentos humanitários. São essas, todavia, as instituições que se encontram na estrada que conduz aos lugares mais elevados nos Estados totalitários.»

Frederico Hayek («O Caminho para a Servidão»).


domingo, 29 de janeiro de 2023

A busca pela consciência.



 Estou farto de aturar gente de mente fechada, gente com palas, gente com capacidade de raciocínio curta, ou sem capacidade de raciocínio de todo, gente que vive de pré-conceitos, gente que se recusa a evoluir e a adquirir conhecimento, em suma estou farto de aturar carneiros!!!

Comunistas, socialistas, social-democratas, fascistas, nacional-socialistas, trumpistas, bidés, democratas, republicanos, sionistas e quejandos, em suma estou farto de gente que vive de dogmas e se recusa a pensar pela própria cabeça, gente que apenas segue a corrente, gente que não consegue sair do espírito de rebanho, não consegue pensar pela sua cabeça, em suma gente sem consciência. Se não houver um apelo à consciência individual, como esperam que haja uma verdadeira consciência colectiva, como querem que esta sociedade evolua, como querem que esta sociedade se transforme numa sociedade verdadeira?
Deixem-se da merda das ideologias e comecem a formar ideias, comecem a pensar, sejam verdadeiramente críticos, sejam activos, sejam vocês mesmos, esqueçam tudo aquilo que vos foi transmitido de forma a formatar-vos, a manipular-vos, a fazer-vos meros objectos nas mãos do sistema, meros suportes materiais e financeiros desse mesmo sistema, em suma, acordem, abram os olhos, sejam elementos verdadeiramente activos neste sociedade decadente, neste sociedade moribunda, nesta sociedade que corre rapidamente para o abismo!
É hora de cada qual assumir as suas responsabilidades, é hora de cada qual ser ele mesmo um elemento na mudança desta sociedade, é tempo de olhar para a humanidade como um todo, é tempo de refundar uma nova humanidade, mais voltada para o ser humano, mais voltada para o espírito, mais voltada para o ser em vez do ter, é hora de reduzir ao máximo o espírito materialista desta sociedade completamente disfuncional, é hora de olhar para o lado, olhar para aqueles que caem ou passam dificuldades ao nosso lado, hoje são eles, amanhã poderemos ser nós, essa é a realidade que não devemos esquecer nem ignorar, somos seres humanos, temos um corpo físico e sobretudo temos aquilo que nos distingue dos outros seres vivos, temos alma, temos consciência, temos responsabilidades pois somos seres ditos inteligentes, os únicos com capacidade de mudar o seu próprio futuro, os únicos com capacidade de trilhar o seu próprio caminho, os únicos com capacidade de auto-gestão, os únicos com capacidade de inventar e utilizar a tecnologia, e no meio disto tudo fizemos o quê, contribuímos para quê, se no fundo estamos a usar as nossa capacidades par ir em busca da nossa auto-destruição, em busca do apocalipse, essa é a realidade infelizmente!!!
Pois, somos responsáveis por muitos dos males deste mundo, ou melhor dizendo, somos responsáveis por todos os males, guerras, fome, escravatura mental e física, miséria, indigência, morte, uma panóplia brutal de aspectos negativos aos quais nem o planeta escapou, o homem moderno realmente regrediu em muitos aspectos, perdemos o rumo, perdemos a nossa dignidade, perdemos a nossa humanidade, fomos transformados em máquinas, fomos transformados em meros instrumentos de consumo numa sociedade de consumo, puramente materialistas que esqueceram o verdadeiro sentido da vida, o sentido da humanidade...
Livre pensamento, a liberdade suprema, aquela capacidade inata que todos temos mas poucos conseguem usar, é hora de despertar, é hora de mudança, é hora de sermos verdadeiramente humanos, é hora de definir um novo rumo, é hora de redefinir o ser humano...
Alexandre Sarmento

quarta-feira, 8 de junho de 2022

O repugnante mundo novo!

 


Aldous Huxley, autor de ‘Admirável Mundo Novo’, enviou carta para o aluno George Orwell após ler ‘1984’
Por Vitor Paiva
Quando um autor lança um novo livro, receber boas palavras de seu mestre sobre a obra é mais importante do que qualquer resenha crítica ou sucesso comercial – mesmo quando esse autor é um gigante como o inglês George Orwell, e o livro em questão é o clássico 1984 – ainda mais quando o mestre é outro gênio do estilo, o também inglês Aldous Huxley. Quando o último e mais famoso livro de Orwell foi lançado, o autor fez questão de que a editora enviasse uma cópia para Huxley, sua maior referência – não é difícil perceber a influência de Admirável Mundo Novo sobre 1984.

Mais do que se a resenha foi ou não elogiosa – a carta contém elogios, ressalvas, comentários e percepções, sendo essencialmente bastante positiva – a fala de Huxley é do tipo mais generosa e proveitosa possível: uma fala aprofundada, que mergulha no livro e nas reflexões que 1984 lhe provocaram.
O olhar de Huxley sobre o livro é de tal forma profundo que chega a refletir na própria percepção do autor diante de sua obra maior. “Eu sinto que o pesadelo de 1984 está destinado a ser modulado ao pesadelo de um mundo mais semelhante ao que eu imaginei em Admirável Mundo Novo”, escreve Huxley para Orwell.

A ínterga da carta, escrita de um mestre das palavras para outro, é uma interessante reflexão não somente sobre o livro de Orwell, mas sobre política, governos, estado, paranoia e controle.
“Wrightwood. Cal. 21 de outubro de 1949 Querido Sr. Orwell,
Foi muito gentil da sua parte pedir aos editores que me enviassem uma cópia do seu livro. Ela chegou enquanto eu estava em meio a um trabalho que me demandava muita leitura e consultas de referências; e como a falta de visão faz com que seja necessário racionar a minha leitura, eu tive que esperar por muito tempo antes de ser capaz se embarcar em 1984.
Concordando com tudo o que a crítica escreveu sobre isso, eu não preciso te dizer, mais uma vez, o quão bom e profundamente importante o livro é. No lugar, posso falar sobre o que o livro aborda, — a revolução definitiva? as primeiras pistas de uma filosofia da revolução definitiva? — a revolução que está além da política e da economia, que aponta para a subversão total da psicologia e fisiologia do indivíduo — que podem ser encontradas em Marquês de Sade, que se considerava o continuador, o consumador de Robespierre e Babeuf. A filosofia da minoria dominante em 1984 é de um sadismo que foi levado à sua conclusão lógica, indo além do sexo e negando-o.

Se a política do “boot-on-the-face” realmente pode continuar indefinidamente me parece duvidoso. Minha crença é de que a oligarquia dirigente irá achar formas menos árduas e perdulárias de governar e de satisfazer a sua cobiça por poder, e estas formas irão se assemelhar àquelas que eu descrevo em Admirável Mundo Novo. Recentemente, eu tive a oportunidade de pesquisar sobre a história do magnetismo e do hipnotismo animal, e fiquei bastante impressionado pela forma que, por 150 anos, o mundo se recusou a reconhecer seriamente as descobertas de Mesmer, Braid, Esdaile e o restante.
Em parte por causa do materialismo prevalecente e em parte por causa da respeitabilidade predominante, filósofos do século 19 e homens da ciência não estavam inclinados à investigar os fatos mais estranhos da psicologia para homens práticos, como políticos, soldados e policiais, para aplicar no campo do governo. Graças à ignorância voluntária dos nosso pais, o advento da revolução definitiva foi adiado em cinco ou seis gerações. Outro incidente da sorte foi a incapacidade de Freud de hipnotizar pacientes com sucesso e seu descrédito ao hipnotismo. Isso atrasou a aplicação geral do hipnotismo na psiquiatria por pelo menos 40 anos. Mas agora psico-análises estão sendo combinadas com a hipnose; e a hipnose se tornou fácil e indefinidamente extensível através do uso de barbitúricos, que induzem a um estado hipnótico e sugestivo mesmo nos assuntos mais recalcitrantes.

Dentro da próxima geração, eu acredito que os governadores do mundo irão descobrir que o condicionamento infantil e a narco-hipnose são mais eficientes, como instrumentos de governança, do que porretes e prisões, e que a cobiça pelo poder pode ser completamente satisfeita ao sugerir que as pessoas amem a sua servidão, ao invés de chicoteá-las e chutá-las à obediência. Em outras palavras, eu sinto que o pesadelo de 1984 está destinado a ser modulado ao pesadelo de um mundo mais semelhante ao que eu imaginei em Admirável Mundo Novo. A mudança surgirá como resultado de uma necessidade sentida [pelo governo] para o aumento da eficiência. Enquanto isso, claro, pode haver uma guerra atômica e em maior escala biológica — caso em que teremos pesadelos de tipos diferentes e inimagináveis.
Obrigado mais uma vez pelo livro.
Atenciosamente, Aldous Huxley”
Via Hypeness

Chegamos aos dias de hoje perfeitamente manietados, perfeitamente dominados e transformados em meros objectos por parte do sistema, o pior é saber que há muito tivemos sinais e avisos de qual seria o nosso futuro e a forma como seríamos dominados, sucumbimos sem sequer questionar tudo aquilo que se passava em torno de nós, sem reagir ao jugo do sistema, acabámos por ser dominados de forma voluntária. Perdemos a capacidade de reacção, de retaliação e de reivindicação, tornámo-nos verdadeiros zombies, bonecos, coisas, objectos, o sistema tudo decide, a tecnologia e os químicos dominaram-nos, entrámos numa espiral de loucura colectiva, estamos numa espécie d suicídio colectivo, ignorando e alinhando com tudo aquilo que o sistema decide, perdemos a vontade própria e o raciocínio lógico. Estamos hoje num processo involutivo, em regressão acelerada, a morrer como civilização, a humanidade caminha para o apocalipse e principal causa é mesmo a ignorância. Escravos, mas felizes, triste realidade.

Alexandre Sarmento

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Quanto pior melhor!

 


Novas do paraíso...

A TAP continua no bom caminho, ao que parece os prejuízos no primeiro trimestre do ano não chegaram aos 200 milhões de euros, o mesmo se poderá dizer do aeroporto de Lisboa, um exemplo, desta vez foi cotado como sendo o pior numa lista efectuada por entidade conceituada no sector.

Buracos por todo o lado, a Dívida Pública continua em crescendo, o país estagnado, improdutivo e sem auto suficiência, continuamos escravizados por uma brutal dívida externa e pela mordaça das directivas europeias, nem as miseráveis sardinhas podemos pescar com as apertadas restrições nas nossas águas.

 Pergunto, para que nos serve ter a terceira maior Zona Económica Exclusiva da Europa, se não podemos pescar e utilizar todo o tipo de recursos que a mesma nos poderia e deveria proporcionar?                       Comprámos os submarinos que tanta tinta fizeram correr para patrulhar e defender algo que afinal não nos pertence? De que nos serviu o alargamento da ZEE? Alguém se preocupou em rever os tratados e negociar os tratados anteriores ao alargamento para as 350 milhas da nossa ZEE?

"Acresce a importância da plataforma continental estendida para além das 200 milhas náuticas, cujo processo de delimitação está a decorrer junto das Nações Unidas, e que aumenta para 4 100 000 km2 a área abrangida pelos espaços marítimos sob soberania ou jurisdição nacional, alargando assim direitos de soberania, para além da Zona Económica Exclusiva (ZEE), para efeitos de conservação, gestão e exploração de recursos naturais do solo e subsolo marinhos, e que tornará Portugal ainda mais atlântico."

Fonte: Portugal.gov.pt.

Podemos falar da inflação, da escassez de alimentos, do preço dos combustíveis, da taxa de desemprego e porque não dos mais de quatro milhões de portugueses a viver abaixo ou no limiar da pobreza, pergunto, o que andaram os nossos políticos e governantes a fazer nos últimos 50 anos?

Foi isto que os portugueses escolheram quando exerceram aquilo a que chamam de direito ao voto, o tal exercício de cidadania democrática?

será que os portugueses têm a noção do real estado da economia do país, será que ainda não se deram conta que hoje Portugal não é um país soberano em que nada funciona?

Temos um país miserável com as maiores taxas de impostos da UE, pagamos tudo e mais alguma coisa e somos vítimas de uma máquina do estado sem dó nem piedade, dupla tributação e outras aberrações, impostos descabidos tais como o IMI e um IUC que nada poupa, mesmo que não circulemos com os nossos carros somos obrigados a pagar, pagamos pelo sol, pagamos pelo ar que respiramos e sobretudo pagamos por aquilo que não temos, estamos a caminho do terceiro mundo, refugiados no nosso próprio país.

Que se lixe, não comemos camarões, comemos tremoços, deixamos de beber a cervejinha e o cafézinho e passamos a beber água da torneira, no fundo somos um povo cheio de sorte, poderíamos estar muito pior, ó se podíamos, felizmente temos governantes nossos amigos!!!

Felizmente ainda temos o Ronaldo, goloooo!!!!

Obrigado António Costa e restante pandilha...

Alexandre Sarmento


Relatividades...

 


Será que Deus existe?

No início do século XX, na Alemanha durante uma conferência para universitários, um professor da Universidade de Berlim lançou um desafio aos alunos.

- Será que Deus criou tudo o que existe?

- Sim respondeu com convicção um jovem.

- Tens a certeza? Deus criou tudo o que existe?

- Sem dúvida, professor.

- Então, diz o professor, se Deus criou tudo o que existe, também criou o ...mal, uma vez que o mal existe e, então, Deus é mau! O jovem ficou calado, mas outro aluno levantou-se e pediu licença para fazer uma pergunta. Está bem, diz o professor.

- Professor o frio existe?

- Mas que pergunta! Será que nunca sentiste frio? Claro que o frio existe.

- Na realidade, professor o frio não existe e segundo as leis da Física, o que consideramos frio, é a ausência de calor. Todos os corpos ou objectos transmitem energia: o calor é o que faz que os corpos tenham ou transmitam energia. O zero absoluto é a ausência total de calor. Fomos nós que criamos a definição de frio para exprimir que não temos calor. E o aluno continuou, no mais absoluto silêncio da assistência.

- E a escuridão existe?

- Claro que existe, diz o professor.

- Não, não. A escuridão também não existe. A escuridão é a ausência da luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. Através do Prisma de Nichols pode decompor-se a luz branca nas suas várias cores. A escuridão é uma definição criada pelo homem para descrever a ausência de luz. Por fim o aluno perguntou:

- O mal existe, professor?

- Com todos os crimes e violências que há no mundo, ainda perguntas se o mal existe? Isso é o mal. - Não, o mal não existe – é simplesmente a ausência do bem. De acordo com o que eu disse anteriormente, o mal é uma definição criada pelo homem para descrever a ausência de Deus. O mal não foi criado por Deus. O mal é a ausência de Deus no coração do ser humano. Tal como o frio, quando não há calor, ou como a escuridão quando não há luz… Nesta altura todos os colegas se levantaram e aplaudiram com entusiasmo, deixando o professor calado e pensativo. Então dirigiu-se ao aluno e perguntou-lhe: Como te chamas?

Chamo-me Albert Einstein

Texto encontrado por aí, verídico ou não, não tenho como o comprovar, tudo é relativo, até a veracidade deste texto, penso eu de que...

Alexandre Sarmento

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Pobre Portugal...

 


Eu não pergunto aos políticos, eu pergunto aos portugueses que escolheram os políticos!

Como foi possível em tão poucos anos Portugal ter passado a ser um verdadeiro albergue, já se perguntaram quais as razões para tal?
Será que os portugueses alguma vez foram consultados sobre o caminho a seguir em termos de políticas de desenvolvimento, ambiente, soberania ou mesmo sobre a estatização ou colectivização da propriedade?
Saberão os portugueses na generalidade sequer daquilo que estou a questionar?
Para quando a sociedade civil começar a assumir os seus próprios erros, quando será hora de realmente se fazer uma verdadeira reflexão sobre o estado caótico a que chagámos e como foi trilhado esse caminho?
Serão os portugueses conhecedores dos seus direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa?
Terá hoje o povo português a noção de que as soberanias dos Estados da Europa terminaram, que deixámos de ter Estados Soberanos e passámos a ser meras regiões administrativas da Europa, governados a partir de Bruxelas e quiçá de outras entidades exteriores e hostis aos interesses dos povos europeus?
Saberão os portugueses que todo o sistema em Portugal é socialista, está consagrado na Constituição, aliás, todo o projecto europeu é de cariz socialista e tende a transformar a Europa num sucedâneo daquilo que foi em tempos a URSS?
Outra questão que considero de vital importância, porque razão os portugueses não são bairristas e optam por produtos de produção nacional, sabendo nós que em termos de qualidade estão muitos pontos acima daquilo que hoje importamos?
Porque razão grande parte dos solos agrícolas portugueses estão ao abandono, porque razão não há uma política de fixação de comunidades no interior do país?

Vou responder muito sucintamente a tudo aquilo que questionei...

Os grandes culpados são os portugueses que se escusaram a fazer opções conscientes em relação às figuras que os representam, confiaram nos partidos políticos que mais não são do que agremiações mafiosas na mão da maçonaria, partidos políticos são empresas, não se esqueçam disso. Os portugueses não foram ouvidos sobre qual o modelo a seguir nessa escolha, temos uma democracia representativa, quando o caminho a seguir se fossemos um povo minimamente culto logicamente seria uma democracia directa e participativa, tendo por base o referendo a todas as questões de interesse público. O azar é que andamos a brincar às democracias há meio século, há meio século que somos coniventes com a canalhada que sorrateiramente se vai passeando pelos corredores do poder, o pior é que o fazemos de forma voluntária e chegamos ao cúmulo de defender com unhas e dentes os nossos próprios algozes.
Somos hoje um povo de artistas, tudo a querer mama na teta do Estado, tudo sonha com a subsidio dependência, a verdade é que os nossos políticos e gestores são uma versão exponenciada do seu próprio eleitorado, queixamo-nos de quê afinal, se fomos nós mesmos quem lhes forneceu as ferramentas para nos manietarem, explorarem e escravizarem. A verdade é que a prática, metade da população portuguesa está a viver com sérias dificuldades, a taxa de inflação é alta, os preços dos bens essenciais são elevados e os salários são o espelho da miséria socialista em que transformaram Portugal, importamos grande parte do que consumimos e nem sequer a nossa enorme Zona Económica Exclusiva está sob administração portuguesa, nem aos os recursos do nosso mar temos acesso. 
Resta-nos uma saída, ainda hoje falam da emigração e outros tempos, creio voltar a ser esse o caminho a seguir pelos portugueses, Portugal é governado por traidores e parasitas, anti-portugueses, digo eu, abram os olhos ou muito em breve seremos escorraçados do nosso solo pátrio.

Disse um dia num discurso uma grande figura da cultura portuguesa...

"(...)Nós nunca fomos muitos, mas enquanto soubemos ser todos, nós fomos sempre os bastantes."

É hora de reflectir qual o caminho a seguir...

Alexandre Sarmento




Salazar, um génio.

 


«A Revolução de 28 de Maio de 1926 e o Estado Novo, que se lhe seguiu e dela foi decorrente, constituíram uma indispensabilidade nacional resultante da situação caótica e de ruptura a que a Primeira República havia conduzido o País, em todos ou quase todos os sectores e particularmente no das finanças públicas. Foram chefes militares que sentiram aquela indispensabilidade e souberam, primeiro, estabelecer uma ditadura de sentido construtivo e redentor e, depois, admitir e conseguir, acabando por se lhe entregar plenamente, que um homem de génio, surgido em Coimbra - o Professor Doutor António Oliveira Salazar - dirigisse o País. Este criou, com a Constituição de 1933, o Estado Novo que chefiou até 1968, ano em que por doença, motivada ou acelerada por uma queda, teve de abandonar o poder.

Nestes trinta e cinco anos, o Estado Novo, além de continuar e terminar a Obra, iniciada pela ditadura, de reorganização geral do País, e particularmente de sua reconstrução financeira, teve de Enfrentar e Resolver quatro conjuntos de Grandes Problemas, que principalmente o Estrangeiro fez incidir sobre Portugal. Foram eles: os problemas decorrentes da Guerra de Espanha, ocorrida de 1936 a 1939; os problemas consequentes da Segunda Grande Guerra, que teve lugar de 1939 a 1945; os problemas devidos à expansão dos regimes democráticos pluralistas, após a referida Segunda Grande Guerra; os problemas relativos ao Ultramar Português, intensificados na década de 50 e, sobretudo, na década de 60.

São aquela Obra e o Enfrentamento e Resolução destes conjuntos de Grandes Problemas que, em termos de história, caracterizam o Estado Novo e facultam a formulação de um seu juízo. Assim:

1. A obra de reorganização geral do País, e particularmente de sua reconstrução financeira, foi realização notabilíssima que, só por si, justificou e elevou o Estado Novo e Salazar.

Mas, não posso deixar de referir, como ponto bem negativo, o facto de certos princípios de estrita economia continuarem, mesmo depois de desnecessários, a aplicar-se com prejuízo, por vezes acentuado ou mesmo grave, de realizações importantes.

2. Na Guerra de Espanha, estava fundamentalmente em causa a comunização ou não do país e, por arrastamento, a de Portugal, isto é, de toda a Península Ibérica, com severas consequências para a Europa e para o Ocidente em geral. A posição e acção de Salazar e dos Portugueses sobre o próprio conflito espanhol e, relativamente a ele, em âmbito internacional, contribuíram muito significativamente, mesmo quase decisivamente, para que a boa causa, a causa não-comunista, vencesse em Espanha. Foi outro serviço notabilíssimo prestado pelo Estado Novo, mas agora, não só a Portugal, como à Espanha e a toda a Comunidade Internacional Civilizada.

3. Relativamente à Segunda Grande Guerra, a atitude e a actuação de Salazar e dos seus Governos podem sintetizar-se nos três aspectos dominantes seguintes: o de preservar os Portugueses dos efeitos mais dolorosos da guerra; a contribuição muito significativa, igualmente quase decisiva, para a manutenção da neutralidade da Espanha; e o apoio oportuno dado à Causa Aliada, com a concessão de facilidades nos Açores, às respectivas forças armadas.

A grande vantagem em preservar os Portugueses dos efeitos mais dolorosos da guerra é evidente, até porque foi conseguida com satisfação, pelo menos final, dos próprios Aliados.

A contribuição para a manutenção da neutralidade de Espanha, neutralidade essencial para a Causa Aliada, foi serviço maior prestado a esta Causa. O alinhamento espanhol com a Alemanha de Hitler teria tido a projecção negativa de dimensão imprevisível no decurso e resultado da guerra. Salazar, que já tinha contribuído para evitar a comunização de Espanha, como recordei, contribuiu, agora, para evitar a sua nazificação.

Igualmente, a concessão de facilidades, nos Açores, às forças aliadas, muito importante para estas forças, efectivou-se oportunamente e sem qualquer afectação da soberania nacional, constituindo acto de grande relevância. Tal, não só por mostrar explicitamente a posição de Portugal na guerra, como por permitir reforço considerável do controlo pelas forças aliadas - controlo que lhes era indispensável - das comunicações marítimas e aéreas no Atlântico Norte. Assim e relativamente à Segunda Grande Guerra, o Estado Novo houve-se por forma superiormente meritória, no referente a Portugal, no referente aos Aliados e, em consequência, no referente ao Mundo em geral.

4. A ditadura estabelecida em 1926 era, por natureza, autoritária e o Estado Novo, que a substituiu, manteve certo autoritarismo - embora limitado pelo Direito e pela Moral Cristã, e, assim, muito afastado do dos sistemas, que pelo menos em parte lhe foram contemporâneos, de Franco, de Mussolini, de Hitler e de Estaline - e fez vigorar um regime de partido único. Com a vitória, em 1945, na Segunda Grande Guerra, das democracias ocidentais sobre as potências totalitárias - embora a URSS supertotalitária tivesse continuado a crescer em poder e agressividade -, verificou-se no Ocidente uma expansão dos regimes democráticos pluralistas. De tal resultaram pressões intensas sobre Portugal, considerando-se que, após já mais de vinte anos de regime autoritário - embora autoritarismo limitado pelo Direito e pela Moral cristã, e não totalitário -, seria o momento de o Estado Novo dar lugar a uma democracia pluralista. Mas havia pelo menos uma razão decisiva - repete-se decisiva - que impedia o estabelecimento, na época, em Portugal, dessa democracia pluralista. É que a influência que, em semelhante democracia, poderia surgir e decerto surgiria da parte de movimentos esquerdistas, inclusivamente socialistas-democráticos e socialistas-comunistas, conduziria à impossibilidade de manter a integridade do Conjunto Português - Metrópole e Ultramar -, mesmo dentro da Solução Portuguesa e da Política Ultramarina Portuguesa, que adiante se referirão. Insiste-se: o estabelecimento, então, de uma democracia pluralista em Portugal teria como consequência, imediata ou a curto prazo, a perda do seu Ultramar.

Assim, o Presidente Salazar teve que lutar, a nível externo, contra as pressões em causa, procurando fazer aceitar internacionalmente a continuação do Estado Novo com características que tinha e sempre tivera. Foi luta árdua, mas que se saldou por um sucesso, concretizado com o ingresso de Portugal na NATO, em 1949, onde ficou a par precisamente das democracias ocidentais vencedoras da Segunda Grande Guerra, e com o seu ingresso na EFTA, em 1959, onde ficou em paralelo com as democratíssimas Inglaterra e Suécia. Foi o reconhecimento, pela Comunidade Internacional Civilizada, do regime português e foi um grande triunfo do Estado Novo.

5. Salazar emergiu como político financeiro que depressa se revelou de excepção, prioritariamente empenhado na reconstrução financeira do País, e apenas como eventual estadista. Desta circunstância resultou o facto de, desde início, não ter encarado o Ultramar Português na plenitude da sua essência específica e única no Mundo. É disso consequência o Acto Colonial de 1933, que, alinhando de algum modo com outros países europeus possuidores de territórios no Ultramar, estava imbuído de certo e anacrónico espírito de império.

Porém, com a sua enorme capacidade, Salazar assumiu, progressiva e firmemente, a qualidade de estadista pleno, que, no seu zénite, foi mesmo um dos melhores de todos os tempos em Portugal. E logo teve lugar a evolução do Conceito Ultramarino Português, considerando entre outros, embora com algum atraso face à essência da fórmula portuguesa, os princípios actuais decorrentes dos direitos dos homens e dos povos, e terminando por se definirem uma Solução Portuguesa e uma Política Ultramarina Portuguesa, correctas no acerto, realismo e modernidade. Podem enunciar-se, como segue, as bases dessa solução e dessa política:

Bases então já explicitadas

a) Manutenção firme do conjunto unido dos territórios portugueses, europeus e ultramarinos.

b) Promoção, o mais acelerada possível, do seu progresso económico, social e político, em particular educacional, de saúde e cívico.

c) Intensificação da implantação, nos mesmos territórios, da paridade, harmonia e dignificação étnicas, da coexistência de religiões e crenças, e da conciliação de culturas e tradições - proposições fulcro da Solução Portuguesa. E proposições implicando objectivos, a prazo e de começo necessariamente tendenciais, de plenitude de cidadanias, de equivalentes posições iniciais e iguais oportunidades, de vigência dos mesmos direitos e deveres, e de acesso a situações económicas, sociais e políticas conseguido em face do valor real, da iniciativa havida e da actividade desenvolvida.

d) Tudo com a finalidade da consecução de um elevado grau de desenvolvimento global.

Bases então a explicitar oportunamente

e) Conseguido esse grau de desenvolvimento permissor de autodeterminações autênticas - proposição fulcro da Política Ultramarina Portuguesa -, informação por forma exaustiva e isenta das populações dos territórios sobre as características e modus faciendi dos diversos arranjos políticos possíveis - unidade, federação, confederação, comunidade ou separação total -, e sobre a natureza e positividade, no momento, e projecção eminentemente válida, no futuro, da Solução Portuguesa.

i) Em seguida, consulta geral e igualmente isenta das mesmas populações sobre os arranjos políticos em verdade desejados.

g) Por fim, adopção efectiva e rigorosa das opções verificadas na consulta.

h) Tudo prevenindo interferências estrangeiras ou de terceiros.

Contudo, o Presidente Salazar estava convicto, em face de boas razões, de que a explicitação, na época, das quatro últimas bases, mesmo em círculos fechados e em termos confidenciais, desencadearia uma imparável corrida às autodeterminações, que anularia por completo a política de autodeterminações autênticas. Tal explicitação só deveria ter lugar mais tarde e em tempo oportuno.

Deste modo ficou estabelecido, embora com uma parte ainda não explicitada, o novo e correcto Conceito Ultramarino Português, abrangendo a Solução e a Política Ultramarina Portuguesas. E foi com fundamento neste conceito que o Estado Novo teve a grandeza de manter a decisão de defender, a todo o custo, a integridade do Conjunto Português, facultando simultaneamente ao Mundo exemplo maior no plano étnico-social. Exemplo que, de resto, este Mundo mal aproveitou, como mostra a multiplicação dos conflitos raciais, religiosos e culturais que se vêm verificando.

Mas, à correcção do novo Conceito Ultramarino Português e à grandeza da decisão de defender a todo o custo o Conjunto Português, não correspondeu totalmente a respectiva Execução. Esta processou-se com erros vários, não pouco denunciados oportunamente mas nem por isso corrigidos e alguns até acentuados após os fins da década de 50, dada a idade já avançada de Salazar e, depois, dada a personalidade de Marcello Caetano. Entre eles, contam-se os seguintes: o limitado impulso e mesmo condicionamentos bem negativos postos no povoamento branco do Ultramar Português, erro que prejudicou o desenvolvimento da sociedade multirracial; a não integração económica do Conjunto Português, integração que teria consolidado fortemente a unidade política; a falta de preparação contra-subversiva, em tempo plenamente útil, das forças nacionais, incluindo o não estabelecimento de uma estratégia a nível, pelo menos, dos territórios metropolitanos e africanos portugueses, o que teria permitido o emprego, na guerra ultramarina de 1961-74, de menor volume de meios e um sucesso, nessa guerra, muito mais rápido.

De qualquer modo e mesmo com tais erros, se não tivessem tido lugar equívocos imensos de alguns Portugueses e, mais gravemente, apostasias e traições inconcebíveis de outros, o Conjunto Português ter-se-ia mantido e seria hoje, no Mundo, um dos espaços de grande justiça e de grande prosperidade. Bem em contraste com as dificuldades com que se tem debatido o que, após a descolonização, restou de Portugal, e com a opressão, a miséria e o sofrimento que se abateram inexoravelmente sobre quase todo o antigo Ultramar Português.

6. E parece exacta a seguinte síntese. Para além da notabilíssima reorganização geral do País, particularmente da sua reconstrução financeira; para além das atitudes, posições e acções, também notabilíssimas e superiormente meritórias, relativas à Guerra de Espanha e à Segunda Grande Guerra, e para além do triunfo do reconhecimento do regime português pela Comunidade Internacional Civilizada; seria o Conjunto Português, pluricontinental e multirracial, de grande justiça e de grande prosperidade, a Obra maior do Estado Novo. Contudo, embora com algumas responsabilidades deste, mas fundamentalmente como consequência dos equívocos, apostasias e traições citados, uns e outras impensáveis, verificou-se a queda do Estado Novo e com ela o desmoronamento do Conjunto Português, com prejuízo total daquela Obra.

7. Em consequência de tudo o exposto, o Juízo ponderado, em termos de História, do Estado Novo de Salazar é altamente positivo».

Kaúlza de Arriaga (in Jaime Nogueira Pinto, «Salazar visto pelos seus próximos - 1946-68»).

Posto isto, lá se vai a narrativa dos negacionistas da obra extremamente positiva de Salazar e do Estado Novo. O grave problema é a cegueira ideológica e a formatação sofrida por toda uma classe à qual foram introduzidos falsos moralismos, mentiras e utopias, usando uma definição tão cara à cambada marxista, perfeitos idiotas úteis, na minha opinião, perfeitos inúteis, bestas e acéfalos que não se dão ou deram conta que são eles mesmos as vítimas da sua própria ignorância. 
Os resultados estão à vista, temos um povo atrasado, a viver numa semi-miséria, culturalmente anulados, envergonhados do passado, invejosos, vaidosos e sem terem dado conta passaram a nada deter como propriedade e passaram a viver de esmolas do exterior e do cartão de crédito, bom, se isto pode ser chamado de evolução, talvez, mas só mesmo nos compêndios marxistas e democráticos. 
Não esquecer que o antigo regime resgatou a nossa autonomia financeira e colmatou um atraso estrutural de dois séculos, fez muito, com muito pouco e em muito pouco tempo, em temos muito conturbados a nível mundial. 
Vendo bem as coisas, com a morte de Salazar, morreu a Nação portuguesa, morremos como império, como país e como exemplo a vários níveis, sobretudo como portadores de civilização aos quatro cantos do mundo. Pela parte que me toca, Salazar foi o último grande português, infelizmente injustiçado, tenho dito. 

A bem da Nação. 

Alexandre Sarmento

O Elogio da Ignorância.

«Infelizmente, não há fome de saber como há fome de alimentos, e ao contrário do esfomeado que até ao último alento ainda procura a nutrição...