quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O traidor!!!

 


Parte da história de um traidor, o coveiro da nação, e vá-se lá saber o porquê ainda é aclamado como símbolo da liberdade e democracia, mas afinal qual liberdade e qual democracia, deixo a resposta em aberto...

Em Portugal, traidores houve, algumas vezes!!!

Demasiadas, sem dúvida!!!

«Aconteceu então o que ficou conhecido por descolonização, de que Mário Soares, por convicção ou por ordens do PCP, foi um dos maiores responsáveis e autores. Como já acontecera antes, e que lhe valera uns tantos anos atrás das grades, colara-se mais uma vez ao PC de Álvaro Cunhal com o qual teria conjuntamente planeado a estratégia a cumprir logo a seguir ao pseudo-golpe militar do 25 de Abril. E não perdeu tempo pois havia uma fita do tempo a cumprir. Enquanto no primeiro 1.º de Maio vociferava ao lado de Cunhal que era imperioso acabar rapidamente com a vergonhosa guerra colonial, logo no dia seguinte marchava rumo às capitais europeias para explicar aos vários governos a situação em Portugal e no Ultramar na sequência do 25 de Abril. Afirmou que ia cumprir instruções do General Spínola, com o qual tinha estado reunido cerca de meia-hora!!! Não sei que directiva podia ter recebido pois, nem Spínola, nem muitos elementos do golpe, tinham a ideia rigorosa sobre os fundamentos, a génese do movimento e sua provável evolução. Acredita-se que soubessem do que gostariam que viesse a passar-se para darmos o tal salto para a frente com que todos sonhávamos, mas todos pareciam um pouco atordoados. Mário Soares, sentindo-se excessivamente dependente da estrutura do PCP, tinha fundado o seu próprio partido em Maio de 1973, para ver se conseguia um pouco mais de autonomia e, sobretudo, projecção ou protagonismo não só no espectro nacional como europeu. Na Alemanha reúne-se com meia dúzia de exilados políticos e leva a efeito o que se chamou de Congresso da AES (Associação de Esquerda Socialista), da qual era co-Fundador. Dali saiu, com pompa e circunstância, o partido socialista português, do qual Mário Soares era secretário-geral. E nesta função segue para a Europa, fazendo uma primeira escala em Bruxelas. Aqui encontra-se por mero acaso ou coincidência com Agostinho Neto que, por acaso, tinha decidido vir à Europa à procura de apoios. O homem do MPLA, derrotado politica e militarmente, parecia ressuscitar da longa agonia em que estava mergulhado. Ignora-se o teor da conversa entre os dois "lutadores antifascistas". Mário Soares sempre afirmou que não revelaria o teor da conversação havida entre ambos. No entanto, Agostinho Neto, sem qualquer projecção tanto a nível europeu como angolano, no dia seguinte, através de comunicados, incita os naturais de Angola a lutarem com toda a determinação contra o domínio e a opressão levados a cabo na sua terra, que sem qualquer benefício para o seu povo continuava a ser espoliado pelo colonizador. O que leva Agostinho Neto, que não dava sinais de vida desde 1971 e estava no Canadá aquando do 25 de Abril, a pedir ajuda aos angolanos para prosseguir a sua luta? Vem para Bruxelas, não se conhece a mando de quem e, após a conversa com Mário Soares, incentiva o povo angolano a pegar em armas e a expulsar o colonizador. Cheira a recado do nosso "mensageiro". Primeiro Acto de uma trágica odisseia que se vai arrastar por mais alguns meses, que perdura até hoje e jamais se apagará da memória dos portugueses e dos povos que a sofreram na pele.


Na sequência do golpe, Spínola ascende a Presidente da República e forma o primeiro governo provisório. Contra a vontade do PCP, Palma Carlos é o primeiro-ministro, mas sem liberdade para escolher os elementos do seu elenco ministerial. A comissão coordenadora do MFA, com Vasco Gonçalves à cabeça, segue as instruções do PCP que, de facto, é a sede do poder neste país desgovernado. Pereira de Moura, ex-comunista, contra a vontade de Spínola, assume a pasta da Educação onde irá ter lugar uma outra revolução. Todos nos recordamos das passagens administrativas. Conheci um jovem que em 1973 tinha reprovado no 5.º ano do liceu e que em Outubro de 1974 entrou para a Universidade de Coimbra!!! Recorde-se ainda um outro ministro, Capitão Costa Martins, da Força Aérea, que servira comigo na 3.ª Rep. do EMFA, onde não mostrara um mínimo de capacidade para o desempenho das suas funções, que foi chamado para a pasta do Trabalho onde teve como Secretário de Estado o Dr. Carlos Carvalhas o qual, logicamente, organizou o ministério e procedeu à respectiva purga.

Mário Soares, com toda a naturalidade, assume a pasta dos Estrangeiros enquanto Cunhal só é Ministro de Estado. Começam a rolar cabeças em todo o tecido nacional. Uns são demitidos, outros seguem para a prisão sem qualquer nota de culpa. Recorde-se que Kaúlza de Arriaga esteve enclausurado dezoito meses porque se negou a sair sem conhecer os crimes de que era acusado. Muitas outras figuras públicas foram metidas nas prisões sem que, a qualquer delas tenha sido elaborada nota de culpa. Espantoso! Foram enjaulados sem ninguém saber os crimes que tinham cometido. Casos como este foram às centenas, senão milhares. Portugal foi decapitado e os notáveis que foram saindo, substituídos por elementos preparados e instruídos pelo PCP.


Mas Mário Soares tem uma importantíssima missão a cumprir: a descolonização.

(...) Sabe-se [que a Fundação Mário Soares] não foi feita com dinheiros seus, mas com dinheiros públicos. O Governo, de uma só vez, deu-lhe mais de 500.000 contos e a Câmara de Lisboa, presidida pelo filho, deu-lhe um prédio no valor de centenas de milhares de contos.

(...) O percurso de Mário Soares é, no rebentar da revolução, descrito por ele próprio nos seguintes termos:

"No dia 24 de Abril estava em Bona e tinha um encontro previsto com elementos da fundação Hebert para os sensibilizar para o facto de estar-se a preparar uma revolução em Portugal. Eram as minhas informações e era, sobretudo, a minha própria apreciação da realidade, tal como a escrevera no jornal "Le Monde", num artigo publicado a seguir ao 16 de Março, onde comentara a revolta dos Capitães das Caldas da Rainha e "avisava" que esse movimento de descontentamento militar iria ter seguimento. A análise que fazia da situação é que era inevitável haver uma revolta das Forças Armadas que "não suportavam mais o peso da guerra colonial e a sucessão de comissões de serviço" no chamado Ultramar. Era já esta a minha apreciação quando se criou o partido socialista. Desembarquei na manhã do dia 28. Era um domingo, o que me proporcionou grandes manifestações populares desde a fronteira. E da estação fui directamente falar com o General Spínola. Dos militares do 25 de Abril conhecia apenas o Melo Antunes. Estivera na última campanha eleitoral em que participara, em Outubro de 1969. Encontrei-o uma ou duas vezes, foi ao meu escritório, falámos. Tratava-se de um militar no activo, um homem decidido que enfrentava os problemas e colocava as questões. No dia 1 de Maio viajei logo após o comício e a pedido de Spínola, para Paris, onde, para além de ver François Miterrand, me avistei também com o Presidente Senghor com quem apalavrei o encontro de Dakar. Em Bruxelas avistei-me com elementos do partido socialista e do governo Belga, Henri Simonet, por exemplo, e com Agostinho Neto. Em Londres estive no N.º 10, Downing Street, com o primeiro-ministro, Harold Wilson, e o ministro dos Negócios Estrangeiros".


Nesta sua história, Mário Soares não fez nem faz a mínima referência aos seus encontros com Cunhal e Boris Ponomariov em Praga, Paris e Londres, onde também teria estado Melo Antunes, o pseudo-cérebro da revolução dos cravos. Aí, nesses encontros, lhe foram transmitidas ordens concretas que teria de levar a efeito logo após a queda do governo que estava podre e nem pretendia continuar mais em funções.

Só Soares, Cunhal, Melo Antunes e Vasco Gonçalves sabiam da revolução tal como fora planeada pela União Soviética no período da Guerra Fria, quando os EUA se encontravam enterrados no Vietname. E aconteceu o 25 de Abril, com toda uma encenação para lhe dar um carácter de golpe militar quando no fim foi uma segunda edição do golpe comunista de 1948 em Praga. O grande "democrata" e anti-fascista Soares lança-se numa batalha frenética pela conquista do poder. A sua actividade desenvolve-se a um ritmo alucinante em vários sectores, em especial na descolonização, enquanto os verdadeiros senhores do poder nos tempos subsequentes à revolução se mantêm, aparentemente, na sombra, mas criando o aparelho que há-de conduzir o país ao caos completo, do económico ao educacional, do trabalho à justiça, etc., etc. Foi toda uma máquina complexa, mas extraordinariamente eficaz, que se vem arrastando até aos nossos dias, paralisando os centros vitais da actividade positiva e do progresso do país.


(...) Soares fica finalmente com a porta aberta para satisfazer as suas ambições pessoais. Após onze anos em funções governativas, limitou-se, quase exclusivamente, a estender a mão à caridade alheia da OCDE e do FMI, para conseguir os empréstimos que evitassem o descalabro económico e financeiro do país, que dá pelo nome de falência. E os milhões chegaram para tapar os buracos que ele próprio ajudara a abrir, embriagado pelo poder que lhe caíra nas mãos, levantando bem alto as bandeiras da democracia e liberdade que só serviam para os outros.

(...) Populista, demagogo e duma ambição desmedida, o poder mais alto do Estado cai-lhe finalmente nas mãos. (...) Mário Soares (...) retoma o caminho do esbanjamento e da promoção pessoal, consolidando a construção do "trono dourado" que idealizou para si e família.


(...) Só no seu último mandato, Soares fez mais de 100 viagens ao estrangeiro, mais do que as 87 que Sampaio totalizava em apenas oito anos de Belém. Quando Soares levava os mesmos oito anos de presidência, já averbava no bornal 111 viagens oficiais, mais 27 do que Sampaio. (...) Soares gostava de viajar com pompa e circunstância ao contrário de Sampaio que fez visitas mais curtas e com menor comitiva. As viagens de Soares não pretendiam essencialmente benefícios para Portugal, mas prestígio para o líder na sua desmesurada ambição pelo triunfo fácil e à custa dos contribuintes.

(...) Este chegou ao ponto de alugar um avião Jumbo para transportar os seus mais de 200 convidados, passeando-se pelo Extremo Oriente: China, Japão, Macau, Hong-Kong, Tailândia, durante cerca de 15 dias. Quanto terá custado ao erário público este louco desvario e quais os proveitos que trouxe a Portugal? Seria um exercício interessante e talvez não muito complicado de fazer.

(...) As críticas às suas constantes andanças pelo mundo nunca o preocuparam. Foi ele que disse um dia, numa referência directa ao então presidente da Câmara de Lisboa, João Soares: "O meu filho trata das ruas, eu trato dos passeios..."».

GENERAL SILVA CARDOSO («25 DE ABRIL DE 1974. A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA»).

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