Não aconteceu nenhuma revolução, aconteceu sim uma verdadeira traição contra um país, uma cultura e uma nação outrora um exemplo para a humanidade, um exemplo de humanidade, boa convivência e verdadeiro desenvolvimento humano, tanto a nível cultural como material...
Valores princípios éticos e morais, normas e avanço civilizacional e tecnológico, aspectos em que sempre estivemos na vanguarda, fomos talvez o povo mais avançado durante alguns séculos, tudo isto sem beliscar e sempre respeitando as outras nações ou civilizações.
Estamos hoje abandonados à nossa sorte, somos hoje um resquício daquilo que fomos outrora, estamos hoje infinitamente mais pobres do que outrora, resta-nos a nossa história, a nossa cultura, mas pergunto eu, até quando???
«Em 25 de Abril ocorreu realmente a revolução da perfídia. Toda ela estava viciada, chocou-se um ovo monstro no nosso ventre que, quando a casca se partiu, rapidamente cresceu e nos quis devorar. Os portugueses resistiram e fizeram-lhe frente, mas dos seus tentáculos cortados escorreu um visco venenoso que ainda hoje se agarra a tudo e nos tolhe os movimentos. Fomos aldrabados por "heróis" de pacotilha que se encheram de honras e de dinheiros fáceis. O sonho rapidamente se transformou em pesadelo e aqueles que já acordaram rangem os dentes de impotência. Era bom voltar a sonhar com outros protagonistas: a verdade, a humanidade e a justiça. Mas dizem-nos dos bastidores que essa peça não está no reportório desta companhia de teatro. Só temos guarda-roupa para interpretar peças de vilões e de perfídia.
Teremos que continuar com a "revolução da perfídia", peça estreada há mais de trinta anos, de autor estrangeiro, sempre com protagonistas que se esquecem de olhar para o público, nem nisso estão interessados pois o público, embora remoendo impropérios, não tem outro espectáculo para ver.
(...) Existem ainda umas dúzias de pessoas e de grupos interessados em manter vivas as festividades do 25 de Abril. São todos os que querem fazer passar a ideia de que foram figuras de proa no pronunciamento que derrubou o salazarismo/marcelismo e que publicitam anualmente o seu feito às novas gerações; querem ser conhecidas como fazedoras da história.
Mas, se atentarmos na lógica da tese apresentada neste livro, melhor fora que se escondessem para ajudar a esquecer uma revolução e uma data que nada teve de patriótica nem de libertadora. Na verdade, a revolução do 25 de Abril foi planeada por estrangeiros que pretendiam, primeiro, ganhar o controlo das então portuguesas terras ultramarinas e, por fim, estabelecer no nosso país uma linha avançada do comunismo na Europa. Os encenadores estrangeiros fizeram entrar em palco os actores portugueses na altura que mais lhes conveio e eles limitaram-se a apresentar a tragicomédia e vir à boca de cena receber os aplausos, sem se darem conta do que se passava nos bastidores nem dos interesses do público.
Mas foi pelo 25 de Abril que conquistámos a liberdade, dirão alguns. Também aqui estão errados e também aqui não têm razões para comemorar pois tudo havia sido preparado para implantar em Portugal uma ditadura férrea que faria do salazarismo um regime benévolo e de grande transigência. Os jornais da época mostram que estivemos muito próximo de esse objectivo ser cumprido, não fosse a tomada de consciência dos portugueses que se empertigaram e disseram que não era aquilo que queriam no 25 de Novembro.
Não há pois razões para continuar a comemorar a Revolução da Perfídia que não foi da libertação para Portugal nem para os "descolonizados à força" dos actuais novos países de expressão portuguesa.
Ultrapassemos os fantasmas, dialoguemos com verdade e olhemos de frente os nossos sonhos do futuro».
General Silva Cardoso («25 DE ABRIL DE 1974: A REVOLUÇÃO DA PERFÍDIA»).
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