Os donos do poder criam-nos inimigos e dirigem o nosso ódio para eles em várias frentes ao mesmo tempo.
Fomentam a ira, o ódio e o rancor para construir o caminho que levaremos até terem o seu objectivo completamente cumprido.
Somos portanto meros peões, meros objectos manipuláveis...
Como se pode evitar esta situação, perguntam?
Pensem pelas vossas cabeças, dispam-se de preconceitos, estejam verdadeiramente informados, procurem a verdade.
Sejam atentos e conscientes...
Alexandre Sarmento
Pintura "Narcissus" de Roberto Ferri.
"A verdade, a decisão, o empreendimento, saem do menor número; o assentimento, a aceitação, da maioria. É às minorias que pertencem a virtude, a audácia, a posse e a concepção." Charles Maurras
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
Conscientes e despertos...
domingo, 10 de novembro de 2024
A tradição.
Tradição: para uma estirpe dotada da vontade de voltar a situar a ênfase no âmbito do sangue, é palavra brava e bela. Que a pessoa singular não viva somente no espaço. Que seja, pelo contrário parte de uma comunidade pela qual deve viver e, sucedida a circunstância, sacrificar-se, esta é uma convicção que cada homem com sentimento de responsabilidade possui e que postula à sua maneira particular com os seus meios particulares. A pessoa singular não se encontra, no entanto, ligada a uma comunidade superior unicamente no espaço, mas, de uma forma mais significativa, ainda que invisível, também no tempo. O sangue dos antepassados está latente, fundido com o seu, ele vive dentro de reinos e vínculos que eles criaram, custearam e defenderam. Criar, custear e defender: esta é a obra que ele recebe das mãos daqueles e que deve transmitir com dignidade. O homem do presente representa o ardente ponto de apoio interposto entre o homem do passado e o homem do futuro. A vida relampeja como o rastilho incendiado que corre ao largo da mecha que ata, unidas, as gerações…queima-as, certamente, mas mantém-nas enlaçadas entre si, do princípio ao fim. Em breve também o homem presente será igualmente um homem do passado mas, para conferir-lhe calma e segurança, permanecerá a ideia de que as suas acções e gestos não desaparecerão com ele mas antes constituirão o terreno sobre o qual os vindouros, os herdeiros, se refugiarão com as suas armas e instrumentos.
E agora, certas mentes abjectas, devastadas pela imundície das nossas cidades, surgem para dizer que o nosso nascimento é um jogo de azar, e que “poderíamos perfeitamente ter nascido franceses como alemães”. Certo, este argumento vale precisamente para quem assim pensa. Eles são homens da casualidade e do azar. É-lhes estranha a fortuna que reside no sentir-se nascido por necessidade no interior de um grande destino e de sentir as tensões e lutas desse destino como nossas, e com elas crescer ou inclusive perecer. Essas mentalidades sempre surgem quando a sorte adversa pesa sobre uma comunidade legitimada pelos vínculos do crescimento, e isto é típico delas. Reclama-se aqui a atenção sobre a recente e bastante apropriada inclinação do intelecto de insinuar-se parasitariamente e nocivamente na comunidade de sangue, e a nela falsear a essência em nome do raciocínio…isto é, através do conceito, à primeira vista correcto, de “comunidade de destino”. Da comunidade de destino, no entanto formaria também parte o negro que, surpreendido na Alemanha ao início da guerra, foi envolto no nosso caminho de sofrimento, nas senhas do pão racionado. Uma “comunidade de destino”, neste sentido, é constituída por passageiros de um barco a vapor que se afunda, muito diferentemente da comunidade de sangue: formada esta pelos homens de um navio de guerra que descende até ao fundo com a bandeira ondulando.
Para o homem nacional, por outro lado, subsiste um perigo grande: o de esquecer-se do futuro. Possuir uma tradição comporta o dever de viver a tradição. A nação não é uma casa na qual cada geração, como se fosse um novo estrato de corais, deva acrescentar tão-somente um piso mais, ou onde, por meio de um espaço preestabelecido de uma vez por todas, não sirva outra coisa que continuar a existir, mal ou bem. Um castelo, um palácio burguês, dir-se-ão construídos de uma vez para sempre. Prontamente, todavia, uma nova geração, incentivada por novas necessidades, vê a obrigação de impor importantes modificações. Ou, por outro lado, a construção pode acabar por arder num incêndio, ou terminar destruída, e então um edifício renovado e transformado vem a ser construído sobre os antigos cimentos. Muda a fachada, cada pedra é substituída, e todavia, como se encontra ligada à raça, perdura um sentido do todo específico: a mesma realidade que foi num princípio. Talvez se possa dizer que somente durante o Renascimento ou na idade barroca tenha existido uma construção perfeita. Por acaso então se detinha uma linguagem de formas válida para todos os tempos? Não, mas aquilo que existia então permanece de algum modo oculto no que existe hoje.
Ernst Jünger,"Die Tradition."
Segredos da descolonização de Angola.
«Para Almeida Santos o documento de Mombaça "continha o essencial do texto, só formalmente não acabado, que viria a converter-se no acordo assinado na Cimeira do Alvor". Fora apenas submetido a um "simples ajustamento de forma". O papel dos negociadores nacionais tinha sido tão irrisório que até se poderia dizer que a "participação dos responsáveis políticos nas negociações do Alvor" tinha sido "uma participação chancelar": a delegação portuguesa limitara-se "a pôr em bom português o texto que de Angola veio". O Acordo tinha sido o que os líderes angolanos "quiseram que fosse" e a "pressa com que foi negociado" demonstrara "a urgência" que tinham "em se verem livres de nós". Tinha havido pouco tempo "para tudo fazer", o que "levou a que praticamente se não tivesse chegado a fazer nada". Gonçalves Ribeiro não considera que o texto do Alvor seja um mero decalque do Acordo de Mombaça porque (como as actas atestam) ao longo das reuniões "foi sendo sucessivamente ajustado às sensibilidades, percepções, vontades e credos de cada uma das partes".
(...) Os mais satisfeitos com o Acordo eram os militares portugueses em Angola: estavam orgulhosos do trabalho feito por Rosa Coutinho, para o qual auguravam, num futuro próximo, um papel proeminente em Portugal. As críticas ao Almirante, tanto por parte dos brancos como dos negros, estavam indubitavelmente ligadas ao favorecimento do MPLA, embora o diplomata [Tom Killoran] considerasse ser impossível a qualquer mortal cumprir aquela missão "sem ofender alguém". Rosa Coutinho rechaçara "as intenções golpistas que se tinham formado nas cabeças de meia dúzia de extremistas brancos", mas nem sempre respeitara os direitos dos próprios compatriotas: "Certamente terá violado os direitos civis de alguns brancos e poderia até vir a ser processado judicialmente por tê-lo feito, mas como era 'uma raposa velha' não se preocupava com tais minudências".
(...) O Acordo do Alvor tinha sido publicado (na íntegra ou parcialmente) pela Imprensa nacional e estrangeira, mas em 16 de Janeiro de 1975 o embaixador português nas Nações Unidas ainda não o tinha recebido: Veiga Simão solicitava que Lisboa lho enviasse urgentemente "a fim de ser imediatamente divulgado", senão acabaria por ser primeiro distribuído pelos representantes angolanos. Em Angola, as previsões mais cépticas ou os comentários menos alinhados com o triunfalismo ostentado pelas partes subscritoras do Acordo não eram bem-vindas. Os meios de comunicação eram uma poderosa arma de propaganda e (como a FNLA já adquirira um jornal) o governo de Rosa Coutinho impôs restrições à liberdade de informação. A decisão, justificada pela desejada paz social, era uma forma de silenciar opiniões divergentes da "linha justa". As transgressões consagradas na nova Lei de Imprensa incluíam a difamação do chefe de Estado, de ministros e diplomatas, a agressão ideológica a princípios democráticos legais ou ao processo de descolonização, violações ao Direito Civil e o incitamento à revolta popular ou à greve (que em Portugal viria a ser um direito constitucional). A coima mínima era de 200 contos e a mais pesada correspondia à suspensão do orgão noticioso por um período mínimo de 30 dias.
Durante uma conversa informal com Tom Killoran (antes de partir de Luanda), Rosa Coutinho disse-lhe que o Acordo do Alvor era "um acordo desajeitado", não crendo que "o espírito de cooperação entre os três Movimentos fosse muito sincero". Anos depois mantinha a opinião expressando-a através de uma típica metáfora gastronómica bem nacional: o Alvor tinha sido "uma 'caldeirada à portuguesa'", mas não se negasse o mérito de ter juntado os líderes angolanos à mesa com Portugal, de ter fixado a data da independência e de ter mantido Cabinda anexada a Angola. Para Mário Soares, a Cimeira assemelhou-se mais a um "jogo viciado". O ministro - que teve início pretensões de "cavalgar a questão africana", julgando que "poderia solucioná-la melhor do que os outros" - percebeu ao chegar à Penina que "os dados estavam lançados e o jogo praticamente feito". "A visão dominante naquela sala era pró-MPLA", diria. A leitura de Savimbi era semelhante: "As forças gonçalvistas" pretendiam "entregar o Poder exclusivamente ao MPLA" e Rosa Coutinho, que tinha sido "introduzido 'a martelo'" na Cimeira, como observador, não tinha parado "de manobrar nos corredores do hotel". Depois de se conhecerem as actas das reuniões pode aferir-se de que forma os ministros socialistas foram relegados para um lugar secundário nas conversações, como alegaram posteriormente. Almeida Santos referiu ter sido um mero escrivão e o MNE [ministro dos Negócios Estrangeiros] que ambos se limitaram a desempenhar um papel quase decorativo: "Tanto o Almeida Santos como eu estávamos um pouco à margem desses esquemas e a nossa contribuição na Cimeira, para dizer a verdade, foi mais do tipo 'chá e simpatia', limando algumas arestas mais vivas que já se desenhavam, claramente, entre eles". Para o fundador do PS, o Alvor foi "o compromisso possível", não crendo que houvesse outra estratégia que pudesse ser seguida: "Não tinha uma visão claro do que se poderia fazer de diferente e a minha capacidade de intervenção era reduzida. Não havia grandes saídas ou outras opções a tomar, com êxito".
(...) Rosa Coutinho, Mário Soares e Almeida Santos não acreditaram, logo após a assinatura do Acordo que este fosse posto em prática devido à direcção tricéfala do governo com um primeiro-ministro mensal. Mas como "vinha de Mombaça, tinha sido acordado por eles e não havia nada a fazer", justificou Pezarat Correia. Na verdade, o executivo angolano viria a revelar-se absolutamente disfuncional desde o início, mas o maior óbice à paz e ao cumprimento do Alvor foi a coexistência de três exércitos rivais, cuja manutenção foi permitida. Não foi imposta qualquer restrição ao poderio militar ou ao número de efectivos das tropas nacionalistas e essa lacuna contribuiu para o caos gerado em Luanda, quando nem 30 dias tinham decorrido sobre a assinatura do Acordo.
Para Melo Antunes, o "calcanhar de Aquiles" de Portugal foi a incapacidade de obrigar os líderes angolanos a cumprirem o Acordo. O Alvor não previa qualquer punição eficaz em caso de incumprimento pelos Movimentos e a única forma de o fazer respeitar seria recorrer à coacção pela força militar, o que era inevitável. Em Angola tinha começado a desmobilização dos soldados africanos das FAP e dos brancos recrutados na Província; o tempo de serviço das tropas fora reduzido e o Exército abdicou das Forças Auxiliares. Força militar era algo que Portugal já não tinha em Angola e também não poderia contar com eventuais reforços da Metrópole.
Havia ainda a intervenção em Angola das grandes potências mundiais (China incluída) que Lisboa não controlava, mas que para Melo Antunes poderia ter sido neutralizada, se as autoridades em Luanda tivessem meios para travar a corrida aos armamentos e as hordas estrangeiras (de zairenses, cubanos, russos) que dissimuladamente se foram infiltrando nos campos de treino disseminados pelo território. Como escreveu Savimbi: "A nenhum observador atento passava despercebido o desejo de supremacia que cada um dos ML procurava obter sobre os restantes. Daí a uma corrida ao armamento foi um abrir e fechar de olhos". Melo Antunes acreditava que, se Portugal tivesse sido capaz de obrigar à obediência do Alvor, "a influência das grandes potências pouco se poderia fazer sentir". Mas perante o "vazio de Poder da potência colonial", ficou dependente "da capacidade de os Movimentos levarem por diante a aplicação dos acordos e, portanto, dependentes apenas da sua boa-fé".
(...) O primeiro embaixador soviético em Portugal também não foi uma escolha casual. Formado na escola diplomática de Moscovo (o Instituto Estatal das Relações Internacionais) ainda na presidência de José Estaline, Arnold Kalinin desembarcou em Lisboa em 1974, proveniente de Havana, onde era conselheiro da Embaixada da URSS, desde 1969. Kalinin possuía no seu currículo duas competências muito recomendáveis à missão que lhe tinha sido destinada: falava "brilhantemente espanhol e português" e teve um papel relevante nos contactos entre militares do MFA e as Forças Armadas de Cuba, a partir do primeiro trimestre de 1975. Também não terá tido um contributo de somenos importância nos contactos que antecederam a intervenção cubana em Angola, onde foi embaixador da União Soviética a partir de 1983, um ano após deixar Lisboa. Falecido no início de 2012, Kalinin terminou a carreira diplomática em Havana, onde a iniciara. Como refere Vasco Vieira de Almeida: Ouvira falar "antes de ir para Angola de uma possível ajuda de cubanos ao MPLA. [...] Os intermediários estavam em Lisboa. Os primeiros contactos foram com o embaixador cubano que estava cá na altura...".
Para Pinheiro de Azevedo, "a descolonização, tal como se processou", só poderá ser entendida tendo em conta "as decisões dos grandes centros mundiais sobre África", embora Lisboa pudesse ter feito mais para se opor às ingerências directas de Moscovo e de Washington: "Portugal teria podido orientar a descolonização por forma a salvaguardar os seus interesses e antes de mais os interesses dos portugueses radicados em Angola e em Moçambique, se o povo português e os seus dirigentes tivessem reagido violentamente à entrega daquelas colónias a Movimentos comunistas. Não teria havido interferência das superpotências, apesar de estarem de acordo quanto a essa entrega. Mas essa reacção não foi possível porque as forças da Esquerda determinaram três factos fundamentais: primeiro, impediram a saída de soldados para as colónias, a partir de certa data depois do 25 de Abril; segundo, "lavaram o cérebro" e mentalizaram os que de facto partiram, de tal maneira que, em vez dos esplêndidos combatentes que tivemos de 1961 a 1974, seguiram para África transformados em cobardes; e terceiro, provocaram entre as nossas forças um ambiente de derrotismo e abandono tão pronunciado que não mais se pôde contar com elas, o que tornou impossível que negociações políticas diferentes fossem apoiadas pela força"».
Alexandra Marques («Segredos da Descolonização de Angola»).
sábado, 9 de novembro de 2024
Salazar, pungentemente profético!!!
Salazar bem sabia que o futuro não seria risonho, estava consciente dos vampiros e da luta pelo poder...
Um testemunho bem expressivo do sentimento do homem do leme!!!
«Lisboa, 12 de Dezembro [de 1965] - Encontro no regresso o chefe do governo um pouco constipado e rouco. Atribui tudo à secura do ambiente aquecido. Falo-lhe do Concílio, dos nossos bispos, dos progressistas, das impressões colhidas. Salazar concentra-se nos progressistas. Diz: "Eu não os compreendo. Eu não sei compreendê-los. Monsenhor Rotoli, da Nunciatura, tem razão quando diz que eu não tenho sensibilidade católica. Quer ele dizer que as minhas ideias não são a da maioria de hoje. É verdade. E no entanto nunca na história de Portugal alguém fez pela Igreja mais do que eu. Desde os tempos de D. Pedro I, e de João V, etc., fui eu quem mais tem protegido e ajudado a Igreja. Mas não me importo. Enquanto não se meterem comigo, não me importo".
(...) Lisboa, 5 de Dezembro [de 1967]- Salazar repete-me que se quer ir embora. Diz com ênfase: "não quero, repito que não quero morrer neste lugar. E também não quero viver muito tempo depois de sair, porque não quero ver as desgraças e a confusão em que o mundo vai mergulhar, e o país". Como eu disse que era melhor o destino resolver um problema que não está posto, Salazar ripostou: "Ah! mas vai estar! Porque eu vou levantá-lo com o Chefe do Estado. Mas os senhores, em lugar de estarem para aí com essas coisas, deviam era ajudar, e colaborar para todos juntos vermos a melhor maneira de se proceder à transição sem solavancos, e de modo a que não houvesse alteração nas coisas fundamentais". Depois, o chefe do governo retomou a sua preocupação com o progressismo: "Já não será no meu tempo, mas eu adivinho um choque brutal entre a Igreja e o poder civil. No dia em que o progressismo for anti-nacional - e caminha para isso! - o governo que aqui estiver não pode deixar de reagir. Note: já hoje o progressismo invade muita coisa. Nos ministérios já há muito progressismo. Daqui a pouco, temo-lo no governo, se é que já não o temos". Aludiu de seguida ao Cardeal Cerejeira: "Publicou para aí um livrinho, Na Hora do Diálogo. Pois bem: é tudo defensivo, é só para se defender, não teve a coragem de contra-atacar. É um fraco, sempre foi um fraco, nunca teve a coragem de castigar ninguém".
Franco Nogueira («Um Político Confessa-se - Diário: 1960-1968»).
Um pouco de verdade sobre o que hoje é o Estado de Israel.
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
A chave da sobrevivência está nas nossas mãos.
«A expressão "simplicidade voluntária" foi popularizada nos Estados Unidos por Duane Elgin no seu livro publicado em 1981 Voluntary Simplicity; Elgin atribuia a paternidade do conceito a Richard Gregg, um adepto de Gandhi que havia escrito em 1936 um artigo com esse título. Da minha parte, escrevi uma primeira versão de La simplicité volontaire em 1985, no âmbito de uma colecção de livros sobre saúde; a minha reflexão sobre a saúde tinha-me levado à conclusão que nos países industrializados, a maior parte dos nossos problemas de saúde são derivados do sobre-consumo e que a nossa busca de saúde nos devia levar a um estilo de vida mais sóbrio, claramente contra a corrente. Dizia: A simplicidade não é a pobreza, é um despojar que nos deixa mais espaço para o espírito, para a consciência. É um estado de espírito que nos convida a apreciar, a saborear, a procurar a qualidade, é uma renúncia aos artefactos que pesam, incomodam e impedem de ir até ao fim das possibilidades". Voltei a escrever o meu livro numa reedição aumentada em 1998, desta vez insistindo nos efeitos sociais e ecológicos do nosso consumo excessivo: "Hoje em dia, dou-me conta que a via da simplicidade voluntária não constitui simplesmente o melhor caminho para a saúde, mas é sem dúvida a única esperança para o futuro da humanidade".»
«O maior perigo neste momento é a passividade. Apresentam-nos a mundialização como uma tendência inevitável, dizem-nos que depois do fracasso do socialismo, o capitalismo e a lei de mercado é a única via possível. Nada disto é verdade. Sem conhecer todas as soluções aos problemas sociais e ambientais com que nos deparamos, sem ter uma visão precisa do que será a sociedade ideal. Há certamente outras vias de acção que permitam o progresso para uma eco-sociedade, uma sociedade em que os humanos vivam em harmonia entre eles e a natureza. Em suma, trata-se de abolir a submissão à economia e criar uma sociedade que favoreça o bem-estar completo de todos os seus membros.»
Serge Mongeau
in "Vers la simplicité volontaire".
Sempre contra a abominável ignorância!!!
«Essas modestas páginas culturais que sobrevivem, opinei, servem para não nos resignarmos. Para fazer com que, pelo menos, aos imbecis e aos ignorantes lhes sangre o nariz. Para nos recordar que ainda é possível pensar como gregos, lutar como troianos e morrer como romanos. Para aceitar, por fim, o ocaso de um mundo e o começo de outro no qual não estaremos; e fazê-lo serenos, jogando às cartas no salão cada vez mais inclinado do barco que se afunda, enquanto pelas escotilhas abertas, entre os gritos dos que pensavam ser possível escapar ao seu destino — "O barco era insubmergível", reclamam os imbecis —, soam os compassos da velha orquestra que nos justifica e nos consola.»
Arturo Pérez-Reverte
Refutando o colectivismo socialista.
"O revezamento das gerações é inevitável. Conviria que ele fosse não só revezamento dos homens como, também, o do vocabulário e dos pontos de referência. A tradição a que estamos ligados é a da coragem, da lealdade, da fidelidade à palavra dada, da energia, da firmeza de carácter. O que estimamos e desejamos manter é, pois, uma certa imagem do homem. O que detestamos são as preocupações mercantis, a prioridade dada ao dinheiro pela nossa época, a estéril imagem puramente económica com que se nos apresenta a vida social, o anonimato e o tédio dos grandes formigueiros humanos, as nauseantes e vãs ideologias, as reivindicações mesquinhas e a pressão contínua e repugnante desta luta manhosa da existência colectiva. O que nós repudiamos é uma certa imagem da sociedade. A nossa escolha biológica é mais do que a defesa de uma raça; é muito mais vasta, é muito mais dramática. Sentimos profundamente a nossa condição animal, sentimo-nos profundamente mamíferos e obedecemos às leis não propriamente da nossa espécie mas do género a que pertencemos; estamos fundamente ligados a essas leis, queremos conservá-las; não queremos o formigueiro que nos constroem, não queremos a mutação para a colectividade de insectos superiores que o mundo moderno, colectivista ou liberal, nos prepara. Só desejamos regimes fortes pelo facto de eles imporem regras de salvação pública às forças de destruição e de escravização trazidas pelas modas científicas da produção; queremos que, para além da vida mecânica de escravos que nos reservam, por igual, a ideologia marxista e as normas da produção em série e em concorrência, haja um poder salvador, uma força suprema, que arbitre em favor da humanidade.
Estas perspectivas não são o resultado de uma meditação pessimista. Precisamente pelo contrário: é o facto de eu acreditar no futuro das ideias de que somos portadores que me leva a desejar que a sua apresentação se faça em termos de criar condições de diálogo. Saibamos aproveitar as lições do "blocus" eleitoral. E também dos modelos de que se servem os nossos adversários. “Conhecem o nosso programa?” — dizem os comunistas. E acrescentam: “Venham ver-nos. Nós conversaremos”. Procuremos, como eles fazem, as condições e o vocabulário da persuasão. Busquemos encarnar os interesses dos grupos sociais ameaçados ou incompreendidos; desenvolvamos ou criemos a solidariedade com o que existe; não sejamos mais apenas doutrinadores — porque a doutrina aborrece — nem nostálgicos — porque a nostalgia entorpece — mas procuremos lançar a âncora o mais possível na vida real, na vida local, na vida profissional, na vida sindical, para tecer desde já elos múltiplos e eficazes, pelos quais nos possamos tornar um dia a representação real de uma vaga de opinião pública."
Maurice Bardèche
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
O regime dos pequeninos.
"Não sendo dominante o Evangelho de S. Marx, um outro recebe a adoração da generalidade dos habitantes do rectângulo. É o Evangelho democrático. Quem o não perfilha é excomungado e, mais ou menos, marginalizado. A democracia assumiu foros de religião. E não se pense que é uma religião que não faz uso do braço secular. Sem dúvida, proclama tal uso uma selvajaria, só própria de eras ainda não iluminadas pelo esplendor da nossa civilização — a civilização da bomba atómica. Porém o que ela diz é uma coisa, outra é o que faz. A democracia condena as fogueiras da Inquisição, mas aprova as fogueiras de Dresden, Hamburgo, Colónia, etc. Acha as cruzadas uma coisa indigna e um papa (democrata claro) pede desculpa pelas mesmas embora não tenha uma palavra de censura para o que o Sr. Eisenhower, inteiramente insuspeito na matéria, baptizou de Cruzade in Europe. E assim por diante. Escandalizam-se com a Gestapo, a Ovra, a Pide, e simultaneamente atribuem às suas polícias métodos e poderes semelhantes. Lembremos só num exemplo brevíssimo o que se passa no Iraque e em Guantánamo.
Em resumo a democracia berra contra a violência na altura exacta em que a emprega.
Claro que tomamos, aqui, democracia não como simples forma de governo mas como uma concepção axiológica. De resto uma e outra estão interligadas. O governo do povo pelo povo implica, obviamente, que os homens tenham liberdade de formar partidos e agrupamentos isto é, sejam dotados de liberdade de reunião. E, para formarem livremente os seus partidos ou agrupamentos, é indispensável que circulem sem obstáculos os ideais ou doutrinas, em volta dos quais aqueles se aglomerem — logo é indispensável a livre expressão do pensamento.
Qual o fundamento porém de tais liberdades? Obviamente, a imensa dignidade dos seus titulares, os homens, as pessoas humanas. Cada homem, cada pessoa humana será uma espécie de deusinho intangível e autónomo (claro que com excepção dumas pessoas humanas chamadas fascistas que, nem vale a pena discuti-lo, não têm obviamente a dignidade inerente a todas as pessoas humanas).
Torna-se patente que tais deusinhos não podem ser governados senão por si próprios e voltamos ao começo, à democracia enquanto regime."
António José de Brito
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
Salazar, ainda vive.
«Dizer que Salazar foi um génio político será impolítico. Mas foi. É uma consolação da esquerda imaginar um provinciano manhoso, teimoso, cheio de sorte e obedecendo pura e simplesmente aos grandes deste mundo para conservar o poder. Eis um engano com o qual nada ganhamos. (...) É de repensar tudo acerca de Salazar. Num país atrasado, um grande conservador apoia-se fatalmente, embora não exclusivamente, em forças reaccionárias, mas os termos não são sinónimos. Melhor ainda: um conservador desses é em parte um reaccionário. Mas sabe evoluir, tem um plano capaz de digerir as modificações necessárias, de se limitar e enquadrar pelos princípios de sempre: Deus, Pátria, Família, Propriedade. Não quer voltar atrás ou sequer parar. Modela o novo pelo antigo, prudentemente.
(...) ao ser o único que reflectiu com certa largueza e ao mesmo tempo com realismo, sobre a questão do Estado, o pensamento político salazarista é o mais estruturado deste século em Portugal. É pena que assim seja, mas é verdade».
Manuel de Lucena («Portugal sem Salazar»).
Verdades modernas...
Muitos têm falado em nome da verdade, médicos, jornalistas, terroristas, advogados, taxistas, trotinetistas, políticos, pokémons, avatares, mas afinal qual é a verdade deles, qual verdade defendem?
Eu continuo a defender a verdade universal, a factual, a verdadeira, quanto às verdades manipuladas e com objectivos sobejamente conhecidos por parte de quem tenha dois dedos de testa, bem podem remetê-las para aquele local escuro e fedorento onde o sol não brilha, pois com verdades dessas,, quem precisa de mentiras!!!
A conclusão a retirar de tudo isto, é que se fabricam verdades à medida dos crentes, dos acólitos imbecilizados e ignorantes de A, B, C ou D, enfim, albarda-se o burro à vontade do dono, e ao que parece, os donos hoje são em número bastante limitado para tal quantidade de asininos!!!
Antigamente os burros serviam de meio de transporte de mercadorias, os burros de hoje apenas servem de meio de transporte da vontade de uma elite de trafulhas, demagogos, manipuladores e parasitas sociais. Enfim, dizem que evoluímos, ao que parece, este processo evolutivo está a transportar-nos para uma outra tão almejada condição, a dos invertebrados, rastejantes, babosos e acéfalos!!!
Como muitas vezes ouvi em terras de Barroso, "se vires burro, bota-lhe carga!"...
Irra que é demais, os burros já são tantos, que às vezes finjo-me de burro para não ser incomodado pelos que fingem ser inteligentes.
Quanto mais a sociedade se distancia da verdade, mais ela odeia aqueles que a revelam.
Frase pungentemente verdadeira de George Orwell.
E viva a manipulação, democraticamente manipulados, mas felizes!!!
Alexandre Sarmento
terça-feira, 5 de novembro de 2024
Mostrando as garras...
Meus amigos, mais uma vez vou deixar aqui bem expresso, não me considero, nem de esquerda, nem de centro, nem de direita.
A única ideologia que sigo é a da minha consciência, sigo aquilo que sinto ser a linha mais humana, a mais adequada à situação.
Raramente faço juízos de valor e baseio a minha opinião normalmente em documentação ou relatos de fonte fidedigna.
Portanto não queiram fazer de mim aquilo que não sou, apenas devo obediência a mim próprio, tenho os meus princípios e sigo os meus princípios, se alguém houver que não se sinta bem com a minha opinião, é fácil ou contra-argumenta pacificamente baseado em factos ou informação verídica, ou então desampare-me a loja pois tenho muito em que perder o meu tempo.
Mentira e embuste não são mesmo a minha praia.
A verdade mesmo que inconveniente está acima de tudo, muito embora grande parte das vezes seja mais fácil ladear com a mentira, acreditar na falsidade, pois muitas vezes o problema mesmo é a preguiça mental ou a falta de curiosidade em ir mais além, esse é o verdadeiro mal, o ignorar, o aceitar tudo aquilo que nos enfiam pelos olhos dentro, ou seja deixarmo-nos influenciar ou mesmo formatar.
É preciso mesmo é que cada um comece a pensar por si e não siga o rebanho, pois um mau "pastor" poderá acabar por levar o rebanho a um suicídio colectivo..
Uma sociedade é certo que aje como um todo, mas se esse todo for mais culto, mais participativo, mais activo e especialmente mais humano, teremos decerto uma sociedade muito mais funcional, aprendamos com os erros do passado para que não voltemos a cometê-los de novo, será ao mesmo tempo uma grande perda de recursos e muito pouco dignificante, estúpido mesmo, digo eu!!!
Assim sendo cada um terá que assumir o seu papel, um papel activo, participativo, usar das suas capacidades, usar da sua inteligência, contribuindo para uma sociedade funcional e justa.
Alexandre Sarmento
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
O que é a verdade?
"O que é a verdade? Para a multidão é aquilo que continuadamente lê e ouve. Uma pequena gota perdida pode cair algures e reunir terreno para determinar “a verdade”, mas o que obtém é apenas a sua verdade. A outra, a verdade pública do momento, que é a única que interessa para resultados e sucessos no mundo dos factos, é, hoje em dia, um produto da imprensa. O que a imprensa quer torna-se verdade. Os seus dirigentes evocam, transformam, permutam verdades. Três semanas de trabalho da imprensa, e a verdade passa a ser reconhecida por toda a gente."
Oswald Spengler
Estou de volta!!!
Ao que parece os Pókemons, os Mineons, os Avatares comunas-xuxas-fasco-sionistas e outras bichezas e invertebrados que nem vou enumerar, andam de candeias às avessas com a minha pessoa.
Sinceramente, será que aquilo que publico ou comento é assim tão perigoso para o sistema, será que dizer a verdade hoje é condição necessária e suficiente para que se exerça esta censura, esta castração de direitos, o ataque pessoal, o cercear do direito à livre expressão e no limite, exactamente o que tem acontecido, a perda do direito de resposta, ao que parece, nesta rede anti-social, à falta de argumentos, opta-se por silenciar os que apresentam argumentação, os que são intelectualmente superiores ou os que pensam e agem fora da caixa!!!
Lamento, nunca fui e nunca o serei, consensual, manipulável e hipócrita, serei sempre igual a mim mesmo, um ser humano consciente e de mente aberta que pensa e age de forma autónoma, sem ter que me vergar a regras com as quais discordo em absoluto, em suma, sou e serei sempre um livre pensador, defenderei sempre a verdade, não a verdade parcial, pois busco sempre a verdade factual, a verdade verdadeira, sei que muitos discordam, mas, infelizmente para eles, temos pena!!!
Cortem as amarras, esqueçam o rebanho, usem a vossa cabeça, quem sabe, um dia olhem para trás e digam, aquele grande maluco é que tinha razão, independência intelectual e consciência conquista-se, mas não se esqueçam, dá muito trabalho...
Não é a rede social que nos censura, são aqueles que se sentem diminuídos intelectualmente e a quem faltam argumentos, uma biblioteca dava jeito a tanta gente!!!
Alexandre Sarmento
Salazar, cada vez mais presente.
Conscientes e despertos...
Os donos do poder criam-nos inimigos e dirigem o nosso ódio para eles em várias frentes ao mesmo tempo. Fomentam a ira, o ódio e o rancor pa...