«Caros amigos, “inimigos” e demais semelhantes,
Eu sou burra. Muito burra mesmo. É que, por muito que me esforce, há coisas que não me entram, não lhes vejo nexo, não as compreendo. E além de muito burra, sou obstinada que nem uma mula e tenho uma vontade férrea de compreender. Prefiro marrar inflexivelmente até que se faça luz no intuito, quiçá vão, de não morrer tão burra.
Não descanso, portanto, até que o meu cérebro se acalme com uma explicação lógica, naturalmente advinda de uma ponderada reflexão sobre a razão de ser das coisas. E, como além de burra e obstinada sou distraída, parece que, a cada pedra em que tropeço no meu ameno e jumentil percurso quotidiano, surge uma coisa nova e incompreensível.
Outra agravante lhes acrescento: é que quanto mais mexo nas coisas, na tentativa quase desesperada de lhes encontrar, à luz do meu burrical cérebro, um só sentidozinho que seja, mais elas começam a feder, mais peçonhentas se tornam, e mais se emaranham com outras que, até aí, não haviam todavia espicaçado a minha asnática curiosidade.
Que pena tenho de ser tão burra. Se tivesse ao menos a inteligência da maioria das pessoas podia ser que conseguisse compreender. E é neste sentido, confiada na inteligência que por aí pulula, que lhes venho pedir, com a maior humildade e franqueza, que me respondam a estas questões, que dilapidem as minhas dúvidas quanto ao difícil momento que estamos a viver. São perguntas básicas, próprias da minha asnice. Vejamos então:
- Se passear o cão é permitido, por que não dar uma volta de carro ao fim-de-semana, nos feriados?
- Se a tua máscara te protege, por que precisas que os outros usem uma?
- Se não podes estar em ajuntamentos de pessoas, por que é que vais às grandes superfícies apinhadas de gente fazer compras antes da hora de começar o confinamento?
- Por que é que podes fazer compras em grandes superfícies, com quantidades enormes de pessoas, mas “não deves” passar o Natal com os teus? Será que a tua família é composta pelo mesmo número de pessoas que fazem compras ao mesmo tempo que tu? Ou pelo mesmo número de pessoas com quem te “enlatas” nos transportes públicos?
- Por que é podes tomar o pequeno almoço, almoçar, lanchar e jantar com a tua família, mesmo que muito numerosa – tal como podes tomar o pequeno almoço, almoçar lanchar e jantar fora com numerosas pessoas que não conheces -, e podes celebrar aniversários por exemplo, mas “não deves” passar o Natal com os teus?
- Se não podes ir para outros concelhos porque não tens uma justificação para isso, o que te garante que as pessoas que estão autorizadas a fazê-lo não vão ser agentes de contágio?
- Se não podes ir a restaurantes porque estão sob regras estritas de funcionamento, porque podes ir lá na mesma buscar comida quando tantas outras pessoas o fazem ao mesmo tempo que tu?
- Por que é que depois das inúmeras manifestações populares na Europa, com milhares de pessoas sem máscara e sem distanciamento, não foram reportados incrementos avassaladores no número de contágios?
- Por que é que todas as ditas vítimas mortais do vírus tinham patologias sérias associadas? E por que é que pessoas saudáveis que foram infectadas facilmente se recuperam em casa?
- Por que é que os números diários de infectados mostram uma proporcionalidade muito directa com o número de testes PCR efectuados? E por que é que essa variação nunca é comunicada com transparência?
- Por que é que existe um recolher obrigatório se é sabido que a grande maioria da população não frequenta a via pública durante a noite?
- Por que é que se tentam calar cientistas e especialistas de várias nacionalidades, que tentam explicar o que se passa baseados em factos e evidências científicas, desligadas, porém, da estratégia política global?
- Por que é que a gripe “desapareceu”?
- Se se trata de uma “pandemia” de um vírus altamente contagioso e perigoso, por que é que as máscaras são deitadas no lixo comum e até na via pública?
- Se Wuhan acabou com a pandemia sem vacina, por que precisas de tomar uma?
- Se há uma pandemia a nível global, por que é que as farmacêuticas não cooperam entre si para criar uma vacina única para “salvar” a humanidade, mas, pelo contrário, competem ferozmente umas com as outras?
- Por que é que te mandam ficar em casa, mas não te informam sobre como reforçar o sistema imunitário? Por que é que te bombardeiam com campanhas de medo nos meios de comunicação em vez de te bombardearem com conselhos sobre vitaminas, alimentação e hábitos saudáveis?
Juro que tenho mais dúvidas, mas não quero cansar as pessoas que, amavelmente e por caridade, me vão dar as respostas que tanto anseio. Uma vez dilucidadas todas as minhas dúvidas e respondidas todas as minhas perguntas ficarei eternamente agradecida a todos aqueles que, fazendo-o, contribuirão para um decréscimo da minha jumental condição. Desde já, pois, lhes expresso a minha gratidão.»
Fazendo a devida vénia à autora e agradecendo a disponibilização deste texto, o qual subscrevo na íntegra, o meu muito obrigado à amiga Isabel Conde.
Alexandre Sarmento
E já'gora... Porque será que eu sempre pensei exatamente assim?
ResponderEliminarAté cheguei a pensar que a minha ignorância era solitária!!!...
Estas duvidas aqui expostas, são também as minhas...
ResponderEliminar