(...)Que o futuro está nas nossas mãos. Estou a falar em mãos em sentido muito concreto. O povo português é dotado de um talento, de uma capacidade de imaginação, de improviso, que é preciso institucionalizar e valorizar através de uma profunda remodelação de todo o sistema escolar. Em todo o caso, ainda somos os melhores do mundo em muita coisa. Estou a pensar na cristalaria, no azulejo, no mobilário do Norte, na cerâmica, nos têxteis, nas confecções. Tudo quanto meta o ingrediente "talento", o português é muito bom. Um País cuja característica específica, cuja marca de origem se chama "talento", é necessariamente um País de futuro, desde que não malbaratemos o talento do povo. Ainda hoje vemos a cada passo pessoas com uma extraordinária capacidade mental que não puderam andar na escola. Inversamente vemos pessoas de uma indigência espiritual total que atingiram os mais altos postos do marechalato intelectual. Às vezes perguntamo-nos como foi possível que esta criatura se tivesse formado. Isto é que tem de acabar. É preciso administrar a cultura e a escola na proporção directa do mérito, e num País que tem tão pouco, não desperdiçarmos o único diamante que Deus nos deu: o talento do povo português.
José Hermano Saraiva
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