quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O Jogo de Máscaras

 

A classe política há muito perdeu a honra e o país afunda-se num sistema apodrecido e corrompido. A esquerda, desgastada, será reformulada e transmutada pelo próprio sistema, que rapidamente redireciona o jogo para um novo palco, o da extrema direita esquerdista. O povo, exausto, revoltado e derrotado, acabará por clamar por mudanças mas o que receberá em troca serão apenas populismos disfarçados de direita, com candidatos cuidadosamente escolhidos pelo mesmo sistema e ainda mais marcados por raízes esquerdistas. Assim se percebe, o crescimento exponencial da dita extrema-direita pela Europa, e que, não é de todo uma verdadeira alternativa. É apenas a esquerda clássica reciclada, com novos slogans, novo discurso mas os mesmos vícios. Nada irá mudar enquanto o sistema se mantiver intacto, integro e impune, apenas mudam os rostos que gerem o mesmo circo deprimente. A nova direita que se ergue é formada por homens de gravata, ratos de gabinete e carreiristas políticos, treinados ao gosto dos donos do sistema. Não têm qualquer semelhança ou afinidade com os ditadores do passado, mas representam cabalmente a nova forma de opressão, uma escravidão moderna, sem grilhões, com discursos polidos, meramente demagógicos e instituições submissas. E assim se constrói o futuro, um tempo em que a população tudo aceitará com um sorriso no rosto, perfeitamente rendidos, acomodados e domesticados pelos donos do sistema, mas sem a alma, sem o discernimento, sem a aptidão, apenas uma obedecendo cegamente a todos aqueles que lhes sequestraram a alma e a própria vontade. Um mundo de aparências, um jogo de espelhos, uma realidade diversa, distópica, anacrónica e contranatura.

Os dias de liberdade terminaram, extinguiram a propriedade privada, condicionaram a nossa forma de pensar e normalizaram as nossas vidas e vivências, temos hoje uma sociedade de fantoches alienados, extremamente fieis aos seus próprios carrascos, uma sociedade suicida, sem rumo e a caminho do seu fim, é isso, estamos a viver os dias do fim. Restam poucos, muito poucos, divergentes, talvez seja o melhor termo para os denominar, mas são exactamente esses que ainda poderão induzir algum tipo de mudança, começando pela inversão de ciclo, pelo despertar da curiosidade e quiçá promover uma nova alvorada, uma réstia de esperança na construção de uma nova humanidade, um regresso ao comunitarismo, ao clã, à família e à tribo.

Enquanto há vida, há esperança, é hora de despertar para a realidade, por de lado o materialismo que nos corrompeu e olharmos mais para dentro de nós e aproximarmo-nos mais dos nossos próximos, deixar a actual vida virtual, fútil, a ostentação e voltar a viver, desligar e mesmo lutar contra o sistema que nos tornou escravos e sem vida própria, iludidos e dispensáveis.

Ligar à terra, ligar às pessoas, ligar à vida é urgente reformular a humanidade. Não somos propriedade de ninguém, não queiram donos que vos mantenham açaimados, mordam a mão do dono, lutem, lutem por vós e pelo retorno a uma sociedade sã e funcional pois a sociedade perfeita que vos querem vender não existe, nunca existiu e nunca existirá, somos humanos, não somos estáticos e muito menos seremos todos iguais, isso é uma utopia. Não há direitas nem esquerdas, esqueçam isso, há é um sistema, um regime, e é contra esse regime tirano, totalitário e desumano que temos que lutar.

Se queres uma imagem do futuro, imagina uma bota a pisar um rosto humano para sempre. (George Orwell)

Alexandre Sarmento

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