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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Spínola foi um idiota!!!


The Antonio de Spinola Award

AUTÓPSIA DO «25 DE ABRIL»

SPÍNOLA FOI UM IDIOTA!

Apesar de muito avisado, antes e depois do 25 de Abril, comportou-se como um completo ignorante político, destruindo o futuro dos portugueses, diz-nos PIERRE DE VILLEMAREST, de Paris (Entrevista de Fernando Pereira, publicada no «NOVO SÉCULO», de 1/8/1982).

Falar com Villemarest é extremamente difícil. Dividido entre o analista e o escritor político, pouco tempo lhe resta disponível.

Constantemente solicitado para dar pareceres de política internacional, estudioso atento de tudo o que se relaciona com os movimentos políticos conhecidos e os que vão despontando, Villemarest é o que se pode considerar uma «agência» informativa do mundo actual.

Dialogar com Villemarest sobre o panorama político internacional é aliciante, por vezes extremamente confuso.

As suas ideias - para ele certezas - alteram completamente o panorama que julgamos visionar, lançando-nos em conjecturas de antecipação.

Prever situações políticas a prazo, é tarefa relativamente fácil para Villemarest, para ele tudo tem um fim perfeitamente equacionado a médio ou a longo prazo. A antecipação num qualquer esquema é a sua especialidade.

O caso do Ultramar português, bem como a revolução abrilina, estão para ele na sequência da cimeira dos Açores, entre Pompidou, Nixon e Marcello Caetano. Aí foram oferecidos muitos milhões de dólares ao Presidente do Conselho português, em troca da independência dos territórios ultramarinos. Mas a intriga internacional estava em curso e as cobiças capitalistas e marxistas precipitaram-se.

A reunião de Megève foi decisiva. Em 19, 20 e 21 de Abril de 1974, no Hotel du Mont d’Arbois, propriedade de Edmond Rothschild, reuniram-se muitos dos “grandes da «Trilateral»; participaram entre outros Joseph Luns, Nelson Rockfeller, General Goodpaster, Helmut Schmidt, Giovanni Agnelli, A. Chalandon, enviado por Giscar, E. Faure, Stoleru, enviado por Mitterrand, A. Fointaine e foi tomada a decisão de desencadear a revolução portuguesa de 25 de Abril, anulando ainda a parte atlântica das manobras aeronavais da “Dawn Patrol”, marcadas pela NATO para o dia 26.

Foi assim possível à Marinha de Guerra Portuguesa estar em Lisboa no dia 24 de Abril, para assestar os seus canhões, o que, na opinião de alguns, foi decisivo para a demissão do Governo de Marcello Caetano.

Ano e meio mais tarde, Joseph Luns, Secretário-Geral da NATO, reconheceu que a revolução que tinha favorecido, estava dominada pelos comunistas, traindo o mais fiel aliado Atlântico.

Tudo isto foi suficientemente bem explicado por Villemarest na sua História Secreta das Organizações Terroristas, no tomo IV, inteiramente dedicado ao caso português.

Mas foi bastante mais longe na nossa conversa.

Sabíamos que o general tinha consultado Villemarest, bastante antes da revolução, daí a curiosidade natural de procurar saber o que entre ambos se tinha passado.

Villemarest não ficou surpreendido, sabia da nossa curiosidade e não se fez rogado:

Avisei-o do fracasso a que estava destinada a revolução em perspectiva. Eram muitos e vários os quadrantes políticos interessados no desmembramento da última potência colonial. Portugal era o alvo a atingir, morto que estava o dr. Salazar, escolho intransponível, dado o seu inquebrantável nacionalismo.

Por um lado a «maçonaria africana», por outro lado a «Trilateral» e ainda os comunistas estacionados em Praga.

Um golpe de estado em Portugal condenava a independência da nação. Bastante antes da data prevista para o «golpe» acedi a um encontro com o general Spínola, a pedido deste, e aí lhe transmiti todos os meus receios. Ele ficou consciente de que condenava o Ultramar português ao ferrete comunista, mas confiava no seu arrogante e impertinente «ego», convencido que não seria ultrapassado pelos seus inferiores.

Hoje, necessariamente que a classificação a dar-lhe, poderá ser de traidor ou idiota. Prefiro a última, por mais verdadeira.

Mas Villemarest foi bastante mais longe. Conhecedor como é da política internacional e dos múltiplos interesses dos mundialistas da tenebrosa “Trilateral” e da famigerada “Maçonaria”, adiantou ainda:

- Todos sabem que Portugal sem as províncias ultramarinas tem vida difícil e de problemática recuperação. Com o dr. Salazar, e a sua intransigente política nacionalista, era completamente impossível o domínio da África Austral. Salazar era temido pelas grandes potências, pela sua superior visão dos problemas mundiais. Só fomentando uma mudança de regime seria possível vencer o nacionalismo português.

Tenho até dúvidas, bastante mesmo, sobre se no pseudo-liberalismo de Marcello Caetano não estaria já o “vírus” da “Maçonaria” e da “Trilateral”.

É de entender que a «Trilateral» é uma força em expansão, controlada pelos grandes capitalistas da Europa, Japão e Estados Unidos, que não hesitam em pactuar com os comunistas e afins para auferir melhores proventos.

Daí o verificarem-se enquadramentos de personalidades diversas, credos e convicções políticas.

Neste momento, Japoneses e Americanos lutam pelo domínio da Europa. Apenas é visado o lucro, mesmo que isso implique a perda de dignidade nacional, qualquer que seja.

Como é evidente isso não está explicitado nos seus «estatutos».

Especialmente os sindicalistas especializados, têm particular interesse para a «organização».

Conhecem-se casos de mundialistas, nome pomposo que se auto-intitulam, que são incorporados em lugares de Governo, com o fim específico de conhecerem planos de desenvolvimento económico, para depois serem aproveitados pela organização capitalista.

Colocámos a Villemarest a possibilidade de Spínola estar ligado a alguma destas organizações, mas nas listas que são conhecidas o seu nome não figura.

Procurámos ainda saber se existiriam nomes secretos:

- Certamente que existem, como é natural. Mas, numa segunda vez que o general Spínola me procurou, em Paris, no hotel Sheraton, o ridículo ultrapassou tudo o que se possa imaginar. Agora procurava razões para uma possível contra-revolução, já que se sentia suficientemente apoiado.

Vinha rodeado de um mini-exército e de um aparato espantoso, mas incrivelmente ridículo.

Limitei-me a confirmar tudo o que anteriormente já lhe tinha dito, assegurando-lhe que tinha destruído a nação portuguesa no seu conjunto, entregando à cobiça moscovita as colónias e lançando na miséria e na fome os pobres africanos, impreparados para se assumirem como independentes.

Para além de tudo isso, destruiu as economias dos milhares de europeus a quem tudo tiraram.

Hoje, queiram ou não, o mundo ocidental já entendeu que a política do dr. Salazar estava certa. O maior derrotado, para além da infeliz Nação Lusitana, foi o Ocidente!

Reconhece-se o esforço que está sendo feito para a recuperação dos novos Países de expressão portuguesa. Os Estados Unidos têm o petróleo de Angola pago até 1985, pagam ainda aos cubanos a sua guarda, e entretanto negoceiam a sua completa retirada.

Em Moçambique a viragem é igualmente flagrante, só que a resistência cresce vigorosamente.

Indiscutivelmente que a presença dos portugueses em África é uma necessidade, ela confere uma autoridade que não é imposta e é aceite com evidente boa vontade pelos naturais, para quem os portugueses de forma alguma são estranhos.

Os portugueses não foram colonos, foram civilizadores, na melhor expressão da palavra.

Muito e muito mais falou Villemarest, uma autêntica «enciclopédia» de política internacional.

Fala apaixonadamente, como estudioso profundo dos temas que aborda.

É um conhecedor perfeito do que se vai passando no conturbado mundo de hoje. Para além da temática político-económica muito mais nos avançou, será tema para outra oportunidade.

Um dia, esperamos breve, daremos aos leitores uma análise do que Villemarest pensa do que será o futuro que nos espera.

Mas existem possibilidades de uma terceira guerra?

Ele sorriu, falou demoradamente dos múltiplos interesses industriais do Ocidente localizados em países de Leste, teceu muitas conjecturas mas não deu qualquer resposta.

O fantasma de uma terceira guerra, provocada pelos países do Pacto de Varsóvia, ainda só existe nos livros de ficção.

A retaguarda imediata da primeira linha das forças daquele Pacto é composta por homens e mulheres ansiosos de se libertarem do ferrete comunista. Daí a quase certeza de serem potenciais aliados anticomunistas.

Paris, Julho de 1982.

Fernando Pereira.

2 comentários:

  1. Como é que os meus professores.até 1965 me inutiram exactamente tudo squilo que aqui li....por isso mesmo lutei .....

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  2. Para uma grande percentagem de Ex- Combatentes que se estabeleceram em Angola e Moçambique Pós a sua prestação do Serviço Militar E outros Cidadãos que já lá viviam Os quais face aos acontecimentos 25 Abril E que ainda hoje vocifram calinadas contra alguns Politicos á època da Descolonização E alguns tiveram um papel minoritário Mas são acusados diariamente de terem vendido Portugal e Colónias aos Comunistas e afins Seria bom lerem este artigo e perceberem aquilo que já escrevi várias vezes Os ventos da História sopravam MUITO fortes e não era possivel a ninguem suste-lo Logo a Indepêdência das Colonias já estava cozinhada há muitos anos Logo o 25 Abril que tantos abominam Pouca contribuiu para o resultado final Foi uma mera encenação . Convençam-se que em Politica nada se faz ou acontece por acaso . E não será nunca uma unica pessoa responsavel pelo que acontece Os Verdadeiros responsáveis nunca dão a cara .

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