quinta-feira, 30 de abril de 2020

O COVID19 e a Nova Ordem Mundial.


A Nova Ordem Mundial, encabeçada pela ONU, está agora a promover o cerco em nome da luta contra o terrorismo, da crise dos refugiados, das alterações climáticas, do atropelo aos direitos humanos e outras situações de maior ou menor complexidade, como aquilo a que hoje assistimos e nos está a afectar de sobremaneira o quotidiano, o providencial vírus, o COVID19. 

The new world disorder | ORF

Arrisco mesmo dizer, ou continuar o raciocínio que venho seguindo há anos, só faltava mesmo uma grave crise para que os senhores do mundo implantassem a verdadeira ditadura comunista a nível global, afinal tudo aquilo, todos os conflitos, todas as crises criadas nos últimos 150 anos tinham isso como principal objectivo, começando pela destruição das monarquias, da soberania das nações, passando pela falsa propagação de ideais de liberdade, de igualdade e de fraternidade, um mero engodo para enganar todos aqueles que se furtaram a fazer um raciocínio critico em relação ao mundo que nos envolve.

Estamos portanto na iminência de uma sociedade totalitária global nunca antes vista, já praticamente consumada na destruição das nações, na perseguição religiosa, na destituição do pensamento, no apagar da identidade cultural dos povos, no limitar das liberdades individuais, enfim, tudo isso e muito mais, de facto, uma agenda que está a ser invocada para que, em termos internacionais, se actue em nome da salvação da humanidade, na minha opinião, a sua perdição.

Europe's position in the new world order - YouTube

Em Portugal, tal como no resto do mundo, a actual classe política obedece a tudo quanto a comunidade internacional lhe impõe. Esta é, pois, a verdadeira herança deixada por uma aberração que teve por nome revolução comunista de 1974, o tal 25 de Abril, o mais vil, pérfido, destruidor e fracturante episódio de toda a história de Portugal.
Vivemos o regime da traição, pois desde o malogrado golpe de estado corporativo patrocinado pelo clã Rothschild e seu satélite Grupo de Bilderberg, assistimos progressivamente à destruição de todo o trabalho de uma nação com quase 9 séculos de existência, o país mais antigo da Europa sucumbiu pela mão dos traidores mascarados de paladinos da liberdade e direitos humanos.
Bem sabemos a razão para que assim tenha sido, um roubo dos recursos naturais e escravização das populações das nossas antigas províncias ultramarinas, e no decorrer do processo a entrega da soberania e dos recursos deste nosso pequeno rectângulo a interesses hostis à nossa nação, começando pelo tratado de adesão à CEE, e culminando no tratado que acabou com a nossa independência, o Tratado de Lisboa.

I wonder what it would be like if we weren't so programed to look ...

Tudo se conjuga, tudo conspira contra a humanidade, todos os meios servem para manipular e controlar a opinião pública, para manter a serenidade dos povos enquanto vão sendo espoliados de todos os seus bens e lhes são retiradas todas as liberdades, falo como é óbvio da comunicação social, os media ao serviço dos senhores do mundo, os gadgets modernos, PC´s, iPhones  e outros que nos vão afastando daquilo que deveria ser uma verdadeira sociedade ou comunidade, nunca na história da humanidade estivemos tão perto e ao mesmo tempo tão distantes como hoje, pois as pessoas em vez de interagir, em vez de socializarem, resumiram o acto de socializar a redes sociais e esqueceram a família, o clã e todos aqueles que lhes são próximos, perdemos o rumo, perdemos tudo aquilo que nos definia como seres gregários, passámos a ser meros instrumentos de consumo em massa, passámos a ser coisas em vez de seres com direitos e vontade própria, por culpa nossa, isentámo-nos de raciocinar e de lutar pelos nossos direitos, estamos numa sociedade perfeitamente acomodada e conformada, na sua grande maioria desconhecedora de tudo aquilo que se está a passar, perfeitamente alienados e impreparados para o futuro que se nos afigura, incapazes de sobreviver em caso de grave crise, incapazes de reagir tal a forma como foram neutralizados e mantidos sob controle pelo sistema.

Imgflip

De resto, como ficou bem patente no recente discurso do Papa Francisco nas Nações Unidas, mostra-nos a inusitada identificação da Igreja Católica com as medidas brutais que serão implementadas por aquela organização contra indivíduos e grupos que não adiram ao totalitarismo da Nova Ordem Mundial. Assim, o Papa e por extensão a Igreja Católica Apostólica Romana, já adoptaram a agenda mundial que em nome de uma aparente fraternidade universal, se traduz no poder ilimitado de agências e organizações que preconizam e potenciam uma administração planetária sem precedentes na história humana. Irónico,de facto, no meio disto tudo, é que a generalidade dos católicos estão manifestamente incapacitados e adormecidos para perceberem o que se passa e do que se trata, e quando porventura o perceberem, já será tarde demais.

E para terminar, creio ter sido mesmo este vírus o ponto de viragem, o assumir daquilo que preparam na sombra há muito tempo, acordem, tempos difíceis, muito complicados teremos pela frente, é hora de fazer uma grande reflexão, pois o que teremos pela frente será mesmo um gigante Gulag Global, uma prisão sem arames farpados, pois não haverá necessidade dos mesmos, as vacinas futuras e os já tão falados chips se encarregarão de nos "desligar" quando fugirmos às normativas do sistema, atenção, isto não é ficção, não é um filme, é a mais pura realidade!!!

Alexandre Sarmento.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

A imagem da democracia e do socialismo em Portugal!!!


Resolvi fazer esta publicação apenas com imagens e pequenos comentários, pois bem sei que para muitos há uma repulsa enorme em ler um texto mais elaborado, como tal, apenas usarei imagens e pequenos comentários às mesmas, espero que gostem do formato...

Depois das denúncias, chega o reforço aos hospitais do Algarve

Doentes e idosos morrem em macas nos corredores dos hospitais portugueses, pergunto, será este o retrato da saúde e do cuidado com os mais idosos neste país, será isto a verdadeira imagem do Estado Social pós 25 de Abril?

Desordem hospitalar: 20 doentes "dormem" nos corredores do serviço ...

Pelos vistos parece que sim, pois ou muito me engano ou muito em breve teremos um sistema de saúde a funcionar apenas para os mais abonados, pobre e remediado não terá de futuro acesso a cuidados de saúde condignos, deve ser este o verdadeiro Serviço Nacional de Saúde parido pelo maçom socialista António Arnault, e o mais caricato é que os hospitais de referência ainda hoje serem os mandados construir por Salazar, portanto, os socialistas pariram o quê, bastante fácil a resposta, pariram um sistema de saúde privado para encher os bolsos a alguns, claro está, aos paladinos do socialismo e da democracia, os tais parasitas que cresceram como cogumelos no pós 25 de Abril!!!

O que é a Pobreza? O que se considera pobreza em Portugal?

Triste imagem das condições infra-humanas em que se vive hoje em Portugal, fenómeno infelizmente em crescendo, falo da fome, muita é mascarada, muita é ocultada pelas próprias vítimas desse fenómeno, na maior parte das vezes por vergonha!!!

Octopus: A pobreza aumentou, e muito, em Portugal

Pergunto, 46 anos depois, depois de brutais investimentos, ou melhor dizendo, de um brutal saque aos bolsos dos contribuintes, temos imagens destas, que de forma alguma isto traduz o verdadeiro estado da Nação?

Rua dos Navegantes: A pobreza e a fome existem em Portugal

Como é possível um país ter regredido até este nível, o que andaram a fazer os nossos políticos, os nossos gestores e principalmente os portugueses, os eleitores nestes últimos 46 anos, afinal em que país vivem?
Terá sido este o tão propalado salto em frente, o tal progresso face ao Portugal pobre e atrasado de Salazar, um argumento ainda hoje usado pela corja, a verdade é que 46 anos depois o país está pior e os portugueses a viver cada vez mais longe daquilo que seria expectável e pior, perante uma enorme incerteza quanto ao futuro.

Marcelo diz que há 3.059 sem-abrigo em Portugal e revela protocolo ...

Outra imagem chocante com a qual nos deparamos diariamente, os que dormem na rua, os sem-abrigo, situação que não existia no tempo do Estado Novo, pois toda esta gente naquele tempo foi alvo de cuidados por parte do Estado Português, pois foram criadas para colmatar este flagelo instituições de apoio social aos mais desfavorecidos, instituições que funcionavam, instituições que serviam para os fins para os quais tinham sido criadas, e não sorvedouros de dinheiros públicos tal como acontece nos dias de hoje.


Esta é a verdadeira imagem do Estado Social pós revolução, o fruto da tal igualdade, da tal liberdade e fraternidade, infelizmente e por todos os indicadores, uma imagem que está em franca expansão, pelo menos nos grandes meios, esperavam o quê, quando os nossos políticos apenas pugnam pela manutenção no poder, quando os nossos políticos governam apenas cumprindo agendas e directivas exteriores, ou melhor, quando os nossos políticos e gestores não passam de marionetas dos verdadeiros governantes, os donos do sistema financeiro internacional e das grandes corporações multinacionais, resumindo, somos hoje um feudo de interesses hostis à nação portuguesa, facto que ocorre há precisamente 46 anos, ou não teria sido mesmo esse o móbil do 25 de Abril.

3 Milhões de portugueses vivem no limiar da miséria - UALMedia Vídeo

Agora, pergunto, com uma dívida impagável, com um país que pouco ou ou nada produz, com o Portugal profundo desertificado e ao abandono, com uma população envelhecida, com parte da população a viver sem trabalhar e sem saber fazer nada, teremos o quê como horizonte?

Lugares Abandonados de Portugal” é o novo livro de Vanessa Fidalgo

Não teria sido preferível ter posto os portugueses a produzir, redistribuindo-os pelo território nacional, tal como o fez Salazar e o seu Estado Novo com a Junta de Colonização Interna, seria assim tão difícil recriar verdadeiras comunidades rurais e produtivas, gente feliz e com objectivos e não os perfeitos excluídos, os inúteis que hoje vemos viver com os tais subsídios, o tal Rendimento Social de Inserção e outros?
Porque razão o Estado Português não promoveu a produção nacional, a nossa auto-suficiência e a ocupação útil de toda a população, seria isso fascismo, o tal fascismo que dizem combater por ter sido o regime que criticam do nosso passado, ou será apenas fascismo, como forma de denegrir e manipular uma opinião pública absolutamente imbecilizada e manipulada?

Vieiro

Para terminar, se isto é uma democracia socialista, se este regime criou este marasmo, este campo de concentração sem arames farpados nem guardas, digo-o sem complexo algum, preferiria mil vezes o regime "apertado" do Estado Novo e de Salazar do que esta perfeita bandalheira, agradeçam portanto aos heróis de Abril a bela merda que fizeram...
Resta-nos uma consolação, e tal como e muito bem disse um dia Salazar, "Não há regimes eternos, não há regimes perfeitos, não há regimes universais. Não há regimes eternos mas há regimes estáveis e instáveis; não há regimes perfeitos mas há-os que servem e os que desservem as Nações; não há regimes universais, mas há os que consideram e outros que desconhecem a particularidade das circunstâncias e a universalidade do factor humano", o que me parece querer dizer que num futuro próximo terá que ser este o regime a ser saneado. Aproveitando para serem espoliados e condenados todos aqueles que se beneficiaram neste regime que destruiu o nosso tecido produtivo e nos reduziu a um povo pobre e pedinte, portanto a verdade é esta, 25 de Abril, nunca mais!!!

Alexandre Sarmento











segunda-feira, 27 de abril de 2020

A verdadeira lição de Salazar.

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Muito se tem falado de Salazar e da sua obra nos últimos tempos, fala-se do ouro, fala-se do que desenvolveu, fala-se naquilo que nos devolveu, mas não foi essa a essência do seu ensinamento.

O grande legado de Salazar foi ter-nos demonstrado que, com empenho, dedicação, esforço, resiliência e amor à Pátria, amor à Nação, tudo é possível, e quem melhor poderia servir de exemplo do que ele próprio...

Herdou um país falido e absolutamente descredibilizado, encontrou um país parado no tempo com um atraso estrutural e dois séculos, encontrou um povo habituado a um regime de pré guerra civil, um povo sem condições mínimas, um povo a viver sem dignidade, sem cuidados de saúde, sem habitação condigna e sem escolaridade.

Resiliência e vontade de mudar, mudar para melhor, foi isso que Salazar promoveu, na verdade não foi Salazar quem mudou o que quer que fosse, foi o povo português que acreditou no líder, acreditou no projecto do Estado Novo, na verdade Salazar devolveu a esperança aos portugueses, indicou o caminho, foi na verdade um pai para a Nação Portuguesa, foi o professor, o amigo, o familiar, deu o exemplo de como com muito pouco, em muito pouco tempo, se pode fazer muito e bem.

Devolveu-nos o orgulho de sermos portugueses, devolveu-nos a dignidade, devolveu-nos a alegria de viver e a esperança no futuro, infelizmente e por variadas razões alguém resolveu acabar com o sonho, acabar com o trabalho de 500 anos de expansão e de um brutal esforço de humanização, fomos grandes, Portugal vivia pelos quatro cantos do mundo, e, Salazar defendeu o Império como ninguém, manteve a Nação unida, manteve a chama acesa!!!

Só me resta agradecer a Salazar e aos bons homens que o acompanharam na defesa da nossa identidade, ressalvo a sua resiliência, a sua teimosia em fazer mais e melhor, relembro uma frase do saudoso Professor Hermano Saraiva, "Nós nunca fomos muitos, mas enquanto soubemos ser todos, fomos sempre os bastantes!", era este o espírito, o ensinamento de Salazar e do seu Estado Novo, a continuação do trabalho daqueles que partiram nas caravelas, a continuação daqueles que zarparam em busca de novos mundos, a continuação do ideal português.

Hoje, quando passam 131 anos da data natalícia de Salazar, apenas me ocorre dizer sobre um homem que nasceu pobre, viveu de forma humilde, dedicou toda a sua vida a Portugal e aos portugueses dos quatro cantos do mundo.

Obrigado por tudo, na verdade as grandes figuram não morrem, vivem eternamente na mente, no coração e no imaginário de todos aqueles que se consideram verdadeiramente portugueses, orgulhosos de o serem, descansa em paz, meu e nosso "Mestre".


"Se servistes à pátria, que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma.“ 

Padre António Vieira

Alexandre Sarmento

domingo, 26 de abril de 2020

...e o burro sou eu?



Vc é burro/burra | Quizur

Alguém me explica isto.

-Se atravessares a fronteira da Coreia do Norte ilegalmente, és condenado a 12 anos de trabalhos forçados.
-Se atravessares a fronteira iraniana ilegalmente, és detido sem limite de prazo.
-Se atravessares a fronteira afegã ilegalmente, és alvejado.
-Se atravessares a fronteira da Arábia Saudita ilegalmente, serás preso.
-Se atravessares a fronteira chinesa ilegalmente, nunca mais ninguém ouvirá falar de ti.
-Se atravessares a fronteira venezuelana, serás considerado um espião e o teu destino está traçado.
-Se atravessares a fronteira cubana ilegalmente, serás atirado para dentro de um navio para os E.U.A.
Mas, se entrares por alguma fronteira da União Europeia ilegalmente...
SERÁS OBRIGADO A TER:
-Um abrigo ...
-Um trabalho ...
-Carta de Condução...
-Cartão Europeu de Saúde...
-Segurança Social ...
-Crédito Familiar ...
-Cartões de Crédito ...
-Renda de casa subsidiada ou empréstimo bancário para a sua compra ...
-Escolariedade gratuita ...
-Serviço Nacional de Saúde gratuito ...
E por último, mas não menos importante:
-Podes manifestar-te nas ruas e até queimar a nossa bandeira!
E... SE EU TE QUISER IMPEDIR, SEREI CONSIDERADO RACISTA!
SEM DÚVIDA QUE PARECE IRREAL, MAS É A MAIS PURA DAS VERDADES!
Será que António Aleixo, tinha razão quando dizia...
"Há tantos burros mandando
em homens de inteligência,
que às vezes fico pensando,
se a burrice não será uma ciência."

(artigo gentilmente "roubado" ao meu excelentíssimo tio e amigo António da Silva Laires)

Major António Lobato, um verdadeiro herói português.





Major António Lobato, um pouco de história.

Major Piloto Aviador António Lourenço de Sousa Lobato, nascido em terras do Minho, mais precisamente na Aldeia de Sante, freguesia de Paderne, concelho de Melgaço, a 11 de Março de 1938. 
Alistou-se na Força Aérea em 1957 e fez parte do Curso de Pilotagem P3/57. Recebeu as suas asas em Junho de 1959, e tinha o posto de Segundo-Sargento.
Partiu em missão para a então Província da Guiné, em Julho de 1961, ainda a guerrilha não tinha tido início.
No dia 22 de Maio de 1963, após uma das muitas missões em que já participara, no regresso à base, suspeitando que podia ter sido atingido por fogo inimigo, pediu ao seu asa que passasse por baixo do seu T-6 para ver se detectava algo de errado. O asa cometeu um erro na manobra, tendo chocado com o seu avião o que forçou António Lobato a ter de efectuar uma aterragem forçada.
Foi detido a
pós a aterragem por um grupo de populares afectos ao PAIGC, que o entregou a uma força de guerrilheiros chefiados por Nino Vieira, o qual viria, mais tarde, a ser Presidente da Guiné-Bissau, qualidade em que receberia António Lobato em audiência. 
António Lobato sofreu maus tratos por parte dos indígenas, mas foi bem tratado pela guerrilha, que viu nele um valioso troféu de guerra e o levou para a Ex-Guiné Francesa.
Mudou três vezes de prisão, conheceu a “solitária”, fugiu e foi recapturado, três vezes, mas, manteve-se firme na sua qualidade de militar e combatente da Força Aérea Portuguesa, nunca traiu o seu juramento para com a Pátria, cumpriu sempre o seu dever como verdadeiro português e militar, e, tentado várias vezes a trocar a prisão, pela “liberdade”, num país de leste, mais tarde na Argélia (onde pontificava a chamada Frente Patriótica de Libertação Nacional, de exilados portugueses), sempre recusou.
Começou ali um longo e doloroso cativeiro, que duraria sete anos e meio, tendo sido resgatado na célebre operação Mar Verde, comandada pelo extraordinário combatente que foi o Comandante Alpoim Calvão, em 22/11/1970, juntamente com mais 25 portugueses, que jaziam numa masmorra em Conacri.



«[...] Roubo a Vossa Excelência alguns momentos para um caso que tem moralmente muita importância. Vejo nos jornais de hoje que, no meio da confusão suscitada na República da Guiné, conseguiram escapar alguns militares portugueses que ali estavam em cativeiro. Entre eles, vejo o nome do sargento António Sousa Lobato. Ignoro se Vossa Excelência conhece a história deste homem. Foi aprisionado em nosso território por terroristas vindos da República da Guiné, há cerca de sete ou oito anos. Esteve preso naquele país às ordens de Amílcar Cabral. Vossa Excelência avaliará as condições de uma prisão na República da Guiné: promiscuidade, criminosos de direito comum, falta de alimentação e medicamentos, etc. Durante todo o tempo, ou parte dele, conseguiu-se que a Cruz Vermelha Internacional lhe fizesse chegar alguns remédios, conservas e algum dinheiro, embora parte de tudo isso fosse roubado pelo caminho. Mas o mais importante é a atitude moral do sargento Lobato. O Governo da Guiné e Amílcar Cabral quiseram-no forçar a assinar um papel em que se declarasse desertor e condenasse as "atrocidades" do Exército português. Recusou. Depois pretenderam obrigá-lo a assinar outro papel em que se comprometesse, quando liberto, a não se alistar mais nas Forças Armadas portuguesas. O Lobato respondeu que, quando fosse liberto, a primeira coisa que faria seria a de se apresentar às suas autoridades militares. Passado tempo, novamente voltaram a insistir: se assinasse um papel comprometendo-se a não combater mais na Guiné, seria solto. Lobato respondeu que, logo que estivesse livre, pediria às suas autoridades militares para tornar a combater precisamente na Província da Guiné. Foi sempre da maior firmeza, decisão e patriotismo; e isso em condições morais e de saúde que não podiam ser mais precárias e difíceis. Raros terão tido um tão alto sentido de dever e uma constante e sólida coragem. Penso que o sargento Lobato merece uma alta distinção militar, e que o seu exemplo deveria ser publicamente conhecido e reconhecido. E por isso, tendo acompanhado durante anos o calvário daquele nosso militar, eu não ficaria de bem com a minha consciência se não escrevesse a Vossa Excelência estas linhas. Estou certo de que Vossa Excelência perdoará haver-lhe feito perder alguns minutos, 30 de Novembro de 1970. Franco Nogueira».

Franco Nogueira a Marcello Caetano (30 de Novembro de 1970. APMC).


«Lisboa, 28 de Dezembro - Há quatro ou cinco anos que se encontra preso na República da Guiné o sargento-aviador português Lobato. Raptado pelos terroristas, estes têm-no conservado preso com a conivência de Sekou Touré. Preso conjuntamente com criminosos de delito comum, subalimentado, em condições de suprema degradação, e tudo isto num clima que derrota os mais animosos. Tudo tenho tentado para libertar aquele nosso sargento: a Cruz Vermelha, a Comissão Internacional de Juristas, o governo francês, as Nações Unidas. Tudo em vão. Há dias, as autoridades guineanas disseram que estavam prontas a libertar Lobato se este assinasse um compromisso: se solto, não voltaria a combater em África. Pois Lobato respondeu que não só não assinaria como declarou que, se liberto, logo pediria à autoridade militar portuguesa para tornar ao combate. Parece que perante tanto patriotismo e tanta coragem moral, as autoridades da Guiné ficaram estupefactas, e impressionadas. Falei no assunto ao general Gomes de Araújo. Este tomou o caso muito a sério, e reuniu os chefes de Estado-Maior das três armas: por unanimidade, resolveram que se não podia autorizar aquele militar a tomar tal compromisso, nem mesmo o governo tem poderes para o permitir. Assim o transmiti para Paris. Mas que notável português, e que exemplo para os meninos de cá que vão a cursilhos, são pacifistas, têm teses, são muito superiores, são muito evoluídos, e consomem-se em discutir com um embevecimento provinciano se a Pátria deve ou não existir. Lobato, serenamente, anonimamente (pois ele não sabe que nós sabemos da sua atitude), não tem teses, não está propriamente a par da consciência universal - e está pronto a morrer».

Franco Nogueira («Um Político Confessa-se. Diário: 1960-1968»).

sábado, 25 de abril de 2020

Antes e depois de Abril...a tal liberdade!!!


Como creio ser este o momento adequado para o fazer, eis uma pequena analogia entre o Portugal e o povo que tínhamos antes de Abril e aquele que passámos a ser depois dessa data...

Todos sabemos que tivemos no passado algumas horas complicadas em que perdemos a soberania e a independência como país, fomos atacados por toda a espécie de inimigos, algumas vezes por amigos, mas nunca no passado o havíamos sido pela nossa própria mão, pois foi isso que aconteceu na data maldita, em que um punhado de traidores, um punhado de mercenários que faltando ao juramento de defenderem o país e a nação, se venderam por muito pouco, destruíram o esforço de nove séculos, do sangue, suor e lágrimas derramados pelos nossos ancestrais, por uma questão de enriquecimento pessoal no caso de alguns, ou por questões meramente corporativas ou vaidades pessoais, traíram e mataram o sonho do nosso V Império, mataram sobretudo a vontade civilizadora, mataram um verdadeiro processo que abriria as portas para um verdadeiro bem estar global!!!

Pois, ponho a questão desta forma, que outro povo, que outra nação a nível do planeta conseguiu promover uma sociedade pluri-étnica, pluri-cultural, pluri-religiosa, tal como nós o fizemos, relembro especialmente o caso de Angola e Moçambique, referências em termos de desenvolvimento no continente africano, países nos quais promovemos uma sociedade funcional sem que o estigma da cor da pele, a religião, a cultura fossem pontos de discórdia, factores de atrito, tivemos efectivamente o exemplo de uma sociedade senão perfeita, uma sociedade funcional e muito próximo da sociedade modelo.



                                                             Lourenço Marques 1970
Políticos têm de dar mais atenção aos pobres em Angola e ...
                                                

                                                        Moçambique actualmente

Faltou-nos algo, o factor tempo, o tempo que confirmaria o quão correcto estaria a ser o processo civilizador de cinco séculos, em que nunca fomos verdadeiros colonizadores, fomos sim portadores de boa vontade e conhecimentos, portadores de humanidade, portadores de boas práticas e regras de boa convivência, os resultados estão à vista, basta olharmos para os territórios que deixámos para trás e as gentes que abandonámos, que deixámos à mercê de ditadores e dos interesses das grandes corporações internacionais, em suma, alguém lucrou com o negócio da escravização de muitos milhões de portugueses autóctones desses mesmos territórios, gente que além de ter assistido a um verdadeiro genocídio, viu serem saqueados todos os recursos naturais dos seus territórios, os minerais, o petróleo, a madeira...pergunto, o que ganharam esses povos neste processo, nada, rigorosamente nada, além dos milhões que jazem em valas comuns e da condenação à miséria dos restantes, exceptuando claro está, uma pequena elite de ditadores e seus apaniguados a soldo de interesses hostis, apenas com o objectivo da manutenção de uma capa de falsa democracia, pois basta olhar para as condições infra-humanas em que os seus povos hoje vivem, após 45 anos, mesmo à distancia é perfeitamente visível a diferença abissal entre as condições de vida e desenvolvimento de outrora com aquilo a que hoje assistimos, arrisco mesmo dizer que condenaram as populações desses países à indigência e escravatura, o mais triste no meio disto tudo foi terem sido as instituições que nos atacavam com o argumento do colonialismo terem sido exactamente as mesmas a dar cobertura a este perfeito saque e genocídio subsequente à nossa revolução da treta e seguinte processo de independência desses territórios, aponto aqui o dedo em especial à ONU, e aos Estados Unidos da América, em relação a estes últimos, os tais paladinos da liberdade e direitos humanos, o país mais miserável do mundo, o verdadeiro estado parasita, os que não olham a meios para destruir tudo e todos aqueles que se oponham aos métodos de enriquecimento ilícito e verdadeiro neo-colonialismo económico, pois desde que haja algo a explorar e a saquear, que se lixem os direitos humanos, bem o sabemos por experiência própria, para já não falar naquilo que se passou um pouco por este mundo fora, com especial enfoque para o Médio Oriente e continente africano.

Voltando ao nosso pequeno território, aquele território a que hoje estamos confinados, não só confinados, pois convivemos com a culpa que teimam em nos incutir de termos sido a origem de todos os males do mundo, logo nós, pois poderemos ter cometido alguns erros no passado e à luz daquilo que serão os cânones de uma sociedade moderna, mas que na minha óptica e contextualizando à época, fomos mesmo inovadores e vanguadistas naquilo a que aos direitos humanos concerne.



                                                            O Portugal de antigamente



O que significam os novos dados da pobreza em Portugal? - Vida ...

                                               O Portugal em que nos estamos a tornar!!!


Passámos de um país rural, um país que convergia com os países mais desenvolvidos, um país auto suficiente, a um país que vive de mão estendida, perdemos a dignidade e somos mesmo o refugo da Europa, daquela Europa que em tempos andava a nosso reboque, pois fomos nós quem lhes deu o conhecimento e as ferramentas para que se pudesse elevar ao estatuto de bastião da civilização e desenvolvimento a todos os nível como e muito bem explica o nosso incontornável Agostinho da Silva, já Camões dizia, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas pergunto eu, os tempos bem sabemos que não há como contorná-los, mas as vontades, outrora a de seguir em frente, a de inovar, a de fazer bem e melhor, hoje esbateram-se tal como o disse e muito bem o saudoso António José Saraiva, "Os cravos do 25 de Abril, que muitos, candidamente, tomaram por símbolo de uma Primavera, fanaram-se sobre um monte de esterco."

Bem tentaram apagar os vestígios da "grande noite fascista", mas ao fazê-lo apenas apagaram ou tentaram apagar o período da nossa história recente em que mais evoluímos, em que mais nos aproximámos dos países mais desenvolvidos, tentaram apagar o período em que reconquistámos a dignidade e o respeito perante a comunidade internacional...

Ordem dos Engenheiros

Pois, dizem que fizeram uma revolução, a tal revolução da treta, mais uma vez um sucedâneo de algo importado e mais uma vez pelos piores motivos, pois os resultados são perfeitamente visíveis, e mais uma vez, parafraseando António José Saraiva, ele mesmo tendo sido um detractor do antigo regime; "O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior; mais a vergonha da deserção. E com este começo tudo foi possível depois, como num exército em debandada: vieram as passagens administrativas, sob capa de democratização do ensino; vieram "saneamentos" oportunistas e iníquos, a substituir o julgamento das responsabilidades; vieram os bandos militares, resultado da traição do comando, no campo das operações; vieram os contrabandistas e os falsificadores de moeda em lugares de confiança política ou administrativa; veio o compadrio quase declarado, nos partidos e no Governo; veio o controlo da Imprensa e da Radiotelevisão, pelo Governo e pêlos partidos, depois de se ter declarado a abolição da censura; veio a impossibilidade de se distinguir o interesse geral dos interesses dos grupos de pressão, chamados partidos, a impossibilidade de esclarecer um critério que joeirasse os patriotas e os oportunistas, a verdade e a mentira; veio o considerar-se o endividamento como um meio honesto de viver."

Portanto palavras para quê se hoje vemos, com uma dura clareza, como o período da nossa História a que cabe o nome de Salazarismo foi o último em que merecemos o nome de Nação Independente.

O fruto da tal liberdade e democracia, a mentira que nos venderam no fatídico dia que hoje um bando de imbecis ufanamente comemora, e por outro lado, a data que muitos têm como sendo o dia em que mataram o sonho de cumprir Portugal. 


Alexandre Sarmento

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A revolução da vergonha.


A imagem pode conter: texto que diz "25 de Abril A REVOLUÇÃO DA VERGONHA"

(...)Oito séculos de História foram pó, moídos nas lages da inconsciência e da má-fé. Desmobilizou-se o povo, em cantatas bombásticas, mas ocas para a prática da democracia. Momento a momento, o Programa do MFA se modificou e levedou por quiméricos arranjos (ou desarranjos) de gabinete, que não se estribavam nas tradições, nos costumes, nas aspirações dos portugueses. Ao invés, desprezando-os, prevaleceram o partidarismo desagregador, o desabrochar da inveja, o florescer da incongruência e do arrivismo, que os mesquinhos hortelãos do voto cultivaram como plantas, no jardim da desgraça. Sem que os atormentassem escrúpulos da consciência que não têm; sem se incomodarem a explicar o desrespeito pela primeira proclamação do MFA, em que se garantia a unidade interterritorial da Nação [para enganar os parvos, os tolos e os idiotas

O 25 de Abril, cópia da Primavera de Praga, não foi, em rigor, uma revolução. Certo é que os oficiais que se abalançaram a derrubar o antigo regime tiveram a decisão e a força das armas para vencer. No entanto, logo, incompetentes e ingénuos, manipulados pelos estrategas comunistas, se deixaram despojar da "sua" revolução. Que admira, em consequência, que tenha aparecido, como de geração espontânea, os chamados progressistas, eufemismo que serviu de capa a desvairados e oportunistas? Que admira, em consequência, que, no mare magnum da nossa sonolência política, tenham surgido, como cogumelos após chuvada em terra fértil, tantas vítimas, muitos torturados, demasiados perseguidos, numerosos envelhecidos pela Polícia política da "deposta senhora"? A procissão dos antifascistas foi tão majestosa, que não pode ter sido verdadeira.

Importa desmistificar o 25 de Abril, em que os aptos cederam o passo aos incapazes, em que, desiludidos, muitíssimos bons cidadãos preferiram o refúgio no estrangeiro, contribuindo para o desafogo alheio, a sujeitarem-se ao fluxo e ao refluxo das marés dos humores de garotos, de ladrões, ou de bêbados.

Os beirões - os rudes homens da Beira-Baixa - têm um rifão: "Quem parte e reparte e não guarda a melhor parte, ou é parvo ou não tem arte". Desfazendo no adágio, a esmagadora maioria dos "fabricantes" do 25 de Abril foi parva, mas teve arte. A diabólica arte de consumir em cinzas, no espaço de semanas, a obra secular dos Portugueses. Semeando divisões e inimizades, que nem os rudes e honestos homens da Beira-Baixa serão capazes de anular, porque a honestidade e a rectidão de carácter não bastam para apagar incêndios, nem para minorar crises de autoridade, nem para ressuscitar os mortos, nem para convencer ao regresso os que fazem falta (remendões de sapatos estragados) a um país carente de tudo - até do mais singelo bom-senso...

Importa desmistificar o 25 de Abril... por culpa dos que seguravam as rédeas do Poder, o povo português, generoso, equilibrado, trabalhador, imbuído de religiosidade, apegado a antiquíssimas tradições - abertos os diques da opressão - confundiu liberdade com licenciosidade; despolitizado, não sabia - não podia saber -, na sua transbordante alegria, que se transviava nos esconsos da indisciplina, da anarquia e do caos. Portanto, que se afastava da institucionalização da verdadeira democracia.

O histerismo colectivo apresentou aos maus observadores uma falsa imagem dos portugueses. Basta-nos pensar no relançamento de uma economia fraca, ainda mais debilitada pela alta de salários que deslumbrou as camadas laborais (e de que se aproveitaram os espertos, os menos aptos e os preguiçosos), no entanto sem a contrapartida de uma subida de produção). Males agravados pela redução do espaço territorial do País; pela pobreza dos solos; pela quase inexistência de um parque industrial, sobretudo competitivo a nível internacional; pela perda das matérias-primas do Ultramar e dos mercados desses territórios africanos. Produtividade, custos e salários estão intimamente ligados. Desprezar esta realidade é política de insensatos e de loucos.

Pompílio da Cruz («Angola: Os Vivos e os Mortos»).

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Por isso Salazar ainda incomoda tanta gente!!!


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O fantasma de Salazar.

46 anos depois do 25 de Abril e 52 anos depois da queda da cadeira, ainda insistem em denegrir a figura de Salazar!!!
Salazar que foi exemplar, como estadista, como gestor, como politico, como ser humano, um ser imaculado ao qual a corja, afim de desviar a atenção, continua a assacar as culpas que nunca teve, desde assassino, de atrasar o pais, de manter o povo analfabeto e com fome, de promover a miséria e a repressão!
Salazar nunca foi nem será um fantasma certo é que desde o 25 de Abril que o regime em vigor tentou fazer e com sucesso, pelo menos até hoje, diabolizar a figura de Salazar. Desgraçadamente muitos houve que ao abraçarem a versão/aversão comuno-socialista à própria existência de Portugal (tudo pelo Partido nada contra o Partido) tornaram-se cúmplices numa paródia que só não tem piada porque tem conseguido afastar de Portugal e dos portugueses o seu líder mais inteligente e sério, o pai da Nação.
Qualquer país tem interesse em aproveitar erros e virtudes do passado, Portugal não o faz, nem fez por mero seguidismo e racismo políticos, pois há que branquear este regime manchando tudo aquilo que desmonte a farsa abrileira-grandoleira, neste caso o período em que este pais mais cresceu a todos os níveis nos últimos dois séculos.
Salazar foi o responsável por trazer Portugal ao século XX, mitigando um atraso estrutural de dois séculos, essa é a verdade que ninguém pode negar, pois nem a monarquia constitucional, nem a Primeira Republica tiveram capacidade nem vontade de o fazer!!!
Salazar não ressuscitou mas ainda assim causa angústia a muitos social-parasitas ou parasitas sociais que por ai andam!!!

...não ressuscitou, mas seria muito bom que ressuscitasse!!!

Viva Salazar.

Viva Portugal.

A bem da Nação.

Alexandre Sarmento

Os campos de férias de Estaline, os Gulags!!!


Um belo exemplo daquilo que foram e são os regimes comuno-socialistas, infelizmente, uma miríade de idiotas úteis(perfeitamente inúteis, e imbecilizados), ainda defende este tipo de regimes, defendem estas ideologias como sendo as mesmas os bastiões da liberdade e dos direitos humanos, é triste, em pleno século XXI, ainda haver tanta ignorância, estupidez e atraso mental, na era da informação, pelo que se vê, nunca houve tanta gente desinformada, coisas do regime, digo eu, assim manipulam e formatam à vontade, e no caso português, já lá vão 46 anos e ainda se vê por aí muito crente na história da Carochinha!!!

Recomendo a leitura e agradeço que deixem comentário ao texto disponibilizado mais abaixo.

Alexandre Sarmento
32 Disturbing Photos Inside The Gulag Prisons Of The Soviet Union

«Aqueles que discordavam dos métodos de Estaline acabavam nos campos de trabalho, os gulags. Localizados nas áreas mais inóspitas da Rússia, os prisioneiros transformavam-se aí em escravos e trabalhavam até à morte. Enormes empreendimentos industriais como a barragem de Knieper e o canal de Bellmore tornaram-se um verdadeiro inferno para centenas de milhares que morreram durante a construção. Por alturas de 1933, quase um milhão de cidadãos soviéticos definhavam em campos de trabalhos forçados. Mais alguns milhões estavam em prisões, campos de deportação ou áreas de realojamento compulsivo. Ninguém estava livre de ser declarado inimigo e se Estaline descobriu muitos inimigos fora do Partido Comunista, descobriu igual número lá dentro.

No XVII congresso do partido, em Fevereiro de 1934, 300 membros mais antigos do partido votaram contra Estaline como líder do partido, a favor de Kirov. Estaline ficou furioso e a vingança foi rápida. Em Dezembro, Kirov foi assassinado - quase de certeza por ordem de Estaline - e Estaline aumentou os poderes da NKVD, a polícia secreta que começou a prender os seus adversários. Fabricaram-se provas e os bolcheviques mais influentes sofreram julgamentos nos quais foram forçados a confessar crimes ridículos que nunca poderiam ter cometido. As confissões eram arrancadas sob tortura. Dos 1200 delegados presentes no fatídico congresso, mais de 1100 foram presos, executados ou mortos em campos de trabalho. Dos 139 membros do Comité Central, 98 foram fuzilados. Os seus inimigos não eram apenas exterminados, desapareciam literalmente. No seu quartel na prisão de Lubianka, a NKVD, sob as ordens de Estaline, espalhou o terror por todo o país.


Monstrous truth about Stalin's Gulag prison camps that LGBT ...

O Grande Terror de 1937-1938, logo a seguir às violentas campanhas de colectivização e industrialização, não deixou dúvidas acerca das consequências da desobediência, mesmo que encapotada. Não era um trovão isolado, mas uma terrível trovoada. As vítimas eram julgadas por troiki compostas pelo chefe local da NKVD, o secretário do partido e o procurador. Os julgamentos eram ridículos e sumários e as sentenças não permitiam qualquer apelo. O terror intensificava-se e praticamente todos aqueles que detinham postos políticos, administrativos ou de gestão viviam atemorizados.

Entre um milhão e um milhão e meio de pessoas foram mortas por batalhões de fuzilamento, maus tratos ou trabalhos forçados só nesses dois anos. Carrinhas e camiões com as palavras "Carne" ou "Vegetais" transportavam as vítimas para um bosque sossegado onde tinham sido secretamente preparados campos de tiro e abertas covas. Comboios repletos de vítimas passavam durante a noite pelas cidades, para evitar serem vistos pelo povo. O terror era caótico e confuso. Milhares dirigiam-se para a morte sem saberem porquê e proclamando a sua lealdade a Estaline, o Homem de Aço.

A União Soviética dos anos 30 do século XX será recordada acima de tudo pelas suas sangrentas purgas em todas as áreas da sociedade, política e privada. De 1934 a 1938 pelo menos 7 000 000 de pessoas desapareceram, incluindo líderes bolcheviques que Estaline expulsara entre 1925 e 1927, poetas, cientistas, gestores de empresas que não atingiram os objectivos de produção, e milhões de cidadãos comuns. Tudo isto aconteceu devido à personalidade e ideias de Estaline. Ele dirigia a máquina do Estado contra "elementos anti-soviéticos" e "inimigos do povo". Usou as vítimas como bodes expiatórios para as dores do país e, para sustentar os seus planos de industrialização precisava de manter as minas, as florestas e os estaleiros de construção constantemente fornecidos de trabalho escravo.


32 Disturbing Photos Inside The Gulag Prisons Of The Soviet Union

Em seguida, Estaline dedicou a sua atenção ao exército. Queria ter a certeza de que as suas políticas estavam a ser concretizadas e quando a purga militar acabou, cerca de 40 000 oficiais tinham sido presos, quase 15 000 mortos e os restantes enviados para campos de morte. O comando superior das forças armadas foi praticamente exterminado.

Mesmo o exílio no exterior não trazia alívio. Trotsky foi apanhado no México em Agosto de 1940, sendo assassinado por elementos do NKVD. Estaline queria exterminar todos os opositores, mas principalmente aqueles que pertenciam ao partido há muito tempo e que sabiam que o seu passado glorioso não era mais do que ficção e que ele não era o verdadeiro sucessor de Lenine. Continuava a proclamar que tinha sido o único responsável pelo êxito da guerra civil.

Nenhuma unidade da vida social, incluindo a família, estava livre do controlo de Estaline. As denúncias estavam na ordem do dia. As raparigas eram recompensadas por denunciarem os pais às autoridades, mesmo que o crime fosse apenas o roubo de duas batatas de uma quinta colectiva. Mesmo as velhas camponesas inofensivas que murmurassem queixas sobre as condições de habitação, eram enviadas para os gulags. Anedotas sobre Estaline ou o Estado eram consideradas traição. Cada cidadão era um alvo e não importava que a sua culpa fosse verdadeira ou não, tão grande era a paranóia e a perseguição».

Miranda Twiss («Os Grandes Monstros da História»).

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Um breve perfil psicanalítico do dr. Mário Soares




"Os vinte anos passados sobre a morte do Dr. Salazar comemoram-se aqui da maneira tradicional: os amigos rezam-lhe por alma e peregrinam até Sta. Comba para cobrir de flores a humilde campa do velho senhor; os inimigos: a estupidentzia indígena, aproveitando a venalidade senil dum contínuo reformado, divertiu-se caluniosamente a mixurucar na vida íntima do falecido. Como corolário das festas, perseguido por remotas, recônditas e recalcadas memórias de si, o sr. Mário Soares desceu do seu alto pedestal, e fez imprimir no Público uma extensa, descompassada e sobranceira crónica, onde, com inútil jactância, se assume como um anti-Salazar, um Salazar às avessas, axiologicamente invertido: todos os defeitos do antigo chefe do governo são considerados como qualidades do fundador do actual regime; todas as qualidades do fundador do antigo regime são consideradas como defeitos do cronicador. Vale a pena - já agora - vasculhar psicanaliticamente as profundezas da personalidade do célebre croniqueiro algarvio. Este seu texto tão estranho - e por vezes tão amargurado chega a parecer um caso de psicastenia insublimada.


Moçambique Terra Queimada: A INDEPENDÊNCIA QUE NÃO FOI DADA, E A ...

Analisemos em pormenor o "breve perfil" de António de Oliveira Salazar pelo sr. Mário Soares:

António de Oliveira Salazar usava os apelidos em ordem inversa à que é corrente em Portugal e como é hábito em Espanha: o pai era o sr. Oliveira, feitor e pequeno proprietário rural; a mãe, Maria do Resgate, é que era Salazar, personalidade dominante da família a quem o filho sempre se sentiu, afectivamente, muito ligado. Deveria chamar-se, portanto, António Salazar de Oliveira. Mas curiosamente foi o nome da mãe, Salazar, que sempre usou em último lugar.

O sr. Soares (ignora mesmo, não finge ignorar...) que só depois de 1911, da lei do Registo Civil se normalizou oficialmente em Portugal a ordem dos matronímicos, embora sem rigidez coerciva. Na Beira, no final do séc. XIX e princípio do séc. XX, ainda era muito costume antepor o apelido da mãe ao do pai nos registos paroquiais. Salazar, todavia, toda a vida assinou Oliveira Salazar - e não apenas Salazar - como parece querer insinuar o sr. Mário Soares. Os seus livros estão assinados Oliveira Salazar; toda a correspondência ou foi rubricada com as iniciais O.S., ou foi subscrita Oliveira Salazar. Salazar de Oliveira é um delito que deve ser imputado ao próprio baptizado - que sempre usou o matronímico no fim. Como se chamava Oliveira Salazar é natural, no entanto, que usasse apelidos pela ordem registada na igreja, apesar de ser costume no nosso tempo as pessoas usarem apenas o último apelido: o Soares, o Múrias, o Cadilhe... Assinar Salazar de Oliveira seria tão parvo como se, agora, o sr. Mário Soares resolvesse subscrever-se Mário Alberto Soares Nobre.

Todavia, o facto do eminente articulista dar tanto relevo a este mínimo particular da biografia de Salazar tem a sua significância psicanalítica. Começa a revelar-se (a impor-se) o complexo de Édipo que, porventura, perturba o inconsciente do famoso combatente anti-fascista, e justifica algumas pequenas inverdades deste seu texto - e muitas das suas acções políticas.

O complexo de Édipo é, como se sabe, uma locução técnica de psicanálise utilizada pela primeira vez por Freud parece que devido à influência de Jung. A personagem trágica de Édipo arrastado pela fatalidade ao assassínio do pai e ao incesto com a mãe, é utilizada por Freud para caracterizar o ódio contra o pai e o amor pela mãe. O célebre neurologista austríaco considerava esta aberração psíquica como inata, universal e perene. Dois outros tão famosos psicanalistas, Adler e Jung, seus discípulos, consideravam-na, porém, como adquirida nos primeiros anos de infância quase até à puberdade; e patológica caso se prolongasse pelos tempos fora sem motivações fundamentadas na realidade histórica do complexado.

Salazar, parece, na verdade, ter estado sempre efectivamente muito mais ligado à mãe do que ao pai. Ao dr. Soares talvez não tenha podido acontecer o mesmo - tanto que, em casa dele, a senhora sua mãe, antes de se casar com o senhor seu pai, era a empregada doméstica - que o dr. João Lopes Soares fora padre. Dos arcanos mais escondidos da alma, o sr. Soares parece não perdoar isso ao pai. É natural, mas não é razão para censurar o Salazar por gostar da mãe...

Assim, governado na infância e na adolescência por um pai severo, austero e disciplinador que não o deixava pôr o pé em ramo verde, o sr. Soares transfere psicologicamente para a personalidade de Salazar a recordação esquecida e frustrada do dr. João Lopes Soares. Também Salazar durante a maior parte da infância, da adolescência e da maturidade do sr. Soares, o não deixou pôr o pé em ramo verde, severo, austero, disciplinador e económico, como fora o paizinho do articulista. Salazar, contudo, não chegou a ser padre, foi apenas seminarista. Para o sr. Soares agora também isso é imperdoável.

Seguindo a debruçar-se sobre a personalidade de Salazar o sr. Soares escreve:

Filho de gente pobre (o sr. Soares gaba-se de ser filho de gente rica), educado num meio muito católico (o pai do sr. Mário Soares foi educado para padre) (...) Salazar cursou o seminário (como o dr. João Soares) chegando a tomar ordens menores (dr. João Soares tomou ordens maiores). (...) Os seus alunos (dele Salazar, evidentemente...) nunca lhe negaram competência... (o dr. João Soares foi considerado no seu tempo excelente pedagogo...) mas diziam dele que era um professor distante, exigente, ensimesmado, sem calor humano - exactamente o que dizem do pai do sr, Soares os antigos alunos do Colégio Moderno - sem porem em dúvida as qualidades pedagógicas do antigo sacerdote; e o contrário do que recordam os discípulos do Prof. Salazar ainda vivos, aquela juventude dos anos vinte, saída da Lusa Atenas, que espalhou a fama do técnico de finanças e, no fundo, foi responsável pela sua entrada para o governo de Vicente de Freitas, em 1928.

A sua formação cultural e política (continua o sr. Soares) foi feita nos meios católicos e ultra-conservadores... A do dr João Soares também - só que este, quando chegou à idade da razão por ser a das maiores loucuras, atirou com a sotaina às malvas, aliou-se à esquerda republicana e anti-clerical dos últimos anos da Monarquia e, em 1911, iniciou-se na Maçonaria com o nome simbólico de Rousseau (...) atingindo o grau 32 do Rito Escocês Antigo e Assente do Grande Oriente Lusitano Unido (*).

O contrastante paralelismo entre as duas personalidades é, também aqui, evidentíssimo: o Dr. Oliveira Salazar foi um ultra-conservador, filiado no CADC [Centro Académico de Democracia Cristã] que usou o pseudónimo de Alves da Silva nos artigos para o "Imparcial", o dr. Lopes Soares, filiado na Loja Paz do Gr.Ori.Lus.Un., foi ultra progressista e anti-clerical com a alcunha esotérica de Rousseau. Será que o dr. Soares não perdoa ao pai autêntico o ter-se filiado na Maçonaria e ter sido apaniaguado de Afonso Costa? E que, representando inconscientemente o dr. João Soares na figura de Oliveira Salazar, se vinga neste das pseudo afrontas que recebeu do outro?

Membro do Centro Católico - escreve ainda Soares - Salazar chegou a ser deputado em 1921. Tentou uma vez usar da palavra no Parlamento - foi um fracasso.

Se a historieta fosse verdadeira, quer dizer, se Salazar tivesse tentado usar da palavra na Câmara dos Deputados, com certeza que teria fracassado, tanto que ele era o contrário de um parlamentar. Infelizmente a anedota é falsa.

Salazar assistiu a uma única reunião do Parlamento: a da inauguração da sessão legislativa, no dia 25 de Junho de 1921. Não interveio - porque ninguém interveio, ocupados os pais da Pátria em elegerem a mesa e em organizarem as comissões. Nunca mais regressou ao palratório de S. Bento, antes do advento do Estado Novo. Mesmo assim, graças certamente ao seu prestígio científico, elegeram-no membro da comissão do orçamento, e da comissão de estatística, e da comissão da instrução superior - e para presidir a comissão de inquérito aos serviços do ministério das Colónias - apesar de ausente.

Aquele Parlamento foi dissolvido depois da revolução do 19 de Outubro. Salazar não teve ocasião de fazer ouvir a voz de falsete nos espectáculos de S. Bento senão depois do 28 de Maio. O mesmo aconteceu ao dr. Lopes Soares que, eleito deputado para a sessão legislativa de 1915-1916, posto que tenha comparecido a várias reuniões parlamentares, nunca fez ouvir a maviosa voz.

Toda a crónica do "Público" é conduzida neste tom de revoltada filiação. Até na crítica que não chega a haver à obra do Dr. Salazar se pressentem os recalcamentos do sr. Soares. O pai é o personagem constantemente descrito pelo sr. Soares. Salazar surge apenas como um pretexto para o articulista cevar os seus rancores de menino, as amarguras da infância sem amor e da adolescência mesquinha: o pai tirano com a vida irremediavelmente estragada pelos erros da juventude; o político falhado e vencido por outro político (antigo seminarista também) mais feliz e persistente; o homem honrado que toda a vida foi pobre mas que, enriquecido graças à tranquilidade que o Estado Novo lhe dava para trabalhar, não via com bons olhos nem a liberdade do filho mais novo, nem as suas aventuras políticas que poderiam pôr em perigo o funcionamento do Colégio Moderno, fonte da sua recente abastança.

Salazar - prossegue Soares - não foi um "duce", nem um "führer" nem sequer um caudilho; nunca se fardou (...) Ficou sempre como um civil muito lente de Coimbra, distante, secreto, composto! Nunca gostou de manifestações, nem se sentia bem entre as massas populares ou ao calor das intimidades, dos correligionários mais entusiastas (...) Um ar tímido de eterno "défroqué" não se sentia manifestamente à vontade nas vestes do "condottieri".

Consagrado ao trabalho "casou-se com a Pátria" (...) Por isso não tivera tempo de constituir família. Tanto bastou para que a Oposição, o chamado reviralho malevolamente o proclamasse misógeno, se não coisa pior aos olhos do marialvismo lusitano. Mas não. Sempre apreciou o convívio feminino e não só, ao que parece, nas suas formas platónicas (...) E desde logo (fulana) a sua delicada companheira (...) que incontestavelemtne foi a "sua mulher" até ao fim da vida, à semelhança das amas dos padres, descritas por Camilo muito ao estilo do séc. XIX.

Não fora o caso do artigo ter um carácter evidentemente psicasténico - o menos que se poderia dizer deste naco de prosa é de que é deselegante. Principalmente para o dr. João Lopes Soares. Escrito pelo filho dum despadrado chega a ser patético. São as frustrações familiares reprimidas do ilustre estadista que de novo vêm à superfície do seu espírito. O sr. Soares na ânsia inconsciente de apagar uma recordação frustrante, esquece-a - e deixa-se ir, continua a deixar-se ir - na corrente dos boatos que, durante quarenta anos, salpicaram a honorabilidade da sra. Maria. Sem querer, contudo acaba por fazer recordar publicamente a sua mais amargurante recordação esquecida: que o pai era padre e vivera com a mãe maritalmente à semelhança dos padres descritos por Camilo muito ao estilo do séc. XIX.

Isto se verifica, verificando a profunda injustiça que o sr. Soares faz a seu pai. O dr. João Soares foi uma personalidade superior. Para além da actividade pedagógica. Mesmo politicamente. Envolvido na intentona de 26 de Agosto de 1931, ao lado do pai da sra. D. Maria de Jesus Barroso Soares, foi preso, deportado para os Açores e exilado em Espanha. Depois nunca mais se meteu em política. Nem nas campanhas eleitorais de Norton de Matos em 1949, nem na de Humberto Delgado em 1958. O ensino, a partir de 1935, foi toda a sua vida - o ensino e as preocupações que o filho mais novo lhe dava e que ele supunha sempre metido pelas caixas dos teatros ou em modestas pândegas pelas "boîtes" lisboetas como qualquer outro filho família da pequena burguesia dos anos cinquenta.

Nem essa vida política e docente irrepreensível do pai o sr. Soares lhe perdoa, ao que parece. Ministro das Colónias num Ministério do Dr. Domingos Ferreira (antigo sacerdote como ele) o dr. João Soares foi dos melhores ministros das colónias da I República. Os seus três meses de governo, em 1919, ficaram marcados por medidas que perduraram e resolveram vários problemas pendentes. João Soares considerava as colónias parte integrante do território nacional. Como republicano histórico, defendeu-as com a alma e o coração. Foi por elas que Portugal se envolveu na I Grande Guerra. Por elas morreram muitos milhares de soldados portugueses nos Campos da Flandres e nas savanas africanas. Por elas se passou fome em Portugal, os portos e a pobre marinha mercante de então bloqueados pelos submarinos e corsários alemães. Ao chegar ao governo, o dr. João Soares só se preocupou em justificar tamanhos sacrifícios. Um autor insuspeito - o dr. Joaquim Veríssimo Serrão, na sua monumental "História de Portugal" - descreve assim a obra do dr. João Lopes Soares como Ministro das Colónias:

O novo grande impulso para a valorização das possessões em África e do Oriente ficou a dever-se à passagem do João Lopes Soares pelo Ministério das Colónias. Embora reduzida no tempo, de 30 de Março a 30 de Junho de 1919, a sua política, assente numa boa formação pedagógica, fez dele um dos mais fecundos estadistas no campo da administração ultramarina. Restabeleceu as cartas orgânicas (...) e deu novo estatuto às missões religiosas (...) foi ainda o ministro João Soares quem retirou do ponto morto a resolução do problema bancário das colónias portuguesas. O dr. joão Soares portou-se sempre como um verdadeiro patriota. O filho acabou por destruir a obra do pai.

Não vale a pena ir mais longe. Se se quisesse responder cabalmente à prosa do sr. Mário Soares, seria necessário transcrever o artigo todo (linha por linha). A descolonização exemplar é, talvez, o último gesto de vingança que Soares comete contra o pai dominado pelo seu complexo de Édipo.

Desbaratando o Ultramar Soares julga apagar, para sempre, das páginas da História de Portugal, o nome do pai. Simbolicamente, em termos de psicanálise, comete um parricídio.

Mas há mais: ao referir-se à tacanha relação que - diz ele - Salazar - homem pobre - tinha com o dinheiro - o sr. Soares volta aos seus velhos recalcamentos. Era pública e notória a economia do dr. João Soares. Nos meios da pequena pândega lisboeta dos anos cinquenta e sessenta, o sr. Soares era conhecido como um pelintra: o paizinho não lhe abonava mais que o indispensável. Para viver na deportação de S. Tomé em 1972 teve o sr. Soares que aceitar o generoso auxílio do seu amigo Jorge de Melo, dono da CUF, que lhe arranjou um chorudo e mírifico emprego naquela província ultramarina, mais bem pago do que o próprio governador. Em Paris também foi o capitalista Manuel Bullosa, quem o sustentou - que o dr. João Soares não abria os cordões à bolsa. O sr. Soares dá a entender agora que o pai lhe deixou uma grande fortuna - e é bem de crer que sim, pois os terrenos da estrada de Malpique, a quintarola em Nafarros, a casa do Vau no Algarve debruçada sobre o mar, e segundo se diz - a próxima compra duma quinta em Monchique - tudo adquirido depois do 25 de Abril - não poderiam ser possuídos em tão pouco tempo, se o sr. João Soares não tivesse deixado aos filhos uma grandíssima fortuna. Tudo junto pode ser que valha um milhão de contos. Não é em quinze anos que se ganham esses contos tais, se os não tivesse recebido em herança.

A aparência de mediania que o sr. Soares exteriorizava antes da gloriosa revolução dos cravos - era causada pela relação tacanha que o senhor seu pai tinha com o dinheiro, incapaz de gastar um tostão mal gasto, sujeito probo e poupado que, com desgosto, observava a prodigalidade do filho mais novo.

Não há que ver: o breve perfil de Salazar que o sr. Mário Soares escreveu, parece muito mais o breve perfil de sr. João Lopes Soares, do que um estudo biográfico sobre o fundador do Estado Novo. Onde está Salazar podem os leitores pôr João Lopes Soares e retirarem da prosa as divagações irónicas e sobranceiras que o sr. Soares faz, procurando simbolicamente atingir o homem que até 1968 governou Portugal durante quarenta anos.

Soares não discute a política financeira de Salazar porque não está academicamente habilitado para isso. É uma prova de honestidade e humildade intelectuais. A política externa, todavia, resume-a a um fortuito encadeamento de propícios azares que, se o Hitler tivesse ganho a II Guerra Mundial, teriam sido fatais para o país. O facto histórico e incontroverso de Salazar nunca ter viajado é prova provada de que o génio diplomático Salazariano é um mito inventado pelos seus correligionários. Para ele que é o Pepe Rápido da Diplomacia, o Speedy Gonzalez da política externa (destruiu em poucas semanas um Império que levara cinco séculos a construir) isso deve ser um pecado capital... Para quem tem como único compêndio diplomático "A Volta ao Mundo em Oitenta Dias" é, com certeza, uma imperfeição fatal. Os êxitos, portanto, foram mero produto da sorte...

Sistema político cujo único valor absoluto é a quantidade (tudo o mais é relativo) esta democracia tem de ser, por força, mediocracia: os homens superiores quadram-se mal com o seu igualitarismo tendencial. Verdadeiramente só lhe interessam os medíocres, é por isso que o alevantar da cabeça de um, obriga a baixar a cabeça dos outros. O dr. João Soares foi um homem superior, Salazar também. Carregados de defeitos ambos; cheios de qualidades os dois. O sr. Mário Soares não lhes perdoa. É "democrata".

Medíocre, mediocridade e mediocracia usam-se aqui com a sinonímia que lhes dá o Grande Buarque: medíocre como sinónimo de pessoa sem relevo, vulgar, ordinária ou mediana; mediocridade como a qualidade intrínseca do medíocre; mediocracia, significando o predomínio social e político das classes médias, da burguesia, dos medíocres. O sr. Soares não é muito estúpido, nem muito inteligente - antes pelo contrário. honesto q.b. detesta cordialmente o Catão. Eu também. Sem ser analfabeto tornou-se conhecido pelo vasto leque das suas ignorâncias. Não sendo o cúmulo da má educação, já não escandaliza quando se porta mal à mesa: toda a a gente o desculpa, conhecendo-lhe os antecedentes. É o expoente máximo da mediocridade nacional. Por isso devemos respeitá-lo como símbolo vivo do regime que gloriosamente nos governa."

É o que sofremos. Nem o dr. João Soares, nem o Dr. Oliveria Salazar cabem inteiros neste quadro mediocrático (in Salazar sem Máscaras, Nova Arrancada, pp. 137-143).

* Dicionário da Maçonaria Portuguesa - A. H. Oliveira Martins, 1.º Vol. L357/58 - Ed. Delta Lx. 1986.

terça-feira, 21 de abril de 2020

25 de Abril Episódio do Projecto Global


Na verdade não perdemos apenas os territórios ultramarinos, a soberania e a autonomia financeira, perdemos, a nossa alma, perdemos aquela consciência colectiva que fez de nós grandes no mundo, tanto como império, vendemos barato a nossa "raça e alma", perdemos o respeito até por nós mesmos, deixámo-nos manipular, deixámo-nos manietar, em suma, aceitámos de bom grado o papel de escravos para o qual fomos relegados, estrangeiros no nosso próprio país!!!
Recomendo vivamente a leitura do livro de Fernando Pacheco de Amorim, do qual faz parte o excerto mais abaixo, um retrato que subscrevo na íntegra.

Alexandre Sarmento


Miguel Bruno Duarte: As ingerências do Clube Bilderberg em Portugal

"A imposição do clima de agitação, o conluio entre alguns facções partidárias, socialistas e socialisantes, para ficarem sós na cena política, eliminando as rivais pela força das armas, em termos que nada têm a ver com a democracia, ou antes, que a tornaram impossível, como vimos. Uma crescente intervenção do Estado, colocando obstáculos à iniciativa privada, embora reconhecendo que é ao que dela existe que se deve ainda o não se ter caído na mais negra miséria, é prova para mim de que o que convém à estratégia Norte-Americana é manter-nos em estado de desequilíbrio permanente.
Penso que a manutenção deste desequilíbrio tem muito a ver com as possibilidades que um governo nacional teria ao seu dispor para influir na evolução dos seus ex-territórios ultramarinos. Daí o espectáculo degradante a que temos assistido desde o 25 de Abril, internacionalmente classificado e bem, de psicadélico.
Uma classe política clara e afrontosamente dependente de apoios estrangeiros, políticos e financeiros, tão medíocre e tão desprezadora dos sentimentos nacionais que nem tem tido a habilidade de os mascarar, antes despudoradamente os exibe nas suas feiras periódicas, assistida por uma legião de medíocres e frustrados, à procura, em utopias delirantes, de uma justificação para as suas existências de cidadãos e homens públicos.
Assistimos, alguns estupefactos, ao deambular pela cena nacional de uns tantos que ninguém dúvida que traíram o seu país, cometeram crimes como os que vem relatados oficialmente no chamado Relatório das Sevícias, delapidaram o tesouro público, assumiram publicamente as mais degradantes atitudes, ofenderam de maneira clara e insofismável os mais elementares princípios da vida nacional, da democracia de que se afirmam paladinos, e os deveres e responsabilidades de cargos públicos que ocuparam e ainda muito ocupam, tudo isto sem que se tenha desencadeado um movimento de reprovação colectiva, quer por uma explosão de cólera ou ao menos, dada a brandura dos nossos costumes, por uma enorme gargalhada nacional.
Como não aconteceu até hoje, nem uma coisa, nem outra, há quem pense que o burro está a ser albardado à vontade do dono.
Não o creio.
O povo português está, apenas, pelos motivos que apontei, à mercê de uma classe política ao serviço de interesses que nada têm a ver com os interesses nacionais.
É certo que, vindo das suas fileiras, se tem ouvido ultimamente preconizar a necessidade de definição de um projecto para Portugal, que segundo afirmam, sofre de uma crise de identidade.
Tanta subtileza, meu Deus, para encobrir aos olhos do homem da rua que deitaram abaixo o edifício nacional e que para o reconstruir é necessário um projecto, quem o execute e quem o pague. Mas, como dizerem agora ao homem da rua que o enganaram, se não falando suavemente de crise de identidade?
Penso, porém, que um tal projecto não é o princípio, mas o fim daquilo que há a fazer se os portugueses quiserem de facto readquirir uma consciência colectiva, indispensável à continuação de Portugal, como nação livre e independente. Refiro-me, naturalmente à criação das condições básicas para que um tal projecto possa ser definido e executado!
Varrer da cena política os péssimos actores que representam Portugal. A sua permanência no palco, além de inestética, não é susceptível de induzir os espectadores a comportarem-se como um público inteligente e civilizado. Impõe-se, como tal, primeiro nacionalizar o governo e a administração e desnacionalizar tudo o resto, castigar de maneira exemplar todos os que assumiram responsabilidades no descalabro nacional e mostrar com clareza aos portugueses que se querem beneficiar das vantagens de ordem moral e material, que resultam de se pertencer de maneira consciente a uma nação livre que luta pelo seu progresso e independência, terão de conformar o seu comportamento, individual e colectivo, à contrapartida dessas vantagens: preferir a verdade à demagogia, a cooperação consciente, às divisões artificiais criadas pelos políticos e intelectuais que pescam em águas revoltas, trabalho intenso e consciente que permita criar mais riqueza do que aquela que se consome, o único caminho que permitirá criar os capitais adicionais indispensáveis ao progresso económico da comunidade nacional.
Nada será possível, porém, senão em regime legitimado pela vontade popular livremente expressa, que permita ao escol nacional sair do silêncio a que se remeteu, agindo primeiro no campo do esclarecimento público, mostrando ao homem da rua que não é pela via socialista, nem intervencionista, que não é utilizando a paixão, mas a razão que poderá alcançar o nível de vida e a liberdade a que aspira, mas precisamente pela via contrária, a do sistema económico do mercado livre preconizado como o mais eficaz para a criação de riqueza. Provar-lhe, o que não é difícil, que o socialismo e o intervencionismo, amplamente refutados pela ciência, outra coisa não são senão instrumentos para aqueles que aspiram ao poder pessoal, para os que pretendem substituir a vontade, as preferências e as aspirações dos cidadãos, pelas suas próprias, pois são estas em tais regimes que necessariamente se imporão aos cidadãos, em nome de um bem comum de que eles tem o exclusivo
Será possível, com argumentos racionais apagar as paixões e os erros que os aspirantes ao poder pessoal atearam na mente desprevenida do homem da rua?
Se o não for, esperar-nos-á, a todos, ser um dia e um dia próximo apenas um número nos computadores dos que governarão as nossas vidas até ao pormenor, gozando, eles só, de todas as liberdades, em nome de um bem comum que só eles definirão."

Fernando Pacheco de Amorim, (in 25 de Abril Episódio do Projecto Global)

segunda-feira, 20 de abril de 2020

O 25 de Abril, por António Quadros.


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«Nesse dia [25 de Abril] do ano de 1974, um golpe de Estado militar alterava pois drasticamente o rumo histórico nacional, tomando o poder com o duplo objectivo expresso (Programa do MFA) de restaurar a democracia e de promover a auto-determinação do Ultramar português.

Mas em 28 de Setembro do mesmo ano, com a resignação de Spínola e com a ascensão do sector revolucionário e marxista do Movimento das Forças Armadas, principiava a desfiguração daquele Programa inicial e começava a eliminação pessoal dos partidários da auto-determinação referendada e da democracia pluralista, lançando-se ao mesmo tempo uma operação de lavagem ao cérebro do povo português ou de agressão ideológica maciça, de proporções entre nós nunca vistas.

Em 11 de Março do ano seguinte, no seguimento de uma estratégia já experimentada com êxito noutros lugares, como a Checoslováquia e a Hungria, o mesmo grupo em fusão, assenhoreando-se dos postos-chaves do Governo, das Forças Armadas e dos Meios de Comunicação Social, estabelecia os fundamentos da Revolução comunista e do Estado totalitário, criando uma força policial-militar de repressão, o Copcon, encerrando os Partidos e os jornais sumariamente classificados de reaccionários e fascistas, efectuando prisões em massa sem culpa formada, realizando vertiginosamente a nacionalização de toda a Banca e das principais empresas e unidades industriais, precipitando ocupações de terras no Alentejo, criando unidades colectivas no modelo dos Kolkozes russos, organizando por todo o lado sovietes ou comissões de trabalhadores, de moradores, de soldados, de marinheiros, etc., ao mesmo tempo que lançava uma ofensiva de grande estilo contra a democracia "burguesa", aconselhava ostensivamente o voto em branco nas prometidas eleições para a Assembleia Constituinte e mais tarde deixava que os deputados fossem sequestrados dentro da própria Assembleia, por uma multidão manipulada e bem enquadrada.

Tudo isto foi possível devido à erosão do regime anterior, como já sublinhei, nomeadamente devido à despolitização, à impreparação e à inocência intelectual da maioria dos portugueses, ao que é preciso acrescentar os complexos de culpa, o oportunismo e o medo de muitos dirigentes políticos e militares que, não sendo comunistas, fizeram contudo o jogo comunista, tornando-se assim cumplíces conscientes ou inconscientes de uma tentativa totalitária que ia destruindo completamente o país e cujos efeitos foram de qualquer modo catastróficos. Efectivamente, numerosos foram os socialistas liberais, os sociais-democratas, os tecnocratas, os funcionários públicos, os cristãos-progressistas e os oficiais da Forças Armadas ontem conservadores, liberais ou patriotas, que aceitaram de braços cruzados ou até sancionaram uma política de terra queimada destinada patentemente à colectivização do país, à instauração de uma ditadura do proletariado e a uma descolonização sem referendo, sem garantia dos interesses portugueses e sem quaisquer concessões aos nossos colonos e assimilados, esses que mais tarde foram compelidos a fugir em massa das terras que desbravaram, das plantações que semearam e das cidades que edificaram, num dos êxodos mais pungentes e aviltantes da história contemporânea».

António Quadros («A Arte de Continuar Português»).


António Quadros | Blogue do Sítio do Livro

Lamentavelmente, mais um grande vulto da cultura portuguesa desconhecido da grande maioria, um dos grandes pensadores do século XX português, aqui fica uma nota biográfica deste grande senhor, infelizmente já desaparecido.
António Quadros foi um escritor e filósofo português. Nasceu em Lisboa a 14 de Julho de 1923 e morreu na mesma cidade no dia 21 de Março de 1993. Pertenceu ao grupo da Filosofia Portuguesa na companhia de Álvaro Ribeiro, José Marinho, Afonso Botelho, entre outros.
Foi director do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, dirigiu as revistas de cultura e filosofia Acto57Espiral e ainda a colecção "Biblioteca Breve" (ICALP). Da sua vasta e diversificada bibliografia destacam-se A Existência Literária, (1959) O Movimento do Homem, (1963) Ficção e Espírito (1971) e os dois volumes de Portugal Razão e Mistério (1986-1987), para além da organização das obras de Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa.
António Quadros colaborou também nos jornais Diário de NotíciasDiário PopularJornal de Letras, bem como nas revistas LerRumoNova RenascençaPersonaO Tempo e o ModoColóquioContraventoLitoralTempo PresenteAtlânticoUnicórnio, etc. Foi um dos fundadores do I.A.D.E, instituto que dirigiu e onde leccionou a disciplina de História de Arte. Foi membro da I.N.S.E.A (International Society for Education through Art), órgão consultivo da UNESCO, de que foi delegado em Portugal até 1981,  membro da Fundação Europeia de Cultura, membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e colaborador da VELBC.
Filho de Fernanda de Castro e de António Ferro, António Gabriel Quadros Ferro nasceu em Lisboa em casa dos seus avós paternos, na Rua dos Anjos a 14 de Julho de 1923.
Frequentou o Liceu Pedro Nunes e esteve, por influência do seu pai, matriculado na Faculdade de Direito de Lisboa. Viria no entanto a desistir do curso, para o qual dizia não estar vocacionado, para ser aluno na Faculdade de Letras no curso de Ciências Histórico-Filosóficas, curso que viria a concluir em 1948 com uma dissertação sobre arquitectura portuguesa. Na juventude conhece Artur Koestler, mas é Mircea Eliade quem mais admira.
Em 1947 já tinha publicado Modernos de Ontem e de Hoje, o seu primeiro livro. A sua obra poética chegaria nos dois anos seguintes com a publicação de duas colectâneas de versos, Além da Noite, (1949) e Viagem Desconhecida, (1950). Em 1946 começa a sua actividade profissional nos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Lisboa. No ano seguinte casa com Paulina Roquette e em 1952 nasce António, o primeiro dos seus três filhos, que viria a ser director geral do IADE. Mafalda nasceria em 1953 e Rita, também escritora, em 1955.
1953 é um ano decisivo. António Quadros junta-se à tertúlia que dois filósofos portuenses, discípulos de Leonardo Coimbra na Faculdade de Letras do Porto, Álvaro Ribeiro e José Marinho, organizam na Brasileira do Rossio. Ali encontrou o que dizia não ter descoberto na faculdade: a filosofia viva e criadora, em verdadeira e visionária ebulição. Nessa altura já mantinha com Orlando Vitorino a revista Acto, e escrevia intensamente na imprensa, com especial destaque para as colaborações na página cultural do Diário de Notícias, na altura orientada por Natércia Freire. Neste período, é marcante a reflexão de António Quadros, Afonso Botelho e Orlando Vitorino, sobre a questão educativa, tema já herdado dos seus mestres Álvaro Ribeiro e Delfim Santos. Em 1956 António Quadros anima a Faculdade de Letras com a publicação de A Angústia do nosso Tempo e a Crise da Universidade, onde critíca os métodos e a orientação pedagógica e cultural da Universidade.
Em 1958 ingressa no recém-criado Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, sucedendo a Branquinho da Fonseca, onde viria a exercer funções por mais de 20 anos. Por iniciativa de António Quadros nasce, em 1957, o movimento de cultura portuguesa e com ele o jornal 57, (1957-1962) do qual foi director e um dos principais colaboradores. Com o denominado grupo da filosofia portuguesa promove os colóquios O que é o ideal português (1961) e Criação Artística (1962). As respectivas conferências, sobre O ideal português na filosofia e A criação poética, contam com a participação de outros artistas e intelectuais, como Domingos Monteiro, Cunha Leão, António Duarte, Bernardo Santareno e António de Macedo.
Em 1959 publica mais duas obras ensaísticas, A existência literária e Crítica e Verdade. No ano seguinte revela-se o António Quadros pessoano, com a publicação de Fernando Pessoa a Obra e o Homem. Nesse mesmo ano escreve o seu primeiro livro de contos, Anjo Branco, Anjo Negro e em 1963 publica o seu primeiro grande livro de Filosofia da História, O Movimento do Homem. No ano seguinte funda e dirige a revista de filosofia e cultura Espiral, da qual sairão 13 números publicados entre 1964 e 1966.
Em 1965 inicia a sua ligação ao Brasil e à Universidade de Brasília, onde, a convite de Agostinho da Silva, participa em diversas conferências sobre filosofia e cultura portuguesas. Nesse ano edita o volume de contos Histórias do Tempo de Deus, premiado com o Prémio Ricardo Malheiros da Academia de Ciências de Lisboa e o Prémio de Novelística da Casa da Imprensa. Em 1966 regressa à poesia com a publicação do volume de odes Imitação do Homem e um ano depois reúne ensaios literários e histórico-filosóficos no livro O Espírito da Cultura Portuguesa. Funda em 1969 o IADE, passando a director-geral em 1971, cargo que manterá até ao agravamento da doença que o vitimou.

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Naquela escola, lecciona durante vários anos as disciplinas de História de Arte e Cultura Portuguesa e Deontologia da Comunicação, disciplina que também ensinaria na Universidade Católica Portuguesa. Ficção e Espírito – Memórias Críticas, (“Um livro ensaístico, mas entrecortado de páginas memoralistas.”) é publicado em 1971. Dois anos depois publica Pedro e o Mágico, contos para crianças, galardoado com o Prémio Nacional de Literatura Infantil desse ano. Nos anos seguintes publica Portugal entre ontem e amanhã (1976) A Arte de Continuar Português (1978) dois volumes de Poesia e Filosofia do Mito Sebastianista (1982/1983) galardoados com o Prémio de Ensaio do Município de Lisboa, prémio que viria a receber novamente no ano seguinte com um novo estudo sobre Fernando Pessoa, Fernando Pessoa Vida Personalidade e Génio. Em 1986 e 1987 publica os dois volumes de Portugal Razão e Mistério, considerado por muitos uma das suas melhores obras, parte, aliás, de uma trilogia que nunca chegaria a completar. Em 1990, publica Uma Frescura de Asas, um romance inspirado no últimos dias da existência de Sampaio Bruno. Em 1991 publica Memórias das Origens, Saudades do Futuro e no ano seguinte, já gravemente doente, a obra Estruturas Simbólicas do Imaginário na Literatura Portuguesa. António Quadros viria a morrer nesse mesmo ano, no dia 21 de Março de 1993, vítima de tumor cerebral. Pensador, crítico, tradutor e professor, também poeta e ficcionista, António Quadros foi também fundador da extinta Sociedade Portuguesa de Escritores, membro da comunidade científica da Universidade Católica Portuguesa, do Centro de Estudos de Pensamento Luso-Brasileiro (CELBRA), Membro-correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Filosofia e co-fundador do Instituto Luso-Brasileiro de Filosofia, sediado em Lisboa. Traduziu Albert Camus, Jean Paul Sartre, entre outros. De referir ainda as inúmeras obras prefaciadas, organizadas e anotadas. Quadros foi praticante de vários géneros, do ensaio à poesia, da ficção à reportagem e crónica e recebeu diversos prémios pela sua actividade literária sendo condecorado com a Ordem Britânica da Rainha Vitória. Três dias depois do seu falecimento a Assembleia da República manifesta o seu pesar e nesse mesmo ano o Instituto de Filosofia Brasileira reúne um importante conjunto de estudos sobre a sua vida e obra com textos de Afonso Botelho, António Braz Teixeira, João Bigotte Chorão, Paulo Borges, Jorge Preto, Francisco Soares, entre outros.

No dia 29 de Outubro de 1995 a Fundação Lusíada, organiza um colóquio sobre a vida e a obra do filósofo, com orações de Pinharanda Gomes, Orlando Vitorino, António Cândido Franco, Luís Furtado, Dalila Pereira da Costa, entre outros. Daqui resulta uma importante Sabatina de Estudos da obra de António Quadros e uma contribuição bibliográfica de enorme interesse.

Finalmente em Janeiro de 2009, por iniciativa de Mafalda Ferro e com o apoio de familiares, amigos, filósofos, escritores e artistas, nasce a Fundação António Quadros Cultura e Pensamento, que hoje reúne grande parte do espólio do escritor desenvolvendo actividades que têm vindo a promover o estudo da sua vida e obra.

Alexandre Sarmento

A busca pela consciência.

  Estou farto de aturar gente de mente fechada, gente com palas, gente com capacidade de raciocínio curta, ou sem capacidade de raciocínio d...