
"A verdade, a decisão, o empreendimento, saem do menor número; o assentimento, a aceitação, da maioria. É às minorias que pertencem a virtude, a audácia, a posse e a concepção." Charles Maurras
(...) Regressado aos Estados Unidos, Dwight Eisenhower apresenta a sua candidatura à Presidência, em nome do partido republicano; é eleito; e sucede a Harry Truman. No Departamento de Estado, Dean Acheson é substituído por John Foster Dulles. Tem repercussões no mundo o resultado da eleição: que política será a de Eisenhower? Em França, acentua-se a instabilidade governamental, e desta resulta uma oscilação constante da atitude de Paris. Schumann abandona os Negócios Estrangeiros, e regressa Georges Bidault; e de novo estão em causa o papel da França, na NATO, e as relações como a nova Alemanha de Konrad Adenauer. Neste particular, o debate político em França trava-se sobre a questão de manter um exército francês autónomo, ou de o europeizar numa união da Europa Ocidental, ou na estrutura da NATO; e ainda sobre o estatuto da Alemanha, que ressurge como Estado Federal, e a cooperação desta com o Ocidente. São tradicionais os receios da França perante um ressurgimento do poderio germânico; restabelecer este, todavia, parece indispensável para resistir ao expansionismo soviético; há que procurar, desta forma, o melhor enquadramento para uma Alemanha remilitarizada; e Londres e Washington, com a anuência de Bonn, inclinam-se para a entrada da nova República Federal no quadro do Pacto do Atlântico. Por seu lado os Estados Unidos, sob a orientação de Dulles, reforçam uma política de alianças para além da NATO, e destinada a conter a penetração russa; as Filipinas, a Austrália, a Nova Zelândia, a Tailândia, o Paquistão, a França e o Reino Unido dão o seu aval a essa política; e em paralelo com a NATO, é firmada a SEATO [iniciais para significar: South East Treaty Organization]. De súbito, porém o mundo é colhido por uma notícia inesperada: em 5 de Março de 1953 morre Estaline. Da reunião do presidium emana a escolha de Georgi Malenkov para lhe suceder em todos os cargos; mas, pouco após, a sua actividade fica cingida à chefia do governo; e as suas funções de secretário do partido são confiadas a Nikita Krushchev. No exterior, há a sensação de que, no plano político, está constituído um triunvirato formado por Malenkov, Beria e Molotov, e que disporia das decisões supremas: é o princípio da chefia colectiva ou colegial, apresentado como inovação na estrutura do poder soviético: e é denunciado o culto da personalidade do tempo de Estaline. Pelo mundo corre uma interrogação: vão cessar o terror, a agressividade, a subversão de terceiros países, o expansionismo imperial da ditadura estaliniana? Muitos ficam persuadidos de que a União Soviética, desaparecido o ditador de aço, vai entrar num período de distensão, de liberalismo; e entre os povos dos países satélites há sobressaltos de esperança. E Eisenhower declara: "o mundo inteiro sabe que com a morte de Estaline findou uma era".
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Robert SCHUMAN E Konrad ADENAUER |
Em Lisboa, Salazar, sempre apaixonado pela situação do mundo, não deixa de se sentir preocupado, e mesmo perplexo. Como a encara neste momento? Escreve para Bruxelas, a Eduardo Leitão: "Noto na vida internacional uma pausa, de um lado provocada por ninguém saber quais serão e até onde irão as divergências no respeitante aos negócios do mundo entre a administração Eisenhower e a de Truman, por outro lado pela mutação no governo da França que se encontra em face de uma opinião pouco disposta a aceitar o exército europeu, ou talvez mais precisamente a dissolução do exército francês no exército europeu". E quanto a ideias federalistas? "A meu ver", diz Salazar, "as ideias federalistas que parece terem sido tão do agrado de franceses e italianos e não sei se belgas e holandeses, apesar do impulso que por todas as formas lhes dão os americanos, encontram dificuldades de execução e até poucas simpatias em muitos meios, convencidos de que se trata menos de um problema europeu do que de arranjar maneira de resolver dificuldades da política francesa". Em nada disto tem Portugal que estar envolvido, mas "o caso é sobretudo desagradável porque estes vai-vens da política europeia fazem perder tempo na organização de forças e no estreitamente da cooperação económica, militar, cultural e política que, sem federação ou com federação, é possível e necessário estabelecer e reafirmar".
Estas preocupações pela defesa do Ocidente não são exclusivas de Salazar. São partilhadas por homens eminentes, da política e das letras, em muitos países do Ocidente. Há pouco fora Henri Massis, que viera desabafar junto de Salazar a sua ansiedade; e agora é a Gustave Thibon, da mesma linha ideológica de Massis e de Gabriel Marcel, que Salazar recebe, e interroga sobre a situação francesa, e de quem escuta iguais desabafos. E são também homens da política: é André de Staercke, muito ligado a Paul Spaak, que em cartas e visitas não esconde o seu pessimismo; é Van Acker, primeiro-ministro belga; é Paul Van Zeeland, que continua ministro dos Estrangeiros da Bélgica; são outros ainda. E justamente Van Zeeland acaba de convocar Eduardo Leitão e de lhe pedir para consultar o chefe do governo português sobre a conjuntura mundial, e em particular os negócios da Europa e as ideias em curso quanto ao futuro desta. Leitão tudo transmite para Lisboa, e Salazar responde à consulta de Van Zeeland no dia seguinte ao da morte de Estaline. Traça um quadro inicial: "As coisas aparecem-nos assim: os Estados Unidos, pela simplicidade do seu espírito e ligeireza das suas opiniões, não vêem para a Europa outra solução política que não seja a unidade através da federação; a França, que se nos afigura um país cansado de lutar e a quem a plena independência parece pesar, adopta a ideia como a maneira mais fácil de evitar o rearmamento alemão isolado e amanhã potencialmente hostil; as nações que se agrupam em volta da França parecem convencidas, embora por motivos diversos, de que aquele é o melhor caminho de salvar a Europa e talvez o único de assegurar o apoio americano, em potência militar ou em dólares". Desdobra depois o seu pensamento: há apenas duas realidades, que são uma ideologia americana e uma política francesa: mas a viabilidade de executar a ideia, o ambiente político e moral, os problemas económicos, estão em plano secundário, embora sejam o essencial. Por ideologia americana, entenda-se uma ideia de partido político no governo; por política francesa entenda-se a de uma fracção dos políticos franceses, porque a França, "se anseia por não ter de bater-se, também procura não ser mandada por outros"; e quanto ao receio de perda do auxílio americano, "penso que esse receio não tem razão de ser, porque a Europa é tão necessária à América como esta à subsistência da liberdade europeia". Mas "é sobre tão frágeis fundamentos que se anda a construir a federação da Europa". E essa federação é possível? No domínio lógico, é. Apenas há duas maneiras, no entanto, de a conseguir: por acto de força de um federador ou por lenta evolução que pode levar séculos. Não existe um federador: "se a Rússia puder, talvez ela o faça nos países danubianos sob a sua égide; se Hitler tem ganho a guerra, era possível que obrigasse a Europa a federar-se sob a hegemonia alemã; e pelos frutos e demoras da evolução não se quer esperar". E que pode resultar de uma federação? Resultam o abandono de terras, arrumação ou concentração de indústrias, deslocação de populações, desequilíbrios económicos, perdas de interesses e capitais: são sofrimentos sem conta, alterações profundas nas maneiras de viver e de pensar: "mas retoma-se a vida em novas bases, e no futuro, num futuro largo, pode até ser melhor para todos os que então existirem". Isto pode fazer-se pela força; não o podem fazer os políticos, ao menos de um dia para o outro, contra interesses inconciliáveis e os sentimentos das populações. Porque a verdade é que a Europa nasceu de um certo modo e tem um certo carácter; a sua diversidade, se é fraqueza, é também fonte da sua radiação universal; tem nações tão antigas que o seu nacionalismo se confunde com o instinto de propriedade; e é duvidoso que por combinações ou tratados se possa erigir o Estado Europeu. E, se se constituísse, esse Estado europeu seria por muito tempo destituído de coesão e força efectiva; "o momento óptimo para o ataque russo, se a Rússia pensasse em atacar o Ocidente, era exactamente o da constituição do Estado Federal Europeu". Essa federação, a fazer-se, far-se-ia sob a égide republicana: comportaria três grandes repúblicas (França, Alemanha, Itália) e três pequenas monarquias (Bélgica, Holanda, Luxemburgo): a força das primeiras, a dificuldade de escolha de uma dinastia comum, o desejo dos americanos, imporiam a solução republicana: e os três pequenos países teriam de se desfazer das suas instituições. Depois, há o problema colonial. Itália e Alemanha foram despojadas de tudo; os domínios ultramarinos serão integrados na federação, que herdará as colónias belgas e francesas; os que nada têm a perder são os que têm tudo a ganhar; mas a Bélgica e a França não pertencem a este grupo. Deste modo, uma federação europeia suscitará mais problemas do que resolve; constituiria por muito tempo uma construção política e economicamente frágil; por cima de sacrifícios e sofrimentos a impor às gerações actuais, a Federação poderá dispor de mais espaço, racionalizar a produção, conseguir com os territórios ultramarinos uma maior base económica para o conjunto. Acontece que, pela sua força e capacidade, será a Alemanha quem conduzirá a federação para todos os seus destinos. "Para isto, talvez não valesse a pena ter feito a guerra". E a Inglaterra? No território europeu, a Inglaterra funciona já como um estado federal; no mundo, é a cabeça de uma associação de Estados. Se a Inglaterra tomar na Europa o compromisso de um esforço total, será a perda da chefia da comunidade; e os vários Estados que compõem esta, privados daquele ponto de apoio, procurarão outros pólos de atracção. Parece desassisado que, em nome de uma unidade hipotética, se desfaça ou corra perigo de desaparecer uma outra unidade, já existente e de real valor.
O grande problema em relação ao ambiente em Portugal, é sobretudo a submissão de todos os sectores ao poder do capital e das máfias instaladas.
Assim sendo, o ar que respiramos, a terra que cultivamos, os espaços nos quais os nossos animais pastam, a qualidade da água que bebemos e aquilo que comemos, são meros pormenores sem importância, pois, há razões ocultas para que tal assim aconteça!!!
Uma das razões é meramente económica, fazer com que todos nós passemos a ser supermercado-dependentes, outra, a manipulação da nossa vontade própria através dos inibidores intelectuais contidos nos produtos de consumo em massa, e a terceira e quiçá a razão que mais atenta contra nós, o retirarem-nos a auto-suficiência, o deixarmos de poder produzir aquilo que comemos, um verdadeiro controle e uma forma de nos vergarem ao sistema, quem não alinha, não come, um perfeito sistema comunista, que tal como e muito diz a sua definição, um sistema Capitalista e Monopolista de Estado, esta é a definição de comunismo, se alguém duvida, faça então uma busca e verá, se tenho ou não razão!!!
Isto é o controle, deixámos de ser pessoas, seres humanos e passámos a ser apenas dados estatísticos, dizem que isto é o progresso, infelizmente, ainda muita gente acredita na demagogia dos actores deste regime, não se trata de direitas e esquerdas, trata-se de uma luta consciente pela sobrevivência e liberdade de todos nós, há que pensar no futuro, pensar nas próximas gerações e que tipo de vida vão ter, temos obrigações, o tempo é curto, e o tempo de tomar atitudes é agora!!!
Neste momento temos que encetar uma luta do povo contra um Estado que deixou de ser um servidor do povo e da nação e passou a servir-se, a parasitar aqueles que o sustentam, temos hoje uma verdadeira ditadura, na qual a única coisa que cremos ser nosso direito, é, o meter uma porcaria de um voto numa urna, acção essa, que dispenso, estou farto de ser enganado, estou farto de ver destruir o meu país, estou farto de ser roubado e estou farto de ver roubar o futuro dos meus filhos e netos.
Acordem para a realidade.
Alexandre Sarmento
«Em todas as partes do mundo por onde andei, ao ver uma ponte perguntei quem a tinha feito, respondiam os portugueses; ao ver uma estrada fazia a mesma pergunta e respondiam: portugueses. Ao ver uma igreja ou uma fortaleza, sempre a mesma resposta, portugueses, portugueses, portugueses. Desejava pois que da acção francesa em Marrocos daqui a séculos seja possível dizer o mesmo».
Marechal Lyautey citado por Hélio Felgas («Estudos Ultramarinos», 25.º Caderno, p. 21, Academia Militar, Lisboa, 1967).
Farsa, conspiração, ou um plano bem urdido de domínio do planeta?
O novo governo mundial, uma Nova Ordem Mundial em fase de conclusão...
Tudo um jogo arquitectado pela elite da alta finança maçónica sionista!!!
«Na Europa os americanos bateram-se contra os alemães na qualidade de aliados dos soviéticos mas na Ásia combateram praticamente sós. Receberam alguma ajuda da Grã-Bretanha mas o maior peso, no Extremo Oriente, foi suportado unicamente por eles. A URSS, aqui, não só não se conduziu como aliada como permaneceu de relações amigáveis com o Japão, mantendo a sua embaixada em Tóquio e uma importante rede de espionagem - um autêntico exército de espiões. O Japão conservou igualmente a sua embaixada em Moscovo. De 7 de Dezembro de 1941, data do ataque a Pearl Harbor, a 9 de Agosto de 1945 a Rússia soviética manteve-se alheada do conflito e só deu conta dele nesta data, quando a derrota se consumou e a rendição japonesa já não era senão uma questão de dias. Então, a URSS declarou guerra, entrou na Manchúria, invadiu o norte da China, a Coreia do Norte e outros pontos de apoio nevrálgico administrados pelos japoneses.
Assim, sem ter disparado um tiro, e depois de apenas cinco dias de "combates" fictícios, a União Soviética, com o completo acordo do governo americano, recolheu todos os frutos da capitulação do Império do Sol Nascente. Comunizou a China e apoderou-se - para além da Manchúria - da Mongólia Exterior e de Sin-Kiang (três províncias que representam um terço da China).
(...) Que se medite bem neste pormenor: depois de somente cinco dias de pseudo-combate... Ora o próprio Estaline admitiu que, sem contar com os bens de equipamento, 2/3 do material de guerra utilizado pelo seu país - no conflito europeu - provinha dos Estados Unidos. Tudo isto prova que nenhum homem sensato imaginará, um só minuto, que os americanos se obstinaram, durante quatro anos, a lutar, com êxito, contra os japoneses para libertar o Pacífico do seu domínio, para remeterem os louros aos soviéticos; que os Estados Unidos terão atacado por toda a parte as consideráveis forças japonesas disseminadas nas ilhas do Pacífico, desafiando a sua frota poderosa e o seu exército distribuído em mais de uma centena de ilhas afastadas umas das outras, à custa de 200 000 mortos, sem contar com a perda da maior parte da sua aviação e da sua marinha, absorvendo milhões de dólares, para acabar por abandonar os frutos da sua vitória à tirania implacável do país dos sovietes. Entretanto, Estaline que, como dissemos, dependeu da ajuda americana, pôs de pé os seus planos, triunfou completamente e abandonou a cena, mantendo na algibeira, tranquilamente, uma fatia da Ásia. Como pôde acontecer esta coisa tão inacreditável?»
Deirdre Manifold («Fátima e a Grande Conspiração»).
Tendo-me remetido ao silêncio nos últimos tempos, resolvi emitir opinião sobre a atitude de alguém que frontalmente desafia o sistema e os seus donos, alguém com a coragem de dizer aquilo que a grande maioria e de forma pessoal deveria ter a coragem de fazer, mostrar que ainda tem voz activa e vontade própria.
Estou solidário com esta atitude do Juiz Rui Fonseca e Castro, sobretudo pela forma como mostra a sua indignação e revolta face ao sistema, face a este sistema totalitário e corrupto, este sistema comuno-fascista em que aos poucos nos vão retirando todas as liberdades e capacidade de resposta em que vamos sendo mentalmente capados. Vivemos hoje num regime em tudo semelhante ao regime vivido na antiga URSS, China ou qualquer outro paraíso comunista.
Está na hora da sociedade civil mostrar que tem direito a mostrar publicamente a sua vontade, indignação e sobretudo mostrar que há mais vida para além daquela que os donos do sistema nos pretendem impor.
Agora, e mostrando a minha posição pessoal face a tudo aquilo que se passa relativamente à farsa a que deram o nome de Covid19, é tempo de acabar com a farsa, com a manipulação e com a repressão exercida sobre a população em geral. Saturei da manipulação e verdadeira campanha de terror perpetrada pelos media, sobretudo pelos corrompidos canais de televisão e imprensa escrita, o mais perfeito exemplo da forma violenta com a qual o sistema manipula e condiciona a população em geral, a forma como sistema induz o medo e o terror na população, arrisco mesmo dizer, nunca houve na história uma campanha de propaganda tão vil e efectiva como esta a que estamos a assistir, e segundo o que podemos assistir, nunca existiu anteriormente outra que tivesse surtido efeito como esta que hoje temos a bombardear-nos 24 horas por dia, 365 dias por ano.
Como a politica partidária e a ideologia não me definem, estou a reiterar o meu apoio como homem, como cidadão e como ser humano consciente ao Juiz Rui Fonseca e Castro, na mesma condição, em pé de igualdade, faço-lhe a devida vénia, não por ser um Juiz a tomar tal posição, a lutar contra o sistema, a lutar contra a farsa, a lutar contra a grande mentira, mas sim, por ser o comum cidadão Rui Fonseca e Castro a lutar convicto e consciente contra o mais vil ataque à sociedade civil, o fazer sentir que ainda há quem tenha a coragem de com frontalidade e hombridade de o fazer publicamente.
Não me vou alongar, não adianta e não vale a pena, todos aqueles que estão conscientes e despertos sabem que por trás desta farsa a que chamam de pandemia existem interesses obscuros. Além dos interesses corporativos, existe o outro lado, o controle da população pelo medo, pela instauração de um regime de terror, o controle das massas, remetendo as mesmas para uma verdadeira ditadura para um regime comunista, apenas com uma pequena diferença na forma como se procede ao controle das massas, se na ex-URSS os cidadãos eram enviados para os Gulag à força de baionetas, hoje as pessoas acabam por viver num verdadeiro Gulag de forma voluntária, perfeitamente manipuladas.
Para terminar, quem não luta pelo futuro que quer, tem que aceitar o futuro que vier, lembrem-se disso...
Alexandre Sarmento
O que mais choca, nas actuais polémicas sobre a avaliação dos regimes políticos portugueses, a República, a ditadura salazarista e a Democracia, é a falta de segurança dos democratas, sejam eles de esquerda, de centro ou de direita. Mas sobretudo dos socialistas, esquerdistas, comunistas e social-democratas. O que quer que se diga e possa parecer louvor ou mera neutralidade relativamente a um qualquer fenómeno histórico é imediatamente condenado na praça pública. Os seus autores são tratados de fascistas e vendidos. Ainda por cima, ignorantes e analfabetos, sendo que a designação de fascista é a mais importante. A recente controvérsia sobre as políticas económicas e sociais do antigo regime revelou bem a insegurança de tantos democratas, políticos ou académicos.
Gente sem força suficiente para acreditar na democracia, no regime das liberdades e da tolerância, fica hirta e arrepiada logo que uma afirmação sobre o Estado Novo ou a ditadura salazarista não for de mera condenação e simples insulto. Para esses frágeis democratas, estudar, sem preconceitos, os quarenta anos de ditadura é crime. Perceber por que aquele regime durou tantos anos, sem que seja apenas graças à tortura, é venal e cúmplice. Compreender as diversas fases do regime e verificar que, no universo da economia e das relações externas, houve um período de fecho e outro de abertura, é meio caminho andado para a complacência. Considerar que a adesão à ONU, a fundação da NATO e da EFTA e a adesão à OCDE foram importantes vitórias internacionais do regime é submissão às forças da ditadura. Na verdade, os vulneráveis e inseguros democratas que assim pensam consideram pura e simplesmente que o regime salazarista não deve ser estudado, deve ser condenado. Que tudo quanto aconteceu nas décadas de ditadura foi péssimo e deve ser denunciado. Que os que hoje têm uma atitude diferente são salazaristas ou mesmo fascistas. E sobretudo que todos os que com eles não concordam a propósito da política e das questões actuais, são da direita ou da extrema-direita, salazaristas e quase fascistas.
As proezas económicas e sociais do regime salazarista são reais, umas, duvidosas outras e inexistentes outras ainda. Todas elas ficam evidentemente ligadas à política daqueles tempos. Esta última incluía o facto de Portugal não ser um Estado de direito, a falta de democracia, a existência de polícia política e de censura, uma política colonial particularmente opressiva e uma concepção limitada e restritiva de direitos humanos. E é possível afirmar que esta política alimentou e acompanhou todas as políticas sociais e económicas, tanto as de conservação e imobilismo, como as de abertura e inovação; tanto as que, de início, ajudaram ou não contrariaram a estagnação da economia, como as que, mais tarde, contribuíram para o crescimento e o desenvolvimento.
Como também é possível confirmar, em traços grossos, a existência de algumas fases ou de uns tantos períodos da evolução económica e social com características diferentes. Uma longa primeira parte exibe taxas de crescimento medíocres, falta de inovação e investimento, estagnação económica e manutenção de muito pobres condições de vida tanto nos campos como nas cidades. Foram longos anos durante os quais muito teria sido possível, tanto na economia como na sociedade, mas que na realidade pouco foi efectuado e levado a cabo. Pobreza, analfabetismo, mortalidade infantil, esperança de vida, alimentação deficiente e subemprego revelavam condições sociais e de vida de muito especial dureza e atraso, perante as quais as autoridades, desinteressadas ou impotentes, capitularam.
Uma segunda parte revelou forças e energias até então insuspeitas. O crescimento económico foi real, com a ajuda da reorientação europeia da economia, do comércio externo, do investimento estrangeiro, da emigração, dos baixos salários atraentes para os investidores, do turismo, dos rendimentos coloniais e de outros factores. Mais de um milhão e meio de portugueses emigraram, o que aliviou a questão social, diminuiu o subemprego e trouxe enormes recursos por via das remessas. Foi uma “época de ouro” para a economia portuguesa. Até a guerra colonial, fragilidade maior do regime, contribuiu para o crescimento económico.
Sim, a economia portuguesa, medida pelo produto, pelo rendimento nacional e pelo produto por habitante, cresceu, na “década larga” de 1960 a 1974, a médias inéditas e não repetidas da ordem dos 6% a 7% por ano.
Sim, esta década foi a de maior crescimento económico que se conhece com algum rigor, talvez mesmo a de maior crescimento do produto por habitante da história do país.
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Terreiro do Paço 1970. |
Sim, no fim desta década, Portugal encontrava-se praticamente em pleno emprego, tanto no mundo rural como nas cidades, enquanto o principal problema de muitas empresas e de vários sectores produtivos era o de falta de força de trabalho, até porque faltavam homens que se encontravam na emigração ou nas guerras de África.
Sim, foi nesta altura que a indústria portuguesa mais cresceu na história do país, tendo havido anos em que esse crescimento anual ultrapassou os 15%.
Sim, nessa década foram dados os primeiros passos importantes no sentido de criar um primeiro e tímido embrião do Estado social, ou algo que se parecesse com isso, de modo que o número de beneficiários da segurança social e da caixa de pensões, assim como o de pensionistas, aumentou como nunca antes.
Sim, nessa década o analfabetismo infantil foi praticamente erradicado, apesar de o analfabetismo adulto se ter mantido a níveis únicos na Europa.
Sim, as condições de saúde da população começaram a melhorar de modo visível, apesar de muito lentamente e mau grado os indicadores sanitários estarem ainda muito longe dos verificados nos países europeus.
Em quase todos estes casos do universo social, o crescimento e os melhoramentos verificados após o 25 de Abril foram mais rápidos, mais justos, mais significativos e mais universais. O que não invalida o reconhecimento dos anos anteriores.
Intelectualmente medrosos, inseguros, descrentes da sua própria razão, necessitam estes políticos e estes académicos de apagar o resto do mundo para fazer valer o seu. Precisam de condenar às trevas exteriores todos os que não se reconhecem nas suas ladainhas. Só vivem felizes e só se sentem à vontade se puderem crescer num cemitério de ideias e de liberdade. Não pensam, excluem. Não argumentam, ditam. Não estudam, condenam.
in Público, 3.7.2021
Socialismo e Capitalismo.
"O
governo das sociedades contemporâneas é orientado segundo um princípio
absolutizado e universalizado, a que tudo se deve subordinar: o
princípio da economia. O predomínio absoluto deste princípio começou por
constituir a arma que conquistou para a burguesia o domínio das
sociedades. Conquistado esse domínio, logo o princípio da economia se
revelou instrumento da mais flagrante e dolorosa injustiça.
Multiplicaram-se as suas vítimas vertiginosamente, até abrangerem a
quase totalidade dos homens. Quando essa injustiça, assim estabelecida,
ficou patente e adquiriu as proporções de escândalo, procurou-se
atribuir às modalidades e processos de aplicação do princípio, não ao
próprio princípio, a sua origem e causa. Mantendo-se assim, no seu
pedestal, esse princípio absoluto e único, reforçando-o e elevando-o até
mais alto, dividiram-se em duas correntes principais os adoradores do
ídolo - chamaram-se uns socialistas, chamaram-se outros capitalistas. O
que os distingue é apenas a modalidade, o processo daquilo que ambos os
grupos designam por «distribuição da riqueza», designação sarcástica
pois do que efectivamente se trata é da «distribuição da pobreza». De
qualquer modo, o ídolo é o mesmo, o princípio fica intocável e sua
soberania continua a ser total. (...)"
Orlando Vitorino
"Suaves Cavaleiros" «A Ilha», nº4/1 a 14, Jan.1971
Lembrar o Eça neste dia em Lisboa ... EM QUE O EÇA, SOB UM VIOLENTO DESARRANJO INTESTINAL, SE METE A ENALTECER D. JOÃO VI E A DEITAR AS CU...