segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

O triste retrato do povo!!!

 



Pertinente e absolutamente verdadeiro, aliás, Emil Cioran, lúcido e assertivo, como sempre!!!
O povo, bem sabemos, aquela massa amorfa que voga ao sabor da corrente, esperando sempre que alguma migalha lhe caiba, o rebanho de carneiros que seguem o pastor, seja ele qual for, a prova está à vista!
O povo, na sua condição de submissão e adoração a falsos deuses, tal como sempre, estará à mercê daqueles que ao lhes venderem ideais de liberdade, verdes prados, conforto e segurança, serão esses mesmos, os tais que vendendo sonhos e ideais, serão esses mesmos que levarão este povo em direcção à miséria intelectual e por fim a uma condição de verdadeiros escravos e meros factores de produção, dados estatísticos e parcela perfeitamente desprezível na equação!!!

Já vem de longa data, no tempo da Roma antiga lhes davam pão e circo, hoje, infelizmente, o paradigma mantém-se, não há forma de evoluírem, buscam sempre o caminho mais fácil...e infelizmente, sempre o caminho errado!!!

Cada vez mais ignorante, inculto, imbecil, invejoso e vaidoso, é este o triste retrato que temos hoje deste povo, meros objectos, meros peões no tabuleiro de jogo, alegremente, tristes, pobres e submissos...


«"E o povo?», dir-se-á. 
O pensador ou o historiador que usar este termo sem ironia ficará desqualificado. O «povo» — sabemos demasiado bem a que está destinado o povo: sofrer os acontecimentos, e as fantasias dos governantes, prestando-se a desígnios que os afectam e oprimem. 
Toda a experiência política, por «avançada» que seja, se desenrola a expensas suas, dirigindo-se contra ele: o povo carrega os estigmas da escravidão por mandamento divino ou diabólico. 
Inútil apiedarmo-nos da sua sorte: a causa não tem remédio. As nações e impérios formam-se graças à complacência do povo diante das iniquidades de que é alvo. Não há chefe de Estado nem conquistador que o não despreza; mas ele aceita esse desprezo, e dele vive. 
Deixasse o povo de ser apático ou vítima, deixasse de assistir simplesmente aos seus destinos, que a sociedade se dissiparia, e, com ela, a história sem mais. Não sejamos mais optimistas: nada da sua parte permite que encaremos uma tão bela eventualidade. 
Tal como é, representa um convite ao despotismo. Suporta as suas provações, por vezes solicita-as, e só se revolta contra elas para se precipitar noutras novas, mais atrozes do que as antigas. 
Sendo a revolução o seu luxo, lança-se nela, não tanto para disso extrair alguns benefícios ou melhorar a sua sorte, como para adquirir também ele o direito de ser insolente, vantagem que o consola dos seus vexames habituais, mas que perde assim que são abolidos os privilégios da desordem. 
Como não há regime que lhe garanta a salvação, acomoda-se a todos e a qualquer um. E, desde o Dilúvio até ao Dia de Juízo, tudo aquilo a que pode aspirar é a cumprir honestamente a sua missão de vencido".»

E. M. Cioran
in História e Utopia, Betrand Editora.



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