terça-feira, 6 de abril de 2021

A morte de Portugal, por Franco Nogueira.


À distância de mais de 40 anos, de facto qualquer português, inteligente e conhecedor do mundo que o rodeava saberia qual o rumo que este país iria tomar. O seu desmembramento ou destruição do Império, uma Nação ferida de morte com a perda de mais de 95% do seu território ao qual foram cortados laços que se foram cimentando durante cinco séculos, o esquecer, o apagar, o destruir a obra de séculos de transformações, de papel civilizador e de construção de um mundo novo. Fomos pioneiros e provámos ser possível a construção de uma sociedade funcional, pacífica, multi-racial, multi-étnica, uma sociedade evoluída na qual as diferenças seriam meros pormenores sem importância, até nas questão religiosa, sem problemas ou complexos raciais, aliás, ao contrário de todos os outros povos ditos colonizadores, mestiçámo-nos, tratámos como irmãos todos os povos por onde passámos, e mais do que isso deixámos saudade e obra por todos os locais por onde passámos!!! 
Infelizmente a nossa acção civilizadora foi absolutamente deturpada pelos contadores de "estórias" do regime saído de um golpe corporativo, quiçá uma tomada do poder pelas forças inimigas da Nação Portuguesa!!!
Com o 25 de Abril, foram-se os anéis, e com eles também os dedos, isso é factual, este país, hoje sem soberania, sonegada por governantes criminosos e traidores que a venderam, outro factor foi a regressão a todos os níveis da nossa sociedade, perdemos a identidade, perderam-se os valores, perdeu-se o espírito de nação, de comunisdade, de tribo ou mesmo clã, fomos induzidos na individualização, o mais caricato foi o terem mascarado esta politica que nos trouxe a este marasmo, a este caos, começaram por chamar-lhe colectivização, mas fazendo uso de democrática demagogia, a liberdade, a igualdade e a fraternidade, mas no fundo apenas pugnaram por nos tornar escravos de um sistema que em vez de nos respeitar na nossa individualidade nos está a tornar iguais pela negativa, imbecilizados, amorfos e submissos.
Estamos hoje reféns de uma impagável dívida, temos um país ao abandono e a ser vendido a preço de saldo, tudo tem sido feito, arrisco a dizer de propósito, para nos apagar como país e também como um dos povos culturalmente mais antigos da Europa, nem a língua escapou, com o tal "aborto ortográfico", estamos reféns de uma classe politica corrupta e anti-nacional, estamos a um passo de nos esquecermos do que fomos e do que somos, estamos num "processo revolucionário em curso de perda de identidade", estamos a deixar de ser portugueses e a tornar-nos em algo amorfo e sem passado nem futuro, escravos naquilo que outrora foi a "nossa casa"!
Por isso mesmo, hoje trago um excerto de um dos livros de um dos grandes defensores de Portugal, uma das grandes figuras do Estado Novo, uma das grandes figuras da nossa diplomacia, a figura mais marcante na defesa dos interesses de Portugal, o continental, o insular e o ultramarino, falo como é óbvio de Franco Nogueira, figura enorme e infelizmente esquecida ou desconhecida da grande maioria dos portugueses, talvez por ser uma das figuras que definiu na perfeição o novel regime e as figurinhas, os pequenos pigmeus de papelão que sucederam a verdadeiros homens de estado mas que um dia a História se encarregará de colocar no almanaque dos traidores, dos Miguéis de Vasconcellos, figurarão nos anais da história como co-autores e cúmplices da nossa era mais negra e vergonhosa!!!
Portanto, vale a pena ler o que se segue...

Alexandre Sarmento 


« - Na situação de crise em que Portugal se encontra [estava-se então em 1978], fala-se muito dos riscos de uma perda da independência nacional. Há, por um lado, a transferência dos centros de decisão vitais para além-fronteiras, o que em certos casos é já um facto. Mas, para além desse ponto, crê que pode colocar-se, num prazo mais ou menos longo, o perigo dum desaparecimento de Portugal?

- (...) Os perigos, os riscos a que se refere são reais, dolorosamente reais. Há a ideia, segundo parece, de que Portugal, por ter mais de oitocentos anos de existência, é automaticamente eterno. Eu não conheço nenhum decreto que prescreva a eternidade de Portugal; e se o houvesse ainda era preciso que os demais respeitassem esse decreto; e a História mostra-nos países que apareceram e desapareceram, e até em épocas bem próximas de nós o facto se tem dado. Por que seria Portugal uma excepção? E atente nisto: Portugal é hoje um país empobrecido, muito para além da realidade aparente. Abandonámos o Ultramar, simplesmente, sem negociação; e estamos endividados para gerações: Repito: para gerações. Isto basta para nos aterrar, para nos alarmar. Mas há muito mais. Estamos a aplicar os empréstimos em salários e bens de consumo, e muito pouco em equipamentos e investimentos. Perdemos milhares e milhares de quadros - professores, engenheiros, médicos, gestores técnicos, etc. - que foram expulsos, destruídos: e cumpre não esquecer que um homem, sobretudo um homem qualificado, é o bem mais precioso e o investimento mais caro de um país. Depois, por falta de confiança, fugiram de Portugal alguns milhões de contos: não estou a justificar o facto: estou a apontá-lo. É incalculável o que saiu do país em obras de arte, jóias, mobílias, pratas: devem estimar-se em vários milhões de contos também. Embora fossem propriedade privada, pertenciam ao património cultural e artístico do país, e mais tarde ou mais cedo encontrariam o seu lugar em museus portugueses. Muito mais seria possível acrescentar. Parecia-me vantajoso que a massa dos Portugueses tomasse consciência destes aspectos para se aperceber de quanto o país foi e está sendo depauperado. Não são apenas os centos de milhões de contos que devemos e que, é bom não esquecer, temos de pagar. Há que entrar em linha de conta com os prejuízos a que aludi atrás. A vulnerabilidade de Portugal é portanto imensa. Para além de tudo, todavia, o facto decisivo é este: a vontade dos Portugueses. Se essa vontade for vigorosa, e firme, e tenaz, Portugal pode sustentar a sua independência, e retomar a sua autonomia em relação aos centros de decisão hoje exteriores. Recorda-se de que Herculano dizia que somos independentes porque o queremos ser? Eu tenho esperança de que saberemos continuar a querer. Ou seremos então a geração que vai trair todas, todas as gerações anteriores? Eu vejo que na União Soviética se exaltam e veneram as grandes figuras da História, desde Ivan o Terrível a Pedro o Grande, desde Catarina II a Tolstoi. Vejo que os Estados Unidos celebram todos os dias os seus grande vultos, os seus grandes valores. Na Inglaterra, os grandes nomes - Isabel I, Shakespeare, Nelson, Wellington, mil outros - são sagrados, e são apontados diariamente à veneração pública. E é então num momento em que por toda a parte se proclama o nacionalismo, a independência dos povos, que nós vamos abdicar? Temos acaso vergonha de um Nuno Álvares, de um Camões, de um Infante, um D. João II, um Albuquerque? Acho que se impõe um regresso aos valores autênticos, permanentes, e há que proclamá-los mesmo perante os sorrisos sardónicos e benevolentes das mentalidades superiores. Das mentalidades daqueles que têm muitas teses intelectuais mas não sentem nada; e daqueles que por ignorarem tudo julgam saber tudo; e de quantos pensam ter a vida começado com eles sem ao mesmo tempo admitirem, para serem lógicos, que a vida acabará com eles. Ou estará o dinheiro estrangeiro a influenciar a inteligência portuguesa. E a juventude portuguesa? Já não estremece e palpita com Portugal?

(...) - Pensa que é hoje importante o empreendimento do combate cultural pelos sectores mais jovens?

- Sim, sem a menor hesitação. Não acredito que as ideias se combatam com a força, e que sejam vencidas pela violência e pela repressão. As ideias combatem-se e destroem-se com outras ideias. Atrever-me-ia a dizer que, neste ponto, e em certo sentido, muito parece estar simplificado: a falência cultural da esquerda é patente, e não só em Portugal, aliás. Já reparou que as ideias, o vocabulário, os conceitos, até os slogans usados pelos nossos responsáveis de esquerda, são os mesmos, rigorosamente, os mesmos de há trinta, quarenta, cinquenta anos? Não há uma novidade de consequência, não há um pensamento que aponte caminhos além dos já experimentados e que comprovadamente falharam em toda a parte. Sim, o combate cultural é fundamental: nas escolas, nas universidades, nos meios sindicais, em toda a parte, em suma, há que denunciar os sofismas, os erros, os falsos princípios. Não com arrogância, nem como quem quer impor a sua verdade. Esse totalitarismo é apanágio da esquerda, de uma esquerda imaculada, única detentora da verdade, da isenção, do desinteresse, da santidade em suma. Apenas se deve proceder através da análise fria, do exame documentado, das conclusões objectivas já autorizadas pelos factos e pela história. Não importa, penso eu, a especulação ideológica, a criação brilhante das grandes abstracções intelectuais; importa mais demonstrar a inoperância, o não fundamento, as consequências funestas dos ideais de esquerda. O que se disse, o que se afirmou, o que se acusou, o que se tripudiou em Portugal, o que se defendeu, o que se atacou!! Recordo-me de que um jornal, cujo nome não cito, publicou em Maio de 1974 um artigo condenando as touradas, por alienantes, e que terminava assim: "o primeiro fascista português foi Afonso Henriques". Recordo-me de uma emissora dizer que Camões fora um poeta menor ao serviço de imperialistas. Que efeito teria hoje lembrar e documentar tudo isto?».

Franco Nogueira («Juízo Final»).

1 comentário:

  1. infelizmente assisti "in Loco" ao 25 de Abril no Largo do Carmo na minha escola Veiga Beirão,c os meus17 anos, são 30 anos fora de Portugal exactamente, pelo facto de ter tido consciência e perspicácia para tentar usar o meu Patriotismo noutros mundos que não este nosso novo mundo de Mentiras corruptos e esquerdopatas Caviar, tenho muito que dizer por experiência própria, desde convívio c Angolanos, que tem saudades dos Portugueses,na Arábia Saudita ainda tem medo do D.Afondo Henriques!em Oman
    Muscat o Castelo dos Portugueses, sempre a trabalhar e ganhando conhecimentos c povos q admiram a nossa grande Pátria! estou convencido que se os verdadeiros Portugueses do coração,nos unirmos mudando este governo de parasitas, ladrões, oportunistas, pedófilos, Vamos reconquistar a nossa Lusitanidade!

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