quarta-feira, 6 de maio de 2020

A Cambada, por Vera Lagoa.




Quiproquó: A GRANDE AVENTURA

Será que algum dos povos ganhou com este processo dito de descolonização?!, não creio, creio estarmos sim, a falar de um crime contra a humanidade que condenou à morte e à pobreza e à miséria muitos milhões de seres humanos, cidadãos de um mundo, outrora portugueses.
Porquê a impunidade dos promotores e autores desta barbárie?
Por que razão não foram julgados por crimes contra a humanidade?
Apenas porque na minha forma de ver de humanos já pouco nos resta, muito pouco infelizmente!!!!

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«Revejo o meu País, o que dele resta e o que encontro? Uma tremendíssima falta de respeito para com o Povo, em nome do qual se cometem os maiores dislates. O povo tão falado, tão evocado, mas tão humilhado.
Que se me depara a cada passo? À minha frente uma cambada. Nas minhas costas outra cambada. De ambos os lados mais outra cambada, ainda.
(...) Quem pôs o País em ruínas a partir do 25 de Abril? Quem nos arrasou, criou e cria um clima constante de intranquilidade? Quem desestabiliza? Quem todos os dias faz comícios, "festas", gritaria demagógica?
(...) Culpa têm os governos que nos têm desgovernado e que têm passado a vida a apontar o papão do fascismo. Já cansa.
O fascismo é nosso inimigo? Evidentemente. Não pretendemos, não desejamos e não devemos consentir que volte a instalar-se no nosso País? Evidentemente. Temos que nos unir para enfrentar os seus perigos? Evidentemente. MAS MÁRIO, O PERIGO NÃO É SÓ ESSE!
Para dizer a verdade, a minha verdade, o perigo contra o qual temos de nos unir e lutar é o perigo Cunhalista. O perigo que nos ameaçou implacavelmente em 1975. Ter-te-ás, Mário, esquecido?
Mário Soares, eles vêm aí! Eles estão em escalada. Eles estão em todas as greves. Eles estão em todos os boicotes. Eles estão em toda a parte.
Posso perder amigos, posso perder empregos, posso inclusivamente perder a vida. Mas não sem ter tentado, a todo o preço, impedir que a Cambada se instale.
Revejo o meu País. Junho de 1978. Dia 13, dia fatídico. Fatídica notícia. Foi instaurada a pena de morte em Angola. Pena de morte que já existia, mas apenas para militares e que agora abrangerá também os civis. E aos civis estrangeiros que residam naquele "país", agora satélite da URSS e de Cuba.
Portugal que foi uma das primeiras nações a abolir a pena de morte, tem hoje um governo que se ufana das relações com um regime totalitário, escravo de Moscovo, que tem por símbolo a morte.
Portugal tem hoje um governo (é bom lembrar que os direitos humanos são também aqui atropelados) que, sabendo embora que o MPLA não representa senão uma minoria de fanáticos agentes comunistas, pretende legislar de modo a que a resistência à tirania em Angola seja por todos os modos impedida no nosso país.
Plumas, senhoras que foram pegas e agora são intelectuais (está muito na moda ser-se intelectual e toda a gente escreve um livro contando o seu passado anti-fascista).
(...) Revejo o meu País. No que nos reduziu o PC. Ao que nos reduziu também o PS. Sim, o PS! O PS donde obviamente saí a tempo e horas. Ao contrário da frase cuspida por Mário Soares (aquele que não sabe perder), em Catalazete: "Quem deve governar o País é o PS".
(Citada pelo "Diário" amigo dele Mário)
É justamente o PS quem não deve governar o País. Porque já demonstrou largamente a sua incapacidade para o fazer. Lançando-nos na miséria, deixando reinar o compadrio de Argel, com a cumplicidade do PC.
Quem se poderá esquecer do coio de mentirosos, de imbecis, de oportunistas, de vendidos e delinquentes do PS que deixaram este pobre País em pantanas? E, ainda têm o descaramento de falar em "pesada herança". Quem se poderá esquecer do celerado Almeida Santos, o advogado dos grandes monopolistas de Moçambique, o responsável pela trama jurídica da desgraça da descolonização, o presumível passador de moeda para a Suiça antes da independência de Moçambique (isso não chega para o classificar de crápula?), a alma danada da intriga, da perfídia de todas as etapas do PREC? O tenebroso manobrador dos últimos conluios do PS para encostar Eanes à parede, com uma ardilosa interpretação do artigo 190.º da Constituição, na chamada crise do III Governo Constitucional ou, se quiserem, do IX Governo Provisório?
Uma Cambada! Uma Cambada!... Uma Cambada que dava para uma enciclopédia ou para uma biblioteca, quanto mais para um livro...
Revejo o meu País. Quem não deve governar o País é o PS.
O povo não se deixou enganar mas o certo é que essa "maioria de esquerda" esteve sempre em exercício (embora por vezes veladamente) e, por fim, até com a cobertura imbecil e oportunista das cúpulas do CDS. Não me refiro evidentemente à grande maioria dos militantes e aderentes deste partido, que foi gente que sofreu na carne e na alma a tragédia de Abril e agora está lançada na maior perplexidade.
O facto de o PS e o PC (ainda bem que mostraram o jogo) se recusarem a colaborar no governo orientado por Nobre Costa, é a prova do conluio que vem de longe e cujo objectivo é tornarem impossível a governação patriótica e independente que ponha o interesse nacional acima dos partidos. Acima dos partidos e, em especial, acima dessa autopropagandeada "maioria de esquerda". Os interesses da nação não são, com efeito, os seus interesses. Pretendem o poder não para salvar o país (pois destruíram-no e venderam-no), mas para satisfazer longas e antiquíssimas ambições pessoais e de grupo. Não têm o sentido de Pátria, bem pelo contrário: a Pátria foi por eles traída, esquartejada, vendida. Vendida às internacionais comunistas e capitalistas».


Vera Lagoa («A CAMBADA»).

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