quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O covarde espancamento de um Herói Nacional.

 Nuno Rogeiro @nrogeiro (also in Facebook) on Twitter: "Marcelino da Mata.  Oitenta anos. O militar mais condecorado de Portugal.… "




O MARTÍRIO DE UM HERÓI


Em agenda, quero registar as declarações, feitas em Janeiro de 1976, pelo alferes comando Marcelino da Mata, herói da Guiné, galardoado com a Torre e Espada - um militar que me honro de ter por camarada.

Marcelino da Mata, preso e torturado, no período gonçalvista, é o símbolo de muitas outras vítimas dos cobardes assassinos pêcêpistas, que quase puseram Portugal a ferro e fogo. A defesa dessa gente, a defesa de companheiros de armas, arrastados para a ignomínia da sujeição à arrogância dos tais rapazinhos muito novos, muito "valentes", muito sebentos no corpo e na alma, também a chamámos a nós, os do MDLP.

Declarações do Alferes Comando, MARCELINO DA MATA, sobre a sua prisão e tortura sofridas no RALIS.

- No dia 17/5/75, quando me encontrava em Queluz Ocidental, ouvi pela rádio ser comunicado que me encontrava preso, no RALIS. Perante tal absurdo, dirigi-me ao Regimento de Comandos na Amadora, Unidade onde estava colocado, e falei com o Oficial de Serviço, capitão Ribeiro da Fonseca, ao qual contei o que acabara de ouvir e pedi que esclarecesse a situação.

O capitão Ribeiro da Fonseca, na minha presença, telefonou para o RALIS e falou com o tenente Coronel Leal de Almeida, tendo o mesmo respondido que me deviam levar imediatamente escoltado para esta Unidade. Telefonou ainda o capitão Fonseca para o COPCON falando directamente com o brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho, o qual confirmou que me devia entregar ao RALIS pois estavam concentradas todas as operações nesta Unidade. Foi assim que escoltado por tenente-comando e duas praças fui levado para o RALIS. Uma vez chegado à Unidade referida e enquanto o tenente que me escoltava se dirigia ao oficial de serviço, aproximou-se de mim um furriel armado que me disse ter ordens para me levar para a casa da guarda e manter-me aí incomunicável. Apareceu entretanto um aspirante que me levou para uma sala do edifício do Comando onde permaneci sozinho até às 24.00.

Apareceu depois das 24.00 um indivíduo alto, forte e de cabelo e barba compridos que, intitulando-se segundo comandante do RALIS, mas que depois vim a saber que se tratava de um militante do MRPP conhecido por "RIBEIRO", me estendeu um papel para aí eu escrever tudo o que sabia sobre o ELP.

Mais tarde apareceu um aspirante e um furriel chamado DUARTE e o capitão QUINHONES que tornaram a fazer a mesma pergunta. Uma vez que jamais tinha ligação com o ELP ou qualquer organização outra, respondi-lhe negativamente. Entrou então o capitão QUINHONES MAGALHÃES, disse-me que me ia fazer o mesmo que se fazia na Guiné aos "turras" quando não queriam falar e puxou do seu cinturão no que foi secundado pelo furriel Duarte. Saíu o capitão QUINHONES e regressou acompanhado de outro indivíduo, baixo e forte, que também vim a saber ser do MRPP e conhecido por "JORGE", e mais outro furriel, aos quais o capitão QUINHONES ordenou que me fossem batendo à bruta até que eu confessasse. Apareceu então o tenente coronel LEAL DE ALMEIDA que me disse que os pretos só falavam quando levavam porrada e eram torturados e que não tinha outra solução senão ordenar que me fizessem isso.

Ordenou o capitão QUINHONES que me encostassem à parede e despisse a camisa, o que tive de fazer. Após isto, fui agredido sete vezes com uma cadeira de ferro nas costas o que me provocou vários ferimentos. Não resistindo caí, mas o capitão QUINHONES disse que me pusesse de joelhos e um outro indivíduo que entrou, intitulando-se oficial de marinha agrediu-me mais duas vezes com a cadeira. Após isto o capitão QUINHONES e furriel DUARTE, um de cada lado, agrediram-me com o cinturão por todo o corpo, e eu, que já sentia dores na coluna, senti dores nas costelas e caí novamente no chão.

O capitão QUINHONES ria-se e dizia que o tenente-coronel LEAL DE ALMEIDA queria que eu falasse nem que eu ficasse todo partido e que ele ia mesmo fazer-me falar.

Passados uns momentos, quando me encontrava novamente sentado, e como fizesse tenção de reagir às agressões, algemaram-me e perguntaram-me se eu conhecia uns indivíduos, os quais haviam entrado mais ou menos quando me começaram a agredir com a cadeira de ferro. Como eu dissesse que conhecia alguns deles e outros não foram-me dizendo os nomes apontando para eles e enunciaram um COELHO DA SILVA, um Doutor MAURÍCIO, que não conhecia, e o JOÃO VAZ, ALVARENGA AUGUSTO FERNANDES (BATICAN) e o ARTUR, todos africanos, os quais já conhecia da Guiné. Então o capitão QUINHONES ordenou ao tal "JORGE" que pegasse num fio eléctrico e me torturasse, tendo-me este dado choques nos ouvidos, sexo e no nariz. Pela terceira vez que me fizeram isto desmaei, pois não aguentei.

Quando recuperei tornaram, o capitão QUINHONES e o furriel DUARTE, a agredir-me com os cinturões e a cadeira de ferro, sentindo eu nessa altura que devia estar com fractura da coluna e costelas e tinha vários ferimentos grandes em todo o corpo. Mais uma vez não aguentei e desmaei.

Ao recuperar os sentidos encontrava-me todo molhado e ensanguentado, não tinha movimentos nas pernas e quase não podia respirar além de fortes dores por todo o corpo.

Por volta das 6h do dia 18 trouxeram para junto de mim e dos outros indivíduos que estavam ali presos e já mencionados, o FERNANDO FIGUEIREDO ROSA, também da Guiné, ao qual agrediram com a cadeira de ferro e arrastaram para fora da sala. Entretanto entrou também uma senhora que dizia ser mulher do COELHO DA SILVA à qual o furriel apalpou as nádegas e seios e outras partes do corpo, frente ao marido. Fui algemado, logo a seguir à entrada da senhora, e conduzido à prisão onde um furriel encheu com água, até ao nível dos tornozelos a cela.

Por volta das 23.00 fui retirado da prisão e vi o tenente fuzileiro CORTE REAL e o ex-tenente fuzileiro FALCÃO LUCAS cá fora, os quais ao ver o meu estado me disseram que a eles também lhes tinham dado um "bom tratamento" mas não tanto como o meu. Fui metido, a seguir, numa Chaimite e levado para Caxias onde cheguei já pelas 01.00 ou 02.00 do dia 19/5/75. Chegado a Caxias o capitão tenente XAVIER, e o qual conhecia da Guiné, tratou-me com termos ordinários e obscenos e mandou-me levar para uma cela, apesar de ver o estado em que me encontrava e de me ter queixado e afirmado que necessitava ser assistido clinicamente. Só no dia 21/5/75 e depois de muito insistir com pedidos ao oficial de serviço, aspirante de Marinha, FERNANDES, fui levado à enfermaria de Caxias onde me fizeram os primeiros tratamentos, mas quando era necessário ser radiografado faziam-no sempre às zonas do corpo que não eram aquelas de que me queixava.

Permaneci 150 dias em Caxias e só quando fui libertado e colocado com residência fixa consegui ser tratado convenientemente e soube ter tido fractura de duas costelas e da coluna.


Lisboa, 24 de Janeiro de 1976

MARCELINO DA MATA
ALF. COMANDO».


Alpoim Calvão («De Conakry ao MDLP - dossier secreto).


Em Portugal traidores houve algumas vezes, e depois do 25 de Abril revelaram-se, multiplicaram-se como cogumelos, na verdade não houve revolução alguma, o que aconteceu revestiu-se da maior traição da nossa história, e por isso mesmo tentam ou tentaram eliminar da mesma os nossos heróis, galeria da qual faz parte Marcelino da Mata.

"Ditosa Pátria que tal filho teve."

Descanse em paz, a merecida paz, um homem que cumpriu, como ser humano e como português, um homem que deixa saudade, um exemplo de entrega, um exemplo de coragem, um exemplo de entrega à sua pátria.

Até sempre.

"Se servistes à pátria, que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma.“

Padre António Vieira

Alexandre Sarmento





20 comentários:

  1. ... AO TEN. COR. MARCELINO DA MATA PRESTO, COM MUITO RESPEITO R ADMIRAÇÃO, A MINHA CONTINÊNCIA !!! AOS SUÍNOS DO RALIS DE 75, O MEU MAIS PROFUNDO ESCARRO DE DESPREZO E ÓDIO !!!

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  2. Ao Ten.Coronel Marcelino Da Mata presto a minha homenagem como grande Portugues que é, acima dos bastardos que o atacaram covardemente!!!
    Glória ÇP*taria que tal filho Tem!!Mama Sume|||

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  3. 150 dias são 5 meses, ou seja de Maio a Outubro.
    No dia 25 de Novembro esses merdosos deveriam ter levado um tratamento idêntico e, posteriormente um balazio nos olhos.
    Marcelino da Mata é um herói Nacional, mas não entendo em 2021 desenterrar uma História que deveria ter sido resolvida há 44 anos.
    Quero uma Pátria unida, seria bom termos padrões mais elevados.
    Eu inspiro-me em Jesus Cristo, Ghandi e Nelson Mandela.
    Desenterrar o Machado, passados 44 anos não nos leva a lado nenhum.

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  4. A Imprensa e as Televisões Portuguesas, hemudeceram de vergonha ou foi por cobardia, perante a morte de um Grande Português, que incomodou e incomodará para sempre os tais "revolucionários criminosos" do PREC?

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  5. Que vergonha, miseraveis sem respeito por quem tanto deu ao pais,que este heroi descanse em paz.

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  6. Marecelino da Mata faleceu esta semana... este post e' de 27 de Agosto de 2020... o que me esta' a escapar ?

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  7. Não percebo como esses criminosos, nunca foram julgados!? São criminosos, covardes e traidores, que deveriam ser julgados e incriminados.

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  8. Nao compreendo como os comandos, sabendo desse crime cruel, nao rebentaram com esses miseraveis, e ainda ha povinho que lambe as botas a esse velho miseravel, quequetico , que se diz lutar pelo direito dos trabalhafores, e uma mumia paralizante, Deus mos livre se o pais tivesse caido nas maos desses miseraveis, em pouco tempo que la estiveram, destruiram toda a nossa riquesa, miseraveis.

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  9. Gostei de saber que os " revolucionários" de esquerda afinal são racistas e usam os mesmos métodos da PIDE...

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  10. O covardes e ladroes corruptos do passado Sao os mesmo de hoje saqueadores e bandilhoes de um Pais Portugal em seculos de historia foi gerido por um bando de traidores assassinato do Rei para reinar uma republica de corruptos e ladroes uns assassinos comunas

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  11. Os chamados heróis de Abril também vão desaparecendo duraram demasiado tempo paz ao verdadeiro combatente que muito se prejudicou por lealdade ao país e aos camaradas.

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  12. A minha maior homenagem ao herói Nacional,tenente coronel Marcelino da Mata.Deus lhe de a Paz que os cobardes na terra lha tiraram ..!!!

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  13. Isabel do Carmo e seu marido Carlos Antunes e outros Esquerdistas Radicais, que mal trataram Portugueses, o General Marcelino da Mata, quando o meteram na Prisão de Caxias, foi torturado e teve que fugir para Espanha. COMUNISTAS? Esquerdistas/ Comunistas, querem impor a ditadura em Portugal, são a minoria e tem sonhos TENEBROSOS. ACORDEM PORTUGUESES

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  14. Honra a um dos Heróis nacionais que tendo nascido na Guiné se limitou a cumprir o dever que todos os Combatentes tinham. Ele não serviu à espera de promoções, nem de comissões, nem de galardões. Serviu os senhores da guerra que nos traíram. Se houve Portugueses leais, fiéis a Causa
    Nacional para que foram mobilizados, Marcelino da Mata foi dos mais fiéis
    ao ideal que o convocou. Se houve traidores foram outros que traíram o juramento, deram por lá uns passeios, foram promovidos à pressa, amealharam distinções, promoções e, sob o poder dos canhões, correram com milhões, que nunca mais recuperaram.
    Fui um desses e nunca pude fazer continência a esse Herói Nacional porque nunca o conheci. Mas sou da sua idade, pertenci à sua geração e espero que no próximo 10 de Junho - que é o dia da Raça - O PR condecore esse Luso-africano. Não sou racista, não sou xenófobo, não sou do chega que respeito porque é tão legítimo como o BE,O PAN, o livre e todos os outros. João Fonte

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  15. "Verdadeiros Heróis como o Tenente Coronel Marcelino da Mata nunca morrem , tornam-se lendas !»" !!!

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  16. Apenas hoje li o que aqui está exposto. Tive na altura conhecimento da situação mas nunca com os " horrores " que aqui são referidos e nos quais acredito pois também sei que muitos dos documentos de situações semelhantes estão desaparecidos ou guardados secretamente. A verdade nunca se virá a saber sobre muita coisa.
    Para terminar deixo aqui uma questão : " ALGUÉM VIU QUALQUER COMENTÁRIO SOBRE ESTE ASSUNTO OU CRITICAS SOBRE O MESMO EMANADAS DO PRINCIPAL TRAIDOR NACIONAL QUE VIVEU EM ARGEL E ONDE SE GLORIFICAVA COM A MORTE DE CAMARADAS NOSSOS?"

    A GALOPE, A GALOPE, À CARGA.
    MORTE OU GLÓRIA !!!

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O Molusco...

Para bom entendedor... «(...) A ambiguidade da figura de Caetano, de acordo com o The New York Times, tinha ficado bem demonstrada na sua at...