"A verdade, a decisão, o empreendimento, saem do menor número; o assentimento, a aceitação, da maioria. É às minorias que pertencem a virtude, a audácia, a posse e a concepção." Charles Maurras
terça-feira, 3 de setembro de 2019
A Primeira República que teimam em nos ocultar!!!
Instabilidade governativa.
Esta foi a tónica dominante durante os 16 anos da Primeira República, nesta época, sucederam-se:
7 Parlamentos,
8 Presidentes da República,
46 governos,
2 períodos de ditadura (1915 e 1917-1918),
Diferentes mudanças de ministros:
68 Ministros da Fazenda/ Finanças (1910-1926),
19 Ministros do Fomento (1910-1917),
41 Ministros de Trabalho (1916-1925),
22 Ministros do Comércio (1917-1921),
47 Ministros da Agricultura (1918- 1926),
6 Ministros de Abastecimento (1918-1919),
3 Ministros de Subsistência e Transporte (1918),
22 Ministros do Comércio e Comunicações (1921-1926),
Este período foi caracterizado por um anticlericalismo radical, cujos símbolos maiores foram a abolição do ensino religioso nas escolas, em 1910, e a lei que instaurava a separação da Igreja e do Estado português.
Vamos agora sintetizar ponto por ponto as repercussões deste regime na população em geral e de que forma toda esta instabilidade levou ao caos e à miséria um país que já trazia de trás graves problemas estruturais.
A pobreza e a fome.
A instabilidade política originou uma gestão extremamente deficiente, dilatou a dívida externa de Portugal, e fez aumentar o custo de vida cerca de trinta vezes entre os anos de 1914 a 1925.
Enquanto os consecutivos governos lutavam pelo poder, instala-se uma profunda crise económica que afecta a população e origina lutas do operariado português, que demora em ver chegar as tão proclamadas reformas sociais e económicas. O povo passa fome, porque não possui dinheiro para adquirir os bens essenciais (quando os há!), pois, e de acordo com o Anuário Estatístico de Portugal, o custo de vida sobe 192,7%, entre 1914 e 1918, com o início da Primeira Guerra Mundial, a moeda desvalorizou-se, a inflação galopante subverteu as pequenas economias.
As receitas públicas não foram actualizadas na medida da desvalorização, o que criou enormes dificuldades de tesouraria e o empobrecimento das remunerações.
Os operários, enquadrados por organizações sindicais usaram a greve como instrumento de luta pela melhoria do salário e contra o aumento do custo de vida, vivendo-se assim, um clima de tensão social motivado por este movimento do operariado.
Durante a primeira República existiram duas grandes greves gerais, uma em 1912 e a outra em 1918. A primeira teve início com a paralisação dos trabalhadores rurais, no Alentejo, e alastrou-se e contagiou todo o país. Em 1918 começou com os trabalhadores ferroviários, mas, o governo com receio que alastrasse ao resto do país, foi travada pelo Exército que ocupou as estações de caminho de ferro.
O motivo principal destas greves era a reivindicação de melhores condições de vida, especialmente a redução do número de horas de trabalho, as circunstâncias em que trabalhavam, por exemplo, nas fábricas e oficinas, e o aumento dos salários. Os orçamentos das famílias eram tão baixos que não conseguiam fazer face à carestia de vida, havia fome e o povo padecia de graves carências.
É verdadeiramente aflitiva a situação da classe operária, e tal é a carência de trabalho e de meios o que traduz de um modo muito resignado o desespero e fome de muitas famílias.
No “Verão Quente” de 1917, os trabalhadores, desesperados com fome, assaltam os armazéns onde os açambarcadores faziam os géneros esperar uma nova alta de preços, com as restantes classes desapossadas e desesperadas da a viverem em comum o flagelo da subsistência, conduziram-nos a uma greve geral contra a carestia de vida, que foi o movimento mais alargado levado a cabo por uma central sindical, e possivelmente o momento de maior agitação social a que a Primeira República Portuguesa assistiu, era este o triste paradigma em que se encontrava o povo português, a fome alastrava.
Neste contexto que surgiram os novos-ricos, os que fizeram as suas fortunas assentes em negócios pouco claros, especulando os preços, nomeadamente, dos géneros alimentícios.
A revolta das populações era de tal forma violenta que a repressão era desmesurada e, em diversas ocasiões, o estado de sítio foi declarado, com recolher obrigatório. Ao longo da década, iniciada em 1910, muitas centenas de pessoas foram presas e, é neste ambiente de guerrilha e repressão que a população portuguesa vive o seu dia-a-dia, de tal forma que em Maio de 1917, adveio a Revolução da Batata, que consistiu num assalto generalizado, por todo o país, a mercearias, armazéns e outros estabelecimentos de artigos de primeira necessidade, acompanhado de motins e tumultos, e de acções de retaliação por parte da burguesia e dos proprietários.
A população, a guerra e a imigração.
Segundo os dados que dispomos podemos afirmar que só em 1912 saíram de Portugal quase 90 mil pessoas,em 1913 cerca de 80 mil e já em 1911 a fuga quase atingira sessenta mil. Em três anos, o país perdera em proveito sobretudo do Brasil 226 mil almas, uns 3,7% da sua população total.
Os Estados Unidos constituíram o segundo destino preferencial dos portugueses e, logo a seguir à Guerra, sucederam-se a Argentina e a Venezuela. Não há dúvida que, desde o termo da Primeira Guerra Mundial, Portugal se lançou em nova debandada migratória, só comparável à do derradeiro quartel do século XIX.
A participação de Portugal, na Primeira Grande Guerra, ao lado dos aliados, agravou os conflitos sociais (eram frequentes os assaltos a armazéns e lojas, onde existiam produtos de primeira necessidade), a carestia de vida, a carência alimentar e também situações de fome. Além do agravamento das condições de vida da população, a sua situação sanitária, também se deteriorou. As epidemias ou surtos epidémicos, como a varíola febre tifóide, tifo e disenteria, foram um outro factor causador de muitas mortes, e, como se verificou, as taxas de Mortalidade da População eram muito elevadas. E, especialmente, em 1918, as Taxas de Mortalidade (40,18) e Mortalidade Infantil (46,5) foram das mais elevadas deste período histórico, com mais de 60 mil mortos causados pela epidemia da pneumónica e às muitas outras dezenas de milhares provocados pela geral degradação das condições de saúde.
Tais factos deveram-se às más condições de vida da população, com uma alimentação paupérrima (o pão era caro, e, o peixe, carne, manteiga, entre outros, detinham preços elevados devido aos impostos e taxas alfandegárias), com uma má qualidade do alojamento, sobretudo nos grandes centros urbanos. Para termos a noção do preço dos alimentos, podemos mencionar que um litro de leite correspondia a 18% do salário de um operário e, uma dúzia de ovos era o equivalente a 60%. O salário médio, diário, em 1917, era de 60 réis e, em 1924, era de 8$50.
Lisboa era o maior centro urbano, com um crescimento de cerca de 200 000 pessoas entre 1900 e 1930. Era uma população analfabeta, proveniente das zonas rurais, que procurava emprego nas grandes cidades, mas que aqui vivia em condições infra humanas, em casas insalubres, sobrelotadas, que necessitavam de apoio social para poderem sobreviver na grande cidade, uma miséria social, um estigma que era transversal a todos os grandes centros urbanos na época.
O analfabetismo.
A Taxa de Analfabetismo, em Portugal, no início do século era muito elevada, cerca de 80%, quantidade que se concentra, sobretudo, nas áreas rurais, pois nas cidades os números de analfabetos são inferiores. Se pretendêssemos construir o Índice de Desenvolvimento Humano, do nosso País, não seria brilhante, pois o desenvolvimento humano é também caracterizado pelo nível de instrução de um povo.
No entanto, os sucessivos governos republicanos promoveram políticas de educação importantes, com o objectivo de elevarem o nível de instrução do povo português, de 5 500 escolas primárias que existiam, em Portugal, em 1910, nos restantes anos de vigência da Primeira Republica subiram para cerca de 7000 o numero de escolas, um crescimento miserável tendo em conta o atraso e os objectivos aos quais os governos de então se propuseram.
Com estas políticas, a Primeira República apenas reduziu marginalmente a taxa de analfabetismo, de 1910 a 1926, uma redução bastante inferior a 10%.
Conclusão.
A título de exemplo posso afirmar segundo os dados que disponho, que uma família operária residente num grande centro, em 1910, despendia 80% do seu salário em alimentação, 10% na renda da casa e igual percentagem (5%) para vestuário e outras despesas do agregado familiar.
Estes números são reveladores da grossa fatia que as famílias tinham que desembolsar na compra dos géneros alimentícios, pois como já foi referido, além da escassez eram muito caros. É por esta razão, entre outras, que a população tinha que recorrer a respostas de carácter assistencialista, para proverem à maior das necessidades básicas, a alimentação, como é o exemplo das Cozinhas Económicas e da Sopa dos Pobres.
Os dezasseis anos (1910 – 1926) que duraram a Primeira República foram particularmente cruéis para a população mais fragilizada: o atraso estrutural do desenvolvimento económico português, a Primeira Guerra Mundial e as suas consequências, a sucessão de epidemias (tifo, pneumonia, gripe, varíola), as deficientes condições habitacionais, constituíram outros tantos motivos para agravar um quadro de vida já de si muito dramático.
As medidas e as leis de natureza social, representaram iniciativas de carácter nobre mas que, em muitos casos (leis sociais do trabalho), não tiveram aplicação universal. Pensamos, no entanto, ser importante afirmar que a leitura que se pode e deve fazer do esforço desenvolvido pelos Republicanos, no domínio social, durante o período compreendido entre 1910 e 1926 terá, sempre, que ser contextualizado em função de, pelo menos, cinco questões chave que se colocavam ao país no princípio do Século XX:
A) O atraso económico do País face a outras nações europeias;
B) Uma ruralidade profunda
C) Uma situação dramática de iliteracia generalizada
D) Condições de alimentação muito deficientes
E) Um quadro global de vida carregado de elevadas dificuldades e restrições, deste modo, os limites do progresso social por parte da Primeira República terão, sempre, de ser contextualizado em função da pesada herança recebida no final da primeira década do Século XX.
Podemos concluir que o Portugal da Primeira República era um país rural, analfabeto, subdesenvolvido ao qual não houve uma resposta efectiva por parte dos sucessivos governos, arrisco mesmo dizer que, no final deste período o país se encontrava em pior situação do que no princípio deste novo regime carbonário-maçónico em 1910.
Do que podemos concluir que alguém teve como fardo a pesada herança de 16 anos de governo e um atraso estrutural de dois séculos, foi toda esta envolvência de miséria, repressão e subdesenvolvimento que levaram a que uma revolta levasse os militares com o apoio da generalidade da população a instaurarem uma ditadura militar que durou até se criarem condições de governabilidade e de alavancagem que tendessem a colocar este país ao nível dos mais desenvolvidos, definindo desta forma um novo rumo para Portugal e para os portugueses.
Infelizmente, depois de um período de 48 anos em que realmente avançámos como país e como nação, mais uma vez teimamos em não aprender com os erros do passado...triste sina a nossa!!!
Alexandre Sarmento
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Por isso nós temos o Marcelo e outros do mesmo calibre!!!
“Agora só falta dinheiro e um candidato que possa ser treinado para assumir um ar «sincero». Deste novo ponto de vista, os princípios polí...
Pois pois a sinistra sabe a canalhice que foi! e agora repetem a mesma canalhice mas de forma mais perversa
ResponderEliminarFico imensamente grato por me terem facultado está informação. Infelizmente teimamos em aprender com a história.
ResponderEliminarCaro Alexandre de LOUVAR esta publicação aliás todas merecem ser louvados
ResponderEliminarFicaria bem referir a origem da foto com que se inicia "A Primeira republica que teimam em nos ocultar!!!". Já que não é uma fotografia de utilização livre e que não foi pedida autorização para a sua utilização. Pelo menos isso, não é?! Ricardo Hipólito
ResponderEliminarPois, mas seria também muito bom saber a quem pertence a mesma pois o não me foi facultada a origem da mesma, e pelo que notei, aparece em várias outras publicações sem que seja feita menção à sua origem, se me puder elucidar quem é o detentor dos seus direitos de autor, agradeço.
Eliminarquanto à fotografia, creio estarmos entendidos, já quanto ao texto quer-me parecer que é na verdade o motivo da sua indignação, quem sabe se sinta atingido por questões óbvias pelo conteúdo do mesmo!!!
EliminarAnónimo, estas adoctrinados, lee más historia y no historietas . Viva Salazar, libertó a Portugal 🇵🇹 de mucha miseria. Eres un hdp
EliminarENTENDO QUE PARA ESCLARECIMENTO DO POVO DEVIA SER DADO A CONHECER O PERÍODO DA HISTÓRIA ENTRE 1910 E 1928 E ENTRE 1928 E 1974 MANTENDO NATURALMENTE A DEMOCRACIA AJUDARIA A ESCOLHER OS POLÍTICOS PARA O GOVERNO
ResponderEliminarNada se aprende com os republicanos, a história assim o diz.
ResponderEliminarSalazar trouxe dignidade ao país e que os outros países europeus nos respeitassem. Hoje somos o joker deles.
ResponderEliminarTal como o Sebastião José de Carvalho e Mello, Salazar era um visionário, se vivesse mais uns anos com saúde e lucidez, eramos hoje o país mais rico da Europa!...
ResponderEliminarEm quase 50 anos,Salazar o que fez para ser uma visionário?? O que fez??? Basta ver os índices de desenvolvimento em 1970.
EliminarBonito seria dizer. Que muita pode até ter mudado após 1926. Mas nunca o suficiente. Muito do atraso se manteve, ou então, o país não se desenvolveu como deveria em todos os aspectos.
ResponderEliminarE hoje é a mesma coisa.
EliminarEm 1930(ou 1935 não me lembro bem) nós tínhamos uma taxa de mortalidade infantil de cerca de 145, a inglesa era de 88, em 1973/4 a nossa era de 45 enquanto a inglesa era de 25-15. Agora compare os dois períodos e países para ver o ""atraso"". Isto também funciona com a esperança média de vida. Podemos dar também um exemplo do desenvolvimento pós guerra ou então pós milagre económico(1960 ou 1961). Nesse período o número de alunos no ensino superior duplicou, o analfabetismo infantil estava práticamente extinto (33% em 1930 para 97% em 1960), foi feito um grande avanço no sistema de saúde, o nosso PIB per capita português duplicou e tínhamos 60% do PIB per capita em média com os países mais desenvolvidos da Europa, no início dos anos 30, era de 30%. Também podemos falar do avanço industrial(o maior antes de nos juntarmos à UE) e do turismo claro.
Cumprimentos!
Onde está "pós milagre económico", deve ser lido como "a partir do milagre económico"
EliminarTudo que está escrito é uma pura realidade. Eu conheci um pouco a dificuldade da vida. Mas éramos o país melhor da Europa. Com o tempo. E conversar com povo de outros países levou-me a compreender que Doutor Antônio Oliveira Salazar. Foi grande iconomista de todos tempos. Obrigado
EliminarSalazar foi o quê? Por exemplo, porquê que não entrámos para a CEE nos pedidos de Salazar?
EliminarTínhamos a pior saúde da Europa. a Maior percentagem de óbitos infantil até aos 5 anos. A maior percentagem de mortes em saúde materna.
A pior indústria da Europa ocidental. A por agricultura da Europa...
Estão a falar de quê????
A falta de liberdade de pensamento é algo incompatível com a dignidade humana! O mesmo se passa com todos os restantes direitos, porém já é tempo de haver uma "Carta dos DEVERES DO HOMEM", pois são estes que nos dão acesso aos outros! Lendo a História, em matéria de respeito pelos outros, continuamos muito próximos do homem primitivo...
ResponderEliminarAgora, como sempre procura-se alinhar o discurso pelo politicamente correcto em detrimento da verdade dos factos!
Em minha opinião tudo ou quase tudo que está relacionado com este pobre País ( Portugal ) se deve a uma mentalidade mesquinha e há GANÂNCIA de certas pessoas.
ResponderEliminarQuanto ao NAZI/FASCISTA/SALAZAR, foi um Doidivanas e um pau mandado dos mais poderosos como sendo Champalimaud, Melo, Tenreiro etc, etc...a guerra de guerrilha que dizimou centenas de milhares de pessoas, quer do lado português, quer do lado dos BRAVOS guerrelheiros nas 3 frentes de uma guerra de guerrilha TOTALMENTE INJUSTA PARA COM OS POVOS AFRICANOS DE LÍNGUA PORTUGUESA.
VIVA ANGOLA, MOÇAMBIQUE E GUINÉ BISSAU.
Otro, mais tiveram a mayor libertades baixo dominio Portugués, agora baixo dominio Cuba, China. Rusia, ando a fome
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