(...) Por que razão estariam os Rockefeller e seus sequazes tão ansiosos por derrubar a monarquia russa? Haveria outra razão mais relevante para avançar com a Revolução Russa?
Numa palavra: sim. A resposta é tão significativa hoje quanto o era há cem anos. Petróleo! Antes da revolta bolchevique, a Rússia ultrapassara os EUA enquanto produtor de petróleo líder mundial. Em 1900, os campos saturados de crude em Baku produziam mais do que os Estados Unidos e, em 1902, produziram mais de metade da produção total mundial.
O caos e a destruição da Revolução destruíram a indústria petrolífera russa. Diz-nos Antony Sutton em Wall Street and the Bolshevik Revolution: "Em 1922, metade dos poços estava inactiva" e a outra metade mal funcionava, porque lhes faltava tecnologia.
Em The Rockefeller File, Gary Allen também salienta que a revolução esmagou a concorrência da América. "A Revolução eliminou efectivamente a concorrência à Standard Oil por parte da Rússia durante vários anos, até a Standard Oil avançar e obter uma parte do negócio petrolífero da Rússia".
Porém, para que os banqueiros de Wall Street arrasassem a concorrência e condenassem o povo russo à pobreza e à corrupção durante décadas, tinham de ter líderes que pudessem fazer uma revolução bem-sucedida. Entram Vladimir Ulianov Lenine e Leão Trotski.
(..)Em lado algum», diz-nos Gary Allen no Capítulo Nono de The Rockefeller File, «encontramos determinações [da Comissão Trilateral] a favor do empreendedorismo individual e das liberdades individuais».
Esta rejeição liminar do empreendedorismo individual e da liberdade do indivíduo é enigmática. Como é que o Marxismo, e o sistema de igualização social e económica resultante, pode ser fascinante para David Rockefeller, ou para a Comissão Trilateral? Rockefeller não é apenas rico, também gozou de uma boa educação. Conhece o fracasso do Marxismo sob a forma de Comunismo a mando de ditadores implacáveis como Estaline no séc. XX, em que se estima terem sido chacinados 100 milhões de cidadãos, e mais de mil milhões escravizados, nesse regime.
Como podemos reconciliar a imagem mental de um Capitalista a abraçar um Marxista, ou qualquer Comunista/Socialista? A razão da aparente incongruência prende-se com a definição que aprendemos destes termos.
Na escola, ensinam-nos que o Capitalismo se baseia no livre empreendedorismo. Os Capitalistas são empresários abastados, gente que faz negócio para ganhar dinheiro, e não se pode ganhar dinheiro sem lucros. É esta a pedra basilar da economia de mercado. Em todo o mundo, a economia de mercado torna-se num mercado livre global. Toda a gente trabalha para ganhar dinheiro, o que produz lucros para investir em mais empresas e indústrias que fazem dinheiro, para criar mais emprego que espalhe a riqueza e crie um nível de vida mais elevado para todos. Bens e serviços produzidos são o resultado da colaboração da imaginação e inovação individuais. «O que a mente puder conceber, poderá alcançar». O indivíduo «é dono» do seu emprego, negócios, propriedade. O que ganhar para si pode guardar e gastar como entender. A riqueza individual gera riqueza para o Estado mediante aplicação de impostos.
Tal não se verifica para um Marxista, do modo como entendemos o Marxismo. Vai tudo para o Estado; não fica nada para o indivíduo. No Marxismo, os sistemas comunistas ou socialistas, a propriedade privada é proibida. Uma estrutura política monopartidária controla o ordenamento económico do Estado, em que o povo recebe uma parte igual de bens e propriedades. Não há incentivo para desempenhar melhor um trabalho, nem para implementar melhorias aos métodos laborais do Estado, porque não há reconhecimento pelo esforço individual.
Por conseguinte, porque é que se há-de levar a sério a aparente contradição que os banqueiros da magnitude de Rockefeller, Morgan e Rothschild, os mastros do nosso sistema de economia de mercado, apoiariam e financiariam voluntariamente uma revolução «anti-capitalista, ímpia» para Comunistas? Como é que o Ocidente, o padrão do capitalismo e da liberdade, ganha com tal programa?
A palavra mágica é monopólio, «um monopólio abrangente» que não só controla o governo, o sistema monetário e toda a propriedade, como também é um «monopólio que, à semelhança das empresas que imita, se perpetua e eterniza a si mesmo».
Já vimos o poder do monopólio controlado pelo Estado na União Soviética e na China. Nestes regimes comunistas, ao invés de criar um sistema económico de distribuição equitativa, havia gente que era mais igual do que outra, consoante o cargo ou o estatuto na hierarquia do Estado. Os que gozavam de mais regalias chefiavam o Estado. Todavia, na sequência da glasnost de Mikhail Gorbachov, que abriu o Estado ao escrutínio público, o sistema comunista da União Soviética dissolveu-se.
Ironicamente, a desigualdade da riqueza económica não melhorou em nada desde a mudança da Rússia para um mercado livre, nem as anteriores províncias soviéticas gozam de melhor nível de vida após a recuperação da sua independência. Antes pelo contrário, a Mafia russa tem-se aproveitado do novo capitalismo para exercer um poder corrupto numa terra ainda mais vitimizada. Entretanto, a fusão do comunismo com o capitalismo regista um sucesso e um crescimento económico fenomenais na China. Aliás, a China surge como a próxima superpotência, porque pratica o que a elite financeira do Ocidente e os Bilderberg almejam para a sua ordem mundial única: capitalismo planificado pelo Estado.
O facto é que membros do Establishment que laboram através de organizações «privadas» como, por exemplo, o Clube Bilderberg, CFR e a Comissão Trilateral, entendem o socialismo como derradeiro sistema de poder para controlo total, e entendem a sua psicologia melhor do que anti-capitalistas no Congresso como, por exemplo, Reforma e Regulamentação da Segurança Social. Mais uma vez, o Socialismo para eles não é um sistema de redistribuição da riqueza dos ricos para os pobres, mas sim um mecanismo de conseguir cada vez mais concentração de poder e controlo.
Por exemplo, ao fazerem empréstimos generosos a nações do terceiro Mundo de modo a ajudar a desenvolver as suas economias, os bancos nacionais na verdade fazem mais lucro e exercem mais poder internacionalmente. Como o conseguem? Voltemos a 1976. Nessa altura, os Grandes Cinco Bancos de Nova Iorque (todos geridos por membros da Comissão Trilateral e do Council on Foreign Relations) emprestaram mais de 52 mil milhões de dólares a vários países do Terceiro Mundo e comunistas, «muitos dos quais já em dificuldades para pagarem os juros, quanto mais o capital inicial. Por conseguinte, os Trilateralistas exigiram, e conseguiram, um Fundo Monetário Internacional «revisto», subsidiado na sua maioria pelo contribuinte americano, que emprestava dinheiro a esses países falhados do Terceiro Mundo para que eles cumprissem as suas obrigações para com os grandes bancos. Claro e o dinheiro injectado no Fundo Monetário Internacional para isso é pago por cada vez mais inflação doméstica», explica-nos Gary Allen em The Rockefeller File.
Em Confessions of a Monopolist, publicado em 1906, Frederick C. Howe falava do funcionamento desta estratégia na prática: «As regras dos grandes negócios: Crie um monopólio, deixe que a Sociedade trabalhe para si. Desde que vejamos todos os revolucionários internacionais e todos os capitalistas internacionais como inimigos implacáveis uns dos outros, escapar-nos-á um ponto crucial... uma parceria entre o capitalismo monopolista internacional e o socialismo revolucionário internacional existe para seu benefício mútuo».
Gary Allen, no seu best-seller clandestino, None Dare Call it Conspiracy (2), descreve como, mediante controlo absoluto, os ricos podem criar e perpetuar um monopólio. «O controlo precisa de uma sociedade estática. Uma sociedade em crescimento, competitiva e livre dá a mais gente a hipótese de fazer fortuna e de substituir quem já estava no topo. Por conseguinte, promove-se legislação que limite o esforço empreendedor e exerça tributação sobre a acumulação de capital não protegida nas fundações isentas de impostos dos alinhados no Establishment. Envidam-se todos os esforços para encostar as pequenas e médias empresas à parede e para serem engolidas pelos gigantes do Establishment.
O ímpeto dos alinhados para atrofiar a concorrência não difere em nada da maneira como os proprietários dos caminhos-de-ferro americanos usaram, entre 1877 e 1916, a Comissão de Comércio Interestatal para reter controlo do Estado sobre os caminhos-de-ferro, o que lhes deu efectivamente um poder monopolístico».
Em The Rockefeller File, Allen nota a maneira subversiva de impor monopólios: «Em finais do séc. XIX, os santo dos santos de Wall Street entendeu que a maneira mais eficaz de conseguir um monopólio incontestado era dizer que era para «bem do público» e de «interesse público».
Zbigniew Brzezinski também reconheceu o valor de um monopólio regido pelo Marxismo, à semelhança de David Rockefeller. Este aprendeu-os aos pés do pai, John D. Jr. «Júnior», como lhe chamavam, odiava a concorrência, e os seus filhos foram ensinados que a única concorrência que valia a pena ter é aquela em que se podem controlar ambos os lados da equação.
«Para os Rockefeller», diz-nos Gary Allen, «o socialismo não é um sistema de redistribuição da riqueza - muito menos da riqueza deles -, mais sim um sistema para controlar o povo e os concorrentes. O socialismo põe o poder nas mãos do governo. E dado que os Rockefeller controlam o governo, controlo do governo significa controlo dos Rockefeller. O leitor poderia não saber disto, mas fique ciente de que eles sabem!».
Esta realidade é a melhor regalia do poder monopolista. Por conseguinte, não nos espantemos que aquilo que os banqueiros internacionais favorecem na formação de uma «Empresa Mundial» de cartéis seja a sua capacidade de controlar as finanças, os mercados, os recursos naturais e, em última instância, os povos do mundo.
No princípio do séc. XX, contudo, o Marxismo era uma teoria económica nova, e as eminências pardas e os banqueiros americanos respigaram dele outra maneira de perseguir «mercados que pudessem ser explorados em monopólios sem medo da concorrência», afirma Antony Sutton no seu livro Wall Street and the Bolshevik Revolution.»
Daniel Estulin («Toda a Verdade sobre o Clube Bilderberg»).
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