JERUSALÉM NA BERRA
ESTAMOS EM PLENO CENTENÁRIO DA DECLARAÇÃO BALFOUR (2 de Novembro de 1917)
Este texto foi publicado em 2002, portanto, antes da invasão e ocupação do Iraque.
Foi quando o Iraque estendia as mãos à Europa e os USA-UK queriam impedir
A DECLARAÇÃO BALFOUR E O IRAQUE
No número da "Brotéria" de Novembro de 1938, fomos encontrar algum material bastante elucidativo. Fica na página 432 e refere-se à Declaração Balfour e fixação dos israelitas na Palestina.
Datada de 2 de Novembro de 1917, diz assim a Declaração:
«O Governo de Sua Majestade Britânica considera favoravelmente o estabelecimento na Palestina de uma sede nacional para o povo Judeu...etc...» ou na língua original:
«His MageUMA EVOCAÇÃO DA DECLARAÇÃO BALFOUR que aqui se transcreve a propósito da actual csty's Government views with favour the establishment in Palestine
of a National Home for the Jewish people, and will use their best
endeavours to facilitate de achievement of this object, IT BEING CLEARLY
UNDERSTOOD THAT NOTHING SHALL BE DONE WHEREIN MAY PREJUDICE THE CIVIL
AND RELIGIOUS RIGHTS OF EXISTING NON-JEWISH COMMUNITIES IN PALESTINE or
the rights and political status enjoyed by the Jews in other country».
É como quem diz. Vamos juntar o fósforo a arder junto da palha, mas fica proibido atear fogo.
Foi
tudo um acto altruísta da Grã-Bretanha, pelo Povo que ansiava há tantos
séculos para regressar à origem, a chamada Terra Prometida?
Sabendo que os nativos que lá estavam há séculos se sentiriam naturalmente espoliados?
E
descartaram-se à inglesa: A gente vai juntá-los, mas vocês têm de se
dar muito bem. Ora parece que já sabiam muito bem o que esperar.
Às turras uns com os outros e o campo livre para os interesses britânicos...
Diz assim a Brotéria":
«Os
que assim se surpreendem, ignoram que a Palestina constitui uma defesa
natural do canal de Suez (*) e zona de apoio aos mais variados
interesses britânicos no Próximo-Oriente; que fica o terminus da
"pipe-line" do Iraque e do desejado caminho de ferro Haifa-Bagdad, a
ligar em pouco tempo o Mediterrâneo ao Golfo Pérsico, concretizando
assim o velho projecto de estabelecer mais estreito e rápido contacto
com a Índia por via terrestre».
Já nesse tempo, em 1938...
e a respeito da questão do petróleo:
«Com
efeito as grandes potências há muito se empenhavam... a posse das
fontes de nafta era ... a primeira condição de vitória... e a mais...
concessões de zonas de influência, ou a mesma ocupação territorial em
que assentava as vias de comunicação...
...
e não esqueçamos que, na Palestina, estão escalonadas algumas das
paragens obrigatórias e pontos de defesa das vias marítima e aérea do
Império Britânico, na linha de trânsito Europa-Índia-Austrália.
Em
1927, estabeleceu-se a carreira regular Inglaterra-Índia; foi disposto o
aeroporto de Gaza, estação entre Cairo e Bagdad; Depois as carreiras da
"Imperial Airways Ltd." começaram a atravessar a Palestina, rumo à
Índia (**), duas vezes por semana...»
CONCLUSÃO
Já
não é de agora. Os Ingleses sempre se consideraram donos do Próximo e
Médio Oriente. Até ao Iraque pelo menos, uma vez que já não têm a Índia.
Agora em parceria com os Estados Unidos.
Parece
que a instalação dos israelitas na Palestina, foi um meio. Não
propriamente altruísmo... Foi o passo a dar para firmar o completo
domínio britânico. Agora anglo-americano.
A Europa devia marcar presença (pacífica) no Iraque. Ouvir o Iraque. Aceitar o convite do Iraque que se abre à inspecção (***).
E pedir contas, pedir provas, às acusações anglo-americanas. E investigar as "provas" que eles apresentarem.
Onde termina a alegação?
Onde começa o pretexto?
O pretexto de readquirirem, por todos os meios, o completo domínio sobre as fontes de petróleo do Mundo.
Notas:
(*) O Canal Suez estava nesse tempo, sob o domínio britânico.
(**) - A carreira do Cairo para a Índia, fazia escala em Gaza e em Bagdad.
(***) - Refere-se às acusações anglo-americanas sobre a alegada "corrupção: petróleo-por-alimentos".
Pedro Torres de Castro
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