domingo, 13 de março de 2022

Salazar e a NATO.

 



SALAZAR E A NATO
Como é que Salazar encararia o papel da NATO nos dias de hoje?
Como se sabe, a NATO, foi criada bem depois da IIGG, e tb depois da ONU.
A NATO, foi preconizada - pouca gente conhece isto - por sugestão de Salazar, ainda antes da Guerra Civil de Espanha e portanto, bem antes 2ª. Guerra Mundial.
Propunha a união dos países ribeirinhos para a defesa de todo o Atlântico perante a ameaça soviética.
Esta ideia encontra-se bem patente e desenvolvida nos discursos de Salazar entre 1935 e 1948.
Sempre a bater na mesma tecla
Salientava o valor da nossa identidade luso-brasileira, do valor da aliança anglo-lusa e, após a vitória de Franco, da disponibilidade dos países ibéricos e países descendentes, nas costas leste e oeste, na defesa do Atlântico Sul.
Sugeria o forte protagonismo ibérico, das colónias espanholas e portuguesas da costa Oeste de África e dos países de língua espanhola e portuguesa das Américas.
O eixo-anglo-americano, parece que achou que era protagonismo a mais (julgam que os “hispanos” não merecem …) e rejeitou o mais importante da ideia.
E após o fim dessa guerra em que se tinha aliado com a URSS, perante o agigantar desta, passou a temer e a pensar na defesa do “ocidente”.
“Ocidente” esse, que ia pouco além dos aliados não comunistas da guerra que terminara em 1945.
Um “ocidente” em que o que verdadeiramente importava era a segurança dos interesses anglo-americanos. Tal qual hoje…
E assim ficou a ser, apenas, o Tratado do Atlântico Norte.
Hoje com a implosão da União Soviética, a NATO deixaria de ser necessária.
Mas parece que não. E agora é usada para apoiar o expansionismo anglo-americano no firmar de novas posições.
E assim, têm vindo a avassalar o Próximo e Médio Oriente, desde os países do Mediterrâneo até ao Paquistão.
Passando pelo Afeganistão, fundamental neste aperto do laço que pretende asfixiar a Rússia.
Mas a Rússia já faz tempo que não oferece os perigos do internacionalismo comunista.
Como é que Salazar, à frente de um País membro da NATO decidiria neste caso, se hoje estivesse ao leme?
Talvez tenhamos alguma ajuda se lermos este desabafo que expressou numa entrevista dada a Ploncard d’ Assac.
Ploncard d’Assac jornalista e escritor, que nos parece, com razoável aproximação, na linha de Franco Nogueira.
A pergunta para os Meus Amigos
Como é que Salazar procederia neste caso?
A seguir, os textos do jornalista francês.
Do Livro “Salazar” de Ploncard d’Assac. Páginas, 274, 275
Salazar vê a NATO a enveredar por caminho errado, avisa e sugere:
«Não há nada imutável, e por isso é natural que [as instituições] continuem a ser melhoradas consoante as necessidades que forem surgindo.»
Portugal por exemplo, é membro da N.A.T.O. Aceitou os riscos e as despesas do facto sem ter obtido uma compreensão «adequada».
Ora, no seu entender a N.A.T.O. já está inadaptada aos objectivos a que tinha sido destinada.
Criada para « enfrentar um ataque concentrado em zona restrita, a N.A.T.O. não evolucionou nem pôde adaptar-se aos riscos globais que há muito o mundo livre passou a enfrentar.
Estão á vista os desastrosos resultados; e isso porque alguns, senão a maioria dos membros, em vez de encontrar na aliança apoio ou pelo menos compreensão, vê a N.A.T.O. servir de cobertura a uma política que passa ao lado dos seus interesses, quando no fundo lhes não é hostil».
«Os Estados Unidos queixam-se com amargura de que são obrigados a desempenhar o papel de ‘gendarmes’ mundiais.
Somos compreensivos para a queixa e para o peso o encargo que tal política acarreta ao grande povo americano; mas caberá observar natural que assim devesse acabar por acontecer, desde que a América tem por vezes, mediante resoluções de improvisação política, abandonado e até hostilizado os seus aliados, que seriam outros tantos ‘gendarmes´ indicados».
Parece-nos que os Estados Unidos não deveriam surpreender-se de que seja inviável simultaneamente simultaneamente contribuir para a destruição das posições dos aliados no mundo e esperar destes apoios à política americana em relação às suas próprias e àquelas mesmas posições alheias.
Nem na verdade se entende o motivo da surpresa: como o mundo oscila entre dois blocos de força, desde que se prossiga uma política que tem tido, senão por finalidade, ao menos como resultado o afastamento dos países ocidentais das suas posições, é evidente que o vácuo criado só podia depois ser preenchido pelas forças comunistas ou pelos próprios Estados Unidos.
Para evitarem a primeira alternativa, os Estados Unidos são arrastados à segunda solução, que se deve reconhecer teria sido dispensável em orientação diversa.
Acusam alguns os Estados Unidos de entenderem ser-lhe possível e até nacionalmente vantajoso substituirem-se aos seus aliados por toda a parte, no plano político e no plano económico.
Não perfilhamos a acusação, mas, perante os resultados obtidos, dir-se-ia que desejariam libertar-se de algumas das suas actuais responsabilidades.
Têm a nossa compreensão; Mas o mal está feito; e apenas será de desejar que se remedeie na medida do possível ou ao menos que não se persista no erro.»
É nesse erro americano que Salazar vê, desde há anos, a origem das pressões exercidas do exterior às Províncias Ultramarinas Portuguesas.
«Foi uma construção abstracta a tese de que, no vasto continente africano, tudo teria de passar-se daa mesma forma e conformar-se com um só padrão; e a esses fazedores de abstracções é intolerável admitir que as realidades não se subordinam por toda a parte aos seus princípios, aos seus slogans.»
Parece-me justo sublinhar que a parte de responsabilidades que cabe aos americanos na definição dessa abstracção e sua propagação é considerável, é às democracias francesa, inglesa e belga que cabe a não menor responsabilidade de ter cedido a essas mesmas abstracções e a esses mesmos slogans.
A resistência portuguesa confirma apenas a certeza de que a Europa africana poderia ter resistido à «pressão» americana se o tivesse querido e que as atitudes anti-americanas adoptadas por alguns foram bem tardias.
Teria sido melhor tê-las visto a ser tomadas quando ainda se tinha um império a defender.
Não havia nada na argumentação de Salazar que contradissesse a situação tal como esta se apresentava a Londres, a Paris ou a Bruxelas.
«É cada vez mais evidente a vantagem da colaboração e integração de grandes espaços e unidades, e a Nação portuguesa integrada, multicontinental como é, corresponde no fundo mais às necessidades reais de todos os seus povos do que lhes corresponderia a pulverização em unidades políticas inviáveis que cedo cairiam no domínio económico alheio e acabariam por perder a sua independência nominal […].
Colaboramos com quem está disposto a colaborar connosco; e os que nos hostilizam não deviam esperar a nossa cooperação, ainda quando alegam que esta beneficiaria a defesa do que chamam ‘mundo livre’: não parece razoável que se nos exija em nome dele uma cooperação automática que faria fomentar a hostilidade de outras potências contra nós, se não dispomos da necessária contrapartida.

Pedro Torres de Castro

6 comentários:

  1. A NATO é uma organização terrorista internacional e não passa disso. O que essa gente tem feito a cristãos e muçulmanos, por todo o Médio Oriente, fala por si:

    https://toranja-mecanica.blogspot.com/2021/07/nao-ha-palavras-que-consigam-descrever.html

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  2. Viva a NATO! Viva aos EUA E viva Portugal. Anti-americanismo primário é comunismo.

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    1. Brandão Ferreira?

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    2. A verdade dói, pois dói, caro Anónimo, das 17:26, por isso e se o administrador deste blogue me permite, aqui fica mais uma colherada de "comunismo", para lhe animar o dia:

      https://toranja-mecanica.blogspot.com/2022/03/conflito-russo-ucraniano-tudo-aquilo.html

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