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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

As razões óbvias para que não se tivesse feito a descolonização!!!

 


«(...) a resignação, em 1961, do Prof. Oliveira Salazar das funções de Presidente do Conselho de Ministros, teria como consequência fatal que a carnificina em Angola, que já vitimara 7.000 brancos e negros, tomaria muito maiores proporções, com dezenas de milhares de mortes.

E aqueles que sustaram aquela resignação, abortando o golpe Botelho Moniz-Costa Gomes, têm hoje a paz de consciência e a satisfação espiritual de terem evitado o que bem poderia chamar-se um holocausto.

Mas o golpe, falhado de inteligência e misto de ingenuidade ou erro e de crime, do "25 de Abril" de 1974, inverteu o sentido das lutas em Angola, Moçambique e Guiné - lutas que, mantendo-se a Metrópole, nunca poderiam perder-se e que, pelo menos em relação aos dois primeiros territórios, estavam a ganhar-se. Provocou a guerra em Timor - onde havia plena paz. E deu lugar à descolonização. Em consequência, produziram-se centenas de milhares de mortes e instalaram-se e generalizaram-se a ruína e a miséria, o sofrimento e a desgraça.

E aqueles que de tal são responsáveis suportam e suportarão para sempre, se possuírem um mínimo de consciência, o remorso de tamanho holocausto e serão, cedo ou mais tarde, chamados a juízo pelos homens ou por Deus.

Assim, os que, em 1961, puderam, com acerto em todos os domínios, evitar a grande ampliação de um drama, não tiveram, em 1974 e tempos seguintes, posição, que lhes havia sido negada ou retirada, para impedirem que outros, em completo desvario ou com premeditadas intenções, provocassem uma enorme catástrofe.

Angola, 1961: como os independentistas prepararam a guerra – Observador

(..)Decorria a subversão, fundamentalmente sob a forma de propaganda, terrorismo e alguma guerrilha, há 12 anos em Angola, há 9 anos em Moçambique e há 10 anos na Guiné. E, pelo menos em Angola e Moçambique, apesar do esforço dos seus promotores - estrangeiros e alguns portugueses apóstatas e traidores - e de numerosos e não pequenos erros, resistências e desvios praticados sobretudo por Lisboa, aquela subversão não tinha qualquer possibilidade de progredir ou de se manter em termos de perturbar a vida normal dos territórios. O sucesso contra-subversivo, excepção talvez feita à Guiné, era certo.

Nesta ocasião, surgiu na Metrópole, em consequência de mais um erro, agora relativo à intercalação, nos quadros permanentes do Exército, de oficiais milicianos, grande excitação principalmente entre os capitães das diversas Armas e Serviços. Tamanha excitação deu lugar a um movimento de carácter pró-golpista ou pró-revolucionário, o referido movimento dos capitães. Mas, igualmente como expus, este movimento depressa se politizou com tendências contrárias às guerras ultramarinas e opostas ao próprio regime político vigente em Portugal. E, sobretudo, o movimento dos capitães foi aproveitado, em oportunidade excelente, pelos citados promotores da subversão na África Portuguesa, para conseguirem em Lisboa, aquilo que pelo menos em Angola e Moçambique a mesma subversão se lhes mostrava incapaz de atingir - a amputação de Portugal dos seus territórios africanos, e, por arrastamento, também, de Timor e Macau.


Deste modo, o movimento inicial dos capitães, de inspiração interna militar, transformou-se num movimento no qual militavam, também como já citei, interesses estrangeiros e dos portugueses apóstatas e traidores - o referido Movimento das Forças Armadas. O seu objectivo primeiro e obsessivo era sem dúvida, o que veio a designar-se por "descolonização" e que, na prática, consistia na entrega ao imperialismo comunista russo-soviético das Províncias Africanas Portuguesas. Em Timor, onde existia plena paz, pretendia-se instalar um regime igualmente favorável ao comunismo russo-soviético, (...) e Macau manter-se-ia portuguesa graças à vontade de então da China Continental. Repete-se, o movimento dos capitães transformou-se no Movimento das Forças Armadas politizado no pior sentido. [Estava eu, pouco depois do golpe revolucionário, no gabinete do Primeiro-Ministro do primeiro Governo Provisório, Prof. Adelino da Palma Carlos, insistindo para que fosse rapidamente deferido o requerimento em que pedia a minha exoneração de Presidente da Junta de Energia Nuclear, quando tocou o telefone. Era o o Presidente da República, General António de Spínola, que conversou longamente com o Primeiro-Ministro. Após o telefonema, o Prof. Palma Carlos, irritadíssimo, disse-me: "Não aceito isto, o Dr. Mário Soares (então Ministro dos Negócios Estrangeiros), sem se entender com o General Spínola ou comigo, partiu para Londres, onde está a negociar obsessivamente a entrega da Guiné"].

Angola, 1961: como os independentistas prepararam a guerra – Observador

Por outro lado, o Governo tinha conhecimento do MFA, da sua existência, do seu desenvolvimento, dos interesses que o comandavam e que servia, e dos seus objectivos, incluindo o objectivo primeiro e obsessivo. E adoptava, em relação a ele MFA, uma atitude inteiramente apática. Este estranho facto reforçou a hipótese de Marcello Caetano ter estado realmente ligado ou ter sido conivente com o "25 de Abril" de 1974. Nada se provou, mas cresceu o grau de suspeição de tal assim ter acontecido, suspeição que se mantém ainda hoje».


Kaúlza de Arriaga («Guerra e Política. Em Nome da Verdade. Os Anos Decisivos»).

Cronologia 1961-1969: Início da Guerra Colonial e viragem no destino das  colónias | 25 de Abril e Independências | DW | 10.12.2013

«Naturalmente que se pode pôr de imediato a questão: "Será também da responsabilidade de Salazar toda a desgraça, toda a carnificina, todos os horrores que grassam praticamente por toda a África?" Em que país africano há estabilidade, há progresso, há bem-estar social, há paz, há um mínimo de segurança? Será também Salazar responsável pela situação vivida em todo esse enorme continente apesar de alguns erros cometidos na política ultramarina no pós II Grande Guerra? E Angola teria continuado portuguesa se, no final dos anos 20, Salazar não tem surgido na cena política nacional e o País continuasse à deriva e, praticamente, hipotecado ao estrangeiro? Muitas outras questões poderiam ser postas para desmistificar estas acusações ou tentativas de branqueamento da política de Lisboa depois do 25 de Abril.

(...) Naturalmente que a história registará Salazar como um dos maiores estadistas de Portugal... E hoje, à beira do novo século, olha-se para aquele trágico continente africano, não só para as ex-colónias portuguesas, através das notícias e das imagens que nos chegam todos os dias e cada vez mais dramáticas, levando-nos a pensar em quanta razão tinha Salazar ao afirmar numa entrevista publicada no jornal mexicano "Excelsior" em 9 de Abril de 1960:

Todos vêem que, por impulsos exteriores de um lado e abandonos do outro, se estão formando em África, uns atrás dos outros, novos Estados. Estes apresentam-se ao mundo como uma condição de progresso e uma afirmação de liberdade. Se não há no caso precipitação, quero dizer, se estes novos Estados africanos possuem estrutura administrativa, económica e técnica, suficiente para suporte da sua vida independente; se possuem ou estão a pontos de possuir as elites necessárias à condução do Governo, à eficiência da administração, à direcção da economia, à manipulação das finanças; se essa é além disso a vontade real das populações e não só de alguns agitadores políticos, não vejo porque não saudá-los alegremente e não mostrar o nosso contentamento pela formação dos novos Estados.

Mas, se as condições acima não estão realizadas de facto, podemos ser chamados a ver, depois de um período convulso, uma grande parte de África em leilão, e outras soberanias despontarão a substituir, sob várias modalidades, algumas que actualmente têm a responsabilidade daqueles territórios.


Se ao menos os caminhos percorridos conduzissem à formação de um grande espaço económico euro-africano, no mesmo sentido da formação de outros espaços económicos, alguma coisa de muito sério não estaria perdida. Ninguém porém neste preciso momento, em que, pelas portas escancaradas, vemos entrar de roldão interesses contraditórios e ambições não disfarçadas, pode fazer um juízo de futuro. Esperemos que seja o mais próspero, o mais pacífico, o melhor para essas populações negras, alvoraçadas agora de entusiasmo, à procura de uma Pátria que em certos casos lhes não foi dada, mas sem talvez a noção precisa dos problemas que têm de enfrentar.

A guerra instala-se em três frentes - Descolonização Portuguesa

Mas não foi só Salazar que teve este entendimento dos chamados "ventos da história" que então varriam a África. Também o rei Balduíno da Bélgica, quando aceitou conceder a independência ao Congo, previu um período de cinquenta anos para a fase de transição. Considerava que só ao fim desse tempo poderiam estar reunidas as condições para os congoleses tomarem conta dos seus destinos. Mas, por efeito das pressões e da violência geradas no Congo, os cinquenta anos foram primeiro reduzidos para dez e, posteriormente, drástica e tragicamente para seis meses!!


Salazar foi ficando. Mais correctamente, quiseram que ele continuasse. Era um homem só ou quase só. Logo após a II Grande Guerra, alegando motivos de saúde quis afastar-se. Teria sido benéfico para o País?

Pressinto que a maioria dos nossos políticos e intelectuais de hoje é capaz de não ter dúvidas quanto à oportunidade do seu afastamento. Pessoalmente e embora discorde de muitas das suas decisões ou orientação política que imprimia à sua governação no pós-guerra, continuo a pensar que, globalmente, foi positiva a sua acção em muitos aspectos da vida nacional. Todos sabemos que foi implacável com os comunistas ou filocomunistas [ou não terão sido os comunistas ou filocomunistas que terão sido implacáveis na destruição de Portugal e de centenas de milhares de vidas], através do instrumento para isso criado - a PIDE. Mas não usou do mesmo rigor com a restante oposição não marxista. Muitas figuras da nossa história contemporânea poderiam ser citadas como exemplo, mas vou limitar-me ao caso dum militar muito bem conhecido - o Marechal Costa Gomes.


O DISCURSO DE ANTÓNIO OLIVEIRA SALAZAR, 30 DE JUNHO DE 1961 | THE DELAGOA  BAY REVIEW


Em Abril de 1961, pouco depois da eclosão do terrorismo em Angola, foi descoberta uma intentona para derrubar o Presidente do Conselho protagonizada por vários militares das cúpulas das Forças Armadas entre os quais o Ministro da Defesa Botelho Moniz e o subsecretário de Estado do Exército, Ten. Cor. Costa Gomes. Ao tomar conhecimento da conjura para o afastar, Salazar destituiu das suas funções políticas todos os militares envolvidos. Costa Gomes, apesar disso, prosseguiu a sua carreira com toda a normalidade e mesmo brilhantismo [?]. Atinge o posto de General e, ainda durante a guerra do Ultramar, são-lhe confiadas importantes funções de comando em Moçambique, donde transitou para Angola como Comandante-Chefe das Forças Armadas neste teatro de operações.

(...) Este caso, ao qual se poderiam juntar muitos outros de figuras nacionais de alto gabarito, civis e militares, e depois de toda a avalanche de mentiras e calúnias que sobre o ditador Salazar têm sido lançadas, é para as novas gerações absolutamente impensável. Mas é um facto...».

General Silva Cardoso («Angola, Anatomia de uma Tragédia»).


3 comentários:

  1. Mas, agora os muçulmanos islam andam a invadir África e ninguém faz nada contra essa invasão...

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    1. pois não fazem nada... é mais uma prova que afinal não estavam preocupados com os povos, mas sim em outras coisas. Destruir qualquer um pode, mas construir...

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    2. pois não fazem nada... é mais uma prova que afinal não estavam preocupados com os povos, mas sim em outras coisas. Destruir qualquer um pode, mas construir...

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