terça-feira, 17 de março de 2020

Retornados, o bode expiatório dos traidores de Abril!!!



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Palavras, nas quais António José Saraiva fez o verdadeiro retrato do povo português, ante a original descolonização, em que a vanguarda revolucionária do 25 de Abril supostamente teria proporcionado ao país e às próprias Forças Armadas, uma tranquilizante lavagem ao cérebro.

"Diz-se e escreve-se que eles (retornados) eram exploradores, brutais, ávidos de lucros, criminosos de delito comum, culpados de si mesmos (...) Esses que apontam os crimes dos retornados - que fizeram, durante vidas inteiras senão aproveitarem-se dos ditos crimes? Como foi possível a vida parasitária da maior parte da população portuguesa durante séculos, senão às costas do preto, accionado pelo colonizador? Donde vinha o café e o açúcar que se consomem ainda hoje abundantemente nas pastelarias de Lisboa? Donde vinha o algodão barato que permitia a tantos operários e patrões sustentarem-se de fabriquetas primitivas? Donde vinham as toneladas de ouro que faziam do escudo uma moeda forte, permitindo, com uma indústria deficiente e uma agricultura rudimentar, sustentar legiões de funcionários improdutivos? Todos somos responsáveis pela política de Portugal, em África, prosseguida com tenacidade desde os fins da monarquia, objectivo prioritário da primeira república, a que se dedicavam homens como Mariano de Carvalho, Brito Camacho e Norton de Matos. Os retornados não são mais do que boomerang do império que todos nós fomos. O retorno que nos atinge em cheio é a arma que o nosso braço lançou. Os retornados, com que o País foi solidário enquanto foram prósperos, são uma acusação viva lançada à cara da nação inteira. Uma dupla acusação. Em primeiro lugar, porque o fenómeno dos retornados é o resultado de uma política de descolonização cuja torpe inércia é tão profunda quanto o arranque das descobertas foi deslumbrante. A página da descolonização não foi menos sangrenta que a da expansão; só que foi um pântano podre, enquanto a outra foi fogo que alumiou a Terra (...) O ódio racial aos retornados a pretexto dos seus crimes é apenas uma maneira de a nação portuguesa querer ilibar-se dos crimes por que toda ela é absolutamente responsável. É um caso típico de bode expiatório. E lança uma viva luz sobre o mecanismo do racismo. Trata-se de discriminar uma parte da nação, lançando sobre ela o odioso dos males colectivos. O retornado é o cristão-novo dos nossos dias. Serve para o resto do povo imacular a sua consciência; convencer-se de que nada tem que ver com os malefícios e os abusos da colonização. Serve também para desviar as atenções dos erros cometidos em nome da nação: se eles retornaram é porque são inteiramente maus e porque a descolonização foi um fracasso vergonhoso. E servirá para desculpar outras inépcias que vão cometer-se... O racismo nasce fundamentalmente dessa necessidade de limpeza de uma dada comunidade. Nós portugueses pecamos puros, porque as culpas foram desse punhado de "criminosos". E se eles, tiveram de retornar, a culpa não é dos responsáveis dessa sangrenta e lamacenta descolonização: não, a culpa é dos retornados, culpados de si mesmos, como já foi escrito (...) Os retornados chegam no momento em que precisamos de uma desculpa para o maior fracasso da nossa História e de um objecto para cevar a nossa frustração irremediável".

António José Saraiva, destacado antifascista, no semanário "Liberdade", de 5 de Maio de 1976

13 comentários:

  1. Absolutamente de acordo. Fui para Mocambique com 4 anos de idade e caos 30 anos, casado e com 2 filhos tivemos que fugir para a Africa do Sul.
    Voltei agora para Portugal com 77 anos.

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  2. Angolano nascido numa vila la no mato aonde havia apenas um policia nunca vi o racismo de que tantos acusam os retornados nem nunca vi roubos como aqueles efetuados pelos tais da dita revolucao que o Sr Dr Salazar manteve longe de Portugal por saber bem o calibre dessas bestas e, ve-se no que deu. Vidas perdidad, genocidio e tudo o mais para todos independentemente da cor ou credo. Malditos assassinos e ladroes. O que vai a volta a volta vem.

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    1. Comungo na íntegra porque nasci e cresci em Angola até o 25 de Abril

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  3. Falar de 25 de Abril é falar de tudo isto, ter capacidade para perceber as conjinturas e momentos historicos, sociais e politicos. Se não passa do que alguém disse, escreveu fora dessa realudade Então é melhor escrever pir baixo o nome do partido que lhe comanda a mente.

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  4. Nasci em Portugal, fui com 2 anos para Moçambique, no tempo que estive lá interagiamos com todas as raças e credos

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  5. Falar do 25 de Abril é dizer que até à data fomos e ainda estamos sendo governados por corruptos, ladrões justiça com interesses uma cambada de filhos da puta que os pariu

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  9. reparem bem ao que fizeram aos NOSSOS

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  10. Neste mundo há sempre o retorno da medalha!��

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  11. Descolonização o maior fracasso de Portugal.Vergonha e decepção.

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