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domingo, 16 de novembro de 2025

Salazar e a independência dos povos africanos.

 



(...) Naturalmente que a história registará Salazar como um dos maiores estadistas de Portugal... E hoje, à beira do novo século, olha-se para aquele trágico continente africano, não só para as ex-colónias portuguesas, através das notícias e das imagens que nos chegam todos os dias e cada vez mais dramáticas, levando-nos a pensar em quanta razão tinha Salazar ao afirmar numa entrevista publicada no jornal mexicano "Excelsior" em 9 de Abril de 1960:

Todos vêem que, por impulsos exteriores de um lado e abandonos do outro, se estão formando em África, uns atrás dos outros, novos Estados. Estes apresentam-se ao mundo como uma condição de progresso e uma afirmação de liberdade. Se não há no caso precipitação, quero dizer, se estes novos Estados africanos possuem estrutura administrativa, económica e técnica, suficiente para suporte da sua vida independente; se possuem ou estão a pontos de possuir as elites necessárias à condução do Governo, à eficiência da administração, à direcção da economia, à manipulação das finanças; se essa é além disso a vontade real das populações e não só de alguns agitadores políticos, não vejo porque não saudá-los alegremente e não mostrar o nosso contentamento pela formação dos novos Estados.

Mas, se as condições acima não estão realizadas de facto, podemos ser chamados a ver, depois de um período convulso, uma grande parte de África em leilão, e outras soberanias despontarão a substituir, sob várias modalidades, algumas que actualmente têm a responsabilidade daqueles territórios.


Se ao menos os caminhos percorridos conduzissem à formação de um grande espaço económico euro-africano, no mesmo sentido da formação de outros espaços económicos, alguma coisa de muito sério não estaria perdida. Ninguém porém neste preciso momento, em que, pelas portas escancaradas, vemos entrar de roldão interesses contraditórios e ambições não disfarçadas, pode fazer um juízo de futuro. Esperemos que seja o mais próspero, o mais pacífico, o melhor para essas populações negras, alvoraçadas agora de entusiasmo, à procura de uma Pátria que em certos casos lhes não foi dada, mas sem talvez a noção precisa dos problemas que têm de enfrentar.

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