No fundo tudo foi tomado pela maçonaria no século XX, nem a igreja católica ficou imune!!!
«Aldo Moro, historiador maçónico bastante rigoroso, sugere a iniciação de Paulo VI na Maçonaria. O mesmo corrobora o padre Malachi Martín no seu romance, Vatican [Editora Secker e Warburg], publicado em Nova Iorque em 1986, em que acusa Paulo VI de pertencer a uma loja secreta. Também encontramos referências semelhantes no livro All'ombra del Papa Inferno [2001], no qual é mencionada a existência de dois grupos muito diferentes no Vaticano: por um lado, o grupo "maçónico-curial", formado pelos prelados e pelos membros da Cúria afectos à Maçonaria e, por outro, os sacerdotes que pertencem ao Opus Dei. Ambos os grupos se movimentam numa luta permanente pelo poder no Vaticano. O referido livro faz referência à existência de uma organização chamada Loggia Ecclesia, que estaria activa no Vaticano desde 1971 e da qual fariam parte mais de cem pessoas, cardeais, prelados e monsenhores da Cúria. O livro pormenoriza inclusivamente que as reuniões se realizavam nas noites de quinta-feira, num sotão do Arquivo Secreto do Vaticano, e insinua que o cardeal Samore era o responsável por manter um contacto aberto com o Grão-Mestre da Grande Loja Unida de Inglaterra, o duque de Kent.
Em 1976 aparece uma lista [publicada pela Publia Gazette e pelo Bulletin de l'Occident Chrétien, de origem francesa, lista que Ricardo de la Cierva reproduz no seu livro La Masoneria Invisible, Editora Fénix, 2002] dos prelados que pertenciam à citada loja secreta do Vaticano. Perante esta situação, o cardeal Siri encarregou o general Mino de investigar a Cúria e a eventual infiltração da Maçonaria no Vaticano. O general Mino nunca chegou a entregar o resultado da sua investigação, porque morreu num estranho acidente rodoviário em 1977.
A citada lista que o grupo Cephas Ministry publica na Internet inclui os seguintes nomes:
BISPOS: Alberto Albondi, bispo de Livorno; Fiorenzo Angelini; Salvatore Baldassarri, bispo de Ravena; Luigi Bettazzi, bispo de Ivera; Gaetano Bonicelli, bispo de Albano; Michele Buro; Mario Ciarrocchi; Donate de Bous; Aldo Del Monte, bispo de Novara; Angelinin Fiorenzo; Antonio Mazza, bispo de Velia; Luigi Maverna, bispo de Chiavari; Marcello Morgante, bispo de Ascoli Oiceno; Francesco Salerno; Mario Schierano, bispo de Acrida e Dino Trabalzini, bispo de Rieti.
ARCEBISPOS: Mario Brini; Annibale Bugnini; Enzio D'Antonio; Alessandro Gottardi; Albino Mensa; Aurelio Sabbatini; Mario Giuseppe Sensi; Antonio Travia e Lino Zanini.
CARDEAIS: Augustin Bea; Sebastiano Baggio; Agostino Casaroli; Achille Liénart; Pasquale Macchi; Salvatore Pappalardo; Michele Pellegrino; Ugo Peletti; Leo Suenens e Jean Villot.
PRELADOS, NÚNCIOS E OUTROS: Ernesto Basadonna, prelado de Milão; Mario Bicarella, prelado de Vicenza; Luigi Dadagio, núncio do Papa em Espanha; Pio Laghi, núncio apostólico delegado na Argentina; Virgillio Levi, de L'Osservatore Romano; Paul Marcinkus; Dante Pasquinelli, conselheiro do núncio de Madrid; Roberto Tucci, director da Rádio Vaticano.
Actualmente alguns já faleceram e outros já não ocupam os cargos que constavam na lista da época. A lista publicada na Internet ascende a cento e dezasseis membros da cúria.
João Paulo I passou pelo Vaticano tão fugazmente como um meteorito. Foi eleito pela sua honestidade e pela sua sinceridade, era um homem coerente e franco, mas os seus detractores viam nele um populista que nunca entenderia os assuntos políticos da Santa Sé.
Era um homem de grande humildade, a tal ponto que não queria que os guardas suiços do Vaticano se ajoelhassem à sua passagem. Assim que tomou posse do trono do Vaticano iniciou algumas inovações teológicas que produziram profunda preocupação entre o clero conservador, que não estava disposto a tolerar mudanças relevantes. João Paulo I era partidário do controlo artificial da natalidade, pois estava consciente dos milhares de crianças que morriam de fome por esse mundo fora. Mas também - e isso originou ainda mais preocupação - se mostrou disposto a efectuar uma limpeza no Vaticano, visando especialmente os movimentos especulativos e financeiros. Provavelmente o seu erro foi antecipar-se aos factos, ao anunciar que algumas cabeças iriam rolar. Na lista figurava o cardeal secretário de Estado J. Villot, de quem se suspeitava pertencer à loja maçónica do Vaticano conhecida por Ecclesia. Outra cabeça que poderia rolar era a do bispo Marcinkus, devido às suas relações com os banqueiros da loja Propaganda Due, Calvi e Sidona. Também figurava entre os "sujos" o bispo Chicago, monsenhor Cody, que esbanjava os fundos da sua igreja com uma amiga que até o acompanhou a Roma, quando foi nomeado cardeal.
Com as suas novas ideias teológicas, e decidido à "limpeza" dos corruptos no Vaticano, João Paulo I assinou a sua sentença de morte.
Por volta de 23 de Setembro, o Papa possuía já bastante informação sobre as manobras financeiras do Vaticano. Inclusivamente, dispunha de referências sobre outra obscura personagem que se movia nas finanças do Vaticano, monsenhor Pavel Hnilica.
Este, fudador do Pro Fratibus, foi o responsável por tentar recuperar a mala que Roberto Calvi levava consigo antes de ser assassinado em Londres. Hnilica estava disposto a pagar milhões por aquela mala, onde supostamente Calvi levava informação valiosa e comprometedora.
O dia 28 de Setembro de 1978 foi o último dia da vida de João Paulo I. Aquele dia, tal como os outros, teve início com uma oração na sua capela privada, um pequeno-almoço frugal, enquanto ouvia as notícias da RAI e procedia ao habitual contacto com os seus secretários, John Magee e Diego Lorenzi. Depois seguiram-se as audiências com o cardeal Bernardin Ganti e o padre Riedmatten. Mais tarde almoçou com os cardeais Jean Villot e os padres Lorenzi e Magee. A seguir ao almoço passeou pelos jardins do Vaticano. Passou a tarde a estudar documentos e teve uma longa conversa com o cardeal Jean Villot, telefonou aos cardeais Giovanni Colombo, arcebispo de Milão e Benelli. Depois, como era seu costume, por volta das oito da noite, retirou-se para rezar o rosário na companhia de duas freiras e dos seus dois secretários. O jantar foi uma sopa de peixe, feijão-verde, queijo fresco e fruta. Seguidamente voltou a ver os noticiários na televisão. E, finalmente, retirou-se para o seu quarto, morrendo cerca das quatro horas da madrugada.
A sua morte foi encoberta desde o início com infindáveis mentiras e explicações confusas. O Vaticano disse que João Paulo I tinha morrido na cama, lendo A Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis, uma das obras da literatura cristã mais divulgadas depois da Bíblia, no qual o autor apresenta a vida de Cristo como exemplo. No entanto, mais tarde presumiu-se que aquela versão não seria verdadeira. A madre Vicenza encontrou-o morto no seu escritório, supostamente enquanto examinava um documento secreto enviado pela Secretaria de Estado. E, se era verdade que na sua mesa-de-cabeceira tinha o livro A Imitação de Cristo, o facto é que a causa da morte de João Paulo I não foi esclarecida e o testamento que tinha redigido após a sua nomeação também desaparecera. O seu irmão, Eduardo, de setenta e quatro anos, tinha-o visitado três dias antes da sua morte e explicou: "Nunca nos tínhamos beijado nem abraçado, mas naquela tarde ele quis beijar-me e abraçar-me com força. Perguntei-lhe se estava bem e ele respondeu-me que sim. Mas parti com um estranho pressentimento". Eduardo conta que no decorrer da conversa que teve com o irmão este terá desabafado: "Até os bancos fundados pelos católicos, que deveriam dispor de gente de confiança, se apoiam em pessoas que de católicos nem o nome têm".
O abade Ducaud-Bourget diria acerca da morte de João Paulo I: "Com tantas criaturas do diabo a habitar no Vaticano, torna-se difícil acreditar que se tratou de uma morte natural". David A. Yallop investigou esta morte a fundo e recordou numa entrevista que nenhum médico da Cúria assumiu a responsabilidade de confirmar a sua morte, assinando a certidão de óbito. O seu médico de sempre, o doutor Antonio Da Ros, recusou a hipótese de o Papa sofrer do coração.
Mas estas não foram as únicas contradições suscitadas pela morte de João Paulo I. No seu livro La Santa Allianza, Eric Frattini explica que o termo do café que soror Vicenza levava todas as manhãs ao Pontífice estava intacto quando se descobriu o cadáver, tendo desaparecido depois sem deixar rasto. Também tinham sido substituídos os homens responsáveis pela vigilância habitual do Papa, sem qualquer explicação sobre quem havia dado tal ordem. Hans Roggan, oficial da guarda Suíça, afirmou mais tarde que, no momento em que informou Paul Marcinkus sobre a morte do Pontífice, este não mostrou qualquer admiração. Também ocorreram outros indícios suspeitos, como afirmarem que não tinha havido qualquer autópsia, quando na realidade foram feitas três. Os resultados das referidas autópsias nunca foram tornados públicos.
Relembremos finalmente que foi o padre Giovanni da Nicola quem informou o Sumo Pontífice dos desvios financeiros de Paul Marcinkus e dos seus sócios, através do IOR. Quatro dias depois da morte de João Paulo I, Giovanni da Nicola apareceu enforcado num parque de Roma muito frequentado por travestis e prostitutas. Havia vestígios de luta e tinha o pescoço rasgado, mas a polícia italiana encerrou o caso considerando-o suicídio. O homem que além de Papa mais sabia sobre os segredos do IOR e sobre Paul Marcinckus também tinha sido assassinado.
Para averiguar as causas da morte do Papa João Paulo I foi criada uma comissão de cardeais, dirigida por Silvio Oddi e Antonio Samore. A investigação concluiu que se tratou de "morte natural por enfarte", mas ainda ficavam muitas perguntas sem resposta e demasiados assuntos sem esclarecimento. A pasta da investigação foi classificada como "segredo pontifício", tal como ordenou João Paulo II, e foi arquivada numa obscura estante do Arquivo Secreto do Vaticano».
Jorge Blaschke («O Fim da Igreja e o Último Papa»).
O CATOLICISMO DESACREDITADO
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