sábado, 11 de abril de 2020

A mentira que vivemos...


World Kindness Day 2019: Be kind to every kind, not just mankind ...

Texto que escrevi há um par de anos, reencontrei-o hoje por mero acaso, e continuo a pensar exactamente da mesma forma sobre este mundo louco no qual a humanidade perdeu o rumo.

«Hoje não me apetece mentir, alias, detesto mentiras, infelizmente tenho que conviver diariamente com a mentira e a falsidade senão vejamos...

Todos os dias acordamos no mesmo quarto e seguimos o mesmo caminho para viver o mesmo dia que vivemos ontem. Hoje os nossos dias são programados. É isso que significa ser evoluído e livre? Seremos nós realmente livres?

Nós obedecemos as regras, fomos ensinados não para fazer a diferença neste mundo, mas para não ser diferente. Somos inteligentes o suficiente para fazer o nosso trabalho, mas não para questionar aquilo que fazemos.

Nós trabalhamos, mas o trabalho deixou-nos sem tempo para viver a vida para a qual trabalhamos, o que nos permite almejar um lugar ao sol nesta sociedade de consumo desenfreado, a sociedade da aparência, a sociedade do espectáculo, a sociedade da hipocrisia. Tudo isto até que chega o dia que estamos demasiado velhos para trabalhar e somos deixados para morrer, somos abandonados pelo sistema e depositados em lares ou camas de hospital, depois damos espaço a que as nossas crianças ocupem o nosso lugar no jogo deste sistema desumano e sem valores.

Onde haviam árvores que limpavam o nosso ar e onde tudo se passava ao sabor das estações do ano, agora há fábricas que o envenenam. Onde havia água para beber, há lixo tóxico. Onde os animais viviam livres, há explorações industriais e agrícolas onde eles nascem e vivem em condições barbaras ate serem abatidos afim de nos servirem de alimento. Desperdiçamos diariamente milhões de toneladas de alimentos enquanto mais de mil milhões de pessoas estão a morrer de fome, apesar de haver comida suficiente para todos. Para onde vai tudo isso, a quem serve toda esse desperdício e a quem convém a miséria humana que poderia ser mitigada se para tal houvesse vontade?

Somos como uma praga varrendo a terra, destruindo o próprio ambiente em que vivemos. Vemos tudo como algo a ser vendido, como um objecto a ser possuído. Mas o que acontecerá quando tivermos poluído o último rio e envenenado a última brisa de ar?

Não estamos a destruir o planeta, estamos a destruir toda a vida nele. Anualmente, milhares de espécies são extintas, o tempo foge e está a esgotar-se, quem sabe seremos os próximos. Olhamos para nossa tecnologia e dizemos que somos os melhores e mais inteligentes. Mas os computadores, os carros e fábricas realmente mostram o quão inteligente somos ou será que eles mostram o quão preguiçosos e ignorantes em relação ao mundo que nos rodeia nos tornamos?

Agimos como se soubéssemos tudo, mas há muito ainda que não conseguimos ver. Andamos pela rua ignorando todas as pequenas coisas. Será que estamos realmente felizes com nossos "iPhones", nossas grandes casas, nossos carros de luxo? Desligamos da sociedade, tornamo-nos individualistas e egoístas, idolatramos pessoas que nunca conhecemos, vivemos virtualmente vidas que afinal nos são incutidas, somos voluntariamente manipulados, estamos drogados e viciados pelos gadgets que o sistema nos proporciona.

Esperamos que sejam os outros a dar inicio a mudanças, sem pensar em mudarmos a nós mesmos. A mudança tem que começar por nós mesmos, temos que tomar consciência que somos um flash no tempo, mas o nosso impacto é para sempre. Podemos usar a tecnologia para nos unirmos para interagirmos de forma positiva, de forma a que possamos como indivíduos, como seres conscientes, induzir uma nova consciência colectiva, seres humanos completos e perfeitamente integrados neste gigante ecossistema., respeitando o planeta e todos os seres vivos que connosco o partilham este espaço comum.

Para melhor ou o pior serão as gerações actuais quem vai determinar o futuro da vida no planeta. Ou continuamos a servir este sistema, este processo de auto-destruição até que nenhuma memória de nossa existência permaneça, ou então podemos despertar e perceber que não estamos a evoluir, mas sim em queda livre como espécie e como sociedade.

Agora é a nossa vez, podemos escolher o nosso próprio caminho ou seguir aquela que nos trouxe ao que hoje somos, a este marasmo, a esta sociedade disfuncional, a esta barbárie consentida?

Está na hora de trazer de novo a humanidade a este planeta, temos tecnologia, temos inteligência, temos recursos, porque razão não mudamos de paradigma?

Basta de mentiras, basta de cegueira ideológica, basta de individualismo...só avançamos como civilização quando fomos unidos, quando fomos uma verdadeira sociedade...»

Alexandre Sarmento

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