domingo, 26 de abril de 2020

Major António Lobato, um verdadeiro herói português.





Major António Lobato, um pouco de história.

Major Piloto Aviador António Lourenço de Sousa Lobato, nascido em terras do Minho, mais precisamente na Aldeia de Sante, freguesia de Paderne, concelho de Melgaço, a 11 de Março de 1938. 
Alistou-se na Força Aérea em 1957 e fez parte do Curso de Pilotagem P3/57. Recebeu as suas asas em Junho de 1959, e tinha o posto de Segundo-Sargento.
Partiu em missão para a então Província da Guiné, em Julho de 1961, ainda a guerrilha não tinha tido início.
No dia 22 de Maio de 1963, após uma das muitas missões em que já participara, no regresso à base, suspeitando que podia ter sido atingido por fogo inimigo, pediu ao seu asa que passasse por baixo do seu T-6 para ver se detectava algo de errado. O asa cometeu um erro na manobra, tendo chocado com o seu avião o que forçou António Lobato a ter de efectuar uma aterragem forçada.
Foi detido a
pós a aterragem por um grupo de populares afectos ao PAIGC, que o entregou a uma força de guerrilheiros chefiados por Nino Vieira, o qual viria, mais tarde, a ser Presidente da Guiné-Bissau, qualidade em que receberia António Lobato em audiência. 
António Lobato sofreu maus tratos por parte dos indígenas, mas foi bem tratado pela guerrilha, que viu nele um valioso troféu de guerra e o levou para a Ex-Guiné Francesa.
Mudou três vezes de prisão, conheceu a “solitária”, fugiu e foi recapturado, três vezes, mas, manteve-se firme na sua qualidade de militar e combatente da Força Aérea Portuguesa, nunca traiu o seu juramento para com a Pátria, cumpriu sempre o seu dever como verdadeiro português e militar, e, tentado várias vezes a trocar a prisão, pela “liberdade”, num país de leste, mais tarde na Argélia (onde pontificava a chamada Frente Patriótica de Libertação Nacional, de exilados portugueses), sempre recusou.
Começou ali um longo e doloroso cativeiro, que duraria sete anos e meio, tendo sido resgatado na célebre operação Mar Verde, comandada pelo extraordinário combatente que foi o Comandante Alpoim Calvão, em 22/11/1970, juntamente com mais 25 portugueses, que jaziam numa masmorra em Conacri.



«[...] Roubo a Vossa Excelência alguns momentos para um caso que tem moralmente muita importância. Vejo nos jornais de hoje que, no meio da confusão suscitada na República da Guiné, conseguiram escapar alguns militares portugueses que ali estavam em cativeiro. Entre eles, vejo o nome do sargento António Sousa Lobato. Ignoro se Vossa Excelência conhece a história deste homem. Foi aprisionado em nosso território por terroristas vindos da República da Guiné, há cerca de sete ou oito anos. Esteve preso naquele país às ordens de Amílcar Cabral. Vossa Excelência avaliará as condições de uma prisão na República da Guiné: promiscuidade, criminosos de direito comum, falta de alimentação e medicamentos, etc. Durante todo o tempo, ou parte dele, conseguiu-se que a Cruz Vermelha Internacional lhe fizesse chegar alguns remédios, conservas e algum dinheiro, embora parte de tudo isso fosse roubado pelo caminho. Mas o mais importante é a atitude moral do sargento Lobato. O Governo da Guiné e Amílcar Cabral quiseram-no forçar a assinar um papel em que se declarasse desertor e condenasse as "atrocidades" do Exército português. Recusou. Depois pretenderam obrigá-lo a assinar outro papel em que se comprometesse, quando liberto, a não se alistar mais nas Forças Armadas portuguesas. O Lobato respondeu que, quando fosse liberto, a primeira coisa que faria seria a de se apresentar às suas autoridades militares. Passado tempo, novamente voltaram a insistir: se assinasse um papel comprometendo-se a não combater mais na Guiné, seria solto. Lobato respondeu que, logo que estivesse livre, pediria às suas autoridades militares para tornar a combater precisamente na Província da Guiné. Foi sempre da maior firmeza, decisão e patriotismo; e isso em condições morais e de saúde que não podiam ser mais precárias e difíceis. Raros terão tido um tão alto sentido de dever e uma constante e sólida coragem. Penso que o sargento Lobato merece uma alta distinção militar, e que o seu exemplo deveria ser publicamente conhecido e reconhecido. E por isso, tendo acompanhado durante anos o calvário daquele nosso militar, eu não ficaria de bem com a minha consciência se não escrevesse a Vossa Excelência estas linhas. Estou certo de que Vossa Excelência perdoará haver-lhe feito perder alguns minutos, 30 de Novembro de 1970. Franco Nogueira».

Franco Nogueira a Marcello Caetano (30 de Novembro de 1970. APMC).


«Lisboa, 28 de Dezembro - Há quatro ou cinco anos que se encontra preso na República da Guiné o sargento-aviador português Lobato. Raptado pelos terroristas, estes têm-no conservado preso com a conivência de Sekou Touré. Preso conjuntamente com criminosos de delito comum, subalimentado, em condições de suprema degradação, e tudo isto num clima que derrota os mais animosos. Tudo tenho tentado para libertar aquele nosso sargento: a Cruz Vermelha, a Comissão Internacional de Juristas, o governo francês, as Nações Unidas. Tudo em vão. Há dias, as autoridades guineanas disseram que estavam prontas a libertar Lobato se este assinasse um compromisso: se solto, não voltaria a combater em África. Pois Lobato respondeu que não só não assinaria como declarou que, se liberto, logo pediria à autoridade militar portuguesa para tornar ao combate. Parece que perante tanto patriotismo e tanta coragem moral, as autoridades da Guiné ficaram estupefactas, e impressionadas. Falei no assunto ao general Gomes de Araújo. Este tomou o caso muito a sério, e reuniu os chefes de Estado-Maior das três armas: por unanimidade, resolveram que se não podia autorizar aquele militar a tomar tal compromisso, nem mesmo o governo tem poderes para o permitir. Assim o transmiti para Paris. Mas que notável português, e que exemplo para os meninos de cá que vão a cursilhos, são pacifistas, têm teses, são muito superiores, são muito evoluídos, e consomem-se em discutir com um embevecimento provinciano se a Pátria deve ou não existir. Lobato, serenamente, anonimamente (pois ele não sabe que nós sabemos da sua atitude), não tem teses, não está propriamente a par da consciência universal - e está pronto a morrer».

Franco Nogueira («Um Político Confessa-se. Diário: 1960-1968»).

17 comentários:

  1. O que me faz pena e me deixa desiludido neste triste Portugal depois da Abrilada, é que Aqueles que foram Heróis Valentes Patriotas uns que deram outros que davam a vida pela Pátria; sejam hoje considerados por muitos políticos uns traidores da Patria e esquecidos por quem os devia inaltecer. Como exemplo temos o nosso Grande Herói Tenente Coronel Mata um dos Oficiais mais condecorados do nosso Exército falecido há poucos Dias, e que o estado Português que o devia elogiar como tal! Permitiu que um verme como Mamaduo o enxovalhasse perante todo o Mundo. Onde estão os governantes Patriotas? Pelo que vimos e pelo que temos visto? Só temos traidores a frente deste País.

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    1. MAS NESTE MOMENTO TEMOS ALGUEM PATRIOTA A GOVERNAR PORTUGAL?A HISTORIA QUE LEMOS E COMPLETAMENTE OPOSTA,POR EXEMPLO A DO FAMIGERADO MANUEL ALEGRE QUE JUROU BANDEIRA E DEPOIS TEAIU PORTUGAL E OS SEUS SOLDADOS,E ESTE TIPO DE HEROIS QUE TEMOS,NESTE MOMENTO NO NOSSO QUERIDO PORTUGAL,QUE NAO TEM CULPA DE SER GOVERNADO POR UMA CORJA DE TRAIDORES.

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    2. Concordo com tudo o que aqui se relata. Bem haja, por nos mostrar as verdades.

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    3. Em acréscimo, não fui militar, vivi vivo em África. 25/4 para muitos compatriotas foi um padrasto. Os ajustes ainda se farão.

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    1. sou nativo do mesmo lugar do Antonio Sousa Lobato e quqse da idade dele --eu conhoeço bem o seu itenerario e lembro me de seus pais la do lugar de Sante -Paderne...vejamos ele andou a estudar pa-
      ra padre ele e outro vizinho chamado Paulo sendo assermentados os dois mas desistiram.Ora o Paulo foi para o banco fonsecas e burnay ele para a aviaçao tendo ido a seguir para a guiné. GOSTARIA BASTANTE DE O CUMPRIMENTAR E FALAR COM ELE OBRIGADOS....

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  3. "DITOSA PÁTRIA AMADA QUE TAIS FILHOS TEVE"!

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    1. Sem duvida, apoio incondicional o titulo maximo com que deveria ser agraciado!

      Grande Homem e militar, fora do comum!

      HERÓI !!!

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  4. Dado que muito se tem escrito sobre Marcelino da Mata (MM), eu escrevo sobre António Lobato, que conheço bem. É um herói, diferente do MM mas, sem dúvida, um herói. É triste que a sua única recompensa tenha sido uma promoção por distinção a Tenente Piloto-Aviador. Na minha opinião deveria ter sido agraciado, no mínimo, com a Medalha de Valor Militar, para já não mencionar a Torre e Espada. Quantos teriam a fibra, carácter e coragem que ele demonstrou? Confesso humildemente que não sei se teria...

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  5. Não á palavras para agradecer a este grande patriota,o quanto fez pela sua Pátria estando pronto a dar a sua vida por ela.É sem duvida mais um heroi a juntar tantos outros no anonimato.Eu também lá estive e sempre admirei esses grandes pilotos que tantas vezes nos salvaram a vida.

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  6. Ainda como aluno da AM, tive a satisfação de um dia de voo em Sintra, no almoço na messe, sentar-me na mesa do Capitão Lobato onde ouvi pela sua boca esta longa história de prisioneiro, bem vincada na sua face... extraordinária resistência e firmeza nas suas convicções!

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  7. Impressionante, mesmo de Coragem e Patriotismo deste Militar ao Serviço de Portugal, Honrando Sua Farda e Seu Juramento.

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  8. agora vejamos venho a repetir o que agora disse sobre o Antonio Lourenço Sousa Lobato vizinho dele e pais sr Jose Lobato e sra Rosinha Lobato que eram donosde um volvo e o deixavam numa garagem nos Paços ao pe da EN pois nao havia na epoca acesso automovel para o lugar.FICO NA EXPECTATIVA EM CUMPRIMENTAR O ANTONIO LOURENÇO...OBRIGADOS

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  9. Um HERÓI sem direito a reconhecimento , só mesmo deste miserável governo .

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  10. Tudo dito sobre o homem e seu valor, resta-me apenas um breve comentário sobre a forma como as pessoas se tinham de dirigir a cargos públicos,logo , servidores do Estado. Fomos e ainda somos um País de portugueses de primeira e segunda (antes existiam, eu conheci uma portuguesa de segunda por ter nascido no interior de Angola). Desde Exmo. Meritíssimo até filho de uma cadela e 24 cães, não há País com tamanha quantidade de adjectivos para designar os cidadãos, segundo a laia a que pertencem. Somos um País de cavalos de cortesias...mas cavalos.

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  11. tive o prazer de trabalhar com este grande heroi nacional no simulador de voo do avião t 37 c na e i b p ba1 sintra.

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