terça-feira, 21 de abril de 2020

25 de Abril Episódio do Projecto Global


Na verdade não perdemos apenas os territórios ultramarinos, a soberania e a autonomia financeira, perdemos, a nossa alma, perdemos aquela consciência colectiva que fez de nós grandes no mundo, tanto como império, vendemos barato a nossa "raça e alma", perdemos o respeito até por nós mesmos, deixámo-nos manipular, deixámo-nos manietar, em suma, aceitámos de bom grado o papel de escravos para o qual fomos relegados, estrangeiros no nosso próprio país!!!
Recomendo vivamente a leitura do livro de Fernando Pacheco de Amorim, do qual faz parte o excerto mais abaixo, um retrato que subscrevo na íntegra.

Alexandre Sarmento


Miguel Bruno Duarte: As ingerências do Clube Bilderberg em Portugal

"A imposição do clima de agitação, o conluio entre alguns facções partidárias, socialistas e socialisantes, para ficarem sós na cena política, eliminando as rivais pela força das armas, em termos que nada têm a ver com a democracia, ou antes, que a tornaram impossível, como vimos. Uma crescente intervenção do Estado, colocando obstáculos à iniciativa privada, embora reconhecendo que é ao que dela existe que se deve ainda o não se ter caído na mais negra miséria, é prova para mim de que o que convém à estratégia Norte-Americana é manter-nos em estado de desequilíbrio permanente.
Penso que a manutenção deste desequilíbrio tem muito a ver com as possibilidades que um governo nacional teria ao seu dispor para influir na evolução dos seus ex-territórios ultramarinos. Daí o espectáculo degradante a que temos assistido desde o 25 de Abril, internacionalmente classificado e bem, de psicadélico.
Uma classe política clara e afrontosamente dependente de apoios estrangeiros, políticos e financeiros, tão medíocre e tão desprezadora dos sentimentos nacionais que nem tem tido a habilidade de os mascarar, antes despudoradamente os exibe nas suas feiras periódicas, assistida por uma legião de medíocres e frustrados, à procura, em utopias delirantes, de uma justificação para as suas existências de cidadãos e homens públicos.
Assistimos, alguns estupefactos, ao deambular pela cena nacional de uns tantos que ninguém dúvida que traíram o seu país, cometeram crimes como os que vem relatados oficialmente no chamado Relatório das Sevícias, delapidaram o tesouro público, assumiram publicamente as mais degradantes atitudes, ofenderam de maneira clara e insofismável os mais elementares princípios da vida nacional, da democracia de que se afirmam paladinos, e os deveres e responsabilidades de cargos públicos que ocuparam e ainda muito ocupam, tudo isto sem que se tenha desencadeado um movimento de reprovação colectiva, quer por uma explosão de cólera ou ao menos, dada a brandura dos nossos costumes, por uma enorme gargalhada nacional.
Como não aconteceu até hoje, nem uma coisa, nem outra, há quem pense que o burro está a ser albardado à vontade do dono.
Não o creio.
O povo português está, apenas, pelos motivos que apontei, à mercê de uma classe política ao serviço de interesses que nada têm a ver com os interesses nacionais.
É certo que, vindo das suas fileiras, se tem ouvido ultimamente preconizar a necessidade de definição de um projecto para Portugal, que segundo afirmam, sofre de uma crise de identidade.
Tanta subtileza, meu Deus, para encobrir aos olhos do homem da rua que deitaram abaixo o edifício nacional e que para o reconstruir é necessário um projecto, quem o execute e quem o pague. Mas, como dizerem agora ao homem da rua que o enganaram, se não falando suavemente de crise de identidade?
Penso, porém, que um tal projecto não é o princípio, mas o fim daquilo que há a fazer se os portugueses quiserem de facto readquirir uma consciência colectiva, indispensável à continuação de Portugal, como nação livre e independente. Refiro-me, naturalmente à criação das condições básicas para que um tal projecto possa ser definido e executado!
Varrer da cena política os péssimos actores que representam Portugal. A sua permanência no palco, além de inestética, não é susceptível de induzir os espectadores a comportarem-se como um público inteligente e civilizado. Impõe-se, como tal, primeiro nacionalizar o governo e a administração e desnacionalizar tudo o resto, castigar de maneira exemplar todos os que assumiram responsabilidades no descalabro nacional e mostrar com clareza aos portugueses que se querem beneficiar das vantagens de ordem moral e material, que resultam de se pertencer de maneira consciente a uma nação livre que luta pelo seu progresso e independência, terão de conformar o seu comportamento, individual e colectivo, à contrapartida dessas vantagens: preferir a verdade à demagogia, a cooperação consciente, às divisões artificiais criadas pelos políticos e intelectuais que pescam em águas revoltas, trabalho intenso e consciente que permita criar mais riqueza do que aquela que se consome, o único caminho que permitirá criar os capitais adicionais indispensáveis ao progresso económico da comunidade nacional.
Nada será possível, porém, senão em regime legitimado pela vontade popular livremente expressa, que permita ao escol nacional sair do silêncio a que se remeteu, agindo primeiro no campo do esclarecimento público, mostrando ao homem da rua que não é pela via socialista, nem intervencionista, que não é utilizando a paixão, mas a razão que poderá alcançar o nível de vida e a liberdade a que aspira, mas precisamente pela via contrária, a do sistema económico do mercado livre preconizado como o mais eficaz para a criação de riqueza. Provar-lhe, o que não é difícil, que o socialismo e o intervencionismo, amplamente refutados pela ciência, outra coisa não são senão instrumentos para aqueles que aspiram ao poder pessoal, para os que pretendem substituir a vontade, as preferências e as aspirações dos cidadãos, pelas suas próprias, pois são estas em tais regimes que necessariamente se imporão aos cidadãos, em nome de um bem comum de que eles tem o exclusivo
Será possível, com argumentos racionais apagar as paixões e os erros que os aspirantes ao poder pessoal atearam na mente desprevenida do homem da rua?
Se o não for, esperar-nos-á, a todos, ser um dia e um dia próximo apenas um número nos computadores dos que governarão as nossas vidas até ao pormenor, gozando, eles só, de todas as liberdades, em nome de um bem comum que só eles definirão."

Fernando Pacheco de Amorim, (in 25 de Abril Episódio do Projecto Global)

2 comentários:

O Molusco...

Para bom entendedor... «(...) A ambiguidade da figura de Caetano, de acordo com o The New York Times, tinha ficado bem demonstrada na sua at...