quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Eça, sempre presente.

 


Lembrar o Eça neste dia em Lisboa ...
EM QUE O EÇA, SOB UM VIOLENTO DESARRANJO INTESTINAL, SE METE A ENALTECER D. JOÃO VI E A DEITAR AS CULPAS PARA A REVOLUÇÃO FRANCESA.
Meu querido Oliveira Martins
Estive ontem bastante incomodado; estou agora à espera do meu doutor; e não creio que possa ainda hoje fazer essa peregrinação de amizade a Santo Antero e ao bom Lobo.
Pois apetecia-me bem esse passeio.
Estou aborrecido com a persistência deste incómodo e indignado por ter descoberto que a sua causa está nestas comidas de Hotel feitas à francesa.
Sempre a França, e a reles tradução que dela fazemos!
Tudo isto se deve à revolução de 89; e eu agora sempre que me dirijo ao "water-closet", de calças na mão, vou rosnando as piores pragas contra os Enciclopedistas!
Quando voltará este desventuroso País à sua tradição que é O SENHOR D. JOÃO VI, o padre, o arrieiro, o belo caldo de galinha, o rico assado de espeto, e o patriótico arroz de forno!
Mas não! Querem ser liberais, filósofos, franceses, polidos, ligeiros...
Consequência: o País como tu sabes, e eu com soltura há oito dias. Irra!
Vê se me mandas outro Friedlaender ( que trate do luxo, e das belas-artes, etc.).
E se fores à Póvoa, dá um grande abraço a querido Antero e a velho amigo Lobo.
Teu do c. Queiroz...

Oito anos depois de alguém que não deixou saudade.

 



Manifesto do desagrado, ou melhor, o manifesto da revolta.
Meus caros amigos como hoje foi o dia em que foi anunciada a morte de um dos maiores facínoras que este país viu nascer e me revolta e me dá vómitos a forma como um crápula deste calibre é tratado pela pela classe política, pela comunicação social e pior que tudo, por grande parte daqueles que por ele foram de alguma forma roubados, espoliados ou prejudicados.
Sei que é politicamente incorrecto o regozijo com a morte de quem quer que seja, mas num caso destes creio ser desculpável, pois uma vil figura responsável pela miséria de alguns povos condenando-os à morte não merece um pingo de comiseração, basta ver a miséria promovida pela busca de benefícios e riqueza pessoal servindo-se de todos os meios inclusivamente promovendo genocídio contra vários povos, indesculpável, inumano e diabólico!!!
Sim diabólico, pois quem milita em seitas satânicas não pode ser gente de bem, quando os interesses dessas mesmas seitas se sobrepõem aos ideais humanos está tudo dito, será que este mundo está irremediavelmente perdido e todos teremos que prestar vassalagem a este domínio diabólico que dá pelo nome de maçonaria, uma instituição que minou todo o sistema na senda de nos tornar meros elementos produtivos, autenticas máquinas desprovidas de vida social, familiar, sentimentos, crenças religiosas, enfim sem sequer termos direito a uma capacidade que nos diferencia de todos os outros seres, a capacidade de raciocínio, seremos num futuro próximo apenas meros autómatos, meros carneiros à espera de sacrifício.
Uma bela sociedade sem sentimentos, sem ligações, sem relações verdadeiramente humanas, enfim uma sociedade sem valores e totalmente desumanizada, será isto que queremos para os nossos filhos e netos? Não creio que haja um só ser humano que tenha como objectivo ver os seus descendentes aferrolhados e acorrentados impedidos de pensar pelas suas próprias cabeças, em suma impedidos de serem felizes, impedidos de viver as suas vidas de forma verdadeira, uma vida que respeite a hierarquia natural, ou seja, onde há valores que passam de avós para os pais, dos pais para os filhos e por aí em diante.
Como será um futuro em que os pais sejam meros procriadores, meros pais biológicos, pais que não interferirão na educação dos seus próprios filhos deixando de parte a vida familiar promovendo assim uma sub-vida, uma vida de autómatos, uma vida em que todos serão formatados para executar uma determinada tarefa, nada mais, chamo a isto o sistematizar da raça humana, ou seja o tornar da raça humana apenas meros instrumentos de trabalho.
Sim é para uma situação dessas que nos encaminhamos se nada for feito de imediato, prepara-se um governo mundial, uma redução drástica da população mundial, segundo os entendidos está em curso uma campanha que pretende limitar a 500 milhões a população do planeta, como sabem somos neste momento 7 mil milhões de almas, o que estarão a preparar para essa diminuição a nível mundial, já pensaram nisso?, reparem no drama humano que se passa em África, um espectáculo deplorável de fome, doenças, e seres no limite da sobrevivência, vivendo não uma vida, mas vivendo uma morte vivos, será isto um mundo avançado, terá sido este o mundo pensado pelos nossos antepassados, não creio, nada disto tem nada a ver com os ideais de uma verdadeira sociedade onde o homem é na realidade o centro do universo, em que nos enriquece esta miserável forma de ser e estar, sinceramente em nada na minha opinião!
Meus amigos, não me considerando o apóstolo da desgraça, espero que não me chamem louco, ou alienado, nunca me senti tão atento, tão lúcido, tão activo intelectualmente, pensem bem no que pretendem, não olhem apenas para o dia de hoje, não olhem apenas para o vosso umbigo, pensem nas atrocidades que se cometeram e vão continuar a cometer em nome de uma sociedade avançada, será essa sociedade que pretendem?, para mim não, e penso que para vós também não, acordem, desliguem das drogas que vos alienam da vida verdadeira da vida humana, ajam como seres pensantes, não se deixem dominar, reajam, vão à luta!
Vamos à luta, juntem-se, unam esforços e lutem por uma sociedade verdadeira.
Alexandre Santos
8 de Janeiro de 2017

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Sobre o fenómeno da imigração, António Barreto

 



Ainda e sempre a imigração

 As migrações mudam os países e as sociedades. Muito ou pouco, depressa ou devagar. Mas sempre. Para melhor ou pior, depende. Mudam os que imigram, mudam os que emigram. Mudam os que recebem e acolhem. Mudam os que saem e chegam. Muito ou pouco, mas sempre.

 

Há migrações e mudanças que se fizeram em paz, com bons e maus resultados. Migrações e mudanças que se fizeram bruscamente, em guerra, com más e boas consequências. E mudanças que provocaram a vida de uns e a morte de outros. Mas todas as mudanças, todas as sociedades se fizeram com povos distintos, várias etnias e gente diversa. Não há sociedade uniforme e original. Todas as populações são fruto e resultado de misturas, conquistas, migrações, fugas, derrotas, massacres, glórias e vexames.

 

Na origem de Portugal, há uma dúzia ou mais de povos. A unidade nacional, a uniformidade de raça e de cultura, a singularidade de língua, a especificidade do povo e da etnia são meras construções históricas, umas pacificas, outras violentas e forçadas. Umas agressivas, outras defensivas. A expulsão de vários povos europeus da Península e o abandono de outros, a derrota ou a conversão dos Mouros, a expulsão ou a cristianização dos Judeus, são episódios bem conhecidos da história que muito contribuíram para a formação da nossa nacionalidade. Tal como a conquista e os descobrimentos. Foi assim que se fez a nação.

 

Nacionalismo é, em geral, hoje, sinónimo de opressão, racismo, domínio político e religioso, xenofobia e conservadorismo. Mesmo moderado, o nacionalismo não goza hoje dos favores das doutrinas. O universalismo e a globalização surgem como novas virtudes, enquanto internacionalismo e cosmopolitismo parecem ter êxito assegurado na crónica e na lenda.

 

É verdade que há qualquer coisa de tentador nas fábulas do internacionalismo. Somos todos iguais, não há melhores nem piores, não há amigos e inimigos, somos todos irmãos, filhos do mesmo deus, naturais da mesma terra, gente do mesmo sangue, raça do mesmo genoma… É tentadora a mitologia da igualdade absoluta e da livre circulação.

 

Certo é que, historicamente, a democracia e as liberdades tiveram uma geografia. A autenticidade cultural teve e tem um território. As fronteiras são tantas vezes agressivas, símbolos de perda de liberdade e resultado de opressões, mas também são defesas de povos e de nações, de culturas e de línguas, de património e de modos de ser e viver. As fronteiras portuguesas, das mais antigas da Europa, podem ser consideradas opressivas, limites à circulação e aos movimentos, mas também são e foram protecção dos portugueses diante de espanhóis e franceses, europeus em geral, norte-africanos e outros… O mesmo se poderá dizer de tantos países europeus e de tantas fronteiras.

 

O sonho europeu, o encanto federalista e a fantasia de uma Europa sem fronteiras nem Estados podem ter enorme capacidade de atracção. Mas não é seguro que sejam só um grande passo em frente pela liberdade e para a democracia. No essencial, a defesa de Portugal e dos portugueses são Portugal e os portugueses. Mesmo com a ajuda dos aliados. Mesmo com o apoio dos europeus. Mas é aqui que começa a liberdade. É aqui que mora a democracia. Um Português defende-se recorrendo ao Estado, às polícias, aos magistrados e à Justiça. Ao povo e aos seus iguais. Um português que queira ser representado, vota num português. Nem um francês representa um português, quanto mais um Croata. E não há português que represente um polaco ou um grego.

 

Há qualquer coisa de formidável e de encantador na ideia, na imagem e na sensação de ver e sentir nas ruas de Lisboa ou do Porto todos os cheiros deste mundo, todas as roupas imagináveis, todos os deuses, todas as cores, todas as línguas, todas as modas, todas as músicas e todos os costumes do mundo! Mas sabemos que os últimos recursos, as últimas defesas, as últimas protecções, os últimos reconhecimentos, as últimas identificações são com os portugueses, os nossos iguais, os que cá vivem, os que cá estão, nascidos cá ou não, mas vividos cá. Portugueses de origem ou de adopção, mas portugueses, com a sua cultura, a sua justiça e a sua democracia. Nascidos ou naturalizados portugueses com as suas crenças e sobretudo as suas leis.

 

Assistimos, durante décadas, ao repúdio crescente do nacionalismo, do patriotismo e do Estado nação. Este último recuou em todas as frentes, em todos os aspectos. Na economia e na cultura, na sociedade e na política. Pior ainda, os casos mais evidentes de manutenção do nacionalismo foram, em geral, os de ditaduras. Da China à Rússia, da Coreia a Cuba, passando por vários Estados africanos e asiáticos que inventaram histórias nacionais para justificar poder autoritário. Parecia que a liberdade e a democracia se alimentavam da globalização e nela criavam raízes. Até que se percebeu que a desnacionalização e a globalização tinham uma capacidade autoritária devastadora, eram capazes de destruir países e nações, mais ainda democracias e liberdades.

 

Em quase todos os países europeus ou ocidentais, tem-se verificado um aumento permanente do número de imigrantes assim como do contributo destes para o desenvolvimento económico e o progresso das sociedades. Mas também para o surgimento de problemas de integração, de convívio e coexistência entre comunidades, de pressão sobre o Estado social, de deslocação e acolhimento entre países e de percepção recíproca entre comunidades.

 

Não é possível, em democracia, controlar absolutamente os movimentos da população. Só as ditaduras o permitem. Mas prever, ordenar e estabelecer condições não só é possível, como parece cada vez mais necessário. Não o fazer, entregar-se a uma passividade complacente, na esperança de melhor explorar o trabalho alheio, é destruidor da democracia.

 

Não há solução fácil para os problemas de imigração e de acolhimento. Mas a passividade é a pior atitude. Deixar correr, não tentar controlar, não ordenar, não definir horizontes, não estipular condições e não fazer um colossal esforço de integração são erros crassos cujos preços a Europa começa a pagar. Ter medo da imigração é ter medo da liberdade. Deixar correr as migrações é destruir a liberdade. Qualquer povo tem o direito de definir, por vias e métodos legítimos, os povos que quer receber. Assim como as condições legais, sociais e culturais de integração. A começar pela língua, evidentemente. E sempre, mas sempre, no respeito pela lei do país.


António Barreto, in Público 22 de Dezembro de 2024

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Democracia, uma quimera!

 


"Para serem legítimas as bases da Democracia, seria indispensável que existissem a Igualdade, a Liberdade, a Fraternidade, cuja célebre trilogia a Revolução Francesa escolheu para lema.
São os homens iguais? Ninguém ousará afirmá-lo. Uns, são mais fortes, mais trabalhadores, mais económicos, mais inteligentes que outros. Decretar a igualdade absoluta, é esquecer uma inflexível lei natural — que justifica as aspirações de todos os que se querem distinguir, conquistar um nome, uma fortuna, uma posição de comando.
Liberdade absoluta — não há, também, entre os homens. Presos às cadeias familiares, às dependências sociais, às regras morais que adoptaram, às carreiras que escolheram — os homens não são nunca inteiramente livres, nem podem sê-lo.
Quanto à Fraternidade, olhe-se a História, desde o início do mundo; descobre-se uma sucessão de lutas, de crimes, de conflitos... A Fraternidade é uma bela aspiração. Nada mais.
Logo, a Democracia, supondo a Igualdade, a Liberdade, a Fraternidade — é uma quimera."

João Ameal
in «Integralismo Lusitano — Estudos Portugueses», 1932. 

domingo, 22 de dezembro de 2024

O regime da irresponsabilidade, a democracia.

 


"Na política interna, a Democracia conduz à fraqueza. Dispersando a Autoridade, destrói-a. Dividindo ao máximo as responsabilidade, suprime-as na prática. Por isso, no momento do perigo, a Autoridade irresponsável da Democracia, sem força nem coerência, é incapaz de se opor à desordem.
Na política externa, a Democracia não se opõe também aos ataques ou ciladas do estrangeiro. Primeiro, porque a sua mitologia da Fraternidade a impede de acudir à defesa militar. Segundo, porque a tendência dos partidos de oposição e a missão dos agentes das sociedades secretas internacionais, são de favorecer às ocultas e até elogiar em público a intervenção estrangeira.
Temos a clara exemplificação destes pontos de vista:
— Quanto à política interna, na Democracia espanhola de 1931, em que os governos se viam reduzidos a assistir passivamente às greves, aos incêndios, aos massacres, às agitações de uma guerra civil cada vez mais feroz;
— Quanto à política externa, na atitude da Democracia francesa durante a Grande Guerra, entregando-se à Ditadura civil de Clémenceau, e às sucessivas ditaduras militares de Joffre, de Gallieni, de Foch — para resistir e vencer.
Logo, a Democracia, negação da Autoridade e da Responsabilidade — é incapaz de ser forte."

João Ameal
in «Integralismo Lusitano — Estudos Portugueses», 1932. 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

A queda do Império...

 


O regime comuno-socialista em que hoje vivemos não se fez a ele mesmo, foi feito com a conivência e cumplicidade de uma miríade de imbecis e ignorantes que acreditaram que a liberdade e a democracia se conquistam de um dia para o outro!!!
Liberdade conquistou-se durante séculos em que os nossos antepassados derramaram o seu sangue, suor e lágrimas, mas infelizmente todas as conquistas de séculos, tais como os cravos de Abril em que candidamente muitos tomaram por símbolo de Primavera, também essas conquistas se fanaram sobre o monte de esterco a que chamaram de regime democrático!!!
Agora só nos resta, ou voltar a conquistar aquilo que anteriormente houvéramos conquistado, ou então resignar-nos à actual condição de escravos deste regime corrupto e contranatura ou sistema comuno-socialista.
Na minha modesta opinião, cada povo tem aquilo que merece, estamos a pagar pela avareza, apatia, conformismo ou mesmo pelo ideal de uma vida fácil oferecido e propagandeado pelos vendedores da banha da cobra abrileiros a quem os grandes interesses internacionais pagaram para desempenhar o papel de carrascos da Nação Portuguesa! E se desempenharam o seu papel, foram mesmo merecedores do Óscar de melhor actor, mas em contrapartida, deveríamos nós, os portugueses levar umas valentes chibatadas nos costados pela nossa falta de atenção e até pela conivência, com o verdadeiro suicídio que cometemos enquanto Nação outrora soberana.
Um povo que se envergonha do seu passado, um povo que não luta pelos seus valores e interesses não tem futuro, aliás, merece o futuro que os donos lhe impuserem!!!
Morremos como Nação quando deixámos de ser um povo unido, perdemos o rumo, pois nunca fomos muitos, mas quando fomos todos a lutar pelos nossos ideais, fomos sempre os bastantes, esse é o Princípio da União, foi sobre esse pressuposto que se ergueu Portugal.
Creio estar na hora de uma grande reflexão, está na hora de dizer não ao sistema, está na hora de entenderem que não é com fracturas e clivagens que algo vai mudar, está na hora de dizer não a esta farsa a que chamam de regime democrático, está na hora de voltarmos a falar a uma só voz, a termos uma só vontade e a reconquistar aquilo que é nosso por direito, é hora de repensar, é hora de unir esforços, é hora de dizer basta a este regime, a esta ditadura, a esta farsa.
Basta de socialismo, basta de sermos espoliados, basta de sermos escravizados e espezinhados pelo sistema, basta de palhaçada democrática. Lembrem-se, todo o regime é socialista, os partidos políticos fazem todos parte desse sistema, todos os partidos políticos são empresas, todos são manipulados por interesses obscuros hostis ao povo português, banca e organizações internacionais. Servindo só e apenas para engordar uma miríade de corruptos, empresários sem escrúpulos, lojas maçónicas e outras organizações criminosas!!!


Alexandre Sarmento 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Por isso nós temos o Marcelo e outros do mesmo calibre!!!

 


“Agora só falta dinheiro e um candidato que possa ser treinado para assumir um ar «sincero». Deste novo ponto de vista, os princípios políticos e os planos para uma acção específica acabaram por perder a maior parte da sua importância. A personalidade do candidato e o modo por que ele é lançado pelos peritos de publicidade são as coisas que realmente contam.
De qualquer maneira, sob o aspecto de um homem viril ou de um pai amável, o candidato deve ser fascinante. Deve ser também um bom conversador que nunca aborrece a assistência. Habituada à televisão e ao rádio, esta assistência está acostumada a ser distraída e não gosta que lhe peçam que se concentre ou faça um esforço intelectual prolongado. Todos os discursos feitos pelo conversador-candidato devem, portanto, ser curtos e incisivos. As grandes questões do momento devem ser tratadas, no máximo, em cinco minutos — e de preferência (dado que a assistência estará impaciente por passar a qualquer coisa de mais atraente do que a inflacção ou a bomba H) em sessenta segundos. Devido à natureza da oratória, houve sempre entre os políticos e os eclesiásticos a tendência a simplificarem extremamente as questões complexas. De um púlpito ou de uma tribuna, até os oradores mais conscienciosos acham muito difícil dizer toda a verdade. Com os métodos usados agora, para mercadejar o candidato político como se ele fosse um desodorizante, coloca-se positivamente o eleitorado ao abrigo de ouvir toda a verdade sobre o quer que seja.”

Aldous Huxley
in "Regresso ao Admirável Mundo Novo", Edição «Livros do Brasil», Lisboa.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O Ódio Domina a Sociedade.

 


"O ódio, o sentimento mais rácico e autêntico entre todos, no predador, implica respeito pelo adversário. É inerente ao ódio o reconhecimento da igualdade, no plano anímico, entre opositores. Quanto aos seres inferiores, por esses apenas se sente desprezo. E esses seres desprezados tornam-se em Invejosos. Em todos os contos populares primitivos, em todos os mitos deístas, em todas as lendas heróicas, surgem tais temas. A águia apenas odeia os seus semelhantes, não inveja ninguém. Despreza, porém, muitos seres, talvez até todos os que lhe não são iguais. O desdém lança sempre o seu olhar de cima para baixo. A inveja, essa, dirige o seu olhar para cima. São estes os dois sentimentos historicamente universais da humanidade organizada em classes e estados. E os seus membros pacíficos, na sua raiva impotente, esbracejam entre as grades da jaula onde todos, conjuntamente, estão encerrados. Nada os pode livrar deste cativeiro e suas consequências. Sempre assim tem sido, sempre assim será... ou então, tudo deixará de existir. Ter em conta esta situação ou, pelo contrário, ignorá-la, são posições altamente diferenciadas. Mas querer modificá-la, é impossível. O destino do homem segue o seu curso e tem de cumprir-se."

Oswald Spengler
in "O Homem e a Técnica", Guimarães & C.ª Editores.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A farsa da democracia...

 


"É verdade que os conceitos de direita e esquerda nas mentalidades estão hoje ofuscados.
Mas, se se ofuscam, isto acontece precisamente porque os grandes partidos que lhes envergam as cores têm tomado progressivamente consciência da inconsistência daquilo que os separa.
Actualmente não há nada de substancial que diferencie os seus valores. As suas escolhas aproximam-se, os seus programas movem-se em direcção ao centro e a opinião prevalecente é que dizem todos mais ou menos a mesma coisa.
Ainda ontem pensavam pertencer a famílias diferentes. Hoje percebem que apenas foram inimigos irmãos, que podem ainda polemizar sobre este ou aquele ponto mas fazem espontaneamente — com toda a naturalidade, sentir-se-ia dizer — frente comum para demonizar e rejeitar para o tenebroso extremo qualquer direita que seja uma direita verdadeira, com referências próprias, os seus autores, a sua antropologia, a sua própria sociologia, a sua própria visão do mundo, do homem e da sociedade."

Alain de Benoist

O Passo da Floresta de Ernst Junger.

 


"Os homens sem importância, tal como os homens excepcionais, também sofrem grandes derrotas. E depois de uma derrota, o exílio parece uma espécie de solução. Pode ser o exílio que resulta da expulsão, do ostracismo, ou o exílio enquanto fuga, isolamento. É o caminho da ilha e o caminho da floresta. Já escrevi sobre a ilha. Falemos agora da floresta.
Em 1951, o escritor alemão Ernst Jünger publicou um dos seus textos mais importantes: “Der Waldgang”, que na tradução portuguesa [de Maria Filomena Molder, Cotovia] se chama “O Passo da Floresta”, e que noutras línguas tem títulos como “o recurso às florestas” ou “a retirada para a floresta”. É um ensaio poderoso, escrito num estilo hermético e vago, não uma divagação, diz Jünger, mas um “um excurso grave”. O tema é a catástrofe e a resposta à catástrofe. A proposta é a figura do “desterrado” como uma figura da resistência.
O texto tem um contexto histórico (o pós-guerra) e um contexto político (a derrota alemã) precisos, e faz bastantes considerações ideológicas que não acompanho. Mas o tom deliberadamente abstracto permite que tomemos “O Passo da Floresta” como um manual de resistência, ainda que não com a intencionalidade específica com que foi escrito. Não é por acaso que a tradução francesa tem como título alternativo “Tratado do Rebelde”. O texto vale para outras circunstâncias que não a alemã de 1951 porque a rebeldia não depende de um momento nem de uma situação.
O desterrado é uma figura por excelência do mundo contemporâneo, o homem que sobreviveu à catástrofe e se refugiou na floresta. Não procura um idílio contemplativo, meramente espiritual, mas um caminho, ou seja, uma escolha vital. “O lugar da liberdade”, escreve Jünger, “é completamente diferente da mera oposição, diferente também daquele que a fuga lhe pode oferecer. Chamamos-lhe a floresta. Nesse lugar há recursos diferentes.”
A floresta tem conotações mitológicas em todas as religiões, e remete também para exemplos concretos de guarida de rebeldes, mas aqui não é questão de uma floresta propriamente dita: a floresta está em todo o lado, inclusive no meio de uma grande cidade. Não é um local mas um espaço mental. Um espaço que se opõe à ideia de ‘barco’ ou de ‘navegação’. Os vencedores querem levar os vencidos para alto mar, em direcção ao esquecimento ou ao naufrágio. Mas cabe ao indivíduo recusar essa servidão. E recusar também o quietismo niilista que é a única alternativa que lhe oferecem.
O desterrado escapa ao desterro no sentido jurídico, não é um proscrito mas um homem que voluntariamente toma o destino nas suas mãos. Um homem derrotado, acossado, humilhado, mas que recusa o medo e o fatalismo e se compromete com a sua liberdade, visto que “uma história autêntica só pode ser feita por homens livres”. O desterrado foge à prisão, mas também foge ao seu tempo. Decide não ser desconfiado, intriguista, filisteu, interesseiro, manobrável, faz uma escolha existencial da qual não há regresso.


O caminho da floresta é um percurso solitário: “Entre as marcas características da interrogação, a solidão é uma delas. Ela é particularmente notável em épocas nas quais o culto da sociedade floresce. Mas que precisamente o colectivo apareça como o não-humano, essa é uma das experiências a que poucos são poupados”. O desterrado, diz Jünger, prefere a identidade à comunidade, porque a comunidade está pervertida.
É um caminho difícil, a floresta, um abrigo mas também um perigo. Daí que “O Passo da Floresta” valorize tanto os escritos pessoais e autobiográficos, os textos de profundis. Eles são a forma de comunicação por excelência do desterrado, porque o desterrado vive na floresta e a floresta, que está em todo o lado, vive sobretudo na linguagem.
O caminho da ilha, ou da “navegação”, como lhe chama Jünger, é a imposição de um castigo e, mais ainda, de uma temporalidade degradada, do ar rarefeito que se segue à catástrofe, da atmosfera venenosa do niilismo. O caminho da floresta é o oposto disso, é uma acção livre e independente, em que o indivíduo abandona a submissão, a indiferença, a neutralidade, o abaixamento pessoal, e desaparece, decide-se pelo underground, vai pelo trilho da floresta, que é secreto e aventuroso.
Se até de um Imperador fizeram um desgraçado, como aconteceu com Napoleão em Santa Helena, o que farão os vencedores de nós, que somos gente comum e pequena? Precisei de conhecer a catástrofe, e o seu gémeo em tempos de paz, que é o niilismo, para compreender este texto de Jünger. Não é apenas um exercício espiritual, é um manual de rebeldia. Uma rebeldia que pode ser tão invisível como a catástrofe foi invisível, nem todos os fracassos são espectáculo para o mundo, e nem todas as recusas são um número de circo. O desterrado é uma figura que entendo, que aceito, que me convém, a figura da retirada soberana, de um refúgio que cada um tem em si mesmo, não desligado dos outros mas hostil ao ‘colectivo’, à comunidade dos vencidos que se crêem vencedores, à gente que está em festa para esconder que não acredita em nada.
Queriam-nos, queriam-me, derrotados e expostos ao gozo da multidão. Mas não nos apanham. Já demos, já dei, o passo adentro da floresta."

Pedro Mexia
in Expresso, 30 de Julho de 2011.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

O Lado Oculto do 25 de Abril.



«Na manhã do dia 25 de Abril de 1974, quando as chaimites chegam ao Terreiro do Paço lideradas por Salgueiro Maia, deparam-se com navios de guerra no estuário do Tejo, sobre os quais se desconhecia a lealdade. Seriam fiéis ao regime marcelista? Ao movimento dos capitães? Ou a nenhum deles? Foi debaixo de tensão, depois de se aperceberem dos gigantes nas águas, que os "capitães de Abril" entraram pelo edifício pombalino para prender ministros fiéis ao regime - que conseguiram escapar por um esconderijo. Se os navios que estavam no Tejo (eram afinal contratorpedeiros e fragatas canadianas ao serviço da NATO) tivessem aberto fogo, tudo se poderia ter transformado numa carnificina e a revolução dos cravos teria sido, senão ineficaz, pelo menos mais sangrenta. Isto apesar de os capitães não estarem absolutamente desprotegidos, já que três batalhões de Vendas Novas ocuparam posições junto ao Cristo Rei, em Almada, com o objectivo de abater a tiro qualquer coluna que atravessasse a até aí designada Ponte Salazar ou qualquer navio que se revelasse hostil às forças revolucionárias. Mas o que tem, afinal, Bilderberg a ver com isto?

Três dias antes do 25 de Abril, já Bilderberg estava na posse de informações de que o movimento dos capitães ia tentar um golpe de Estado em Portugal. Decidiu nada fazer, embora tivesse poder para isso, via NATO. Esta informação é, inclusivamente, dada como válida pelo Centro de Documentação 25 de Abril, que integra este pormenor nos detalhes do dia da revolução.


Foi o jornalista Martinho Simões que, em 1978, no prefácio do livro A destruição da lealdade: um estudo da ameaça da propaganda de Anthony Burton, (Abril, 1978), abordou pela primeira vez o assunto. Escreveu Martinho Simões:

"Na reunião de 1974, realizada de 19 a 21 de Abril em Megève, participaram Nelson Rockefeller, governador do Estado de Nova Iorque; Frederick Det, secretário americano para o Comércio; general A. Goodpaster, comandante das Forças Aliadas na Europa; Denis Healey, ministro das Finanças inglês; Joseph Luns, secretário-geral da NATO; Richard Foren, presidente da General Electric para a Europa; Helmut Schmidt, na época ministro das Finanças alemão; Giovanni Agnelli, presidente da Fiat".

No fundo, o jornalista elenca algumas das pessoas mais relevantes à época, no mundo político e empresarial, que participaram no evento de 1974, onde não havia portugueses. Além dos referidos, ainda marcaram presença figuras como Gerhard Schröder, mais tarde chanceler alemão, ou o banqueiro e filho de Edmond Rothschild, Edmond Adolphe Rothschild.

Apesar de não haver qualquer presença lusa, alguns responsáveis norte-americanos (eram 22 neste encontro) e da NATO tinham várias informações que chegaram por via do embaixador norte-americano em Lisboa, Stuart Nash Scott. São raros os encontros de Bilderberg ao longo da sua história em que o secretário-geral da NATO não está presente. E 1974 não foi excepção. O holandês Joseph Luns - que havia assinado com o seu punho o Tratado de Roma em nome da Holanda, em 1957 - foi uma das figuras de maior destaque presentes na reunião. Enquanto diplomata, Luns estivera durante a II Guerra Mundial em... Portugal.

O jornalista Martinho Simões acredita que "a presença de Luns terá determinado o comportamento da NATO no desenrolar do golpe militar de Lisboa". E recorda como, três dias depois do encontro, a NATO foi conivente com o golpe:

"No dia 24 de Abril, diversas unidades da NATO chegaram ao porto de Lisboa. Elas deveriam tomar parte nas manobras aeronavais Dawn Patrol, programadas para o dia 26, no Mediterrâneo. Mas poucas horas antes de ser oficialmente anunciada a mudança do regime português, as manobras foram canceladas e os navios de guerra portugueses puderam regressar a Lisboa e anunciar a sua adesão ao MFA [Movimento das Forças Armadas]".


E continua:

"Não será demais pensar que a presença das unidades da NATO em Lisboa tinha como objectivo servir de elemento de dissuasão contra qualquer tentativa 'contrarrevolucionária' dos generais".


O Centro de Documentação 25 de Abril interpreta os acontecimentos dizendo que, no encontro de Bilderberg, realizado em Megève, França, "ter-se-á tomado conhecimento da iminência de alterações políticas em Portugal e decidido não contrariar a evolução dos acontecimentos, crendo que uma mudança política poderia conduzir ao liberalismo económico". O jornalista Martinho Simões conclui dizendo:

"Nas suas linhas gerais, portanto, o golpe de 25 de Abril é, por um lado, tecnicamente preparado por duas centenas de capitães; por outro lado, é aceite e facilitado pela conivência do capitalismo anónimo [ler: Bilderberg]".

O Clube viria, no entanto, a ficar desiludido com o rumo que os acontecimentos tomaram mais tarde:

"Em sua evolução posterior, foram os capitães 'vermelhos' e não os moderados que se apoderaram do poder, desse modo frustrando as expectativas do Clube de Bilderberg"».

Rui Pedro Antunes («Os Planos Bilderberg para Portugal»). 

Os dias do fim.



Só não viu quem não quis, curiosamente este satãnico monumento foi destruído pelos mesmos que o construíram, porquê, e porquê em plena pandemia Covid?
Não será necessário estar a gastar o meu latim, aqueles que ainda tenham a capacidade de usar o próprio cérebro chegaram rapidamente à resposta.
Este mundo está a tornar-se um local muito estranho, impróprio para humanos ainda providos de valores, sentimentos ou alguma réstia de humanidade, alguma algum vestígio daquilo que há milénios definiu os padrões da espécie humana, a inteligência, o espírito gregário, a tribo...
Poderia alongar-me um pouco a descrever o que me vai na alma, mas, como muitos dos meus leitores compreenderão, este tema revolta-me as entranhas, isto é absolutamente contranatura, irracional e reveste-se de um genocídio à escala global, o caminho da extinção da nossa espécie tal como a conhecemos, enquanto isso, a grande maioria ufanamente vai andando entretida com gadgets e vive intensamente alienada as mentiras propagadas pelos me(r)dia...

Alexandre Sarmento

 

O Pensamento Político Português por Orlando Vitorino.

 


Formado em Histórico-Filosóficas e Filologia, Orlando Vitorino é, sem dúvida, um dos maiores pensadores do [passado] século, definição que, além de verdadeira, fará crescer o interesse do leitor pela entrevista de hoje, a segunda subordinada ao título genérico de «Em busca da identidade nacional através da Filosofia Portuguesa».


Sobre o pensamento político português, uma manifestação da filosofia quando aquele tem esta como mãe e mestra, escutemos Orlando Vitorino, filósofo nascido em Trancoso, terras de Bandarra e de muralhas graníticas desafiadoras do tempo, autor de várias obras fundamentais, sendo de destacar a «Exaltação da Filosofia Derrotada» e a «Refutação da Filosofia Triunfante».

Esclarecido, polémico e profundo, o discurso filosófico de Orlando Vitorino, aqui expresso nas nossas edições de hoje e amanhã, abre caminhos para o pensamento português comum, tantas vezes alvo e vítima dos vendavais capazes de o fazerem ter a nuvem por Juno, sintoma de uma época demasiado pródiga em armadilhas mentais como o é a que atravessamos.




Acção política não coincide com pensamento


CM – Existe, na verdade, um pensamento político português?

O.V. – Não pode deixar de existir um pensamento político português, pois não pode existir Pátria ou Nação sem haver um pensamento. Pode existir uma Nação sem pensamento mas depressa se evanesce se não possuir um pensamento próprio.

O que acontece, em Portugal, é que o pensamento político português encontra-se dissociado do pensamento que preside à actual acção política.

Houve um período, desde o início da Nacionalidade até à época final dos Descobrimentos, em que o pensamento português coincidiu com a acção política.

A principal expressão dessa coincidência encontra-se no Rei D. Duarte, com o seu «Leal Conselheiro», um livro admirável, uma obra que os portugueses têm sido obrigados, propositadamente, a não conhecer. Basta dizer que o «Leal Conselheiro» só foi editado no século XIX.

No entanto trata-se do livro criador daquela aristocracia que deu origem à governação de Portugal conducente aos Descobrimentos.

CM – Já existiam, nesse tempo, forças contrárias ao Pensamento português?

O.V. – Sem dúvida. O próprio D. Duarte foi incitado pelo irmão, o famoso Infante D. Pedro, a impedir o Infante D. Henrique de prosseguir os trabalhos e os estudos necessários às descobertas.

O Infante D. Pedro é uma espécie de representante da CEE no século XIV. Ele escreveu a célebre carta de Bruges, na qual aconselhava D. Duarte a contrariar a obra de D. Henrique, andando pela Europa e procurando integrar Portugal nesse espaço geográfico, político e filosófico, impedindo a expansão marítima.

CM – Tivemos outros «delegados» da CEE nesses tempos?

O.V. – Damião de Góis é outro desses inimigos do pensamento nacional. Viveu a maior parte da sua vida nesses países que são, hoje, a Comunidade Económica Europeia e veio para Portugal com a finalidade de escrever umas crónicas e outros textos, nos quais representa uma posição contrária à do pensamento português que tinha feito Portugal.

Opõe-se, por exemplo, a João de Barros, contemporâneo seu, que dirigia os Descobrimentos na altura, como feitor da Casa da Índia. João de Barros possuía um conhecimento não só teórico como directo do que seria a essência de Portugal, e sobre isso escreveu as famosas «Décadas da Ásia», as que restam de uma obra que teria projectado, ou até teria escrito, incluindo as «Décadas da Europa», as «Décadas da África» e as «Décadas de Santa Cruz».

Escreveu, igualmente, livros de filosofia, um deles com o título «Tratado das Causas», o que significa ter sido um livro sobre o que há de mais essencial na filosofia. Estes tratados também desapareceram, sem deixar rasto, pois quem venceu o conflito foram os partidários do pensamento não português.


Sempre tivemos delegados da CEE


CM – Essa linha de ataque contra o Pensamento português, desde o Infante D. Pedro a Damião de Góis, teve continuação?

O.V. – Não só teve continuação como se desenvolveu, através de toda a decadência de Portugal iniciada no século XVI, quer com os «estrangeirados» do século XVIII, quer com o seu último representante, o António Sérgio, passando por homens como Oliveira Martins, Luís António Verney, etc.

Todos eles tiveram e emitiram uma má opinião de Portugal.

CM – Podemos considerar a época governativa do Marquês de Pombal como um período de grande avanço do pensamento antiportuguês?

O.V. – Está provado que o Marquês de Pombal promoveu, até, uma separação institucional entre o pensamento político da acção exercida e o pensamento político português.

Isto verificou-se, por exemplo, na sua reforma da Universidade, que ainda hoje vigora, pois a nossa Universidade continua sendo pombalina... Foi uma Universidade feita sob o signo da abolição da filosofia substituindo-a, apenas, pelo iluminismo.

CM – Assim, somos obrigados a pensar que 1820 não passa de mais uma ofensiva daquilo a que poderemos chamar pensamento antiportuguês?

O.V. – Foi a realização, em termos de acção política, de algo que já vinha de antes e frutificou sob esse aspecto de chamar liberalismo ao que não era liberalismo mas, apenas, um pensamento francês.

Depois, em 1870, esse liberalismo acaba por ser substituído pelo positivismo como doutrina, digamos, oficial, tendo segregado o pensamento português no ensino, nas instituições e na acção política.

Naturalmente, do positivismo transita-se para o marxismo e, actualmente, caso se possa chamar pensamento ao marxismo – pois trata-se mais de uma ideologia que de um pensamento – é esse marxismo que domina as instituições portuguesas e, sobretudo, domina toda a organização do nosso ensino.


A ingenuidade dos partidos não marxistas


CM – Mas nem todos os partidos, da actual democracia, defendem o marxismo.

O.V. – Três desses partidos dizem-se não marxistas, no entanto o marxismo, até pela mão destes três partidos, é imposto, mantido e desenvolvido em todos os sectores da vida nacional, sobretudo no ensino.

A ingenuidade desses três partidos provém, totalmente, da ignorância em que eles se encontram sobre o que vem a ser a vida do Espírito e do pensamento. Por isso o partido actualmente do Poder, Partido Social-Democrata, está convencido – afirmando-o até com grande satisfação – de que erradicou o marxismo do ensino da História e da Filosofia oficiais.

O ridículo desta situação consiste no facto de julgar ter abolido o marxismo do ensino só por ter mandado cortar, dos compêndios da História, o capítulo sobre esta ideologia. Ora toda a estrutura do ensino, em todos os domínios, tanto na Filosofia como na História, é marxista e cortar esse capítulo até facilita mais a infiltração e a formação marxista das gerações...

CM – Perante tantos e tão grandes ataques, onde poderemos encontrar o pensamento português?

O.V. – Ao lado de toda esta acção política efectiva, comandada por um pensamento político estrangeiro, tem continuado a desenvolver-se o pensamento português. O que existe de patriótico em Portugal está concentrado, ou melhor, refugiado desde há dois ou três séculos no pensamento filosófico.

Esta linha de Filosofia Portuguesa vem, como lhe disse, de D. Duarte e mantém-se hoje. O seu maior desenvolvimento deu-se, até, no presente século, desde a obra de Sampaio Bruno até à obra de Álvaro Ribeiro e José Marinho.

CM – Voltemos à primeira metade deste século. Surge Oliveira Salazar com a sua ditadura antimarxista. Teria Salazar empregue, como orientação, o pensamento político português?

O.V. – Salazar não foi um pensador mas um pragmatista interessado, sobretudo, com os aspectos económicos e financeiros.

Do mais tinha uma concepção moralista que procurou dar ao Governo que exerceu durante quase meio século.

CM – Não teve contactos com filósofos do pensamento português?

O.V. – Houve uma tentativa de aproximação com Leonardo Coimbra, depois do convite feito por António Ferro para o grande pensador português dar uma conferência no Teatro de S. Carlos.

A seguir à conferência António Ferro promoveu o encontro entre Leonardo Coimbra e Oliveira Salazar. Pouco se sabe de quanto foi dito nesse encontro, ao qual assistiram António Ferro e o jornalista Boavida Portugal. O primeiro nada disse, durante toda a sua vida, sobre o diálogo travado mas o segundo confidenciou, a algumas pessoas, ter o encontro começado de forma cordata mas descambado, depressa, numa discussão a chegar quase ao insulto. Tendo terminado com Salazar a perguntar a Leonardo Coimbra por que não escrevia romances em lugar de filosofia


Uma contradição capaz de ser compreendida


CM – Pode considerar-se o marxismo como uma doutrina dissolvente das Pátrias?

O.V. – O marxismo é um internacionalismo, evidentemente que um falso internacionalismo na faceta em que, actualmente, se manifesta. Não podemos esquecer tratar-se de uma ideologia assumida por um país, a União Soviética, e posto ao seu serviço.

À expansão do imperialismo soviético convém a desnacionalização dos outros países e povos, que essa despersonalização seja propagandeada e seja desejada.

O mesmo sucede, aliás, com os americanos, pois também eles fomentam, nos outros países, o predomínio do socialismo, apesar dos Estados Unidos serem um país capitalista.

Existe aqui uma contradição, mas uma contradição capaz de ser compreendida, pois o socialismo esvazia o carácter nacional e patriótico dos povos, substituindo-os por um jogo económico.

CM – O pensamento político português estará condenado a desaparecer, devido aos ataques desferidos pelo pensamento estrangeiro?

O.V. – Para que o pensamento português desapareça será necessário desaparecer Portugal.

Se tivermos confiança de que Portugal, apesar de tudo, prossiga – e Portugal apenas poderá prosseguir depois da crise que, actualmente, o afecta – só o poderá fazer com a Filosofia Portuguesa. De outro modo Portugal desaparecerá em breve, integrado em qualquer organização ou império.

CM – E a Filosofia Portuguesa tem força para sobreviver e ajudar Portugal a resistir?

O.V. – Com certeza. Temos o exemplo de Leonardo Coimbra, a figura central da Filosofia Portuguesa, que viveu nas condições mais hostis, mais desfavoráveis, e conseguiu ser o maior filósofo contemporâneo, não só de Portugal como de toda a Europa.

Leonardo Coimbra resistiu às maiores intrigas políticas, urdidas quer através dos partidos da época quer através do Parlamento.

A força de uma Filosofia reside na verdade do pensamento por ela transmitido e, depois de Leonardo Coimbra, essa verdade de pensamento foi, pacientemente, sistematizada por um homem chamado Álvaro Ribeiro, tarefa a que entregou toda a sua vida, com ausência total da ambições e com sacrifício do seu bem-estar.

A escola de Filosofia Portuguesa está constituída, hoje, por um número suficiente de pessoas com grandes capacidades intelectuais, a ir desde jovens estudantes até aos discípulos directos de Álvaro Ribeiro (in Correio da Manhã, 4.12.86, texto de Victor Mendanha).



quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Dois grandes trastes...

 



(...) Mário Soares é responsável por muito choro e ranger de dentes de muitos e muitos milhares de seres humanos; não merece ficar para a história como um homem grande [ou, melhor, um grande homem]. Pelo contrário, é mister que mais alguém diga o que sabe para que possa ser julgado no tribunal da história e ser sepultado em campa rasa na memória do povo português.
Quanto à outra sombra negra que perpassa em fundo ao longo destas linhas, Álvaro Cunhal, mais não foi que um títere nas mãos do aparelho comunista internacional. Tentou implantar em Portugal uma ditadura que, quando em vigor, faria de Salazar o maior democrata português do século XX. Cumpriu os planos do internacionalismo soviético, mas fê-lo com a convicção de que lutava por uma causa e não por interesse ou ânsia de poder pessoal.
Se fosse Deus punha os dois no inferno, mas para Soares guardava a fornalha mais quente».
General Silva Cardoso («25 de Abril de 1974. A Revolução da Perfídia»).


Peço desculpa a alguns mais sensíveis, mas não resisti a colocar as duas fotos, uma dos bandidos que venderam este país, dois verdadeiros ditadores, dois totalitaristas, dois ditadores, como podemos comprovar pela verdadeira ditadura que eles próprios promoveram neste país, com os resultados que nós todos sentimos na pele, um país destruído, sem autonomia financeira, sem soberania, um país completamente dominado pelos interesses internacionais, em suma, uma bela merda!
Por outro lado temos sim um verdadeiro estadista, que democrata ou não, obrigou-se a uma atitude nobre de governar em prol da nação, do seu amado povo, da sua amada pátria, o único que por sinal levou a plebiscito uma nova constituição da republica, CRP essa que na realidade protegia a sua nação do roubo da coisa pública, do saque institucionalizado, e do assalto dos cofres públicos pela cambada comuno/socialista/capitalista maçónica.
Assim sendo quem era o verdadeiro democrata?
Pensem nisto!!!!

Alexandre Sarmento


Num mundo normal, esta guerra seria entendida de outra forma...



"Como eliminar a tensão nervosa provocada pela guerra russo-ucraniana? Um bom método é fazer de conta que Putin é Barack Hussein Obama e a Ucrânia é a Síria, o Iraque, o Afeganistão, a Líbia, o Yemen, a Somália ou o Paquistão. O alívio é imediato. Outra hipótese com excelentes resultados é trocar a Rússia pela NATO e a Ucrânia pela Sérvia. Se, ainda assim, persistir algum “stress”, existe um último recurso: é imaginar que a Ucrânia é a Palestina."

Marcos P. de Escobar


terça-feira, 3 de dezembro de 2024

António Quadros e o 25 de Abril.

 


Brilhantes palavras do nosso grande, muito grande pensador António Quadros.

Tudo o que de catastrófico sucedeu depois do 25 de Abril era contudo de prever, porque não se pode melhorar qualitativamente um país por uma revolução com cravos mas sem ideias, ou apenas (o que é o mesmo) com ideias feitas, convencionais, com ideias que não nasceram livre e espontaneamente do próprio povo, no sentido lato da palavra, isto é, que não promanaram da sua língua e da sua cultura, da sua história, e da sua problemática concreta, da criatividade e da actividade mental dos seus filósofos, escritores e artistas.
Não sendo possível a acção política sem pensamento político e não havendo entre nós, ao nível das classes dominantes e da universidade, nem pensamento político, nem pensamento filosófico capaz de o fundamentar, o resultado inevitável tinha de ser, ou a entrega do país e quem pensasse por ele (o que veio a suceder logo após o 28 de Setembro com o acesso de Vasco Gonçalves e com o domínio crescente do aparelho comunista) ou a proliferação de um pseudo-pensamento de cartilha, que, através dos diversos activismos grande ou pequeno-partidários, outra coisa não tinha ao seu alcance fazer do que tentar reproduzir no Portugal de hoje os seus diversos cenários de eleição: a Rússia dos anos 20, a França dos anos 30, a Jugoslávia dos anos 40, a Argélia dos anos 50, a China dos anos 60, etc., etc., etc., ou seja, anacronismos dentro de anatopismos, que não podem levar a perte nenhuma.
A própria «descolonização» que viemos a fazer para mal dos nossos pecados não foi mais do que um ersatz trafulha dos cenários das descolonizações inglesa ou francesa, com a diferença de que a Inglaterra ou a França souberam construir, ao mesmo tempo, a Commonwealth e a Union Française, enquanto nós tudo abandonámos sem contrapartida e sem honra, permitindo o êxodo vergonhoso de um milhão de portugueses metropolitanos, africanos ou timorenses. 

Eça, sempre presente.

  Lembrar o Eça neste dia em Lisboa ... EM QUE O EÇA, SOB UM VIOLENTO DESARRANJO INTESTINAL, SE METE A ENALTECER D. JOÃO VI E A DEITAR AS CU...