terça-feira, 13 de outubro de 2020

As duas espécies de portugueses, por Orlando Vitorino.


Um ilustre desconhecido da grande maioria, de uma lucidez tremenda e intelectualmente honesto, faltam hoje na nossa sociedade homens mentalmente coerentes, com sentido patriótico e pungentemente frontais...

«Aquele sentimento ainda persistente, mas vago, indefinido e no entanto sequioso de definição (que só pode ser intelectual); aquele sentimento de patriotismo que ainda encontramos nas populações do "interior", sobretudo as rurais; esse sentimento logo o vemos apagado, evanescido, até ridicularizado nas populações das grandes cidades, em especial Lisboa, cidade de classe média social, de meia-tigela intelectual, de doutores e bacharéis semi-sapientes, cuja suficiência satisfeita de si é alimentada, em cada dia da semana, por um "semanário de opiniões" - coisas como o "Expresso", o "Semanário", o "Jornal", o "Diabo"... - e, naturalmente, pelas discursatas dos políticos de serviço.

É neste ambiente citadino que nos ficam a olhar como a um fantasma de outro mundo quando lhes dizemos que Portugal é uma Pátria e que uma Pátria é uma entidade espiritual. Claro que os poderíamos "esclarecer", ou captar-lhes o crédito de "provincianos" mentais, lembrando-lhes que também De Gaulle dizia que a França é uma ideia, "uma certa ideia". Mas De Gaulle terá sido, para alívio desta gente de meia-tigela, o último verdadeiro homem de Estado...».

Orlando Vitorino («O processo das Presidenciais 86»).

3 comentários:

  1. Está certo. . . absolutamente certo. . . . só que o sistema actual, não deixa que a voz de pessoas assim, seja ouvida. .. . eles sabem que pessoas deste género, se fossem ouvidas, mesmo que por pouco tempo levava as pessoas para outro campo, que não a miséria actual, corrupção sem limites, gamanso descarado, desvio dos dinheiros publicos para fins diferentes que não para aquilo a que se destinam. . . . este sistema é uma fraude e as pessoas verdadeiras, aquelas que dizem a verdade, incomodam toda a espécie de trafulhas que chafurda na politica. . .

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  2. Como faltAM HOMENS de visão (Estadistas) , ser mediocre já dá imenso trabalho, a melhor forma de interagir com essa gente é gozá-los, usar a ironia e o sentido do humor, registar o ridiculo...porque o ridiculo mata-lhes o ego.

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