«Desde 1820 que Portugal sempre viveu na iminência de uma morte lenta. A quem anda nervoso, aconselho a leitura de um livro bastante instrutivo, publicado em 1871, de um tal sr. Ferreira Lobo, e que se chama apropriadamente As Confissões dos Ministros de Portugal (1832 a 1871). Em 180 páginas, esses ministros "confessam" três coisas. Primeira que no ano anterior o défice cresceu e se fizeram novas dívidas (algumas delas ruinosas) no mercado interno e no estrangeiro, mas que no ano corrente o governo espera, se não anular, reduzir significativamente o défice e a dívida. Segunda, os ministros declaram que o país "não comporta mais tributos", excepto, como é óbvio, os necessários para "aliviar" os males da Pátria. E, terceira, os ministros prometem "introduzir" em definitivo "princípios de ordem e regularidade" no Orçamento. Perante este descalabro, que de resto continuou até Salazar, havia uma regra: a regra de que era "uma indesculpável cobardia desesperar da salvação". O que não impedia uma certa angústia. Conforme o dia e o acaso, o défice e a dívida oscilavam entre ser e não ser "assustadores" - e, às vezes, chegavam mesmo a ser um abismo "inevitável" ou "insondável". A confiança nos "recursos" de Portugal variava de época para época e o medo dos "resultados fatais" da desordem financeira nunca verdadeiramente desapareceu. Claro que, de quando em quando, Portugal falia ou roçava a falência. Só que não acabava. Ou, se quiserem, acabou às mãos de Salazar.»
Vasco Pulido Valente. in "Público"
enquanto foi viva a geração que sofreu com a "libertação" de 1910-26, o Estado Novo manteve-se firme. Quando morreu, desapareceu a memória do abuso, extorsão, violência e ruína!
Pena é que não tenha podido sair no tempo certo, por razões mais do que óbvias, tal como se veio a confirmar!!!
Alexandre Sarmento
Sem comentários:
Enviar um comentário