Chegou a Hora de Falar Verdade
A Revolução Francesa teve uma coisa simplesmente bela!... é que os lobos acabaram de se comer entre si.
Considerada o paradigma de todas as revoluções, viu, assim, milhares de inocentes irem para o cadafalso –, mas também viu todos os pais da Revolução a serem guilhotinados: Camille Desmoulins, Saint-Just, Danton, Lacroix, Robespierre… à excepção de Marat, cuja justiça foi feita de outro modo –, fora do patíbulo. Dir-se-ia que a Revolução de 1789 fez jus ao devorar os seus principais obreiros.
Logo se depreende facilmente, quando se diz:
«Todos os povos têm os governos que merecem».
Mas será que todos (entre os povos) merecem estes governos falhos sob a égide da Revolução Francesa?!
Vivi 27 anos na plenitude de todas as liberdades do Estado Novo, sob os bons auspícios do seu fundador, considerado pela crítica internacional, como o mais notável estadista do seu tempo à escala planetária – com os epítetos: «Salvador da Pátria», «Messias», «Mago das Finanças»… conforme reza a História –, e esta não se engana. Estou a reportar-me, naturalmente, a Salazar – defensor acérrimo dos valores assentes na tríade: Deus, Pátria e Família – pilares fundamentais de uma sociedade verdadeiramente livre!
Este ingente estadista que aclimatou a sociedade portuguesa, adulterada dos seus valores tradicionais – muito por culpa da Primeira República –, deu viço novo aos Portugueses, acertando-lhes o passo no bom caminho.
Ora, foi neste ambiente de portuguesismo, impregnado de inspiração cristã, que tive a felicidade e o deleite de viver 27 anos na plenitude de todas as liberdades!... Sim, porque liberdades é um pouco diferente de liberdade. Por isso, Salazar dizia:
«Não creio na liberdade, mas nas liberdades. A liberdade que não se inclina perante o interesse nacional chama-se anarquia e destruirá a Nação».
Mas, retomando a palavra, será sempre regozijante lembrar um pouco a vida escolar, que tem a ver com as reminiscências do passado. A escolaridade obrigatória, a Instrução Primária, como era designada, tinha um percurso de 4 anos, apenas. Ainda, hoje, muita gente se questiona, como era possível, num período de tempo tão curto, preparar-se o futuro das gerações, de então. Como era possível singrar tanta gente nos mais variados domínios culturais, nomeadamente nas letras?! Ainda se vai encontrando gente dessa: literatos, jornalistas, agentes culturais… A que se deve tudo isto? A resposta é simples: o ensino pautava-se pela qualidade, rigor e exigência; não como mera estatística «para inglês ver». Só passava quem estivesse apto. Que adianta um percurso escolar de 9, 10 ou 12 anos se os requisitos não existem? Porventura tem havido exames? E se os há, quais os requisitos de asseveração? Outrora o exame da 3ª classe implicava exames com provas escritas e orais perante um júri de três professores. O exame da 4ª classe irradiava mais solenidade do que o actual 12º ano. Um aluno para ingressar no ensino secundário (liceus e congéneres) tinha que se submeter a um exame de admissão com elevados padrões de exigência. Resultado: três exames rigorosamente asseverados em apenas dois anos. Os programas didácticos, os livros adoptados, os métodos pedagógicos, obedeciam a padrões sob total controlo do Estado e em plena uniformidade de critérios. A mesma uniformidade era cabalmente respeitada, relativamente aos anos lectivos. Iniciavam impreterivelmente no dia 1 de Outubro, fizesse chuva ou sol, em todo o Portugal: continental, insular e ultramarino, com a mesma certeza e o rigor dos ponteiros de um relógio suíço. E aplicava-se a todos os tipos de ensino.
E, a propósito, passo a citar o Prof. Silva Lopes (catedrático, economista e ex-ministro das Finanças) –, figura marcante e indiscutível do actual regímen político, que em finais de Novembro de 2002, perante as câmaras da R.T.P. disse mais ou menos nestes termos:
«Hoje há muitos licenciados que não passavam no exame da 4ª classe de antigamente».
Vindo de quem vem – longe de qualquer suspeita – não há margem para qualquer dúvida.
Depois desta aligeirada e incompleta resenha sobre a Instrução Primária há uma pergunta que surgirá na mente dos mais jovens. Como foi possível tudo isto? Fundamentalmente pela conjunção de dois factores: um Estado forte, organizado, com governação competente; professores igualmente competentes, esforçados e investidos de autoridade. Nada de promiscuidade!... Nada de empecilhos!... Quem mandava na escola era o professor –, apenas submetido à hierarquia.
Passemos à área da Segurança. E, aqui, Portugal foi sui generis em todo o Ocidente, com uma reduzidíssima taxa de criminalidade (sem pena de morte, ao invés de alguns países de «grandes tradições democráticas»). O crime organizado e violento no seu Modus faciendi como o vemos hoje, a todo o momento: assaltos à mão armada, tráfico de droga, pornografia infantil, redes pedófilas, sequestros, fogo posto, tráfico de crianças e mulheres, novas formas de escravatura… tudo isto (e o que há-de vir!) não passava de pura ficção. E os tempos não eram outros, como querem fazer crer os partidários da «Montanha». O regímen político, esse sim, é que é outro, parido em Abril de 1974, que logo no seu delinear, na «Época do Terror» (em apenas algumas semanas), os delitos praticados por bandos à mão armada, superavam, de longe, os praticados em quatro decénios, na vigência do Estado Novo. E nunca mais parou, apesar desta República: laica, democrática e socializante já ter a linda idade de 32 anos!!! Por isso, venho citando desde a primeira hora a conhecida máxima: «Ainda a procissão vai no adro!»
Com uns minúsculos efectivos policiais (não chegavam para fazer a cobertura actualmente dos distritos do Porto e Braga), o Estado Novo sob a competente chefatura de Salazar restabeleceu a ordem pública, depois da malfazeja anarquia vivida na Primeira República e, assegurou garantidamente as populações e os seus bens. E, fê-lo, de forma determinada e eficiente, de acordo com os princípios fundamentais de um Estado de Direito, apesar de alguns membros da «Convenção Nacional» – os mais ferozes revolucionários – apregoarem a todos os ventos o contrário.
Afinal: paz, tranquilidade e segurança não serão sinónimos de liberdade?
O Jornal de Notícias de 24/10/2003 transcreve um artigo do mesmo jornal escrito 50 anos antes com o título:
«Salazar foi uma dádiva incomparável da Providência!»
Pois bem, foi naquele tempo áureo do salazarismo que eu fui crescendo na plenitude de todas as liberdades. Aos 19 anos fui à guerra (uma guerra que nos foi imposta) porque não fugi para Paris nem traí o Povo. A Pátria exortava os Portugueses; estávamos na guerra de África (em três frentes); senti na pele as agruras da guerra: riscos de morte, sede, ânsias, fome, o insuportável «feijão-macaco», o sol abrasador, isolamentos, paludismo, estoicismos… E, porque era guerra, tombaram cerca de dez mil heróis. Muitos que sobreviveram foram condecorados no dia 10 de Junho (Dia da Raça). Era sempre assim, todos os anos, nesta data, só reservada aos heróis da Guerra do Ultramar. A Pátria Portuguesa reconhecia os seus heróis: não esses novos «heróis» do vedetismo e da fama, de qualquer coisa e de nada – verdadeiramente mercenários – que nada têm a ver com o sentido pátrio, abusivamente idolatrados, segundo os falsos conceitos da modernidade.
Quando começou a guerrilha em Angola, Salazar, magistralmente, como sempre, disse:
«Para Angola rapidamente e em força».
Morreu gente, é certo, naquele entrementes; mas, salvaram-se milhares de vidas, milhares de portugueses: brancos, mestiços e negros.
E se fosse hoje? Muitos debates: debates parlamentares, debates partidários, muita prosápia, falatório a rodos… E nenhuma acção. Veja-se o caso de Timor (hoje Timor Lorosae) – e, que, por sinal, as nossa tropas debandaram do território, quando ainda era solo português.
As grandes potências invejosas do velho Portugal, pequeno, com um império tão vasto e apetecível, reagiram relativamente à nossa posição ultramarina. A nível diplomático, um interlocutor norte-americano teve a desfaçatez de referir, que Portugal era um país pequeno, para um império tão grande. E, curiosamente, foram os Americanos os primeiros patrocinadores da guerrilha em Angola: a ganância desmesurada do petróleo. E veja-se o que eles fazem por esse mundo de fora a fora!... Veja-se a ignomínia do caso mais recente – a invasão do Iraque – só porque dois embusteiros (dois vendilhões de democracia) levaram ao Mundo a mentira, a perversidade e a revolta, tudo em nome da democracia! Sim, porque os crimes democráticos, não são crimes; os crimes não democráticos, são crimes. É tudo uma questão de democracia!… Mas deixemos esta questão e continuemos com a área da Defesa.
A história dos exércitos teve na sua génese preparar homens para a guerra, sobretudo na defesa dos seus territórios. O Exército Português foi reestruturado, segundo a vontade e a imagem de Salazar. Com efeito, tivemos a tropa que a minha geração conheceu: marcial, hierarquizada, disciplinada – diria demasiadamente disciplinada -, austera, viril, estóica, espartana… Apesar de todo este rigor, que causava, naturalmente, algum medo aos mancebos prestes a serem incorporados, era sempre motivo de orgulho para uns e vanglória para outros. Em suma: uma realização pessoal para todos os varões que ficavam apurados para todo o serviço militar. E, sobretudo, nas nossas aldeias, eram bem aceites pelas raparigas, porque a tropa do antanho era efectivamente uma escola de virtudes. Quando nos confrontamos com algumas tropas que para aí há – não sei se tropas ou trupes –, de estilos americanizados… Mas desculpem-me! Será que estou a falar de tropa? Ou será impressão minha? Enganei-me: estou a falar de universidades, novas alternativas de emprego, centros de formação profissional, sindicatos, vidinha de algarismo… enfim uma «peluda». Peço desculpa por este vernáculo. Mas era assim que se dizia no meu tempo de tropa: «isto é uma peluda».
Ora, a tropa que eu conheci foi à guerra – e, pelejava nos emaranhados e infinitos matagais tropicais. Não se prestava a bernardas: logo me sinto cada vez mais orgulhoso e regozijado por ter sido tropa, naquela tropa.
Quando todos pretendem avançar, transpor um século em seis meses – eu sinto-me feliz, imensamente feliz, em recuar meio século, voltar à meninice de escola, integrar-me dentro desse ambiente, e viver dentro de mim os anos ditosos da minha mocidade, rodeado das figuras daquele tempo, que passavam constantemente diante da minha vista, figuras com personalidade, com vida, com alma! Uma dessas figuras foi Salazar. Não apenas o brilhante estadista, mas o sage que transcende a maioria dos homens iluminados, razão por que quando discursava à Nação, os Portugueses (quase todos) atentos às suas palavras viam nele um Mestre virtuoso e providencial e pensavam: Magister dixit. Tal era a admiração por tão venerável figura.
Muita gente esclarecida, que viveu na vigência do Estado Novo, discorda totalmente como a figura de Salazar tem sido deturpada continuamente ao longo dos últimos 32 anos, mormente nas escolas, pretendendo-se acintosamente apagar um nome, escamoteá-lo da nossa História, como se agora que já não temem o Homem lhe temessem a sombra… Com efeito, tudo isto é insidioso, satânico e perpetrado por «montanheses», «sans-culottes», «convencionais» e alguns «girondinos». E, depois, temos alguns magotes de fazedores de opinião, saídos de todas estas esferas revolucionárias, que quando falam, até se julgam na posse da verdade.
Recuando umas semanas: aquando da campanha televisiva «Os Grandes Portugueses» em que nem sequer foi incluído o nome Salazar, porque a «Censura» –, esta terrível «Censura» que nada tem a ver com a do antanho, necessária, fundamentada e controlada pelo Estado – só retrocedeu por indignação e pressão de um punhado de bons portugueses, o que reflecte a visível intenção malsã que desvirtua o pensamento e mancha a acção de quem, morto, não se pode defender. Por isso chegou a hora de falar verdade!...
Pela única vez no historial de Abril foram televisionados debates verdadeiramente livres e imparciais, com a presença de figuras ligadas ao «ancien-regime». Tratava-se do 20º aniversário do 25 de Abril e os temas eram os 3 Dês: Democratização, Descolonização e Desenvolvimento. Os debates prolongaram-se no tempo (para cima de duas semanas). Vieram ao de cima verdades que tinham sido escamoteadas ao longo dessa vintena de anos. Resultado: um autêntico desaire. Até os próceres da actual situação questionavam se os debates não teriam periclitado a própria democracia. Os mais jovens, enraivecidos, questionavam tudo e todos, pelo empalmar de factos que eram de interesse público. O povo em geral falava na rua e noutros locais públicos, tecendo os mais variados comentários: que o inspector da P.I.D.E. tinha ganho o debate; que o Padre Fulano tinha dado uma lição aos militares do M.F.A.; que o general Sicrano faltou a um dos debates, alegando que não se sentava ao lado de traidores à Pátria; mais isto e mais aquilo… E foram narrados casos, muitos casos: um deles já no rol dos contos tradicionais portugueses - que começa assim:
- Era uma vez um capitão, ladrão, que foi ministro do Trabalho...
Concluindo: o revés foi tão profundo e estigmatizante, que jamais se pensou em iniciativas do género, com a presença de figuras do antanho, por se revelarem «incómodas» ao novo sistema político.
Com efeito, o actual regímen político empalmou durante 32 longos anos o que foi possível empalmar relativamente a tudo o que o Estado Novo teve de bom, a começar pelas grandiosas obras públicas: aeroportos, hospitais, tribunais, edifícios escolares, pontes, barragens… e que ainda hoje são as grandes obras. Como dizia Guerra Junqueiro:
«As grandes obras são como as grandes montanhas. De longe, vêem-se melhor.»
Precisamente, porque é oportuno, convém desmascarar a desfaçatez do regímen político vigente que se diz democrático, livre, justo e transparente (como vulgarmente se diz na nova dialéctica política) – e que permite a destruição de estátuas e outros símbolos da época; que muda nomes de pontes, de estádios, de ruas, de escolas, pondo-lhes outros ligados ao actual regímen para ludibriar os jovens e os mais incautos, apenas para defraudar a verdade da transcendência das obras do Estado Novo invejadas pela incompetência dos sucessivos governos desta nova República. E, a comprovar tudo isto, cito apenas (entre muitas) três obras de dimensão transcontinental: ponte Salazar (para mim, sempre ponte Salazar), ponte da Arrábida sobre o Douro e a barragem de Cahora Bassa, em Moçambique (infelizmente cedida quase gratuitamente a este país).
E agora? O que fizeram estes governos da Convenção? Muitas auto--estradas, com dinheiro a rodos, fresquinho, através dos fundos comunitários vindos de Bruxelas. Com o nosso dinheiro, através do Tesouro Público, sustentado à custa dos Portugueses que pagam cada vez mais impostos: muito pouco, quase nada… Por isso, chegou a hora de falar verdade!...
E comecemos pela malquerença, por um lado, e ignorância por outro, no que concerne ao «ancien-regime» com o fito de o infamar. Senão vejamos: durante o concurso televisivo «O Cofre» foi perguntado a um concorrente como se chamava o partido único do Estado Novo. O concorrente, miríades de telespectadores – todo o auditório –, ficou persuadido de que existiu um partido político designado por União Nacional –, mas o mais grave é que foi induzido em erro. Não será isto uma forma de deturpar factos e a própria História? A União Nacional era uma assembleia que permitia a todos os Portugueses participarem na vida política. Nada mais… Até se dizia que a União Nacional era um todo que não se partia. Mas, para corroborar este ponto, em particular, passo a citar Salazar numa entrevista concedida a António Ferro:
«A União Nacional fez-se, precisamente, para destruir o espírito de partido ou de facção, esteja ele onde estiver.» E disse mais:
«Os partidos políticos fizeram-se para servir clientelas. A União Nacional, como o seu nome indica, para servir a Nação…» E acrescenta:
«A União Nacional nunca será um partido porque tem uma aspiração mais alta: organizar a Nação!»
Foi, precisamente, esta brilhante ideia de Salazar, pela negação total de partidos políticos, que me levou a admirá-lo ainda mais.
Como dizia Alfredo Pimenta:
«Não ser a democracia o que este ou aquele quer, mas sim o que é: um regime de partidos, um regime de opiniões, um regime de guerra civil.»
Em 1958, Salazar na entrevista concedida a Serge Groussard é bem claro:
«Se a democracia consiste no nivelamento por baixo e na recusa de admitir as desigualdades naturais, se a democracia consiste em acreditar que o Poder encontra a sua origem na massa e não no escol, então efectivamente, eu considero a democracia uma ficção.»
De facto, nada mais real. A democracia está prenhe de paradoxos e incongruências. É um sistema político verdadeiramente Contra naturam. Veja-se a sua prática por esse mundo de fora a fora: tumultos, corrupção, terror, motins em estabelecimentos prisionais, sequestros, pilhagens, guerras civis… Veja-se aqui ao lado, em Espanha! Um país de fortes tradições, que legisla casamentos Contra naturam de invertidos e lésbicas, cuja prática não tardará a chegar a Portugal. É uma questão de tempo!... E, assim, teremos impostos mais pesados para sustentar mais um desconchavo ignominioso da máquina democrática.
Ora, foi neste «Estado Democrático», em plena «Época do Terror», que perdi as minhas liberdades, que tanto amei e conheci. Fui encarcerado, durante longas horas, por elementos da «Comuna insurreccional de Manica» (Moçambique) – ainda era território português - por eu ser um reaccionário, segundo diziam. Depois foram as perseguições a que fui sujeito durante este percurso mórbido de 32 anos… Estive quase a ser encarcerado, mais uma vez, muito por culpa de um magistrado «jacobino»…
Mas deixemos estas questões de âmbito pessoal e retomemos a palavra: as grandes virtudes e os defeitos de Salazar consistia no rigor excessivo consigo mesmo e com os outros. Não quis o Poder e não bajulou os eleitores. Deram-lhe o Poder e mesmo assim sob determinadas condições e imperativos.
Alexandre Herculano, referiu:
«A soberania é um facto, não é um direito.»
E António José Saraiva, progressista, homem com ideias de esquerda e opositor ao Estado Novo disse para o «Expresso» de 22/4/1989:
«E hoje vemos, com uma dura clareza, como o período da nossa História a que cabe o nome de Salazarismo foi o último em que merecemos o nome de nação independente. Agora em plena «democracia» e sendo o povo «soberano», resta-nos ser uma reserva de eucaliptos para uso de uma obscura entidade económica que tem o pseudónimo de C.E.E. (actual União Europeia).»
Como tem sido peculiar da minha pessoa, continuo a dizer que Portugal não passa de uma simples «satrapia» de Bruxelas. Porque o Portugal grande, soberano, independente, uno e indivisível do Minho até Timor foi um mundo de realidades e sonhos, que infelizmente acabou!...
Ainda, hoje, está por se fazer a verdadeira história da descolonização –, o mais horroroso crime que a nossa História alguma vez conheceu. Mas, como se pode rebater tão delicado e importante assunto, se os mais directos e principais lesados – os ditos retornados – se acomodaram facilmente às novas realidades?
Voltemos a insistir na conhecida máxima: «Todos os povos têm os governos que merecem».
Mas será que todos (entre os povos) merecem estes governos falhos sob a égide da Revolução Francesa?
Recordemos um pouco Danton, o célebre Danton, o pai Danton, como era conhecido entre o povoléu francês.
Este jacobino, um dos mais importantes revolucionários, que foi vítima de alguns dos seus correligionários – com razão ou sem ela, pouco importa –, em pleno Tribunal Revolucionário, ironicamente instituído por si, responde à pergunta que lhe foi feita, durante o julgamento que o levou ao cadafalso.
– A minha morada? Brevemente o nada, depois o Panteão da História.
Bem vistas as coisas, não haverá entre os Portugueses muitos dantonistas? Bastante diferente, claro, pois não vão para o cadafalso, mas vão apertando o cinto. Basta estar atento ao que vai sucedendo nos mais variados domínios da nossa sociedade. Veja-se o que vai pelo país de fora a fora! Descontentamentos, manifestações, greves a todo o momento, no que concerne às questões da saúde, carreira docente, funcionários públicos, enfim, abrangendo em geral todos os Portugueses. Será que os professores e funcionários públicos não estão a perder direitos e prerrogativas que vinham do «salazarismo»? Veja-se a Caixa Geral de Aposentações, as pensões de reforma por inteiro, as bonificações para contagem de tempo para efeitos de aposentação, garantia e estabilidade de emprego, tudo isto a contas com a caducidade. Enfim, apenas alguns, entre muitos exemplos.
E agora? Agora temos mais dantonistas que fazem da política um divertimento e a sua coroa de glória: os mais jactantes que estão na política – segundo dizem – em prol da causa pública. Morrendo também vão para o Panteão Nacional. E muitos milhares de outros: principais, secundários e terciários; uns partidários da «Montanha»; outros partidários da «Gironda»; alguns «convencionais» que se dizem independentes; os «sans-culottes»; os que frequentam os «Franciscanos» e os «Jacobinos», todos sentados à mesa do erário público, à espreita de chorudos vencimentos e de pensões de reforma vitalícias.
Com efeito, eu compreendo-os quando se atrevem a censurar Salazar, sistematicamente, acintosamente…
Compreendo-os, porque de facto, sob a sua governação, ninguém – nem ele, que era sempre o primeiro a dar o exemplo – se sentou à mesa do erário público. Apenas os membros do Governo tinham modestos vencimentos –, mas só na vigência das suas funções. Nada mais… Por isso, nunca se pôs em causa a sustentação da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações. Nunca houve a crise eterna do défice nem de outras crises que para aí se fala… E ainda deu para deixar 900 toneladas de ouro: a chamada «pesada herança».
Não há espaço, agora, para falar da vida pessoal de Salazar. Muitos biógrafos já o fizeram, todavia será interessante reproduzir algumas palavras que têm a ver um pouco com o seu cunho pessoal, no célebre discurso «O Meu Depoimento», proferido no Palácio da Bolsa do Porto, em Janeiro de 1949.
«Devo à Providência a graça de ser pobre: sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, ostentações. E para ganhar, na modéstia em que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.
«Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no Mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção.
«Se lhes defendo tenazmente os seus interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não por ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre». E assim continuou o seu discurso…
Efectivamente, Salazar era isto e muito mais; uma figura sui generis –, um verdadeiro servo da Nação. Como se dizia na gíria popular:
«Salazar casou-se com a Pátria»
E alguém escreveu:
«Esse Homem não morreu. Vive e viverá porque subiu e passou definitivamente a pertencer ao mundo imperecível do Espírito».
E o que temos hoje? Um país frouxo, chocho e podre até à medula –, que no dizer dos próprios próceres do regímen, está sempre na cauda da Europa: na Economia, na Educação, na Saúde, na Cultura, na Inovação, na Tecnologia... E nisto, estamos todos de acordo. Eu diria que somos sempre os primeiros no que é doentio e os últimos no que é saudável. Mas é o país que temos, infelizmente!...
E o que temos mais? Uma sociedade estrambótica, pervertida dos seus valores tradicionais, com muitos laivos de megalomania, vadiagem, filantropia maçónica, fantasia, egocentrismo, mandriice, aparências; uma sociedade cada vez mais compacta e contagiada por néscios, ímpios, efeminados, invertidos, viragos; uma sociedade cada vez mais funesta criada à imagem e semelhança do actual regímen político, em que um qualquer ignoto por acção malfazeja é elevado a figura pública; uma sociedade cuja quota-parte dos que trabucam vai direitinha para aqueles que só manducam, que é como dizer:
«É preciso arte e manha para comer o que o outro ganha».
E, assim, temos a sociedade hegemónica do «jet-set», com estrelas, novos-ricos e famosos a granel – todos da «nova aristocracia» –, mas que não passavam de genuínos plebeus, por ausência de autenticidade das suas linhagens, se porventura, tivéssemos que recuar aos velhos tempos da Realeza!
Castelo do Neiva, 11 de Novembro de 2006
Fonseca Alves
Nota: este artigo foi escrito alguns meses antes de Salazar ser considerado o maior português de sempre, pela maioria dos portugueses, no «célebre» concurso televisivo: «Os Grandes Portugueses».
A Revolução Francesa teve uma coisa simplesmente bela!... é que os lobos acabaram de se comer entre si.
Considerada o paradigma de todas as revoluções, viu, assim, milhares de inocentes irem para o cadafalso –, mas também viu todos os pais da Revolução a serem guilhotinados: Camille Desmoulins, Saint-Just, Danton, Lacroix, Robespierre… à excepção de Marat, cuja justiça foi feita de outro modo –, fora do patíbulo. Dir-se-ia que a Revolução de 1789 fez jus ao devorar os seus principais obreiros.
Logo se depreende facilmente, quando se diz:
«Todos os povos têm os governos que merecem».
Mas será que todos (entre os povos) merecem estes governos falhos sob a égide da Revolução Francesa?!
Vivi 27 anos na plenitude de todas as liberdades do Estado Novo, sob os bons auspícios do seu fundador, considerado pela crítica internacional, como o mais notável estadista do seu tempo à escala planetária – com os epítetos: «Salvador da Pátria», «Messias», «Mago das Finanças»… conforme reza a História –, e esta não se engana. Estou a reportar-me, naturalmente, a Salazar – defensor acérrimo dos valores assentes na tríade: Deus, Pátria e Família – pilares fundamentais de uma sociedade verdadeiramente livre!
Este ingente estadista que aclimatou a sociedade portuguesa, adulterada dos seus valores tradicionais – muito por culpa da Primeira República –, deu viço novo aos Portugueses, acertando-lhes o passo no bom caminho.
Ora, foi neste ambiente de portuguesismo, impregnado de inspiração cristã, que tive a felicidade e o deleite de viver 27 anos na plenitude de todas as liberdades!... Sim, porque liberdades é um pouco diferente de liberdade. Por isso, Salazar dizia:
«Não creio na liberdade, mas nas liberdades. A liberdade que não se inclina perante o interesse nacional chama-se anarquia e destruirá a Nação».
Mas, retomando a palavra, será sempre regozijante lembrar um pouco a vida escolar, que tem a ver com as reminiscências do passado. A escolaridade obrigatória, a Instrução Primária, como era designada, tinha um percurso de 4 anos, apenas. Ainda, hoje, muita gente se questiona, como era possível, num período de tempo tão curto, preparar-se o futuro das gerações, de então. Como era possível singrar tanta gente nos mais variados domínios culturais, nomeadamente nas letras?! Ainda se vai encontrando gente dessa: literatos, jornalistas, agentes culturais… A que se deve tudo isto? A resposta é simples: o ensino pautava-se pela qualidade, rigor e exigência; não como mera estatística «para inglês ver». Só passava quem estivesse apto. Que adianta um percurso escolar de 9, 10 ou 12 anos se os requisitos não existem? Porventura tem havido exames? E se os há, quais os requisitos de asseveração? Outrora o exame da 3ª classe implicava exames com provas escritas e orais perante um júri de três professores. O exame da 4ª classe irradiava mais solenidade do que o actual 12º ano. Um aluno para ingressar no ensino secundário (liceus e congéneres) tinha que se submeter a um exame de admissão com elevados padrões de exigência. Resultado: três exames rigorosamente asseverados em apenas dois anos. Os programas didácticos, os livros adoptados, os métodos pedagógicos, obedeciam a padrões sob total controlo do Estado e em plena uniformidade de critérios. A mesma uniformidade era cabalmente respeitada, relativamente aos anos lectivos. Iniciavam impreterivelmente no dia 1 de Outubro, fizesse chuva ou sol, em todo o Portugal: continental, insular e ultramarino, com a mesma certeza e o rigor dos ponteiros de um relógio suíço. E aplicava-se a todos os tipos de ensino.
E, a propósito, passo a citar o Prof. Silva Lopes (catedrático, economista e ex-ministro das Finanças) –, figura marcante e indiscutível do actual regímen político, que em finais de Novembro de 2002, perante as câmaras da R.T.P. disse mais ou menos nestes termos:
«Hoje há muitos licenciados que não passavam no exame da 4ª classe de antigamente».
Vindo de quem vem – longe de qualquer suspeita – não há margem para qualquer dúvida.
Depois desta aligeirada e incompleta resenha sobre a Instrução Primária há uma pergunta que surgirá na mente dos mais jovens. Como foi possível tudo isto? Fundamentalmente pela conjunção de dois factores: um Estado forte, organizado, com governação competente; professores igualmente competentes, esforçados e investidos de autoridade. Nada de promiscuidade!... Nada de empecilhos!... Quem mandava na escola era o professor –, apenas submetido à hierarquia.
Passemos à área da Segurança. E, aqui, Portugal foi sui generis em todo o Ocidente, com uma reduzidíssima taxa de criminalidade (sem pena de morte, ao invés de alguns países de «grandes tradições democráticas»). O crime organizado e violento no seu Modus faciendi como o vemos hoje, a todo o momento: assaltos à mão armada, tráfico de droga, pornografia infantil, redes pedófilas, sequestros, fogo posto, tráfico de crianças e mulheres, novas formas de escravatura… tudo isto (e o que há-de vir!) não passava de pura ficção. E os tempos não eram outros, como querem fazer crer os partidários da «Montanha». O regímen político, esse sim, é que é outro, parido em Abril de 1974, que logo no seu delinear, na «Época do Terror» (em apenas algumas semanas), os delitos praticados por bandos à mão armada, superavam, de longe, os praticados em quatro decénios, na vigência do Estado Novo. E nunca mais parou, apesar desta República: laica, democrática e socializante já ter a linda idade de 32 anos!!! Por isso, venho citando desde a primeira hora a conhecida máxima: «Ainda a procissão vai no adro!»
Com uns minúsculos efectivos policiais (não chegavam para fazer a cobertura actualmente dos distritos do Porto e Braga), o Estado Novo sob a competente chefatura de Salazar restabeleceu a ordem pública, depois da malfazeja anarquia vivida na Primeira República e, assegurou garantidamente as populações e os seus bens. E, fê-lo, de forma determinada e eficiente, de acordo com os princípios fundamentais de um Estado de Direito, apesar de alguns membros da «Convenção Nacional» – os mais ferozes revolucionários – apregoarem a todos os ventos o contrário.
Afinal: paz, tranquilidade e segurança não serão sinónimos de liberdade?
O Jornal de Notícias de 24/10/2003 transcreve um artigo do mesmo jornal escrito 50 anos antes com o título:
«Salazar foi uma dádiva incomparável da Providência!»
Pois bem, foi naquele tempo áureo do salazarismo que eu fui crescendo na plenitude de todas as liberdades. Aos 19 anos fui à guerra (uma guerra que nos foi imposta) porque não fugi para Paris nem traí o Povo. A Pátria exortava os Portugueses; estávamos na guerra de África (em três frentes); senti na pele as agruras da guerra: riscos de morte, sede, ânsias, fome, o insuportável «feijão-macaco», o sol abrasador, isolamentos, paludismo, estoicismos… E, porque era guerra, tombaram cerca de dez mil heróis. Muitos que sobreviveram foram condecorados no dia 10 de Junho (Dia da Raça). Era sempre assim, todos os anos, nesta data, só reservada aos heróis da Guerra do Ultramar. A Pátria Portuguesa reconhecia os seus heróis: não esses novos «heróis» do vedetismo e da fama, de qualquer coisa e de nada – verdadeiramente mercenários – que nada têm a ver com o sentido pátrio, abusivamente idolatrados, segundo os falsos conceitos da modernidade.
Quando começou a guerrilha em Angola, Salazar, magistralmente, como sempre, disse:
«Para Angola rapidamente e em força».
Morreu gente, é certo, naquele entrementes; mas, salvaram-se milhares de vidas, milhares de portugueses: brancos, mestiços e negros.
E se fosse hoje? Muitos debates: debates parlamentares, debates partidários, muita prosápia, falatório a rodos… E nenhuma acção. Veja-se o caso de Timor (hoje Timor Lorosae) – e, que, por sinal, as nossa tropas debandaram do território, quando ainda era solo português.
As grandes potências invejosas do velho Portugal, pequeno, com um império tão vasto e apetecível, reagiram relativamente à nossa posição ultramarina. A nível diplomático, um interlocutor norte-americano teve a desfaçatez de referir, que Portugal era um país pequeno, para um império tão grande. E, curiosamente, foram os Americanos os primeiros patrocinadores da guerrilha em Angola: a ganância desmesurada do petróleo. E veja-se o que eles fazem por esse mundo de fora a fora!... Veja-se a ignomínia do caso mais recente – a invasão do Iraque – só porque dois embusteiros (dois vendilhões de democracia) levaram ao Mundo a mentira, a perversidade e a revolta, tudo em nome da democracia! Sim, porque os crimes democráticos, não são crimes; os crimes não democráticos, são crimes. É tudo uma questão de democracia!… Mas deixemos esta questão e continuemos com a área da Defesa.
A história dos exércitos teve na sua génese preparar homens para a guerra, sobretudo na defesa dos seus territórios. O Exército Português foi reestruturado, segundo a vontade e a imagem de Salazar. Com efeito, tivemos a tropa que a minha geração conheceu: marcial, hierarquizada, disciplinada – diria demasiadamente disciplinada -, austera, viril, estóica, espartana… Apesar de todo este rigor, que causava, naturalmente, algum medo aos mancebos prestes a serem incorporados, era sempre motivo de orgulho para uns e vanglória para outros. Em suma: uma realização pessoal para todos os varões que ficavam apurados para todo o serviço militar. E, sobretudo, nas nossas aldeias, eram bem aceites pelas raparigas, porque a tropa do antanho era efectivamente uma escola de virtudes. Quando nos confrontamos com algumas tropas que para aí há – não sei se tropas ou trupes –, de estilos americanizados… Mas desculpem-me! Será que estou a falar de tropa? Ou será impressão minha? Enganei-me: estou a falar de universidades, novas alternativas de emprego, centros de formação profissional, sindicatos, vidinha de algarismo… enfim uma «peluda». Peço desculpa por este vernáculo. Mas era assim que se dizia no meu tempo de tropa: «isto é uma peluda».
Ora, a tropa que eu conheci foi à guerra – e, pelejava nos emaranhados e infinitos matagais tropicais. Não se prestava a bernardas: logo me sinto cada vez mais orgulhoso e regozijado por ter sido tropa, naquela tropa.
Quando todos pretendem avançar, transpor um século em seis meses – eu sinto-me feliz, imensamente feliz, em recuar meio século, voltar à meninice de escola, integrar-me dentro desse ambiente, e viver dentro de mim os anos ditosos da minha mocidade, rodeado das figuras daquele tempo, que passavam constantemente diante da minha vista, figuras com personalidade, com vida, com alma! Uma dessas figuras foi Salazar. Não apenas o brilhante estadista, mas o sage que transcende a maioria dos homens iluminados, razão por que quando discursava à Nação, os Portugueses (quase todos) atentos às suas palavras viam nele um Mestre virtuoso e providencial e pensavam: Magister dixit. Tal era a admiração por tão venerável figura.
Muita gente esclarecida, que viveu na vigência do Estado Novo, discorda totalmente como a figura de Salazar tem sido deturpada continuamente ao longo dos últimos 32 anos, mormente nas escolas, pretendendo-se acintosamente apagar um nome, escamoteá-lo da nossa História, como se agora que já não temem o Homem lhe temessem a sombra… Com efeito, tudo isto é insidioso, satânico e perpetrado por «montanheses», «sans-culottes», «convencionais» e alguns «girondinos». E, depois, temos alguns magotes de fazedores de opinião, saídos de todas estas esferas revolucionárias, que quando falam, até se julgam na posse da verdade.
Recuando umas semanas: aquando da campanha televisiva «Os Grandes Portugueses» em que nem sequer foi incluído o nome Salazar, porque a «Censura» –, esta terrível «Censura» que nada tem a ver com a do antanho, necessária, fundamentada e controlada pelo Estado – só retrocedeu por indignação e pressão de um punhado de bons portugueses, o que reflecte a visível intenção malsã que desvirtua o pensamento e mancha a acção de quem, morto, não se pode defender. Por isso chegou a hora de falar verdade!...
Pela única vez no historial de Abril foram televisionados debates verdadeiramente livres e imparciais, com a presença de figuras ligadas ao «ancien-regime». Tratava-se do 20º aniversário do 25 de Abril e os temas eram os 3 Dês: Democratização, Descolonização e Desenvolvimento. Os debates prolongaram-se no tempo (para cima de duas semanas). Vieram ao de cima verdades que tinham sido escamoteadas ao longo dessa vintena de anos. Resultado: um autêntico desaire. Até os próceres da actual situação questionavam se os debates não teriam periclitado a própria democracia. Os mais jovens, enraivecidos, questionavam tudo e todos, pelo empalmar de factos que eram de interesse público. O povo em geral falava na rua e noutros locais públicos, tecendo os mais variados comentários: que o inspector da P.I.D.E. tinha ganho o debate; que o Padre Fulano tinha dado uma lição aos militares do M.F.A.; que o general Sicrano faltou a um dos debates, alegando que não se sentava ao lado de traidores à Pátria; mais isto e mais aquilo… E foram narrados casos, muitos casos: um deles já no rol dos contos tradicionais portugueses - que começa assim:
- Era uma vez um capitão, ladrão, que foi ministro do Trabalho...
Concluindo: o revés foi tão profundo e estigmatizante, que jamais se pensou em iniciativas do género, com a presença de figuras do antanho, por se revelarem «incómodas» ao novo sistema político.
Com efeito, o actual regímen político empalmou durante 32 longos anos o que foi possível empalmar relativamente a tudo o que o Estado Novo teve de bom, a começar pelas grandiosas obras públicas: aeroportos, hospitais, tribunais, edifícios escolares, pontes, barragens… e que ainda hoje são as grandes obras. Como dizia Guerra Junqueiro:
«As grandes obras são como as grandes montanhas. De longe, vêem-se melhor.»
Precisamente, porque é oportuno, convém desmascarar a desfaçatez do regímen político vigente que se diz democrático, livre, justo e transparente (como vulgarmente se diz na nova dialéctica política) – e que permite a destruição de estátuas e outros símbolos da época; que muda nomes de pontes, de estádios, de ruas, de escolas, pondo-lhes outros ligados ao actual regímen para ludibriar os jovens e os mais incautos, apenas para defraudar a verdade da transcendência das obras do Estado Novo invejadas pela incompetência dos sucessivos governos desta nova República. E, a comprovar tudo isto, cito apenas (entre muitas) três obras de dimensão transcontinental: ponte Salazar (para mim, sempre ponte Salazar), ponte da Arrábida sobre o Douro e a barragem de Cahora Bassa, em Moçambique (infelizmente cedida quase gratuitamente a este país).
E agora? O que fizeram estes governos da Convenção? Muitas auto--estradas, com dinheiro a rodos, fresquinho, através dos fundos comunitários vindos de Bruxelas. Com o nosso dinheiro, através do Tesouro Público, sustentado à custa dos Portugueses que pagam cada vez mais impostos: muito pouco, quase nada… Por isso, chegou a hora de falar verdade!...
E comecemos pela malquerença, por um lado, e ignorância por outro, no que concerne ao «ancien-regime» com o fito de o infamar. Senão vejamos: durante o concurso televisivo «O Cofre» foi perguntado a um concorrente como se chamava o partido único do Estado Novo. O concorrente, miríades de telespectadores – todo o auditório –, ficou persuadido de que existiu um partido político designado por União Nacional –, mas o mais grave é que foi induzido em erro. Não será isto uma forma de deturpar factos e a própria História? A União Nacional era uma assembleia que permitia a todos os Portugueses participarem na vida política. Nada mais… Até se dizia que a União Nacional era um todo que não se partia. Mas, para corroborar este ponto, em particular, passo a citar Salazar numa entrevista concedida a António Ferro:
«A União Nacional fez-se, precisamente, para destruir o espírito de partido ou de facção, esteja ele onde estiver.» E disse mais:
«Os partidos políticos fizeram-se para servir clientelas. A União Nacional, como o seu nome indica, para servir a Nação…» E acrescenta:
«A União Nacional nunca será um partido porque tem uma aspiração mais alta: organizar a Nação!»
Foi, precisamente, esta brilhante ideia de Salazar, pela negação total de partidos políticos, que me levou a admirá-lo ainda mais.
Como dizia Alfredo Pimenta:
«Não ser a democracia o que este ou aquele quer, mas sim o que é: um regime de partidos, um regime de opiniões, um regime de guerra civil.»
Em 1958, Salazar na entrevista concedida a Serge Groussard é bem claro:
«Se a democracia consiste no nivelamento por baixo e na recusa de admitir as desigualdades naturais, se a democracia consiste em acreditar que o Poder encontra a sua origem na massa e não no escol, então efectivamente, eu considero a democracia uma ficção.»
De facto, nada mais real. A democracia está prenhe de paradoxos e incongruências. É um sistema político verdadeiramente Contra naturam. Veja-se a sua prática por esse mundo de fora a fora: tumultos, corrupção, terror, motins em estabelecimentos prisionais, sequestros, pilhagens, guerras civis… Veja-se aqui ao lado, em Espanha! Um país de fortes tradições, que legisla casamentos Contra naturam de invertidos e lésbicas, cuja prática não tardará a chegar a Portugal. É uma questão de tempo!... E, assim, teremos impostos mais pesados para sustentar mais um desconchavo ignominioso da máquina democrática.
Ora, foi neste «Estado Democrático», em plena «Época do Terror», que perdi as minhas liberdades, que tanto amei e conheci. Fui encarcerado, durante longas horas, por elementos da «Comuna insurreccional de Manica» (Moçambique) – ainda era território português - por eu ser um reaccionário, segundo diziam. Depois foram as perseguições a que fui sujeito durante este percurso mórbido de 32 anos… Estive quase a ser encarcerado, mais uma vez, muito por culpa de um magistrado «jacobino»…
Mas deixemos estas questões de âmbito pessoal e retomemos a palavra: as grandes virtudes e os defeitos de Salazar consistia no rigor excessivo consigo mesmo e com os outros. Não quis o Poder e não bajulou os eleitores. Deram-lhe o Poder e mesmo assim sob determinadas condições e imperativos.
Alexandre Herculano, referiu:
«A soberania é um facto, não é um direito.»
E António José Saraiva, progressista, homem com ideias de esquerda e opositor ao Estado Novo disse para o «Expresso» de 22/4/1989:
«E hoje vemos, com uma dura clareza, como o período da nossa História a que cabe o nome de Salazarismo foi o último em que merecemos o nome de nação independente. Agora em plena «democracia» e sendo o povo «soberano», resta-nos ser uma reserva de eucaliptos para uso de uma obscura entidade económica que tem o pseudónimo de C.E.E. (actual União Europeia).»
Como tem sido peculiar da minha pessoa, continuo a dizer que Portugal não passa de uma simples «satrapia» de Bruxelas. Porque o Portugal grande, soberano, independente, uno e indivisível do Minho até Timor foi um mundo de realidades e sonhos, que infelizmente acabou!...
Ainda, hoje, está por se fazer a verdadeira história da descolonização –, o mais horroroso crime que a nossa História alguma vez conheceu. Mas, como se pode rebater tão delicado e importante assunto, se os mais directos e principais lesados – os ditos retornados – se acomodaram facilmente às novas realidades?
Voltemos a insistir na conhecida máxima: «Todos os povos têm os governos que merecem».
Mas será que todos (entre os povos) merecem estes governos falhos sob a égide da Revolução Francesa?
Recordemos um pouco Danton, o célebre Danton, o pai Danton, como era conhecido entre o povoléu francês.
Este jacobino, um dos mais importantes revolucionários, que foi vítima de alguns dos seus correligionários – com razão ou sem ela, pouco importa –, em pleno Tribunal Revolucionário, ironicamente instituído por si, responde à pergunta que lhe foi feita, durante o julgamento que o levou ao cadafalso.
– A minha morada? Brevemente o nada, depois o Panteão da História.
Bem vistas as coisas, não haverá entre os Portugueses muitos dantonistas? Bastante diferente, claro, pois não vão para o cadafalso, mas vão apertando o cinto. Basta estar atento ao que vai sucedendo nos mais variados domínios da nossa sociedade. Veja-se o que vai pelo país de fora a fora! Descontentamentos, manifestações, greves a todo o momento, no que concerne às questões da saúde, carreira docente, funcionários públicos, enfim, abrangendo em geral todos os Portugueses. Será que os professores e funcionários públicos não estão a perder direitos e prerrogativas que vinham do «salazarismo»? Veja-se a Caixa Geral de Aposentações, as pensões de reforma por inteiro, as bonificações para contagem de tempo para efeitos de aposentação, garantia e estabilidade de emprego, tudo isto a contas com a caducidade. Enfim, apenas alguns, entre muitos exemplos.
E agora? Agora temos mais dantonistas que fazem da política um divertimento e a sua coroa de glória: os mais jactantes que estão na política – segundo dizem – em prol da causa pública. Morrendo também vão para o Panteão Nacional. E muitos milhares de outros: principais, secundários e terciários; uns partidários da «Montanha»; outros partidários da «Gironda»; alguns «convencionais» que se dizem independentes; os «sans-culottes»; os que frequentam os «Franciscanos» e os «Jacobinos», todos sentados à mesa do erário público, à espreita de chorudos vencimentos e de pensões de reforma vitalícias.
Com efeito, eu compreendo-os quando se atrevem a censurar Salazar, sistematicamente, acintosamente…
Compreendo-os, porque de facto, sob a sua governação, ninguém – nem ele, que era sempre o primeiro a dar o exemplo – se sentou à mesa do erário público. Apenas os membros do Governo tinham modestos vencimentos –, mas só na vigência das suas funções. Nada mais… Por isso, nunca se pôs em causa a sustentação da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações. Nunca houve a crise eterna do défice nem de outras crises que para aí se fala… E ainda deu para deixar 900 toneladas de ouro: a chamada «pesada herança».
Não há espaço, agora, para falar da vida pessoal de Salazar. Muitos biógrafos já o fizeram, todavia será interessante reproduzir algumas palavras que têm a ver um pouco com o seu cunho pessoal, no célebre discurso «O Meu Depoimento», proferido no Palácio da Bolsa do Porto, em Janeiro de 1949.
«Devo à Providência a graça de ser pobre: sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, ostentações. E para ganhar, na modéstia em que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.
«Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no Mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção.
«Se lhes defendo tenazmente os seus interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não por ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre». E assim continuou o seu discurso…
Efectivamente, Salazar era isto e muito mais; uma figura sui generis –, um verdadeiro servo da Nação. Como se dizia na gíria popular:
«Salazar casou-se com a Pátria»
E alguém escreveu:
«Esse Homem não morreu. Vive e viverá porque subiu e passou definitivamente a pertencer ao mundo imperecível do Espírito».
E o que temos hoje? Um país frouxo, chocho e podre até à medula –, que no dizer dos próprios próceres do regímen, está sempre na cauda da Europa: na Economia, na Educação, na Saúde, na Cultura, na Inovação, na Tecnologia... E nisto, estamos todos de acordo. Eu diria que somos sempre os primeiros no que é doentio e os últimos no que é saudável. Mas é o país que temos, infelizmente!...
E o que temos mais? Uma sociedade estrambótica, pervertida dos seus valores tradicionais, com muitos laivos de megalomania, vadiagem, filantropia maçónica, fantasia, egocentrismo, mandriice, aparências; uma sociedade cada vez mais compacta e contagiada por néscios, ímpios, efeminados, invertidos, viragos; uma sociedade cada vez mais funesta criada à imagem e semelhança do actual regímen político, em que um qualquer ignoto por acção malfazeja é elevado a figura pública; uma sociedade cuja quota-parte dos que trabucam vai direitinha para aqueles que só manducam, que é como dizer:
«É preciso arte e manha para comer o que o outro ganha».
E, assim, temos a sociedade hegemónica do «jet-set», com estrelas, novos-ricos e famosos a granel – todos da «nova aristocracia» –, mas que não passavam de genuínos plebeus, por ausência de autenticidade das suas linhagens, se porventura, tivéssemos que recuar aos velhos tempos da Realeza!
Castelo do Neiva, 11 de Novembro de 2006
Fonseca Alves
Nota: este artigo foi escrito alguns meses antes de Salazar ser considerado o maior português de sempre, pela maioria dos portugueses, no «célebre» concurso televisivo: «Os Grandes Portugueses».
A todos os que "perderam" um pouco do seu tempo a ler este artigo o meu bom dia.
ResponderEliminarAntes de mais quero agradecer ao autor a sua perspectiva histórica pois viveu nesse período, coisa que eu e muito outros apenas podemos ter conhecimento através da História mais ou menos bem contada ou melhor, pela boca dos que a viveram ("curiosamente" diferente da História oficial).
Devo ainda dizer que faço parte daquela geração a que chamaram de "rasca", nascida precisamente na época dos anos 70.
Penso que o texto embora muito actual deve ser revisto, porque Portugal não é hoje completamente a cauda da Europa ou do mundo, muito pelo contrário porque hoje, muitos como eu não estando contentes com a situação politica, económica e social do país, entraram na suas naus e caravelas e partiram à "conquista" de outras terras.
Mas existe uma grande diferença dos até então "exploradores", hoje, muitos de nós leva competências superiores e não apenas mão de obra.
Somos produto de um ensino público que foi alicerçado nos tempos de Salazar e que cada vez mais é reconhecido como de excelência.
Podemos mesmo fazer esta comparação a qualquer pais da Europa.
Devo ainda dizer que faço parte de uma "Nova União Nacional" que nenhum partido parece querer falar que é a abstenção, cidadãos que simplesmente se abstêm porque de uma forma transversal não existe NENHUM politico ou partido que mereça a confiança do voto.
Quero ainda manifestar que me revejo nos valores retratados neste texto mas existem alguns pontos que devem ser moderados a meu ver naturalmente.
Falou-se subtilmente na homossexualidade, antes de mais devo dizer que não gosto efectivamente e esse é um direito meu, mas também existe o direito dos homossexuais que deve ser respeitado e sou o primeiro a respeitar desde que eles também respeitem os meus direitos.
O mesmo principio para o Racismo, tema mais que gasto e que só cabe nas cabeças pequenas de incompetentes ou preguiçosos que procuram nos outros justificar a sua ausência de valores (gratuita por sinal)
Outro tema que me enfastia é o da religião. Como a maioria dos Portugueses, sou cristão de formação mas nem sempre praticante de actos puramente religiosos.
Quero apenas dizer que sou praticante dos valores transmitidos e que nenhum deles é sinónimo de conflito, marginalização ou descriminação.
Eu iniciei o meu percurso escolar numa das escolas de Salazar, com uma professora desse tempo, hoje vista como um demónio do inferno que curiosamente nenhum de nós reclama. E sim, apanhávamos quando merecíamos e se houvesse conhecimento em casa de tais comportamentos, a festa continuava porque inquestionavelmente tínhamos merecido.
Não quero discutir qualquer um destes temas pois são bastante sensíveis e muitas vezes levam ao fundamentalismo, coisa que também acho inaceitável.
Quero apenas manifestar a minha indignação que, num pais esmagadormente cristão se tenha retirado o crucifixo das escolas ou se exproprie para construir igrejas.
A meu ver deve haver naturalmente liberdade religiosa mas também deve haver respeito pela cultura do país onde se vive e claro novamente respeito pelos direitos dos outros.
Dou por exemplo a proibição do uso da burca em França, país igualmente maioritariamente cristão.
Para além de ser um atentado à mulher é uma questão também de segurança e falando já de emigrantes (sem esquecer que somos um povo de emigrantes), estes não podem chegar a "casa dos outros" e impor as suas vontades mas sim respeitar as vontades e valores dos seus anfitriões como aliás nós Portugueses fazemos na "casa dos outros".
E note-se que onde há povo há sempre um Português.
É bom que se esclareça a História, os seus intervenientes e acontecimentos marcantes, mas com isenção ou manipulação como estamos infelizmente habituados.
AMEN E BEM HAJA
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EliminarA verdade nua e crua, Espectacular só queria guardar em lugar seguro
EliminarTambem concordo consigo e gostei do seu texto parabens.
EliminarViva Salazar ! O único e o maior patrióta a defender a nossa Nação ! Ele sim! Merecia estar no PANTEÃO NACIONAL !!! Paz à sua alma e que Deus o tenha junto a si que merece.
ResponderEliminarPor muito mal que estes falsos e desonestos democratas digam de Salazar, ele será sempre inesquecível como o mais sério e competente Governante de Portugal e será sempre como um Pai que nunca se esquece.
ResponderEliminarSALAZAR já ninguém o pode tirar da História de Portugal como a personalidade mais importante do século XX e até hoje não superado.
SALAZAR será sempre o meu HERÓI.
Boas grandes palavras.
ResponderEliminarAs análises aqui expostas, demonstram bem o grau de adormecimento do povo e da forma como o poder político corroeu toda a sociedade em proveito próprio.
ResponderEliminarGrande Estadista, grande Governante, grande Português, grande Homem.
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